Emmanuel Mounier (1905-1950) e sua filha Anne

Espaço para difusão da filosofia personalista de Emmanuel Mounier e para ponderações de vários temas importantes, tendo como referência essa perspectiva filosófica.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Um pouco mais de Jean-Marie Domenach

UM POUCO MAIS DE JEAN-MARIE DOMENACH
The Independent
Obituário: Jean-Marie Domenach.
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Douglas Johnson
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Segunda-feira, 14 de julho de 1997.
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Jean -Marie Domenach nunca se esqueceu de 27 de julho de 1944. Seu melhor amigo Gilberto Dru foi baleado pela Gestapo em Lyon. Naquele dia seu corpo foi exibido na praça Bellencour, no centro da cidade. Ao lado estava o corpo de outros combatentes da Resistência; um companheiro da social católica, um oficial do exército secreto, um comunista e um homem desconhecido.
Para Domenach, este era o símbolo de um movimento de resistência que foi unido. Toda a sua vida como jornalista, escritor e uma força pública, lutou pela unidade entre os homens de razão . Ele acreditava que aqueles que estavam totalmente engajados na vida da sociedade e nas atividade do Estado poderiam juntos defender os direitos dos homens. Este idealismo foi inspirado em sua maior parte por Emmanuel Mounier, e por sua revista mensal, Esprit, que fundou em 1932, que continua a ser publicada a mais de 47 anos após a sua morte.
Domenach foi educado em colégio de jesuítas em Lyon e mais tarde fez exame de admissão para a Ecole Normale Superieure no Lycée du Parc. Foi lá que ele conheceu a Esprit e começou a acompanhar com os estudantes, as reuniões que foram organizadas em seu nome.
Se opôs ao nazismo, mas também foi contrário ao tipo de democracia parlamentar, caracterizado pela Terceira República. A combinação para a sua ida ao colégio especial de treinamento na Uriage Vich, que fora formada para criar uma elite governante que pusesse em prática as ideias da Revolução Nacional de Pétain. Mas Uriage tornou-se cada vez mais anti-alemão e a opor-se a colaboração com os alemães e a Laval, instinto em Dezembro de 1942.
Domenach já tinha entrado no que ele próprio chamou de semi-resitência com uns dos ediores da La Cahiers de Notre Jeunesse (um título que deliberadamente levou o eco de Charles Péguy, o herói dos democráticos e sociais católicos) - o tipo de controversa que surgiu e que passaria a seguir Domenach em toda a sua vida. Caso dos dos católicos, que intentavam se associar à classe trabalhadora, deveriam trabalhar em vão na Alemanha, como decretou a Lei Vichy? Ou deveria sobrepor-se ao patriotismo em solidariedade à classe trabalhadora? Domenach escolheu o último, e expressando essas opiniões, os Cahiers foram suprimidos .
Em Julho de 1943 ele se juntou ao movimento de resistência no Vercors. Não pela última vez, encontrava-se em desacordo com com a hierarquia católica, sendo obrigado a encontrar suporte em algum sacerdote que tinha muitos seguidores - que ele chamou de "grosse soutane " (batina grande).
Após a guerra, ele começou a trabalhar para a Esprit , tornando-se editor em 1949, e seu editor chefe no período de 1556-1977. Deu-lhe um vigor e determinação fazendo-a proeminente entre as revistas , embora sua circulação ainda seja pequena (estima-se aproximadamente 20.000). A sua associação a editora Les Éditions du Seuil (para a qual também trabalhou Domenach) deu-lhe uma certa instabilidade financeira.
É normalmente descrito como sendo "católico" embora um dos seus primeiros princípios sempre foi nunca ser "confessionário". Domenach em particular se preocupava em não ser associado ao Partido/movimento Popular Republicano (MRP), criado em Novembro de 1944, que dizia ser um partido social católico. Ele aceitou este movimento como sendo de inspiração cristã, mas não como uma organização. Muitas vezes ele desdenhosamente citou o o líder do partido, Georges Bidalt, com o adágio: "as mulheres votarão todas em nós e teremos mais do que cem deputados. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Ele não queria que a Esprit pertencesse a tal homem.
Tampouco fez parte do MRP anti-comunismo e anti-sovietismo. Em 1948-1949 ele foi a favor do reconhecimento de Tito como líder legítimo Comunista de Iugoslávia, apesar de sua condenação por Moscou. Em uma reunião de ex-combatentes da resistência, ele foi denunciado como alguém que se desviou para o campo americano; ele aceitou isso, fato pelo qual, posteriormente, fora humilhado. Subsequentemente estava por demais pronto para receber qualquer oponente do poder soviético. Em 1968 ele voltou a Praga entusiasmado com Dubcek e a "primavera de Praga". Ele o chamou de Gaulle (que admirava) e recebeu uma ducha de água fria em relação a realidade das posições de Dubcek.
Foi difícil de agradar Domenech. Assim, ele era extremamente a favor de Mendes France que chegou ao poder, embora o líder radical estivesse na oposição tradicional aos partidos católicos. Ele apoiou o fim da Guerra na Indochina. Mas, quando Mendes France não consegue chegar a Comunidade Europeia de Defesa, por meio de assembleia, se opõe a ele. Foi totalmente contra os acordos posteriores feitos por Mendes France que envolveu o rearmamento da Alemanha.
Na Argélia, foi um artigo escrito por Domenach, em 1954, que alertou France para a iminência de uma guerra em grande escala. Ele denunciou amargamente a tortura como uma arma utilizada pelo exército francês. Apoiou a ideia de uma paz negociada, assim como, outros exemplos de descolonização gaullista. Mas era sempre crítico a qualquer aproximação francesa com a China, que parecia aprovar a natureza da revolução chinesa.
Leitores tanto na França como no estrangeiro, voltaram (como ainda o fazem) a Esprit para encontrar os artigos, que eram honestos, analíticos e objetivos. Assim, em 1968, apesar de não estar cego aos defeitos do movimento de estudantes, defini-o como uma crítica de uma sociedade em nome do desejo de ser livre. Durante os anos de prosperidade, Domenach descreveu como a mudança dos meios de produção estavam afetando a sociedade francesa. Ele estava sempre cosnciente das divisões, e, sempre a procura de unidade.
Permaneceu como professor de Ciências Sociais na Escola Politécnica até 1987. Viu a vitória de Miterrand como sendo comprada por votos católicos. Era defensor vigoroso da Doutrina Social de Jacques Delors, como sucessor de Miterrand.
Como era típico de Jean-Marie Domenech, quando estava na Inglaterra em 1960, depois, eu descobri que ele não queria falar sobre gaullismo, mas desejava me perguntar sobre minha experiência ao ensinar para a associação educacional dos trabalhadores.
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Douglas Johnson.
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JEAN-MARIE DOMENACH, foi um escritor e intelectual francês. De 1957 a 1976, dirigiu a Revista Personalista Esprit, fundada por Emmanuel Mounier. Foi professor de ciências humanas na Escola Politécnica, onde fundou o Centro de Pesquisas de Epistemologia Aplicada. É, também, autor de diversas obras.
Inseparável na revisão Esprit e do movimento personalista fundado por Emmanuel Mounier.
O nome de Jean-Marie Domenach também permanecerá associado a uma série de recusas e compromissos que fizeram dele um homem de fé e de lealdade. Nascido em Lyon em 13 de Fevereiro de 1922, nesta cidade, durante os anos 1940-1942, escreveu e distribuiu panfletos denunciando a submissão francesa ao ocupante nazista, impediu um alvoroço memorável no La Scalla na projeção do filme anti-semita süss judeu, e apela ao boicote à STO no Jornal de nossa juventude, lançado com Gilbert Dru e Andre Mandouze.

Domenach lutou com Mounier até a sua morte, em 1950 e após a perda do amigo, continuou sua luta, que incluiu a aceitação do posto de editor da Esprit. Escreveu vários obras, das quais, destacamos algumas editadas em língua portuguesa:

Abordagem à modernidade, As ideias contemporâneas, A propaganda política, Catolicismo de Vanguarda, entre outros.

Jornalista e escritor, Jean-Marie Domenach, nascido em Lyons em 13 de fevereiro de 1922, casou-se com Nicola Flory com que teve três filhos e uma filha; morreu em Paris em 5 de julho em 1977.
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Tradução e adaptação: Lailson Castanha
Para download:
A propaganda política
http://cultvox.locaweb.com.br/livros_gratis/apropagandapolitica.pdf
La Propagande Politique: um ensaio sobre a obra de Jean-Marie Domenach – por Karl Schurster V. S. Leão http://www.tempopresente.org/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=3496

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