Emmanuel Mounier (1905-1950) e sua filha Anne

Espaço para difusão da filosofia personalista de Emmanuel Mounier e para ponderações de vários temas importantes, tendo como referência essa perspectiva filosófica.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Vocação do filósofo, e o papel da filosofia hodierna.

Qual é o papel da filosofia em nossos dias?
Qual o papel do filósofo contemporâneo?
Que contribuição, poderia oferecer o filósofo, a nossa sociedade?
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As pessoas da contemporaniedade estão assistindo em todo mundo a cultura do egocentrismo dominar quase todas as instituições humanas. Podemos afirmar, que estamos vivendo a época da individualidade,aliás, o próprio advento do egocentrismo institucional, é fruto dessa ambiência individualista.
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Todos nós queremos ser servidos e ansiamos que nossos desejos sejam satisfeitos. Queremos melhores salários, melhor atendimento, alimentação, melhores transportes, ou melhor, o nosso próprio meio de transporte. Queremos mais segurança, andar pelas ruas sem medo de assalto ou de sermos abordados por pessoas indesejadas; enfim queremos vivenciar a satisfação de nossos anseios e desejos, para depois desejarmos outras coisas ainda não satisfeitas. Queremos, queremos, queremos...
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Se Descartes afirmou que seu pensar o localizava existencialmente, nossos próximos hodiernos, percebem sua existência em seu querer, portanto a assertiva em relação a certeza da existencia pessoal é: Quero, logo existo!
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Em nossos dias, sendo o querer efêmero, a motivação existencial das pessoas, criou-se uma grande dificuldade por parte dos pensadores e dos divulgadores de cultura, despertar o interesse nas pessoas para as coisas não efêmeras; existe no círculo social moderno, em relação a coisas ligadas à cultura, a filosofia , e ao saber não utilitário, uma grande rejeição que vem junto com a pergunta: - Para que me serve isso?
Essa indagação reflete a falta de percepção das pessoas em relação a sua própria condição existencial, o homem e a mulher de hoje, não se percebe como um ser integral e que sua integralidade funda-se na realidade corpo alma e espírito, ou como preferem os materialistas – matéria e mente. Ademais, se nos alimentamos existencialmente não só de coisas materias, necessitamos existencialmente não só de coisas práticas que satisfaçam apenas o nosso querer utilitário e efêmero, mesmo sendo eles importantes, – precisamos descobrir, ou redescobrir nossas necessidades intelectuais e espirituais, porque, não dando vazão a elas estaremos negando a nossa constituição integral de seres humanos, que em sua forma simples é: um ser corpóreo, sensitivo e racional – portanto um ser substancial que precisa de outras substancias materias para sobreviver, um ser que sente, e como tal, quer alguma coisa palpável, mas também, e um ser que pensa e como tal, raciocina, divaga, mentaliza.
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Conhecendo toda essa problemática existencial vivenciada pelas pessoas de nossos dias, é papel do filósofo contemporâneo, se envolver diretamente nessas questões, abordar filosóficamente temas relacionados a constituição da pessoa humana em sua integralidade e destacar a necessidade de cada ser de vivenciar integralmente a sua essência.
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A filosofia como método de pensamento, desde Sócrates já relembrava ao homem da necessidade de conhecer-se a sí próprio, e hoje, jamais, quem se utiliza dessa ferramento do saber, pode deixar de asseverar essa exortação.
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O filósofo pode, através da filosofia, fazer o homem retornar a sí mesmo, e, com isso perceber as suas necessidades não-efêmeras, essenciais. Essa possibilidade de acordar a pessoa de seu sono intelectual e espiritual, é uma das vocações em que o filósofo deve se engajar, adrede, deve buscar entender a problemática que levou o homem moderno a tal situação. Essa mesma vocação que tem o filósofo de fazer a pessoa retornar a si, consiste, ela mesma, na sua contribuição histórica e social. É importante ressaltar que o engajamento do filósofo nessa empresa redundará posteriormente na própria reforma social, já que fazendo o homem voltar para suas necessidades trancendentais, direcionará o próprio homem na procura de valores e riquezas que extrapolem o efêmero universo materialista; essa ação filosófica de mostrar ao homem uma ontologia do ser, despertará na pessoa o desejo de satisfazer suas necessidades naturais que foram reprimidas pela exegerada ênfase nas necessidades efêmeras da cultura materialista, necessidades essas que apenas satisfazem uma parte da sua constituição pessoal, em detrimento a outros, fundamentais aspectos do seu ser.
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“A civilização é, acima de tudo, uma resposta metafísica a um apelo metafísico, uma aventura da ordem do eterno, propondo a cada homem na solidão de sua escolha e da sua responsabilidade.” Emmanuel Mounier (1)
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“Designamos como materialista uma filosofia que, mesmo insistindo justamente sobre o humanismo do trabalho e da função fabricadora, considera como ilusória outras dimensões não menos essenciais do homem, principalmente a interioridade e a transcendência.” (Emmanuel Mounier)
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Lailson Castanha
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MOUNIER, Emmanuel. Manifesto ao serviço do personalismo. Lisboa: Livraria Moraes editora, 1967.
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