Emmanuel Mounier (1905-1950) e sua filha Anne

Espaço para difusão da filosofia personalista de Emmanuel Mounier e para ponderações de vários temas importantes, tendo como referência essa perspectiva filosófica.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Juan Manuel Burgos Velasco e a continuidade da nova filosofia personalista.

JUAN MANUEL BURGOS VELASCO E A CONTINUIDADE DA FILOSOFIA PERSONALISTA 

Juan Manuel Burgos Velasco (11 de setembro de 1961 , Valladolid, Espanha). Filósofo personalista espanhol.

Recebeu seu doutoramento em astrofísica pela Universidade de Barcelona, na cidade de Barcelona no ano de 1988 e em Filosofia na Università Pontificia della Santa Croce, na cidade de Roma, em 1992.
Professor de psicologia na Universidade San Pablo CEU de Madrid, e no Instituto João Paulo II Madrid, membro do Instituto Internacional Jacques Maritain, em 2007, professor convidado na Universidade Galileo, Guatemala. No mesmo ano, tornou-se professor honorário no Instituto de Ciências da Família da Guatemala pela sua contribuição às ciências da família através de seus estudos de antropologia.


Dedicando-se ativamente para a investigação e difusão da filosofia personalista, Juan Manuel Burgos foi professor convidado nas universidades de Roma, México, Argentina, Uruguai, Paraguai, Guatemala e Colômbia. Ele é fundador e atual presidente da Associação Espanhola de personalismo, AEP, uma instituição dedicada a desenvolver e promover o personalismo, através de publicações, seminários e congressos internacionais sobre os pensadores personalistas, como Karol Woityla e Julian Marias.

Como filósofo, uma das grandes preocupações de Burgos, é apresentar a Filosofia Personalista como grande novidade, e como grande potência filosófica, apresentando nomes como Maritain, Mounier, Karol Woityla, Max Scheler, Nedoncelle e Gabriel Marcel como arquitetos ou construtores da filosofia personalista. O filósofo espanhol, faz questão de apresentar a filosofia personalista como efetivamente uma filosofia e uma filosofia viva, que não se limita a sua vertente francesa, como também, não findou com a morte de Emmanuel Mounier seu principal nome. Segundo Burgos, a filosofia personalista é muito mais extensa do que a matriz francesa manifestada nas páginas da Esprit, ouve uma continuidade na filosofia personalista, tanto em solo norte americano, quase que independente da vertente francesa, por exemplo, na obra de Edgard Sheffield Brightman, como também em território europeu, como na Polônia com K. Wojtyla; na Itália com autores como Stefanini, Pareyson, Carlini, Buttiglione; R. Guardini, F. Ebner , nos domínios da lingua alemã com Hans Urs von Balthasar e de língua espanhola, com J. Marias, A; Lopez Quintas, Carlos Diaz e outros .
Apresentando o personalismo como uma nova filosofia, Burgos procurou destacar os temas que envolvem o ideário personalista, que, por tratar a questão da pessoa, por conseguinte, abordou e aborda assuntos que direta ou indiretamente corrobora a ideia do universo da pessoa, como tema central da filosofia, como: valorização da pessoa diante das coisas, importância da afetividade para a construção de uma sociedade saudável, a necessidade da comunicação, que abrange a comunicação familiar e interpessoais para a formação da pessoa, homem e mulher, como duas distintas maneiras de ser pessoas, filosofia como tentativa de buscar a transformação da sociedade, em detrimento a filosofia como mero exercício acadêmico, valorização das necessidades fundamentais do ser humano, lembrando de sua formação integral como um ser de dimensões transcendentes e imanentes.

Em sua pesquisa, Burgos ressalta que, na busca pela valorização do aspecto transcendente do ser humano, a filosofia personalista inspirou-se na tradição judaico/cristã e nas questões imanentes, nas tradições de filosofias da existência. As inspirações da filosofia personalista também indicam a profundidade dessa filosofia, em outras palavras, o personalismo efetivamente é uma filosofia, como bem afirmou Mounier, em seu bojo, percebe-se elementos que caracterizam uma filosofia profundamente construída. No influxo cristão sobre o personalismo, por exemplo, não há como negar uma metafísica personalista. Sendo uma filosofia bem fundamentada, será que o personalismo está fadado a morte por conta da vivência da pessoa, como deu a entender Ricoeur em um de seus artigos? Burgos crê, que Ricouer não percebeu a abrangência do personalismo, por isso profetizou a sua morte após a afirmação da pessoa. Segundo ele, os outros personalistas ajudam a mostrar um personalismo mais abrangente do que aquele percebido por Ricoeur. Dialogando com eles já se percebe uma metafísica personalista, uma fenomenologia e até mesmo uma teologia.


Além de dirigir duas coleções de filosofia em Word Publishing, editora espanhola que publica livros, revistas e CD-Rom visando a formação humana e espiritual da pessoa e da família, Juan Manuel Burgos publicou numerosos livros e artigos, especialmente sobre personalismo, antropologia filosófica, bioética e sociologia da família.

Dentre os seus livros, podemos destacar: La inteligencia ética. A proposta de Jacques Maritain, 1995; El personalismo. Madrid:2.ed. Palabra, 2003; Antropología: una guía para la existencia. Madrid: 2. ed. Palabra, 2005; Diagnóstico sobre la familia. Madrid: Palabra, 2004 e Para comprender a Jacques Maritain. Madrid: Mounier, 2006.
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Lailson Castanha
FERNÁNDEZ, José Luiz Canãs . Universidade Complutense madrid: Renacimiento del personalismo? Anales del Seminario de história de la filosofia, 2001.
Gravura: Juan Manuel Burgos

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O despertar personalista.

O DESPERTAR PERSONALISTA

A Filosofia Personalista, em sua matriz francesa, se desenvolveu vigorosamente através do esforço de Emmanuel Mounier e demais filósofos, posteriormente chamados de personalistas, em buscar respostas para a questão da crise da pessoa humana na atual civilização – considerada por Mounier como civilização da desordem estabelecida – onde as coisas, os negócios, e o coletivismo são mais valorizados do que a pessoa em sua integralidade. Como alguns filósofos, eu também fui despertado por essa questão.
O despertamento personalista não encerrar-se no ato de despertar, no ato de perceber. A ação deve ser o ato consequente do despertar. Após acordarmos da distração que dante nos envolvia, não podemos permanecer parados, olhando a continuidade de práticas equivocadas. O despertar filosófico, tem que nos levar ao engajamento, ao compromisso em prol de mudanças em favor de uma ambiência histórico social que propicie a vivência integral da pessoa humana. Não podemos encerrar nosso despertar nas desafiadoras leituras de textos personalistas. Temos que aceitar o desafio provocada na prática da leitura e partir para a ação que ela nos incita.
Sabemos que a decisão não é fácil, ela naturalmente nos levará à confrontos - primeiro consigo mesmo, posteriormente, com ideias, coisas e pessoas. Ademais, nenhuma ação deve ser tomada sem orientação.
Apesar da dificuldade de se tomar decisão, decidir em prol da ação, sempre será a opção mais correta, pois agir é imprimir uma marca pessoal na história, é fazer parte dela, é dar liberdade criativa à peculiar vocação de pessoa humana, ou seja, vocação de comunicação, de interação, em uma palavra, de participação. Negar a ação, é negar-se a si mesmo, é negar a nossa condição de pessoa, vivendo uma aviltante existência demissiva, em que negamos o nosso fermento para construção do histórico e progressivo pão de cada dia, se bastando na alimentação de fatias ainda não ideais do progresso histórico, fermentada pelo notável esforço e ação de muitos.
Não estamos sós, ainda existem pessoas que vivenciam a sua condição natural de artífice, sem esquecer que toda a ação, é fecunda, toda ação, provoca uma reação. Mesmo no aparente isolamento de nossos esforços, lembramos com Mounier que “a história recompensa aqueles que se obstinam e que um rochedo bem situado corrige o curso de um rio”.(1)
Lailson Castanha
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(1) MOIX, Candide. O pensamento de Emmanuel Mounier. São Paulo, Paz e Terra: 1968.
Apud. MOUNIER, Emmanuel. Les Certitudes dificiles, 286p.
Gravura: Obras personalistas editadas em língua portuguesa
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Intentamos propagar o personalismo, bem como suas principais ideias e seus principais pensadores, com a finalidade de incitar o visitante desse espaço a ponderar de forma efetiva sobre os assuntos aqui destacados e se aprofundar na pesquisa sobre essa inspiração filosófica, tão bem encarnada nas obras e nos atos do filósofo francês, Emmanuel Mounier.

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Jean Lacroix, Emmanuel Mounier e Jean-Marie Domenach

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