Emmanuel Mounier (1905-1950) e sua filha Anne

Espaço para difusão da filosofia personalista de Emmanuel Mounier e para ponderações de vários temas importantes, tendo como referência essa perspectiva filosófica.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Clássicos básicos do personalismo


Acreditando na importância da voz personalista para auxiliar pessoas que procuram uma nova maneira de compreender o mundo, que procuram aliados para a construção de uma mentalidade e práticas sociais mais humanas, ou que buscam registros dessa mentalidade, e para àqueles, acadêmicos ou não, engajados na valorização do homem integral e da possibilidade de sua vivência, que estão à procura de inspiração para auxiliá-los nesse engajamento, com alegria, apresentamos – através do site do INSTITUTO EMMANUEL MOUNIER, a coleção - Clássicos básicos do personalismo.

A fim de permitir que o internauta conheça os sentimentos do pessoal do INSTITUTO EMMANUEL MOUNIER, transcrevemos para o leitor de língua portuguesa as considerações explicitadas no site espanhol.


CLÁSSICOS DO PERSONALISMO
Clássicos básicos do personalismo


A coleção Clássicos básicos do personalismo foi publicada pelo Instituto Emmanuel Mounier no princípio dos anos noventa. Sua intenção era facilitar uma introdução sucinta a obra dos pensadores que nos inspiram por aqueles então quase desconhecidos na Espanha.

A coleção consta de 15 cadernos, dos quais se editaram mil exemplares quase a preço de custo. Por muitos anos esses publicações estão esgotadas.

Agora consideramos que é oportuno reeditarmos e oferecermos gratuitamente a disposição de todo o mundo, através dos meios telemáticos que hoje se nos oferecem. E isto por várias razões:
• Porque muitos amigos nos têm solicitado materiais básicos de formação ao alcance de suas modestas economias.
• Porque em muitos países da América Latina se da a mesma penúria de materiais impressos que padecemos na Espanha em outro tempo, ou, se for o caso, os custos são proibitivos para estudantes, agentes sociais, ou simplesmente para pessoas simples que amam a cultura, porém, sofrem a censura do preço.
• Porque o pensamento destes escritores insignes, frequentemente marginalizados pelas academias, injustamente desconhecidos, é uma rica contribuição para uma humanidade melhor, pelo que merecem ser conhecidos, sobretudo por aqueles para quem foi criado: aqueles que entendem que a formação é indispensável para a implantação de uma personalidade verdadeiramente humana.
• Porque a cultura é tão indispensável como é o pão, coisa que as vezes ignoram aqueles a quem os sobra o pão, porém que sabem muito bem tantas pessoas, que a duras penas, conseguem o pão de cada dia.
Por todo isso, nos comprazemos e nos enchemos de orgulho de poder oferecer esta pequena biblioteca de humanidade.


Em destaque, os cadernos disponíveis, em espanhol, no site do INSTITUTO EMMANUEL MOUNIER.

Acesse o link com o nome do filósofo que você deseja baixar, ou  o link abaixo, com a relação de todos os cadernos, e baixe os cadernos da coleção -  Clássicos básicos do personalismo.



  1. Martin Buber (Carlos Díaz)
  2. E. Mounier I (Carlos Díaz)
  3. E. Mounier II (Antonio Ruiz)
  4. Gabriel Marcel (José Seco)
  5. José Manzana (Carlos Díaz)
  6. Maurice Nedoncelle (José Luis Vázquez)
  7. Jacques Maritain (José Mª Jiménez Ruiz)
  8. Paul Ricoeur (Agustín Domingo)
  9. Xavier Zubiri (Ildefonso Murillo)
  10. Emmanuel Levinas (Margarita Díez)
  11. Psicología humanista (Jesús Rey Tato)
  12. Teilhard de Chardin (Fernando Riaza)
  13. Jean Lacroix (Antonio Calvo)
  14. Max Scheler (José Mª Vegas)
  15. Tradición libertaria (Félix García)

terça-feira, 29 de maio de 2012

Recolhimento em si e abertura ao outro: contribuição do Personalismo para a educação da pessoa.

Recolhimento em si e abertura ao outro: contribuição do Personalismo para a educação da pessoa.(1)


Antonio Joaquim Severino*
Uninove / Feusp

 Resumo


Após resgate do alcance da postura de Mounier como educador e da proposta personalista para a educação da pessoa comprometida com o destino da comunidade, buscar-se-á explicitar a dialeticidade da condição da existência pessoal como tensão permanente entre os movimentos de interiorização e de exteriorização, necessários à sua realização, mas que podem também levar à alienação, tiram-se as implicações dessa ambivalência para uma educação que esteja à altura do enfrentamento dos desafios do mundo contemporâneo, marcado fortemente pelo predomínio da exteriorização. Tem-se presente que o apelo utópico que se põe no horizonte para o pensamento emancipador é o de transformar os indivíduos naturais em pessoas e de transformar as sociedades reificadas em comunidades de cidadãos livres, capazes de tomar seu destino histórico nas próprias mãos.


Introdução

 Minha comunicação quer trazer tão somente algumas considerações sobre o alcance pedagógico do personalismo de Mounier, explicitando as implicações educacionais do seu pensamento. Para tanto, pretendo desenvolvê-la sob três perspectivas:

Num primeiro momento, farei um breve resgate da história de vida de Emmanuel Mounier, como testemunha viva da primeira metade do século XX;

Num segundo momento, delinearei um igualmente sucinto desenho de sua formação perfil intelectuais bem como de sua tomada de posição frente aos acontecimentos históricos da época;

E, ao final, darei um destaque para o seu pensamento filosófico, quanto a sua concepção da pessoa como tensão permanente entre a interioridade e a exterioridade, com suas implicações que esta relação tem para a educação.

Retomo anotações e reflexões que fiz por ocasião de meus estudos de mestrado e doutorado realizados ambos sobre o pensamento de Mounier, que se encontram de forma mais desenvolvida no livro “A antropologia personalista de Emmanuel Mounier” (Saraiva, 1974) ou então “Pessoa e existência: iniciação ao Personalismo de Emmanuel Mounier” (Cortez, 1983) bem como alguns outros textos que já elaborara sobre seu pensamento


Quem foi Mounier? Uma breve apresentação.

Nascido em Grenoble, em 1905, Mounier morreu em 1950, com apenas 45 anos de idade, tendo sido uma atenta testemunha da civilização dessa primeira metade do século XX. Desde muito jovem se deu conta da precária condição da civilização ocidental e da necessidade de sua transformação radical. Daí o seu mote emblemático: refazer a renascença. Discípulo de Bergson, entendia que a humanidade havia crescido no corpo mas continuava pequena na alma...

Participou intensamente da história de sua época, a partir de sua sociedade local, mas sempre com uma perspectiva universal. E essa participação expressava o seu perfil existencial, feito de tensão entre o recolhimento em si e a abertura ao outro...

Foi criado no seio de uma família católica, que lhe assegurou uma infância feliz.Seu extremado respeito pela família o fez acatar a sugestão de seguir a carreira da medicina, tendo se inscrito na Faculdade de Ciências, embora se sentisse atraído pelas Letras. Logo se deu conta que tomara um caminho errado e decidiu mudar de rumo, no que contou com o apoio da família. O pai o apresentou então a Jacques Chevalier, professor de Filosofia em Grenoble. Foi então estudar Filosofia ao mesmo tempo em que se engajava no apostolado leigo, trabalhando no esclarecimento dos jovens sobre a Ação Francesa. Conheceu Mons. Guerry, depois bispo de Cambrai, que era muito envolvido com a pastoral da probreza. Terminados os estudos em Grenoble, foi para Paris, prestando concurso para o doutorado na Sorbonne, tendo sido classificado em 2º. lugar, depois de Raymond Aron. Recomendado por Chevalier, estabeleceu contato com Jean Guitton e Jacques Maritain, bem como com o Pe. Pouget, uma lazarista místico, que muito vai influenciar Mounier. Muito aprecia o pensamento de Péguy, através do qual se aproxima também de Bergson. Inicia-se no magistério ensinando Filosofia em liceus. Acaba abandonando a carreira universitária bem como a tendência ao pensamento místico. Com vários companheiros, funda a revista Esprit, como porta-voz do movimento, de mesmo nome, que vai articulando. Movimento de jovens intelectuais a reclamar um novo alento de vida sobre a civilização ocidental. Mas as tomadas de posição sobre a realidade social acabam afastando alguns apoios, como do próprio Chevalier, de Mauriac, que lhe tece severas críticas, apesar de continuar contando com o apoio de Maritain. Enfrenta ressalvas por parte da própria hierarquia eclesiástica. A acusação é de modernismo e de comunismo. Na expressão do próprio Mounier, era um tríplice sentimento a mover aqueles jovens intelectuais, na maioria cristãos: a falta de um espaço para um pensamento crítico e inovador; o sofrimento de ver o cristianismo comprometido com a desordem estabelecida; a percepção sob a crise econômica, de uma crise total de civilização (Cf. IV, p. 477).

A tentativa de criar um braço político do movimento, através da Troisième Force não dá certo, provocando uma dissidência interna e uma ruptura, Mounier se afasta do ativismo do novo movimento, preocupado em não abrir mão dos princípios de seu humanismo. A Europa em crise com a ascenção do fascismo, com a Guerra da Espanha, com a Guerra Munidal, com a crise econômica resultante da falência do capitalismo em 1929.

Em setembro de 1939, com a eclosão da guerra, Mounier é mobilizado, sendo feito prisioneiro pelos alemães, sendo liberado e desmobilizado em seguida. Muda para Lion, a família passando por dificuldades materiais. A revista é censurada e interditada em 1941. Em 1942 é novamente preso acusado de pertencer ao movimento Combat, movimento de resistência à invasão alemã. Acaba submetido a um internamento administrativo e novamente preso até o julgamento final do movimento Combat.

Após o fim da guerra, volta a Paris, relançando a revista e dando continuidade a sua atuação organizativa e intelectual, sobretudo publicando seus trabalhos, escritos avulsamente até então. Saúde abalado, acabou vítima de um colapso cardíaco em março de 1950.


Mounier: formação intelectual e posicionamento frente ao momento histórico em que viveu.

Fundamentalmente um educador no sentido pleno da palavra. Um educador político.

O educador é aquele que atua no presente, aproveitando a experiência passada, para projetar um futuro melhor. Por isso, é alguém que sabe avaliar a insuficiência do presente, exercendo uma avaliação crítica do mesmo e comprometendo-se com sua transformação. É sempre alguém insatisfeito com a realidade do seu momento e compromissado com a busca de um novo estágio.

Sempre tensionado entre suas duas vocações, busca de uma vida em equilíbrio entre dois polos: entre a imanência e a transcendência. Um cristão místico, homem de fé e de interioridade, ao mesmo tempo que um político engajado na busca da mudança. Um homem de ação prática que não dispensa a exploração do pensamento teórico. Um profeta que pleiteia por um futuro diferente mas que atua no presente, aprendendo com o passado. Eis o retrato de Mounier, um autêntico educador político.

Mounier professava uma grande indignação e inconformismo frente à realidade histórico-social da primeira metade do século XX e tinha uma particular sensibilidade à violação histórica da dignidade do ser humano. Essa sensibilidade tinha algo de inapreensível ao olhar analítico, algo muito profundo na sua personalidade, mas sobre esse lastro desdobram-se outras fontes: a seriedade em se equipar com os recursos do conhecimento crítico, o compromisso em se servir bem desse precioso instrumento, a solidariedade com os oprimidos, os exemplos de outras personalidades igualmente compromissadas com a transformação da realidade. Mounier fala muito da consciência que tomou, já de muito jovem, da insuficiência da civilização contemporânea, da necessidade consequente de se refazer o renascimento, criar uma nova civilização. Paradoxalmente, até a vivência pessoal da fé cristã foi para ele uma fonte de exigência para a superação da desordem estabelecida que ele considerava ser a verdadeira configuração do mundo contemporâneo.

Nesta linha, a filosofia personalista tem um diferencial no sentido de que “apela” para o engajamento. Ela engaja um engajamento. Para ela, o filósofo tem que ser simultaneamente profeta e pedagogo, respondendo pela denúncia, pelo anúncio e pelo encaminhamento de propostas de ação histórica. Não endossa o silêncio dos intelectuais, seja ela o silêncio da omissão ou não. Cobra necessária militância intelectual, não só pela análise fria e neutra, mas também pela crítica e pela proposta. Dos intelectuais se espera um necessário compromisso político, não necessáriamente partidário, e que tenha discernimento competente e combatente.

Ao conceber a pessoa como essa permanência aberta, Mounier decodifica bem a condição do homem, sujeito responsável pela construção da história, como garantindo uma medida comum e universal que une todos os homens ao mesmo tempo que reconhece sua encarnação empírica. As estruturas mediante as quais o Personalismo descreve o universo pessoal abrangem simultaneamente o absoluto de sua transcendentalidade tanto quando o relativo da imanência instaurada por sua encarnação no mundo material

Todo o pensamento de Mounier articula-se em torno dessa intuição básica, de natureza antropológica, qual seja, a da apreensão da pessoa humana, que se realiza como uma unidade dialética de imanência e de transcendência. Essa condição existencial, além de configurar a especificidade da pessoa, atribui-lhe uma eminente dignidade. Com efeito, se, de um lado, a unidade da pessoa é a referência ontológica para a devida compreensão de seu ser, a dignidade da pessoa humana é o ponto nuclear de sua axiologia, ou seja, a referência maior de todos os valores, a fonte referencial de todos eles. Daí, todo o agir histórico dos homens, na sua tentativa de construção da história, bem como seu agir pessoal, têm sempre um parâmetro muito sólido, em que pesem todas as dificuldades decorrentes da própria condição de ambivalência da nossa existência encarnada.

Mounier se sensibilizara profundamente à miséria humana, ficando inconformado com a condição de opressão e exploração, em que tantas pessoas, mundo a fora, tinham de sobreviver. Não sem razão, insistia em reiterar que o marxismo representava “nosso batismo de fogo” . Seu inconformismo brotara de uma particular sensibilidade que tinha à violação histórica da dignidade do ser humano.

A dignidade da pessoa é o critério para a leitura avaliativa das ações mediante as quais se constrói a história real. Não é um ideal ontologizado, mas um conjunto de julgamentos históricos e práticos. Isso implica, sim, uma crítica radical à situação política vigente, comprometida que está integralmente apenas com o ter, sem nenhuma preocupação com o ser. O ser humano foi reduzido a mera mercadoria ou, na melhor das hipóteses, em seu produtor técnico e em seu consumidor voraz. Como filosofia crítica da realidade histórico-social ao mesmo tempo que um pensamento engajado na práxis transformadora, é claro que o personalismo tem tudo para subsidiar a superação dessa desumanizante situação política do mundo atual, contribuindo particularmente para a teoria e a prática de uma educação que seja mediadora da emancipação.

Toda a finalidade da filosofia é chamar o homem para esta experiência global de sua qualidade de existente, condição de intensidade e de responsabilidade interiores. Não uma nova manobra subjetivista para lançar o homem num novo joguinho subjetivo, mas a experiência vital de sua situação em confronto com todo o universo.

Bem se nota a integração constante no pensamento de Mounier da tríplice exigência de vivência, de ciência e de ação. 0 plano do conhecimento deve ser incessantemente integrado numa vivência experiencial do objeto - que não é, então, mero gegenstand - para poder ser eficaz. jamais o conhecimento que interessa o homem poderá deixar de apelar para a co-naturalidade com o objeto, para a experiência pessoal, para a experiência existencial, e jamais tudo isso poderá deixar de ser fonte energética da ação.

Como o caráter nada mais é, para Mounier, do que a própria pessoa (Ricoeur, 1950. p. 881), "o objeto mesmo do conhecimento do caráter exclui o conhecimento do tipo positivo sem excluir com isso o conhecimento" (1946t. II, p. 70). A caracteriologia é a ciência intermediária entre a experiência do mistério e a elucidação racional de que dependem as manifestações do mistério (1946t. II, p. 70). Só o engajamento pessoal na aventura total do homem, dar-lhe-á o acesso ao mistério da existência da pessoa (1946t. II, p. 70).

Contudo estas considerações não devem levar à conclusão de que para Mounier nenhum conhecimento seja possível, que a inteligência humana seja incapaz de lançar alguma luz sobre as misteriosas profundezas da existência que lhe serve de base: porque a pessoa não deve ser lançada no indizível (1949. III, p. 431).

A questão da metodologia filosófica em geral e da epistemologia em particular pode ser extremamente importante para o estudioso do Personalismo. Com efeito, sua compreensão e avaliação far-se-ão em grande parte, em função desta metodologia. Contudo, não era este o ponto de vista de Mounier, o que, a muitos críticos, parece imperdoável. Curioso é observar que uma preocupação explícita a respeito deste problema só aparece nos escritos dos tempos em que ainda estudava. Abandonada a carreira universitária e fundado o movimento "Esprit", Mounier parte para o grande empreendimento de reconstruir a civilização e de instituir uma antropologia que fundasse tal projeto, sem se indagar sobre o problema da validade de sua atitude filosófica, essencialmente fenomenológica. Aliás, fazendo sua a posição existencialista dos anos 30, põe em dúvida o próprio sentido do problema. 0 filosofar, então, não é tido como um conhecer mas como um despertar para a existência autêntica. 0 que realmente importa é apreender a densidade da própria existência pessoal.

Assim sendo, Mounier não se preocupa em esclarecer seu leitor a respeito do sentido desta perspectiva epistemológica. Ao crítico, responderá que se trata de "ser sensível" à pessoa, que nenhum instrumento lógico irá revelá-la a ninguém. É por causa desta atitude fenomenológica, que não se explicita em termos de definição gnoseológica, que uma obra como Le personnalisme, em que sintetiza sua antropologia de um ponto de vista metafísico, desnorteia o filósofo e o Traité du caractère, em que aborda a pessoa de um ponto de vista de contraposiçâo à psicologia, desnorteia o cientista.

A ele se recrimina, por causa disso, a ausência do rigor filosófico. Mas talvez Mounier respondesse que esta omissão é intencional e adotada justamente por causa do verdadeiro rigor filosófico (1946i. III, p. 146).


Recolhimento e ruptura

O aspecto teórico do pensamento de Mounier que me propus destacar, neste terceiro passo da comunicação é o da tensão permanente entre a interioridade e a exterioridade que marca a existência da pessoa. Nosso existir pessoal não se dá numa situação fixa, mas sempre num equilíbrio instável de forças que simultaneamente nos impelem para dentro e para fora de nós mesmos. Somos permanentemente apelados para uma volta pra nossa interioridade ao mesmo tempo que impelidos a sair de nós mesmos em busca do que está fora de nós, para a exterioridade.

Esta é uma das marcas mais fortes do esforço de pensamento de Mounier e, emblematicamente, a expressão de sua própria vida pessoal, de sua história de vida, atravessada por contradições que decorrem dessa tensão. Exemplo bem concreto foi o conflito vivido no contexto do embate entre o movimento Esprit e o Troisieme Force, bem como a opção entre a carreira acadêmica e a militância social.

Mas mais que isso é a própria estruturação de seu pensamento que se impregna dessa dialética. Ao descrever a estrutura do universo pessoal, Mounier recorre sempre a essa bipolarização conceitual para dar melhor conta do ser da pessoa. Muitos veem aí o dualismo da metafísica tradicional, mas não é essa a perspectiva mounierista. Pois o que tem em vista é a unidade complexa da pessoa. Daí insistir na condição da pessoa como simultânea e integralmente imergente e emergente em relação à natureza pré-humana e à sociedade, dada a modalidade corporal e social de seu existir, a inserção no cosmos, na história vital e no contexto social. A pessoa não tem corpo, ela é um corpo em plena comunhão com o mundo da matéria e da vida. Mas, ao mesmo tempo, sua condição se marca, se especifica e se diferencia, por emergir dessa condição encarnada, transcendendo-a sem se separar dela, na medida em que lhe atribui uma intencionalidade de significação. Ela não vive essa imersão de forma puramente mecânica, mas intencional.

É por isso que insiste no modo de se realizar de nossa liberdade: ela é, legitima e simultaneamente, uma liberdade condicionada, encarnada, situação que revela, ao mesmo tempo e com igual valor, que nosso agir é, por uma face, livre, como expansão de nossas decisões, mas também condicionado, sob determinação objetiva por fatores externos que escapam ao nosso controle. Mas não há comprometimento da liberdade pela necessidade. A liberdade humana não é mesmo absoluta, arbitrária, onitpotente, pois ela é a liberdade de um ser encarnado.

Essa encarnação não é uma queda, como se lamenta a tradição platônica e nem uma violação da autonomia do nosso espírito. Ela é o nosso modo autêntico e integral de ser.

Mounier sempre retoma a metáfora do movimento de interiorização/exteriorização para fazer a descrição fenomenológica de nossa existência. Assim, afirma que “a existência pessoal é sempre disputada entre um movimento de exteriorização e um movimento de interiorização que lhe são essenciais e que podem paralisá-la ou dissipá-la” (Le personnnalisme, III, p. 468). Nessa dialeticidade, o equilíbrio tensional corre sempre o risco de se romper, podendo levar tanto para um polo como para o outro; a uma objetivação, quando o ser pessoal se exterioriza totalmente, se objetivando e se alienando num outro de si mesmo, perdendo-se, reduzindo-se a uma coisa. Ocorre então uma forma radical de alienação.

Mas não é menor o risco da alienação ocorrer pelo fechamento do ser pessoal na sua própria interioridade. Ao querer livrar-se do emprisionamento das coisas do mundo objetivo, a pessoa pode tornar-se presa da interioridade egocêntrica, subjetiva, pode ser arrastada para o teatro sofisticado de Narciso, na expressão do próprio Mounier, insistindo que é preciso “sair da interioridade para entreter a interioridade” (III, 469).

Vem daí o ímpeto do homem para interagir com a natureza e com os seus semelhantes. O trabalho e a interação social não expressam apenas a necessidade da produção, mas também a força de ruptura e superação do egocentrismo, pelo que se transformam também em fatores de cultura e de espiritualidade. Como arremata Mounier, afirmando incisivamente, “sem a vida exterior, a vida interior enlouquece; sem a vida interior, a vida exterior, delira” ( III, 469).

Em síntese, o homem pode viver à maneira de uma coisa, mas como ele não é uma coista, uma tal vida aparece-lhe sob o aspecto de demissão ( III, 462). Pode viver no divertimento, no estado estético, na vida inautêntica, na alienação ou na má-fé, mas então vive fora de si mesmo, confundido com o tumulto exterior, como coisa entre coisas, totalmente objetivado, coisificado, em pura e total vulgaridade. É nesse contexto, com base nessa exigência de mútua implicação nesse movimento de mão dupla, que Mounier discute a relação dialética entre o ser e o ter, destacando o risco de a pessoa ser dominada pelo objeto possuído.

E é igualmente sob essa perspectiva que aborda o tema da comunicação, como abertura para o outro; ele a considera como o fato primitivo, originário, constitutivo do modo de ser humano, sua experiência fundamental. O tu, e nele o nós, precede o eu. Trata-se de experiência tão profunda que quando o alter se torna alienus, a pessoa se perde e se aliena totalmente. Eis também porque, no conjunto de sua proposta de transformação da sociedade contemporânea, Mounier fala sempre de uma revolução personalista e comunitária.


Conclusão

Sob essas premissas sinteticamente apresentadas, já é possível vislumbrar a relevância que o personalismo atribui à educação para a reconstrução da civilização humana. Pois só se poderá fundar a comunidade sobre pessoas solidamente constituídas, o amadurecimento da comunidade é vinculado ao desabrochar das pessoas. A educação é fundamentalmente o aprendizado da comunidade, onde a aprendizagem do eu se faz simultaneamente com a aprendizagem do tu.

Sem dúvida, a comunidade pessoal perfeita é, historicamente, uma imagem limite, um horizonte, que se deve manter em vista. É inalcançável devido à própria contingência do existir, preço da encarnação. As nossas serão sempre comunidades imperfeitas. Mas eis aí uma utopia fecunda para o combate tanto ao individualismo egosita como contra o coletivismo impessoal. E a educação, basicamente, é mediação concreta para a instauração da solidariedade, malha que se tece quando o outro é reconhecido como parceiro do eu. (Cf. SEVERINO, 2001).

Na condição de prática especificamente voltada para os sujeitos humanos em construção, desenvolvendo uma ação de intervenção nesses sujeitos, o seu compromisso fundamental é com o respeito radical à dignidade humana desses sujeitos. Com efeito, a legitimidade da educação pressupõe necessariamente sua eticidade. Esse compromisso ético da educação, que se estende ao exercício profissional dos educadores, por assim dizer, se acirra nas coordenadas historico-sociais em que nos encontramos. Isto porque as forças de dominação, de degradação, de opressão e de alienação, se consolidaram nas estruturas sociais, econômicas e culturais. As condições de trabalho são ainda muito degradantes, as relações de poder muito opressivas e a vivência cultural precária e alienante. A distribuição dos bens naturais, dos bens políticos e dos bens simbólicos, muito desigual. Em outras palavras, as condições atuais de existência da humanidade, traduzidas pela efetivação de suas mediações objetivas, são extremamente injustas e desumanizadoras.

Assim, é também por exigência ética que a atividade profissional dos educadores deve se conceber e se realizar como investimento intencional sistematizado na consolidação das forças construtivas das mediações existenciais dos homens. É isto que lhe dá, aliás, a sua qualificação ética. O investimento na formação e na atuação profissional do educador não pode, pois, reduzir-se a uma suposta qualificação puramente técnica. Ela precisa ser também política, isto é, expressar sensibilidade às condições histórico-sociais da existência dos sujeitos envolvidos na educação. E é sendo política que a atividade profissional se tornará intrinsecamente ética.

O que se pode perceber então é que aquilo de melhor que é pensado e realizado, hoje, na esfera educacional, impregna-se essencialmente da inspiração madura, crítica e construtiva do pensamento personalista que propõe e consolida um projeto humanista de transformação qualitativa de toda nossa realidade individual e social.

Na condição de prática especificamente voltada para os sujeitos humanos em construção, desenvolvendo uma ação de intervenção nesses sujeitos, o seu compromisso fundamental é com o respeito radical à dignidade humana desses sujeitos. Com efeito, a legitimidade da educação pressupõe necessariamente sua eticidade. Esse compromisso ético da educação, que se estende ao exercício profissional dos educadores, por assim dizer, se acirra nas coordenadas historico-sociais em que nos encontramos. Isto porque as forças de dominação, de degradação, de opressão e de alienação, se consolidaram nas estruturas sociais, econômicas e culturais. As condições de trabalho são ainda muito degradantes, as relações de poder muito opressivas e a vivência cultural precária e alienante. A distribuição dos bens naturais, dos bens políticos e dos bens simbólicos, muito desigual. Em outras palavras, as condições atuais de existência da humanidade, traduzidas pela efetivação de suas mediações objetivas, são extremamente injustas e desumanizadoras.

Assim, é também por exigência ética que a atividade profissional dos educadores deve se conceber e se realizar como investimento intencional sistematizado na consolidação das forças construtivas das mediações existenciais dos homens. É isto que lhe dá, aliás, a sua qualificação ética. O investimento na formação e na atuação profissional do educador não pode, pois, reduzir-se a uma suposta qualificação puramente técnica. Ela precisa ser também política, isto é, expressar sensibilidade às condições histórico-sociais da existência dos sujeitos envolvidos na educação. E é sendo política que a atividade profissional se tornará intrinsecamente ética.

O que se pode perceber então é que aquilo de melhor que é pensado e realizado, hoje, na esfera educacional, retoma essencialmente a inspiração madura, crítica e construtiva do pensamento personalista que propõe e consolida um projeto humanista de transformação qualitativa de toda nossa realidade individual e social.


*Antonio Joaquim Severino


Professor titular, aposentado, de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da USP, ora atuando como docente colaborador. Licenciou-se em Filosofia na Universidade Católica de Louvain, Bélgica, em 1964. Na PUCSP, apresentou seu doutorado, defendendo tese sobre o personalismo de Emmamuel Mounier, em 1972. Prestou concurso de Livre Docência em Filosofia da Educação, na Universidade de São Paulo, em 2000. Em 2003, prestou concurso de titularidade. Atualmente integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uninove, Universidade Nove de Julho, de São Paulo. Dentre suas publicações, destacam-se Metodologia do trabalho científico (Cortez, 1975; 21. ed. 2000); Educação, ideologia e contra-ideologia. (EPU, 1986); Métodos de estudo para o 2o. Grau (Cortez, 1987; 5. ed. 1996); A filosofia no Brasil (ANPOF, 1990); Filosofia (Cortez, 1992; 5. ed. 1999); Filosofia da Educação (FTD, 1995; 2. ed. 1998); A filosofia contemporânea no Brasil: conhecimento, política e educação (Vozes, 1999), Educação, sujeito e história (Olho d´Água, 2002) e vários artigos sobre temas de filosofia da educação. Seus estudos e pesquisas atuais situam-se no âmbito da filosofia e da filosofia da educação, com destaque para as questões relacionadas com a epistemologia da educação e para as temáticas concernentes à educação brasileira e ao pensamento filosófico e sua expressão na cultura brasileira.
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(1) Roteiro da fala do Prof. Dr Antonio Joaquim Severino por ocasião do Seminário Mounier e Ricoeur no dia 7 de maio de 2012 no Centro Universitário Salesiano de São Paulo – Unisal Lorena/SP.
 Referências bibliográficas.

MOUNIER, Emmanuel. Oeuvres. 4 vols. Paris, Seuil, 1962.

SEVERINO, Antonio J. A antropologia personalista de Emmanuel Mounier. São Paulo: Saraiva, 1974

SEVERINO, Antonio J. Pessoa e existência: iniciação ao personalismo de Emmanuel Mounier. São Paulo: Cortez, 1983.

SEVERINO, Antonio J. A contribuição do pensamento de Mounier à reflexão antropológica contemporânea. Rev. Fil. Bras. Rio, UFRJ. 5(1): 25-30. jun. 1992.

SEVERINO, Antonio J. Humanismo, personalismo e os desafios sociais da educação contemporânea. Revista Educação Pública. Cuiabá. v. 18. no. 35. jan./abr. 2009. p. 155-163.
 
Foto: Prof. Dr Antonio Joaquim Severino, exposta na Revista Eletrônica Perspectivas em Educação, Edição nº 1 -  ano 1 - Setembro/Outubro/Novembro/Dezembro 2007, do Curso de Pedagogia da FMC. http://www.unicaieiras.com.br/revista1/entrevistas.htm. acesso em 29 de maio de 2012 às 05:18Hs.

domingo, 6 de maio de 2012

Seminário Mounier e Ricoeur

Seminário Mounier e Ricoeur

Pessoa, comunidade e a nossa condição terrestre em instituições justas na obra de E. Mounier e de P. Ricoeur.

DATA: 7 de maio de 2012
LOCAL: Centro Universitário Salesiano de São Paulo – Unisal Lorena/SP.
ORGANIZAÇÃO: Rede E. Mounier e P. Ricoeur do Brasil, Curso de Filosofia e Mestrado em Direito (reconhecido pela CAPES) do UNISAL.
COMISSÃO ORGANIZADORA: Prof. Dr. Alino Lorenzon (Uerj) , Prof. Ms. Daniel da Costa (Professor – Unisal), Prof. Dr. Lino Rampazzo (Coord. do curso de Filosofia – Faculdade Canção Nova) , Prof. Ms. Mário José Dias (Coord. do curso de Filosofia – Unisal), Profª. Drª. Grasiele Augusta Ferreira Nascimento (Coord. do Mestrado em Direito – Unisal), Esp. Roberta Werneck Magalhães dos Santos (Encarregada dos Projetos e Eventos – Unisal).

Mais informações: Prof. Ms. Mário José Dias, Coordenador do Curso de Filosofia – Unisal Lorena. E-mail: curso.filosofia@lo.unisal.br

Tel.: (0xx12-3159.2033)

Programação

08h00: Inscrições e entrega do material

08h15: Abertura D. Benedito Beni dos Santos (Bispo da Diocese de Lorena)
Coordenador dos Trabalhos da manhã: Prof. Ms. Mário José Dias
08h30: Mesa-RedondaO personalismo como condição e fundamento da vida
Prof. Dr. Alino Lorenzon (UERJ): Pessoa, comunidade e a nossa condição terrestre em instituições justas.
Prof. Ms. Daniel da Costa (UNISAL): Descartes na formação do pensamento de E. Mounier.
Prof . Dr. Paulo Cesar da Silva (UNISAL): A ação ética e a realização pessoal e social na obra O Personalismo de Mounier.
 
10h00: IntervaloLançamento da edição brasileira do livro de Guy COQ – Mounier – O engajamento político pela Editora Ideias & Letras.

10h30: Mesa-RedondaA educação na perspectiva personalista.

Prof. Dr. Antônio Joaquim Severino (USP): Recolhimento em si e abertura ao outro: contribuições do personalismo o para a educação da pessoa.
Prof. Dr. Ricardo Almeida de Paula (UCB): Crise da pessoa e crise da educação: um estudo do personalismo de Emmanuel Mounier.
Prof. Ms. Jefferson da Silva (UNISAL): A simbólica faz pensar: no pensamento de Paul Ricoeur.

12h00: Intervalo para almoço

Coordenador dos trabalhos da tarde: Prof. Dr. Lino Rampazzo
13h30: Mesa-RedondaO personalismo e seus desdobramentos na contemporaneidade.
Prof. Drª. Francisca Eleodora Santos Severino (UNIABC): A condição feminina e a condição materna da mulher.
Prof. Ms. Március Tadeu Nahur (UNISAL): Ética ecológica e responsabilidade em Jonas e Ricoeur: caminho para uma ação ambiental mobilizadora.

15h00: Intervalo

15h30: Mesa-RedondaAs Instituições Justas na perspectiva personalista.
Prof. Dr. José Marcos Miné Vanzella (UNISAL): A distinção do justo e do bom e a questão das instituições no pensamento de Paul Ricoeur.
Prof. Ms. Roberto Roque Lauxen (UPF): Instituições justas e instituições injustas nos planos nacional e internacional.
16h30: EncerramentoImpressões finais sobre o encontro (Prof. Dr. Alino Lorezon, Prof. Drª. Grasiele Nascimento, Prof. Dr. Lino Rampazzo e Prof. Ms. Mário José Dias)

Uma breve apresentação dos filósofos

Emmanuel Mounier (1905-1950)

Um estilo diferente de filosofar e um cristão comprometido com mundo mais justo. O estilo do filosofar de Mounier é muito original, porquanto sua reflexão se nutre do Acontecimento no sentido amplo da palavra e se engaja no testemunho da ação. Sua filosofia centrada na pessoa humana constitui uma negação do individualismo,“inimigo número um do espírito comunitário”, bem como do capitalismo dominado pelo reino do dinheiro e do totalitarismo que nega a liberdade e a pessoa. Para tanto, será preciso lutar pelo despertar da pessoa e pelo despertar comunitário. “A pessoa só se afirma na comunidade” Dessa forma, a pessoa não é um meio-termo entre o indivíduo e a sociedade. Ademais, não podemos fazer um discurso geral e vago sobre a pessoa humana. “Nós fizemos uma escolha. Em nossa investigação, não queremos apenas tratar do homem, mas combater pelo homem”. Por isso, temos que ver na pessoa uma situação concreta, contraditória e historicamente situada e constitutivamente comunitária. Ora, o despertar da consciência de pertença à comunidade se impõe, hoje mais do que nunca, como uma necessidade e como uma urgência inadiáveis em vista da própria sobrevivência do ser humano e da escassez dos recursos do planeta. Desiludido com o estilo de ensino da filosofia da Sorbonne de Paris, que soberanamente desconhecia os problemas e dramas humanos, Mounier faz a opção de seguir o caminho difícil fora da universidade. Então, com um grupo de jovens de sua época, lança um movimento e a revista Esprit. Esta continua sendo ainda hoje uma das mais importantes (se não a mais importante) da França e da Europa. Mounier, como cristão, teve uma excelente formação bíblica dada pelo Padre Pouget, um lazarista de uma sólida cultura. Formação continuada pelos intercâmbios com os grandes teólogos franceses do seu tempo, pioneiros do Vaticano ll. G.Coq ressalta os méritos do cristianismo de Mounier, por ter sido capaz de “articular o engajamento social, político e cristão sem subestimar os riscos espirituais do engajamento temporal”.

NB – Para o leitor que deseja ler alguma obra de ou sobre Mounier, poderá consultar o site: www.estantevirtual.com.br e encontrará textos importantes a preços módicos. Vale a pena ler a excelente obra de Guy COQ, intitulada Mounier – O engajamento político da Editora Ideias&Letras a ser lançada neste seminário.

Paul Ricoeur (1913 - 2005)

Foi um dos grandes e dos mais fecundos filósofos e pensadores franceses do período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Feito prisioneiro, esteve internado em vários campos da Alemanha até 1945. Após a Liberação, Ricoeur ensina filosofia na Universidade de Estrasburgo e em seguida na Universidade de Nanterre não região parisiense. Simultaneamente dirige o Centro de Pesquisas Fenomenológicas e Hermenêuticas do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Paralelamente a essas funções, Ricoeur ensinava filosofia na Universidade de Chicago nos EUA de 1972 até a sua aposentadoria em 1983. Participa dos grandes debates do momento sobre linguística, psicanálise, estruturalismo e hermenêutica, com um interesse particular pelos textos sagrados do cristianismo. Segundo sua própria afirmação, Ricoeur foi desde o início influenciado pelos filósofos Gabriel Marcel, Emmanuel Mounier e Edmund Husserl. Falando da influência recebida de Mounier e de Esprit antes da Segunda Guerra, Ricoeur afirma que a conjunção entre pessoa e comunidade representava um grande avanço inédito.Ademais, aprendia com Mounier a necessidade de articular as convições espirituais com as tomadas de posição políticas que até este momento era apenas justapostas aos meus estudos universitários e aos meus engajamentos nos movimentos da juventude protestante. Um pensador de uma grande fecundidade no campo da filosofia. Os temas abordados são os mais variados, mantendo no entanto uma articulação lógica e literária notável. Descendo por exemplo em profundidade no interior da existência humana, Ricoeur vê que o homem concreto é vontade falível e, portanto, capaz de mal. A antropoloqia de Ricoeur delineia um homem frágil, sempre sobre o abismo entre o bem e o mal. A problemática da simbólica do mal leva Ricoeur ao tema da linguagem, projeto que encontra seus inícios com um escrito sobre Freud: Da interpretação. De certa forma, o trabalho filosófico de Ricoeur se apresenta como uma teoria da pessoa humana, porque esta continua sendo “o melhor candidato para sustentar as batalhas jurídicas, políticas,econômicas e sociais”. No campo da justiça e da ética, Ricoeur elabora uma teoria original, formulada na seguinte asserção: “Chamamos “perspectiva ética”, a perspectiva da “vida boa” com e para o outro em instituições justas”. A produção filosófica de Ricoeur é muito extensa. Uma boa parte de suas obras está em português.Neste site: www. estantevirtual.com.br é possível encontrar muitas de suas obras a preços módicos.

Prof. Dr. Alino Lorezon

Resumos

Coordenador das mesas: Prof. Ms. Mário José Dias

Mesa-Redonda: O personalismo como condição e fundamento da vida

Pessoa, comunidade e a nossa condição terrestre em instituições justas.

Alino Lorenzon (UERJ)1

Na história da humanidade sempre houve crises e exigências de mudanças profundas. No entanto, nós hoje uma profunda crise de civilização e de valores morais, como diria Mounier. De um lado há um individualismo alimentado pela ganância e pelo consumismo exagerado, exaurindo os escassos e limitados recursos do planeta e, de outro, as desigualdades sociais e a violência sob múltiplas formas. A Carta da Terra redigida na Conferência Mundial da RIO-92 começa com o seguinte lema: “Nós pertencemos a uma única família humana e a uma única comunidade terrena com um destino comum”. Por isso, a temática da pessoa, da comunidade, da ecologia e das instituições constituem um sério desafio para o pensador que não dissocia a sua reflexão de um engajamento de mudança.

Descartes na formação do pensamento de E. Mounier.

Prof. Ms. Daniel da Costa (UNISAL)2

É pela leitura de um texto inédito produzido por Emmanuel Mounier, o seu trabalho de conclusão do curso de filosofia que realizou sob a orientação do filósofo Jacques Chevalier, e ainda não lançado em Francês (Mounier, EMMANUEL, Le conflit de l’Antropocentrisme et du théocentrisme dans La philosophie de Descartes, Diplôme d’etudes supérieures de philosphie, Grenoble, Juin, 1927.), que já podemos perceber algumas linhas diretrizes do que se desenvolverá, aos poucos, com o lançamento da Revista Esprit, como as linhas do pensamento engajado de Emmanuel Mounier: do seu personalismo. A partir do mesmo, será interessante notar, primeiramente, os delineamentos de um problema fundamental que inspirará os dois “jovens inconformados”, Mounier e Izard, a empreenderem a aventura de lançamento, em 1932, de uma “revista internacional” de crítica política e cultural: Esprit. Também poderemos alcançar uma melhor compreensão do primeiro artigo lançado no primeiro número de Esprit (Refazer a Renascença) e que compõe, com outros, uma série de textos programáticos que cobre os anos de 1932 a 1935 intitulada: Révolution personaliste et communautaire, Oeuvres, Tome I, Éd. du Seuil, Paris, 1961. Assim, a leitura do texto juvenil Le conflit ... nos coloca em suspeita contra a facilidade de uma certa crítica generalizante destes primeiros delineamentos (artigos programáticos) de Mounier, como se se tratassem simplesmente de “textos pouco consistentes conceitualmente e já superados pela mudança dos eventos atuais”. Além de nos depararmos com uma interessante abordagem feita por Mounier da obra de Descartes que destoa de certos lugares comuns – pró e contra o chamado “racionalismo” de Descartes – da tradição de comentadores que se amontoam em prateleiras de livrarias e bibliotecas.

A ação ética e a realização pessoal e social na obra O Personalismo de Mounier.
Prof. Dr. Paulo César da Silva (UNISAL)3

Mounier, em sua obra “O personalismo”, defende que o universo da pessoa se estrutura em sete dimensões, unificadas na única identidade pessoal. Estas dimensões são, com as palavras de Mounier, “A existência incorporada, A comunicação, A conversão íntima, O afrontamento, A liberdade em condições, A eminente dignidade e O compromisso.” A pessoa humana é justamente compreendida de forma dinâmica, o que significa que ela é dom e projeto. O desenvolvimento deste projeto pessoal se realiza na medida em que a ação corresponda à identidade da pessoa e se ajuste, consciente e livremente, à norma própria para o ser pessoal. A pessoa humana, à medida que age eticamente, contribui para a realização de si e do outro, como pessoa, e da sociedade humana. A realização de si e da sociedade exige que a pessoa se autoconheça o mais possível, na sua integralidade, e participe, enquanto pessoa, no conjunto da sociedade humana. Participar, “enquanto pessoa”, implica que ela aja e contribua para que as ações das demais pessoas sejam conforme as dimensões estruturais do universo pessoal. Destaca-se a “A eminente dignidade”, tendo-se em vista a necessidade da educação da faculdade axiológica que possibilita compreender o valor da pessoa humana, visto que este valor é um transcendental da sua estrutura ôntica. O pressuposto antropológico personalista é condição indispensável para a análise, o discernimento e as ações que realizam as mudanças necessárias das estruturas institucionais de quaisquer matrizes, sejam individualistas, coletivistas ou mistas, em vista à realização da pessoa e o bem comum de toda a sociedade humana.

Mesa-Redonda: A educação na perspectiva personalista.

Recolhimento em si e abertura ao outro: contribuições do personalismo o para a educação da pessoa.

Prof. Dr. Antônio Joaquim Severino (USP)4

Após resgate do alcance da postura de Mounier como educador e da proposta personalista para a educação da pessoa comprometida com o destino da comunidade, buscar-se-á explicitar a dialeticidade da condição da existência pessoal como tensão permanente entre os movimentos de interiorização e de exteriorização, necessários à sua realização, mas que podem também levar à alienação, tiram-se as implicações dessa ambivalência para uma educação que esteja à altura do enfrentamento dos desafios do mundo contemporâneo, marcado fortemente pelo predomínio da exteriorização. Tem-se presente que o apelo utópico que se põe no horizonte para o pensamento emancipador é o de transformar os indivíduos naturais em pessoas e de transformar as sociedades reificadas em comunidades de cidadãos livres, capazes de tomar seu destino histórico nas próprias mãos.

Crise da pessoa e crise da educação: um estudo do personalismo de Emmanuel Mounier.
Prof. Dr. Ricardo Almeida de Paula (UCB)5

Mediante o dialógico do Cogito, entre imanência e transcendência, Mounier demonstra o elemento de equilíbrio entre estas duas premissas através da categorização da pessoa, ao afirmar não poder ser ela tratada na mesma ordem dos objetos naturais. Ou seja, “a pessoa não é um objeto. Ela é antes tudo aquilo que em cada homem não pode ser tratado, como objeto” (MOUNIER, Oeuvres III, p. 430). Ao propor esse diálogo devemos ter em mente que a pessoa não pode ser pensada “como uma coisa ou substância que possua determinadas qualidades ou se encontre ao lado de seus atos ou simplesmente junto deles” (BORAU, 2007, p. 298), mas, deve ser considerada sua condição ontológica - o seu “ser” em face do Ser.

A simbólica faz pensar: no pensamento de Paul Ricoeur.

Prof. Ms. Jefferson da Silva (UNISAL)6

Segundo Ricoeur, na sua obra Finitude e Culpabilidade (1960), pensar a simbólica é tentar encontrar outras possibilidades para além de uma linguagem uniformizadora. É restaurar os signos sagrados que foram esquecidos pelo homem moderno. De fato, para o homem se conhecer e se compreender é necessário utilizar um “atalho”, a saber, as expressões da vida, ou obras da cultura, como os símbolos. O símbolo significa algo sobre a nossa realidade antes mesmo do próprio ato de filosofar. Porém, ele só é capaz de expressar algo na medida em que é interpretado. Quando interpretado, pode dizer mais sobre a realidade, pois extrapola o cognitivo que, por não dar conta de toda a realidade, está sujeito (pela falibilidade) ao erro, a interpretações unívocas, possibilitando, na ação, a penetração do mal. Assim, o pensar sobre o simbólico leva a hierofanias esquecidas; e, a partir dessas e pelo processo interpretativo, podem-se ampliar as significações da realidade e do próprio sujeito que pensa.

Coordenador das mesas: Prof. Dr. Lino Rampazzo

Mesa-Redonda: O personalismo e seus desdobramentos na contemporaneidade.

A condição feminina e a condição materna da mulher.

Prof. Drª. Francisca Eleodora Santos Severino (UNIABC)7

A comunicação busca relacionar gênero e maternidade tendo como objetivo trazer à tona a falta de igualdade entre gêneros no contexto das mudanças sociais e do humanismo com destaque para a contribuição dos filósofos Paul Ricoeur e E. Mounier. A reflexão evidencia a insuficiência da filosofia ao abordar os discursos construídos pelo masculino. A reconstrução das representações de feminilidade decorre das exigências da nova ordem mundial que insiste no esvaziamento da noção do outro e na exigência de novos conceitos filosóficos que lhes dêem respaldo. A oposição masculino/feminino é abordada pela filosofia pela mediação de um pensamento por opostos que faz emergir o vício de se ver a mulher pelo prisma biológico da divisão sexual do trabalho, desconsiderando aspectos históricos culturais e os planos lógicos e epistemológicos de análise. Mounier e Ricoeur incidem na afirmação da necessidade de ultrapassar esta dicotomia.

Ética ecológica e responsabilidade em Jonas e Ricoeur: caminho para uma ação ambiental mobilizadora.

Prof. Ms. Március Tadeu Nahur (UNISAL)8

O diálogo filosófico entre Hans Jonas (“O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica”) e Paul Ricoeur (“Ética e filosofia da biologia em Hans Jonas”) traz uma revelação: o moderno “saber-poder-fazer” tecnológico propicia um extraordinário potencial de intervenção humana na natureza, inclusive destrutivo. Isso apela para uma ética da responsabilidade capaz de abrir caminho para o agir humano mobilizador da (pre) ocupação de se preservar as condições sob as quais o autenticamente humano se revela no curso de sua história. A ética da responsabilidade é um sim ao ser, um não ao não ser, que a vida pronuncia sobre si mesma espontaneamente, e prenuncia para o agir humano um compromisso presente-futuro que não negligencie a natureza, o homem e a humanidade.

Mesa-Redonda: As Instituições Justas na perspectiva personalista.

A distinção do justo e do bom e a questão das instituições no pensamento de Paul Ricoeur.

Prof. Dr. José Marcos Miné Vanzella (UNISAL)9

O presente ensaio aborda o problema da distinção do bem e do justo no pensamento de Paul Ricoeur. Trata-se de explicar como a abordagem do autor procura superar as limitações da leitura metafísica clássica e do universalismo abstrato em sua concepção do justo. Apresenta a distinção do conceito de bem na ética de Ricoeur, entendido a partir da estima de si, que corresponde ao desejo da vida boa e abrange a solicitude, a qual significa viver bem com e para o outro, expressão da vontade de viver juntos. A questão ética diferencia-se da questão moral, a qual implica a pretensão da universalidade e obrigação, postas em sociedades pluralistas, inicialmente pelo universalismo abstrato e formal. O autor identifica que são movidas pela ideia de reconhecimento com valor universal concreto. A passagem do reconhecimento do outro próximo ao distante é também o passo da amizade à justiça. O nexo da justiça e instituição é a figura inteiramente desenvolvida da bondade. Universalismo e contextualismo, não se opõem, mas são complementares em níveis diferentes, pois a preservação das identidades culturais exige um trabalho de compreensão mútua e de tradução recíproca. A justiça se estabelece como justa distancia entre o si e o outro encontrado como distante. Distingue assim o nível da moral e o complementa com o da sabedoria prática que assume a diversidade das heranças culturais e os problemas de aplicação dos princípios universais abstratos.

Pessoa e promessa em Paul Ricoeur: no caminho das instituições justas

Prof. Dr. Roberto Roque Lauxen10

Nosso trabalho busca os fundamentos do conceito de pessoa no marco histórico do pensamento de Paul Ricoeur procurando certa relação de continuidade à abordagem de Soi-même comme un autre. Neste recorrido histórico a pessoa é definida pela noção de ato e de atitude, que para nós é a raiz ontológica da ipseidade, em oposição ao indivíduo que representa a mesmidade. A tensão entre o ato livre que se encarna no tempo aparece em 1936 através do paradoxo da encarnação. Neste contexto – onde o homem e o filósofo se confundem em Ricoeur – o salto para o engajamento e a responsabilidade nasce da vocação do cristão, do mortificar-se e perder-se pelo outro. Em 1983 Ricoeur incorpora o conceito de crise e convicção. A convicção nasce da percepção do intolerável de onde parte o engajamento que faz face à crise, através da “identificação do sujeito com forças transubjetivas”. Defendemos que a noção de promessa de Soi-même comme un autre (1990) incorpora todas estas dimensões que foram gestadas em períodos anteriores de seu pensamento. Por isso, propomos uma analogia entre o intolerável e os puzzling cases da identidade pessoal e narrativa, de onde surge o engajamento, a convicção e a manutenção de si na promessa. Uma segunda linha de defesa é que a promessa é base das instituições justas, pois ela estabelece uma determinação para a liberdade, como responsabilidade pelo outro. Destacamos, por fim, certo distanciamento de Ricoeur em relação a este marco histórico a partir da função central do “terceiro” ou da “sociabilidade” na constituição da pessoa, e a necessidade de sua realização através das instituições justas.

Seminário E. Mounier e P. Ricoeur

TEMA GERAL: Pessoa, comunidade e instituições na obra de E. Mounier e de P. Ricoeur.
DATA: 7 de maio de 2012
LOCAL: UNISAL – Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Lorena/SP.

ORGANIZAÇÃO: Rede E. Mounier e P. Ricoeur do Brasil e Curso de Filosofia e Mestrado em Direito (reconhecido pela CAPES) do UNISAL

Comissão organizadora: Prof. Alino Lorenzon, Prof. Daniel da Costa, Prof. Lino Rampazzo, Prof. Mário José Dias (Coord. do curso de Filosofia da Unisal), Profa. Dra Grasiele Augusta Ferreira Nascimento Profa. Roberta Werneck Magalhães dos Santos (Encarregada dos Projetos e Eventos da Unisal).

Mais informações: Prof. Mário José Dias, Coordenador do Curso de Filosofia da UNISAL. Email: curso.filosofia@lo.unisal.br .Tel.: (0xx12-3159.2033)

Programa

08h: Inscrições e entrega do material
08h15: Abertura D. Benedito Beni (Bispo da Diocese de Lorena)

Coordenador dos Trabalhos da manhã: Mário José Dias
08h30: Mesa-Redonda: O personalismo como condição e fundamento da vida
Alino Lorenzon (UERJ) - Pessoa, comunidade e a nossa condição terrestre em instituições justas.
Daniel da Costa (UNISAL): Descartes na formação do pensamento de E. Mounier.
Paulo Cesar da Silva (UNISAL): A ação ética e a realização pessoal e social na obra O Personalismo de Mounier.
10h Intervalo. Lançamento da edição brasileira do livro de Guy COQ – Mounier – O engajamento político pela Editora Ideias & Letras.
10h30 Mesa-Redonda: A educação na perspectiva personalista.
Antônio Joaquim Severino (USP): Recolhimento em si e abertura ao outro: contribuições do personalismo o para a educação da pessoa.
Ricardo Almeida de Paula (UCB): Crise da pessoa e crise da educação: um estudo do personalismo de Emmanuel Mounier.
Jefferson da Silva (UNISAL): A simbólica faz pensar: no pensamento de Paul Ricoeur.
12h Intervalo para almoço
Coordenador dos trabalhos da tarde: Lino Rampazzo
13h30- Mesa Redonda: O personalismo e seus desdobramentos na contemporaneidade.
Carlos Roberto da Silveira (Faculdade Católica de Pouso Alegre): Espiritualidade na saúde: contribuições do personalismo de E. Mounier.
Francisca Eleodora Santos Severino (UNIABC): A condição feminina e a condição materna da mulher.
Március Tadeu Nahur (UNISAL): Ética ecológica e responsabilidade em Jonas e Ricoeur: caminho para uma ação ambiental mobilizadora.
15h Intervalo
15h30 Mesa-RedondaAs Instituições Justas na perspectiva personalista.
José Marcos Miné Vanzella (UNISAL)- A distinção do justo e do bom e a questão das instituições no pensamento de Paul Ricoeur.
Roberto Roque Lauxen (UPF): Instituições justas e instituições injustas nos planos nacional e internacional.
16h30- Encerramento: Impressões finais sobre o encontro (Alino Lorezon, Grasiele Nascimento, Lino Rampazzo e Mário Dias)
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(1) Doutor em Filosofia pela Universidade de Paris - X
(2) Mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, professor do Centro Universitário Salesiano de São Paulo.
(3) Doutor em Filosofia pela Universidade Gama Filho, professor do Centro Universitário Salesiano de São Paulo e da Faculdade Canção Nova.
(4) Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
(5) Doutor em Educação pela Universidade Federal de Goiás e professor na Universidade Católica de Brasília. (6) Mestre em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu, professor do centro Universitário Salesiano de São Paulo.
(7) Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e professora pesquisadora na Universidade do Grande ABC.
(8) Mestre em Biodireito, Ética e Cidadania pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, onde também atua como professor do curso de Filosofia e Direito.
(9) Doutor em Filosofia pela Universidade Gama Filho, professor do centro Universitário Salesiano de São Paulo e da Faculdade Dehoniana.
(10) Doutor em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e professor da UPF. E-mail: rrlauxen@yahoo.com.br

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Intentamos propagar o personalismo, bem como suas principais ideias e seus principais pensadores, com a finalidade de incitar o visitante desse espaço a ponderar de forma efetiva sobre os assuntos aqui destacados e se aprofundar na pesquisa sobre essa inspiração filosófica, tão bem encarnada nas obras e nos atos do filósofo francês, Emmanuel Mounier.

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