Emmanuel Mounier (1905-1950) e sua filha Anne

Espaço para difusão da filosofia personalista de Emmanuel Mounier e para ponderações de vários temas importantes, tendo como referência essa perspectiva filosófica.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O ser humano integral e seu aviltamento.

Em pleno século XXI, o ser humano vivencia uma realidade cada mais aviltante no que se refere a sua condição de ser integral.
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O ser humano em sua plenitude é constituído de substância física, de atributos que lhe são inerentes, de pessoalidade e espiritualidade. Ele ao mesmo tempo em que está situado fisicamente, é também um ser transcendente, ou seja, um ser espiritual. Outrossim, ele é um ser naturalmente espiritual, sua realidade encarnada está sempre ligada a sua natureza transcendente, de forma que sua essência é fundada nessa realidade: ser humano é um ser naturalmente espiritual e espiritualmente natural, sua natureza encarnada não é contraditória a sua natureza espiritual. Ademais, ser humano é um ser complexo.
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O grande problema que o ser humano enfrenta no presente século, é que sua complexidade, ligada diretamente a sua constituição integral, não é levada em conta no atual sistema social, sistema esse arregimentado pela batuta do poder burguês, que tem como sinfonias prediletas à benesse do lucro e a famigerada luta pela conquista do capital.
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Tendo como plenitude a sua integralidade, o ser humano só se sentirá completo quando, em sua ambiência, todos os aspectos de sua existência forem levados em conta. Só quando os conterrâneos de uma sociedade se conscientizarem e vivenciarem as complexidades de sua integralidade, proporcionarão um ambiente mais propício ao natural convívio humano. De outra forma, bloqueando os demais aspectos da constituição humana, a sociedade gerará homens frustrados e incapacitados de enfrentarem os desafios que a vida imprime, justamente por já se sentirem derrotados em sua própria ambiência social, pela falta de condição de viver a vida integralmente.
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Quando uma sociedade é dirigida por sistemas políticos-econômicos impessoais, que não levam em conta a história e cultura de um povo ela, além de nunca beneficiar esse povo, causará estragos inumeráveis a cada integrante pessoal dessa sociedade, mesmo que o próprio sujeito não esteja cônscio de sua situação inadequada.
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Quando o governo não se envolve na história da sociedade em que está inserido, e também não leva em conta a sua cultura, que é a própria identidade social de um povo, ele faz com que os mesmos se sintam deslocados e desapegados com o ambiente em que vivem – tornando-os demissivos em sua vocação social e comunitária.
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Esse estrago está ocorrendo com advento do neoliberalismo, que movido pela cultura mercadológica do lucro inconsequente, tem arrasado sociedades através do desrespeito a suas culturas e tradições, trazendo de fora todo tipo de novidades, seja material ou cultural – que será através do consumo, transformado em capital, fomentando no homem local a ânsia pelo novo, pelo externo, e através disso se transformando cada dia mais, num ser impessoal, que por voltar-se apenas as novidades materialistas, deixa de nutrir sua interioridade, sua espiritualidade, e seus atributos mais nobres.
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“O único personalismo possível é aquele que tiver em conta a totalidade do ser real.” (1).
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(1)LACROIX, Jean. Marxismo, Existencialismo, Personalismo. Porto: Livraria apostolado da imprensa, 1964.
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