tag:blogger.com,1999:blog-62066871429382909202024-02-06T19:43:46.538-08:00Ponderações personalistas.Espaço para difusão da filosofia personalista de Emmanuel Mounier e para ponderações de vários temas importantes, tendo como referência essa perspectiva filosófica.Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.comBlogger64125tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-68620789521786918682018-09-12T07:31:00.002-07:002018-09-12T07:38:51.070-07:00Introdução ao Personalismo, de Juan Manuel Burgos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhum0Imnw8idK3Nq_ZOZcrkNAVymnZ4wL-Nso7csGE9btz73QErFMgImUfperXWFD7-mA_9e8VHujrxYkMDMswLvOulM9xr6iLE2DxaOTBZqGB39C4hSb27OLJpheem48i3MEdLioSa4vtA/s1600/Introdu%25C3%25A7%25C3%25A3o+ao+Personalismo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="613" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhum0Imnw8idK3Nq_ZOZcrkNAVymnZ4wL-Nso7csGE9btz73QErFMgImUfperXWFD7-mA_9e8VHujrxYkMDMswLvOulM9xr6iLE2DxaOTBZqGB39C4hSb27OLJpheem48i3MEdLioSa4vtA/s320/Introdu%25C3%25A7%25C3%25A3o+ao+Personalismo.jpg" width="204" /></a></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;"><span style="background: white;">INTRODUÇÃO AO PERSONALISMO, DE JUAN
MANUEL BRUGOS</span><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;"><br /></span></div>
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="background: white;">Na efervescência política do
período entreguerras, época em que os totalitarismos se instalaram nos Estados
Nacionais europeus, praticando todo tipo de violência contra a humanidade, um
grupo de intelectuais adotou a reflexão sobre a crise da civilização como
combustível intelectual, desenvolvendo pensamento filosófico a fim lutar por
uma civilização mais humana. Esse grupo, liderado por Emmanuel <span class="textexposedshow">Mounier, apresentou, principalmente através da Revista
Esprit, um movimento filosófico chamado de personalismo. Esse movimento tinha
por princípio motivador, ressaltar a dignidade intrínseca da pessoa humana, e
lutar por uma civilização que adotasse essa ideia como princípio norteador.
Além do movimento originado na França e liderado Mounier, intelectuais de
outras nações também fizeram da dignidade da pessoa tema basilar.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background: white;"><span class="textexposedshow" style="color: #274e13;"><br /></span></span></div>
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white;">No livro
Introdução ao Personalismo, Juan Manuel Burgos, apresenta a história da
evolução do movimento personalista, a difusão de suas ideias, as diferentes
elaborações do personalismo, além da proposta de definir e estabelecer suas
bases, apresentando-o como autêntica e autônoma filosofia. A introdução ao
personalismo é a mais completa obra em língua portuguesa (traduzida do
espanhol), a abordar o personalismo para além do personalismo comunitário
liderado por Mounier.</span></div>
</div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt;">
<span style="color: #274e13;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;">______</span></div>
<div style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #274e13;">BURGOS, Juan Manuel. Introdução ao personalismo; tradução Maria Isabel
Gonçalves. São Paulo: Cultor de Livros, 2018.</span><o:p></o:p><br />
<span style="background-color: white; color: white;">.</span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-1780236774420817122015-07-07T19:24:00.001-07:002018-09-12T07:33:08.558-07:00Os outros podem ser paraíso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvl8dv2Jntm4plWGCXBkdxYALvLbR0ldXrFiYjFT453aeiQ-T5vGuDzbiE1eo3RrdfU2mybKV0W_1ekrZKeBhNxwExfPUXDEp-9goQ3Cg5VSzsC9AQHwHm4VaYfBTJo-GcmIVIesIQyl1M/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvl8dv2Jntm4plWGCXBkdxYALvLbR0ldXrFiYjFT453aeiQ-T5vGuDzbiE1eo3RrdfU2mybKV0W_1ekrZKeBhNxwExfPUXDEp-9goQ3Cg5VSzsC9AQHwHm4VaYfBTJo-GcmIVIesIQyl1M/s1600/images.jpg" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">OS OUTROS PODEM SER PARAÍSO<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">A
vida humana se constrói com uma diversidade de experiências, positivas e
negativas. Essas experiências, por sua vez,
são substratos de nossa pessoalidade -, somos o que somos porque
passamos por tais experiências, e, por outro lado, não experenciando-as, seríamos
pessoas diferentes, com outro caráter e outra perspectiva, pelo fato de
estarmos envolvidos em outra circunstância, ou seja, em outras experiências.
São nossas experiências que, geralmente, se fazem, interpretes da realidade.
Através delas julgamos o mundo -, fazemos das nossas experiências lentes
definidoras do bem ou mal, do bom ou ruim, do certo ou errado, do ético e
antiético. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">A
dor vivenciada pelo ser humano, por sua impressão angustiante, tende a deixar
fortes sensações na pessoa por ela assaltada, mais fortes do que as sensações
agradáveis - pelo fato de que o que nos desagrada, instintivamente desejamos
repelir, e, consequentemente, agitamos nosso ser com o desejo de nos livrar desse
infortúnio. E o que queremos repelir exige esforço, e, por outro lado, sobre o
que aceitamos nenhum esforço fazemos, apenas aceitamos. Por isso as sensações
negativas, no ser humano, naturalmente se destacam mais do que a sensações positivas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">A
pessoa do outro, a exemplo de tudo o que existe, não escapa da análise
visualizada por essas lentes. A famosa frase "o inferno são os
outros" pronunciada pelo personagem Gaurcin, na peça teatral de Sarte, <b><i><span style="background: white; color: #252525;">Huis clos, </span></i></b><span style="background: white; color: #252525;">ilustra bem a antipatia que nutrimos contra a pessoa do outro, pelo
fato de ela ser, em muito, protagonista de
nossas inquietações e desconfortos. Por sua vez, o filósofo personalista, também francês, Emmanuel Mounier, ponderando sobre o
mesmo problema, acentuado pela filosofia existencialista sartreana, afirma:
"o</span><span style="background: white; color: #141823;"> mundo dos outros
não é um jardim de delícias. É uma provocação permanente à luta, à adaptação e
à superação. Reintroduz constantemente o risco e o sofrimento onde arribamos à
paz. Por isso, o instinto de autodefesa reage, recusando-o".<a href="file:///C:/Users/lailton/Documents/Os%20outros%20podem%20ser%20Para%C3%ADso.docx#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: #141823; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a></span><span style="background: white; color: #252525;"> <b><i> </i></b></span> Porém, Mounier, apesar de constatar o
desconforto que nos provoca a pessoa do outro, não deixa de nos apresentar um
importante dado, a saber: a pessoa do outro nos incita a superação. Nos faz ir,
se aceitarmos o desafio de sua provação, para além de nós mesmos. Ou seja, nos
faz crescer.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Em
sua ênfase pela importância do confronto de teses na ciência, Karl Popper defendeu
que "<span style="background: white; color: #141823;">Devemos aprender que a
autocrítica é a melhor crítica, mas a crítica dos outros é necessária. É quase
tão boa quanto a autocrítica".<a href="file:///C:/Users/lailton/Documents/Os%20outros%20podem%20ser%20Para%C3%ADso.docx#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: #141823; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a></span>
Embora ele falasse sobre o importante choque de teses científicas, o que leva a ciência à
novas descobertas, podemos nos apropriar, seguramente, dessa assertiva para o
campo relacional. A visão do outro pode ampliar nossa visão, e, é isso que nos
ensina Ortega y Gasset quando afirma que a verdade é uma perspectiva, e cada
pessoa é um ponto de vista, um prisma com sua particular perspectiva, que, como
tal, não pode se bastar em si para compreender a amplitude da realidade; necessita
do conhecimento de outros pontos de vistas, com suas particulares perspectivas, para entender um pouco mais o macro ambiente existencial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Se
já está constatada, pela reflexão crítica, a importância do outro para o nosso
desenvolvimento pessoal, inclusive como auxílio em nossa busca por autoconhecimento, com o outro, visualizados
por essa lente crítica, começamos a sair do inferno - que não o outro -, mas, a
nossa indisposta visão sobre o não-eu, nos conduziu, pelo fato de essa visão, nos
fazer caminhar pelas sendas da intolerância - , que se faz, caminho do inferno
-. Portanto, o inferno não é o outro, muitas vezes o inferno é a minha
indisposição à abertura em favor da comunicação com o outro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Apesar
de reconhecer que o outro não é o que se poderia considerar um jardim de
delícias, Mounier nos faz refletir, que o inferno que Sartre, com seu personagem
identifica na presença do outro, pode, efetivamente, ser percebido em nossa
recusa ao outro, em nosso isolamento, pois isolados nos alienamos e nos
tornamos desconectados, e, por consequência,
incompletos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #141823; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Assim como o filósofo que começa por se fechar
no pensamento nunca encontrará uma porta para o ser, assim também aquele que,
antes de mais, se fecha no eu nunca encontrará o caminho para outrem. Quando a
comunicação afrouxa ou se corrompe, perco-me a mim mesmo profundamente: todas
as loucuras são um fracasso da relação com outrem - alter torna-se alienus;
torno-me, por minha vez, estranho a mim próprio, alienado. Quase se poderia
dizer que só existo na medida em que existo para outrem e, no limite, ser é
amar.</span> (MOUNIER, 2010, p.40).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">Se
a pessoa do outro me leva à necessárias transformações, se me faz evoluir,
crescer, se ela ajuda em minha busca por autocompreensão, ou seja, me
completa -, distanciando-se da ideia de inferno -, pode se aproximar, em significativa
compreensão, a ideia de paraíso. Pois se a palavra inferno, se origina da mesma
raiz do termo inferior, aquilo que está abaixo -, do latim INFERUS, “o que está abaixo”, de INFRA, “abaixo, sob”<a href="file:///C:/Users/lailton/Documents/Os%20outros%20podem%20ser%20Para%C3%ADso.docx#_ftn3" name="_ftnref3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
-,completando-me, a pessoa do outro não pode ser considerada meu
inferno, pelo fato de ela ajudar-me a transcender, a sair de mim mesmo, a
superar-me, elevar-me - levando-me mais ao caminho da plenitude (paraíso) do
que o da alienação pessoal (inferno). O termo Paraíso, termo
oriundo do Avéstico<span class="apple-converted-space"> </span><em style="outline: 0px; text-align: start;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">pairidaeza</span></em><span style="text-align: start;">, “parque, jardim cercado”, transliterado para o Grego como<span class="apple-converted-space"> </span></span><em style="outline: 0px; text-align: start;"><span style="border: none windowtext 1.0pt; mso-border-alt: none windowtext 0cm; padding: 0cm;">paradeisos</span></em><span style="text-align: start;">,<a href="file:///C:/Users/lailton/Documents/Os%20outros%20podem%20ser%20Para%C3%ADso.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>
“jardim cercado,</span> seria um espaço preparado com cuidado, com certo
capricho. Diferentemente de um mero espaço natural, o paraíso era criado com um
propósito. Na cultura cristã, o paraíso é o lugar onde o ser alcançará a
plenitude, preparado para se fazer o encontro do
ser consigo mesmo, em comunhão com o outro e com Deus -, segundo o pensamento
cristão -, vivência que havia sido, originalmente, proposta ao homem. Portanto, se a pessoa do outro nos encaminha
mais para a transcendência, através da possibilidade de vivenciarmos a riqueza
da comunhão, que é o paraíso do ser, sua presença é um fator positivo e necessário, e, portanto, está mais
para paraíso do que para inferno.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif;"><span style="line-height: 115%;">Todas as nossas conquistas e </span><span style="line-height: 18.3999996185303px;">infortúnios</span><span style="line-height: 115%;"> requerem a percepção do outro. Nos
arrumamos pensando no olhar do outro, quando conquistamos desejamos o aplauso do
outro, sofrendo suplicamos o auxílio do outro, nos perfumamos evocando o
olfato do outro, etc. Poucas sãos as vivencias humanas que não desejam a
percepção ou o olhar do outro. Nosso ser implora pelo outro. Lemos a obra do
outro -, que, por sua vez, desejou o nosso olhar -, querendo compartilhar com outros outros o
prazer da leitura. Nunca nos bastamos em nós mesmos -, os outros nos completam
-. A continuidade de nosso sorriso, de nossas gargalhadas, da alegria da posse,
do prazer de nossas conquistas dependem da continuidade da presença do outro.
Nesse sentido o outro é o meu paraíso. Os lares, as igrejas, os bares, escolas e
as diversas instituições humanas testemunham o convívio humano do eu com o
outro, em muitos, casos como opção, não como imposição. A opção pelo convívio
com outro pode significar que esse outro que às vezes pode se fazer inferno,
intensamente se faz paraíso, se faz aprazível, e por isso optamos pela
continuidade do convívio. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; line-height: 115%;">O outro muitas vezes é aviltado pelo fato de que na caminhada
existencial muitos encontros se fazem desencontros, e esses desencontros,
vivenciados sob várias formas, nos decepcionam de tal maneira que preferimos
diminuir a qualidade existente em nosso próximo do que reconhecer seu real valor, sua importância e dignidade. Erramos, muitas vezes, ao reluzi-lo aos conceitos
negativos de nossa visão preconceituosa, borrada por nossos duros valores
morais e culturais. Erramos, quando esquecemos de perceber que para o outro eu
sou outro, e que, minha presença, se fazendo intolerante, pode reforçar, ainda
mais, a ideia de que o outro é sempre o inferno do eu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; line-height: 115%;">Segundo Ortega y Gasset: civilização é, antes de tudo, vontade de convivência.
Somos incivis e bárbaros na medida em que não contamos com o demais.<a href="file:///C:/Users/lailton/Documents/Os%20outros%20podem%20ser%20Para%C3%ADso.docx#_ftn5" name="_ftnref5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>
O pensamento de Ortega y Gasset, nos leva a ponderar no fato de que sem o
outro, estagnamos em nossa aspereza e que a relação com o outro é fundamental para a saúde da sociedade em que estamos inseridos. Perceber a relevância da
presença do outro com a sua peculiar forma de ser, pode ser o caminho para a aceitação
amorosa e a consequente valorização de outras pessoalidades, e o caminho para a
satisfação de existir, pelo fato de viver, implicar em, com o outro, conviver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; line-height: 115%;">Lailson Castanha</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div>
<!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/lailton/Documents/Os%20outros%20podem%20ser%20Para%C3%ADso.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> <span style="background: white; color: #141823;">MOUNIER, Emmanuel. O personalismo; tradução Artur Mourão.
1ed. Lisboa: Texto & Grafia, 2010. p. 37,38.</span></span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/lailton/Documents/Os%20outros%20podem%20ser%20Para%C3%ADso.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> <span style="background: white; color: #141823;">POPPER, Karl. O mundo de Parmênides: ensaios sobre o
iluminismo pré-socrático; tradução Roberto Leal Ferreira. 1ed. São Paulo:
Editora Unesp, 2014. p. 73.</span></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/lailton/Documents/Os%20outros%20podem%20ser%20Para%C3%ADso.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a> http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/inferior/</div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/lailton/Documents/Os%20outros%20podem%20ser%20Para%C3%ADso.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/paraiso/<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/lailton/Documents/Os%20outros%20podem%20ser%20Para%C3%ADso.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a> ORTEGA
Y GASSET, José. A rebelião das massas; tradução Marylene Pinto Rafael. 3 ed.
São Paulo: Martins Fontes, 2007. p 108. </div>
</div>
</div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-69557677966984567082015-04-10T07:06:00.000-07:002015-04-12T09:56:30.404-07:00A inadequação como influxo de criação e de transformação<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkzcoWpvBuuqw-8rZ_Za1vJke9FUjKUrVmVKxk8W4Ke2CqukQtF9cVTm-H1lEat0d6qZoLuyXoGxJbTUIOnQILfMsE_zka63L5EfQODfbbAeR1jYRinEeaMCtaukL1RQVPLYg3Qc9vLIIn/s1600/a-obra-desencaixe-do-artista-rubem-grilo-feita-em-xilogr_002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkzcoWpvBuuqw-8rZ_Za1vJke9FUjKUrVmVKxk8W4Ke2CqukQtF9cVTm-H1lEat0d6qZoLuyXoGxJbTUIOnQILfMsE_zka63L5EfQODfbbAeR1jYRinEeaMCtaukL1RQVPLYg3Qc9vLIIn/s1600/a-obra-desencaixe-do-artista-rubem-grilo-feita-em-xilogr_002.jpg" height="225" width="320" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%;">A
INADEQUAÇÃO COMO INFLUXO DE CRIAÇÃO E DE TRANSFORMAÇÃO</span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Muitos filósofos e teólogos consideram a condição humana, uma condição trágica. Essa condição trágica está em conexão direta com a nossa inadequação ao que se considera ideal. Somos colocados na existência, em determinada circunstância. Fomos postos em um posto existencial que não escolhemos. Estamos aqui, em dada circunstância, a saber: determinada geografia, inseridos em um específico contexto histórico, cultural, social, religioso, relacional, etc., tudo isso, em maior parte, sem nossa escolha direta; fomos embutidos. Fomos embutidos sem uma moldagem, empurrados -, sem adequação. O meu ser colocado nessa circunstância, não se apresenta encaixado nela como uma mão a luva, outrossim, a circunstância não se faz para nós como um perfeito encaixe, somo nós que temos que nos resolver, se adequar, a fim de que nossa existência não se faça total deslocamento, total inadequação. Não somos mão, e, muito menos, a circunstância que nos é dada, luva; temos de nos resolver a partir dessa inadequação, a partir desse desencaixe.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">
</span>
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">
</span>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Porém, como a vida humana não pode ser comparada, em absoluto, a objetos, nem sempre o que se faz reprovável na situação de sujeito objeto, de apropriação e uso, não se faz totalmente reprovável na vivência humana. Em relação ao que estamos a refletir, se a inadequação do uso de um objeto, para determinado fim, é reprovável , como, e, por exemplo, o uso de uma panela para pregar um prego em uma parede, a inadequação humana em relação a sua circunstância, a sua existência, nem sempre.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif";">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O fato de sermos inadequados diante da circunstância que nos é dada, é o fator preponderante para nosso enriquecimento como pessoa. Se fôssemos dados, na existência, como encaixe, como mão à luva, não nos moveríamos, não buscaríamos novas possibilidades. Para uma existência saudável, uma existência de pessoas, em detrimento a existência de sujeito e indivíduo, ou seja, em rejeição a existências encaixadas, conformadas, submissas, determinadas, individualizadas -, fechadas em si mesmo - , autodeterminadas, satisfeitas em si mesmas -,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a inadequação é, assaz, benigna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A inadequação diante do desejo de chegar logo a certo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>lugar e a distância que se faz entre o ponto de partida e o local visado , fez o homem criar o veículo, que, com a velocidade acentuada, diminuiu o tempo percorrido entre um ponto e outro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A tecnologia, surge através da busca humana por adequações objetivas. A inadequação da linguagem formal, objetiva, de nossa postura, de nossas ações<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em relação ao mistério, aos sentimentos, a paixão, ao olhar subjetivo, incitou a criação do mito, da poesia, da arte, e da religião, da cortesia, das etiquetas, etc. Nossa inadequação foi e continua sendo um fator preponderante para a criação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O que nos move, o que nos transforma, é a nossa condição de inadequados. Podemos dizer: o que nos move, é a nossa ânsia por adequação. Teorias foram criadas, visando a adequação -,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>do que é, do que está sendo, do que somos -, ao dever ser; do inadequado ao adequado, do desconforto ao conforto. A palavra teoria, em sua raiz grega, entre outras definições, tem o sentido de contemplação, ou mais diretamente, especulação.<a href="https://www.blogger.com/editor/static_files/blank_quirks.html#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> O teórico, ou pensador, é aquele que vive uma vida contemplativa, ou seja, uma vida teórica. Portanto, por conta de nossa inadequação, somos levados a contemplação - somos levados, tanto a contemplar a nós mesmos, em busca de compreensão, como, também,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a sair de nós mesmos, através da reflexão, em busca da adequação entre o que sou e onde estou inserido, entre Eu e a Minha Circunstância. A célebre afirmação de Ortega y Gasset: " Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim", indica que em nossa vida algo deve ser feito, e que a circunstância em que vivo, constitui-se como substrato de meu eu. Não sou um eu dado estabelecido, sou o que sou, sendo minha circunstância, a saber, estou em determinada circunstância, em minha circunstância, e, também, sou uma construção circunstancial; não há eu sem minha circunstância. Em outro momento, o filósofo espanhol afirma: "Sendo, pois, a vida em sua própria substância<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>circunstancial, é evidente que, embora acreditemos no contrario, tudo o que fazemos, fazemos em vista das circunstâncias".<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E, também, afirma: " (...) a ideia é uma ação que o homem realiza em vista de determinada circunstância e com uma finalidade precisa (...)"<a href="https://www.blogger.com/editor/static_files/blank_quirks.html#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>. Portanto, a circunstância precisa ser salva, e essa necessidade já significa a inadequação entre o nosso Eu e nossa "vida vivida". Formamo-nos nessa tentativa de salvar nossa circunstância, nos desenvolvemos através dessa busca. Somos o que somos, porque imbuídos nesse anseio. Daí, nossa peculiaridade. Disso, nossa procura e abertura a também, peculiar, pessoa do outro, que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para nós, faz-se intensa novidade, ou desafio, pois em semelhança a nossa condição -, cria, transforma-se, faz-se -, envolvido na ação de salvar sua circunstância, envolvido na busca de adequação. Inclusive, seu acolhimento a nossa procura, está conectado com sua busca por adequação, por salvar sua circunstância. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Sobre a pessoa do outro, o filósofo francês, Emmanuel Mounier afirma: "O mundo dos outros não é um jardim de delícias. É uma provocação permanente à luta, à adaptação e à superação".<a href="https://www.blogger.com/editor/static_files/blank_quirks.html#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Em relação ao outro, segundo Mounier, somos também inadequados, porém, dessa percepção de inadequação somos incitados à adaptação e a superação. A beleza das relações humanas, não se dá na perfeição entre os pares, mas na tentativa do alcance a perfeição. Na tentativa de firmar relações, ensaiamos. O ensaio é construção da relação, e o ensaio existe, porque existe a inadequação entre o que dever ser feito, e nossa atual condição. Vivemos ensaiando, entre erros e tentativa de acerto, entre inadequação a tentativas de adequação. Em nossa inadequação, somos incitados à superação das diversas barreiras que separam pessoas de pessoas. Quando, finalmente, nos aproximamos de quem estava de nós separado, introduz-se o ensaio, o aprendizado, a tentativa de dançar corretamente com o nosso parceiro existencial. Os descompassos, as pisadas nos pés, nem sempre deve desestimular a continuidade do ensaio, ou a rejeição ao parceiro, pelo contrário, deve ser um estímulo ainda maior para uma dança peculiar no grande e gostoso palco da existência.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A inadequação entre um dançarino e outro, pode-se fazer um estímulo, ainda maior, de se promover um espetáculo diferente dos já vistos no grande palco da vida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">É fundamental a compreensão de que nossa inadequação, e a consequente necessidade por adequação, é uma condição inexorável de todo o ser humano saudável, pois, além de aquietar nosso espírito, por fazer-nos perceber que nossa condição não é um fato isolado, pode nos motivar a ensaiar mais em busca da adequação, a se relacionar mais, a sermos mais tolerantes, conosco e com o outro, a refletir com mais intensidade e responsabilidade, visando a constante transformação, do que estamos sendo para o que devemos ser. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Lailson Castanha</span><!--[if !supportFootnotes]--><br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]--><br />
<div style="mso-element: footnote-list;">
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/editor/static_files/blank_quirks.html#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 150%;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 150%;"> FERRATER MORA, J. Dicionário de Filosofia. 2ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="https://www.blogger.com/editor/static_files/blank_quirks.html#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="font-size: x-small;"> Ibdem</span></span></div>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<a href="https://www.blogger.com/editor/static_files/blank_quirks.html#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a><span style="font-family: "Times New Roman","serif";"><span style="font-size: x-small;"> MOUNIER, Emmanuel. O personalismo; tradução Artur Mourão. 1ed. Lisboa: Texto & Grafia, 2010. p. 37,38.</span></span></div>
</div>
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10pt; line-height: 150%;">Imagem: Desencaixe, Xilogravura, de Rubem Grilo</span></div>
</div>
</div>
</span><br />
<div style="mso-element: footnote-list;">
</div>
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<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<div class="MsoFootnoteText" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
</div>
</div>
</div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-63159172329568857692015-03-31T23:14:00.002-07:002015-04-10T07:25:13.900-07:00SER PESSOA OU SUJEITO?<!--[if gte mso 9]><xml>
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</span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">SER
O QUE SOU OU SER O QUE SÃO?</span></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">
</span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">SER
PESSOA OU SUJEITO?</span></span></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">Na
trajetória existencial vivenciamos bons e maus momentos. Quase sempre, os bons
momentos, provocam em nós a sensação de que acertamos, que nossas escolhas,
posturas e trajetória foram corretas. Os maus momentos, geralmente, provocam em
nós a sensação contrária, de que nossas escolhas, posturas e trajetória foram equivocadas
e infelizes. Diante desse entendimento, tendemos a menosprezar nossa postura,
mesmo sendo ela pautada na ética, no amor ou no bom senso. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">Observando
as comuns práticas viciosas -, vingativas, egoísticas ou vaidosas -, em alguns
momentos, diante da sensação de frustração, questionamos: minha postura,
realmente, vale a pena; minhas práticas, realmente, devem ser perseguidas; devo
SER O QUE SOU, ou devo adotar as posturas pragmáticas de autodefesa, ou seja,
as comuns práticas viciosas -, vingativas, egoísticas ou vaidosas?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">O
pessoal questionamento pode ser seguido da seguinte indagação: o que é,
intrinsecamente, ético: o dever, a saber, o que deve ser feito, ou, a
autoproteção, com todos os seus recursos, como a vingança, o egoísmo e a vaidade?
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">Como
seres humanos, somos inclinados a perseguir o conforto pessoal, mesmo que essa
busca resulte em práticas vis. Porém, sendo a humanidade uma construção
racional, e como tal, conectada às convenções civilizatórias como -,
moralidade, direitos e deveres, responsabilidade, alteridade -, a Ética nunca
deve ser desprezada em favorecimento aos nosso desejos, instintos e conveniências,
assumidos e revelados em nossa obsessão por vingança, em nosso famigerado
egoísmo e nas, multifacetadas, vaidades individuais. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">Se
a civilização humana é uma construção artificial, entre outras coisas, significando
que o ideal humano distancia-se da assunção livre de posturas, meramente, instintivas
-, se faz pessoa aquele que não se
entrega às inclinações naturais -, ou seja, o ideal humano está ligado a
negação das tendências que, instintivamente, vocifera por nos dominar. Por
outro lado, aquele que, quase sempre, instintivamente, se auto protege usando a
agressão, e outros meio antiéticos para tal fim, distancia-se da vivência de
pessoa, faz-se sujeito -; sujeita-se ao que está estabelecido -, diluindo-se na
massa dos praticantes de previsibilidades, e como tais, de posturas previsíveis
e costumeiras -. </span></div>
</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">______</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"tn":"K"}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show">Imagem: O CONTEMPLADOR, de Ivan Kramskoy</span></span></span></span></div>
</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"></span><br /></div>
</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><br /></span><br /></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-89701037869539683142014-12-19T08:03:00.002-08:002015-04-10T07:32:23.311-07:00A VALORIZAÇÃO DA PESSOA NO PERSONALISMO MOUNIERIANO<div class="WordSection1">
<div class="WordSection1">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7LEyTjjwwy2ZH9EJa7IFB5Ey0Qcazwk8lR3blA_MwkjSA0A92vCBJca_NxtvHXlx3FmunjyAVhHZ2niBtLB0vYL55eXsITRnlPSsdSDbGwAuoO_UJSIzNIWsl3A5RmjxuoDaK6rZuQVd1/s1600/DSC_0458%5B1%5D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7LEyTjjwwy2ZH9EJa7IFB5Ey0Qcazwk8lR3blA_MwkjSA0A92vCBJca_NxtvHXlx3FmunjyAVhHZ2niBtLB0vYL55eXsITRnlPSsdSDbGwAuoO_UJSIzNIWsl3A5RmjxuoDaK6rZuQVd1/s1600/DSC_0458%5B1%5D.jpg" height="300" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="western" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="western" style="margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 1cm;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">JOSÉ CARLOS FERREIRA CUNHA<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="western" style="margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 1cm;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">NEUSA COSTA GOMES<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="western" style="margin-top: 0cm; text-align: center; text-indent: 1cm;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">RODRIGO SOUSA NAVARRO <o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="western" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="western" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="western" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="western" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="western" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A VALORIZAÇÃO
DA PESSOA NO PERSONALISMO MOUNIERIANO<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="western" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="western" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div align="center" class="western" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">JOSÉ CARLOS FERREIRA CUNHA<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="western" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">NEUSA COSTA GOMES<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="western" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">RODRIGO SOUSA NAVARRO <o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="western" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div align="center" class="western" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">A
VALORIZAÇÃO DA PESSOA NO PERSONALISMO MOUNIERIANO<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Monografia do Trabalho de Curso (TC)
apresentada ao Centro Universitário Ítalo Brasileiro, como parte dos requisitos
para obtenção do título de Licenciado em Filosofia, sob a orientação do Prof. Dr.
José Ferraz Neto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<em><b><span style="background: white; color: #0f2607; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">AGRADECIMENTOS<o:p></o:p></span></b></em></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<em><span style="background: white; color: #0f2607; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Ao Prof. Dr. José Ferraz Neto, pela
orientação e apoio aos participantes do trabalho de Conclusão de Curso e pela
atenção e incentivo sempre presentes dedicamos nossa admiração e respeito.<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<em><span style="background: white; color: #0f2607; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">A aluna Ana Cláudia de Araujo e Lailson
Castanha que sempre esteve presente na produção do trabalho de Conclusão de
Curso, agradecemos o incentivo e o apoio constante no resultado final das
pesquisas.<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<em><span style="background: white; color: #0f2607; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Aos amigos, funcionários e professores deste
Centro Universitário agradecemos o apoio.<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<em><span style="background: white; color: #0f2607; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Enfim, agradecemos a todos que de uma maneira
ou de outra contribuíram para que pudéssemos concluir o curso.<o:p></o:p></span></em></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 8cm; text-align: justify;">
<em><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif";">E não sou um leve e soberano cogito no céu das ideias, mas
este ser pesado, cujo peso só será dado por uma expressão pesada; eu sou um
eu-aqui-agora; seria preciso sobrecarregar ainda mais e dizer um
eu-aqui-agora-assim-entre estes homens com este passado.</span></em><em><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-language: JA;"><o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 8cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 8cm; text-align: justify;">
<em><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif";">Emmanuel Mounier</span></em><em><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-style: normal; mso-bidi-font-style: italic; mso-fareast-language: JA;"><o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<em><b><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">RESUMO<o:p></o:p></span></b></em></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<em><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">A filosofia personalista animada pelo pensador
Emmanuel Mounier identifica um tema tradicional e profundo, que habilita a
interioridade, a exterioridade e a transcendência e um único enunciado: A
Pessoa Humana.<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<em><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Para um significado mais estrito a Pessoa
Humana é para o autor um ser de integralidade representado pela unicidade que
dela pode conservar, ela é um ser de características, tanto, materiais, quanto,
espirituais.<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<em><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">É sempre um ser que constrói seu projeto
através da comunicação com o outro, um ser que dialoga com a modernidade e que
acaba fundamentando a projeção comunitária.<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<em><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">O personalismo é a valorização e a defesa da
Pessoa Humana em todos os aspectos da construção filosófica, esta filosofia não
representa um sistema, mas, o fundamento de uma filosofia livre de imposições
teóricas.<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<em><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">O resultado das pesquisas aprofunda a noção
do termo Pessoa Humana, de forma fecunda e com a possibilidade de maiores
esclarecimentos sobre o assunto. Em parte tende a ver na “Pessoa” um conceito
completo que valoriza a possibilidade de um novo projeto em conformidade com a
filosofia de Emmanuel Mounier, o de uma leitura atual do personalismo, hoje,
chamado de transpersonalismo.<o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<em><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; font-style: normal; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Palavras-chave: interioridade, exterioridade
e transcendência. <o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<b><span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US;">ABSTRACT<o:p></o:p></span></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US;">The
personalist philosophy lively thinker Emmanuel Mounier identified by a
traditional and profound theme, which enables interiority, exteriority and
transcendence and a single statement: The Human Person.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US;">For
a narrower meaning to the Human Person is the author of a being represented by
the integral unity that can save her, she is a being of features, both
materials, as, spiritual.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US;">It
is always a being who builds your project by communicating with each other, one
being that dialogues with modernity and just basing Community projection.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US;">Personalism
is the appreciation and defense of the Human Person in all aspects of
philosophical construction is philosophy is not a system, but the foundation of
a free philosophy of theoretical constraints.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US;">The
result of the research deepens the understanding of the term Human Person,
fruitfully and with the possibility of further clarification on the matter. In
part tends to see the "person" a complete concept that values the
possibility of a new project in accordance with the philosophy of Emmanuel Mounier,
to a current reading of personalism, today called transpersonalismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: EN-US;">Keywords:
interiority, exteriority and transcendence.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">SUMÁRIO</span></b><span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-style: italic;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="tab-stops: 159.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b> <o:p></o:p></b></div>
<div class="western">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO.</span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">......................................................................................9<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="western">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">CAPÍTULO 2 BIOGRAFIA.........................................................................................13<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="western">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">CAPÍTULO 3
NOÇÃO DE PESSOA SEGUNDO O PERSONALISMO.....</span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">................16<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="western">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">3.1 Pessoa como um ser
integral............................................................................17<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="western">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">3.1.1
Interiorização e
recolhimento............................................................................21<o:p></o:p></span></div>
<div class="western">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">3.1.2
Obstáculos à comunicação...............................................................................23<o:p></o:p></span></div>
<div class="western">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">3.1.3
Afrontamento.....................................................................................................24<o:p></o:p></span></div>
<div class="western">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">3.1.4 Abertura
e
comunicação....................................................................................25<o:p></o:p></span></div>
<div class="western">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">4. </span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">CRISE
DA CIVILIZAÇÃO......................................................................................28<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="western">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">4.1 Crise da
pessoa.................................................................................................
34<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="western">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">4.1.1 A
desordem estabelecida e a ordem imposta.................................................. 37<o:p></o:p></span></div>
<div class="western">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">CAPÍTULO 5 O
ENGAJAMENTO EM PROL DA PESSOA......................................42<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="western">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">CAPÍTULO 6
CONCLUSÃO</span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">......................................................................................46<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="western">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">REFERÊNCIAS</span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">..........................................................................................................48</span></b><b><o:p></o:p></b></div>
</div>
<div align="center" class="western" style="text-align: center; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 11.5pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br clear="all" style="mso-break-type: section-break; page-break-before: always;" />
</span></b>
</div>
<div class="western" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">CAPÍTULO
1 INTRODUÇÃO <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Falar
sobre pessoa humana é assumir um tema complexo e nem sempre resolvido na
ambiência filosófica. Não são todos os sistemas que abordam esse termo,
e, em alguns sistemas filosóficos o termo pessoa é substituído pelo termo
indivíduo, significando, como na definição de Zubiri, “um ente singular”<a href="https://www.blogger.com/null" name="_ftnref1"> (MORA, </a>2001, p. 380). Porém, na filosofia personalista, é
fundamental a distinção do termo pessoa do termo indivíduo, e a ênfase nesta distinção
se dá no fato de que, para o personalismo, o termo indivíduo, quando se refere
ao ser humano, é um termo superficial, que não alcança todas as dimensões desse
ser. Por esse motivo, se faz necessário adotar um termo que alcance a
amplitude, a integralidade do ser humano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Tendo
essa preocupação como um dos pilares de sua filosofia, o filósofo francês,
Emmanuel Mounier (1905-1950), juntamente com um grupo de intelectuais, se
engajou na prática de fundamentar teoricamente a profundidade do ser humano, e,
em meio a essa procura, adotou o termo “pessoa” como uma palavra que define a
essência do ser humano, um ser de características tanto materiais, como também,
transcendentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O projeto de Mounier, em sintonia com
a questão da crise da civilização, e, consequentemente, crise da pessoa,
engendrou a Revista <i>Esprit</i>, que segundo Moix, importante biógrafo de
Mounier, “não era uma revista política, mas implicava um engajamento” (MOIX,
1968, p.15), um compromisso em lutar pela adoção de um sistema que
privilegiasse a vivência da pessoa humana, ou, em outras palavras, que
permitisse ao ser humano assumir sua integralidade, e, além de permitir,
favorecesse essa possibilidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A
filosofia personalista, ao enfatizar a questão da pessoa não teve apenas no
círculo de amigos de Mounier sua única expressão. O personalismo, como ideia
que destaca a questão da dignidade fundamental da pessoa, pode ser encontrado
em várias abordagens filosóficas, independentemente da adoção da nomenclatura.
Pode-se falar em personalismos. Porém, apesar de o termo ter sido usado em
outros momentos antes de Mounier, em outras abordagens, sendo na própria França,
empregado por Renouvier (1815-1903), somente na pessoa do filósofo que estamos
a destacar, a filosofia personalista ganhou maior rigor e especificidade
conceitual. A partir de Mounier, o personalismo estabelece claros parâmetros do
que vem a ser uma filosofia da pessoa, além de construir um ideário que
possibilite um maior desenvolvimento teórico, ou seja, a transformação das
abordagens personalistas em uma identificação filosófica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A partir do claro estabelecimento da
filosofia personalista, ou seja, quando o personalismo ganhou sua identidade
fundamental, além de especificar o universo pessoal, os personalistas também
procuraram revelar as práticas, ou os sistemas que negavam a pessoa. Dentre
essas práticas e sistemas, entre os personalistas, entende-se que todo sistema
que apenas percebe as necessidades materiais do ser humano, nega a sua
integralidade pessoal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> A filosofia personalista também estabelece que
a disposição política que define que a necessidade fundamental do indivíduo é a
mesma necessidade coletiva, ignora a profundidade que cada ser possui, e com
isso, a impossibilidade da universalização de suas necessidades. Se todo ser é
ser pessoal e por definição, único, não é possível que todas as suas necessidades
sejam necessidades comuns, não é possível que um tratamento coletivo alcance as
múltiplas necessidades do ser pessoal. Além disso, todo sistema que defende a
saciedade do ser humano em práticas individualistas é rejeitado pelo
personalismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Por isso, como já destacamos, a
filosofia personalista rejeita o vocábulo indivíduo, como referência ao ser
pessoal. No entendimento de Mounier o ser humano é um ser de comunicação, sendo
assim, não pode bastar-se em si mesmo, ele não pode alcançar sua plenitude
fechado em concepções e ações individualistas. Fazer-se pessoa é nutrir-se
interiormente, e interiormente dialogar, e também, um constante
exteriorizar-se, um constante diálogo com o outro. Não existe pessoa totalmente submersa na
coletividade, como também, é impossível fazer-se pessoa em total
individualidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A filosofia personalista, embora
buscasse definir parâmetros de ideias e ação, por levar a sério a pessoa com
toda a sua criatividade e exigência, esteve implicada na impossibilidade de se
fechar em sistematizações rígidas que negassem a liberdade e as necessidades
sempre abertas da pessoa. Admitindo ser a pessoa um universo, e, além disso, um
universo sempre em construção, o personalismo como filosofia da pessoa não pode
configurar-se como um manual de ideias inflexíveis. Segundo Mounier, “O
personalismo também é uma filosofia que caminha” </span>(<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">MOUNIER, 1956, p.164 <i>apud </i>MOIX,
1968, p.181). <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Caminhar filosoficamente é estar em
sintonia com as demandas e as exigências dos tempos atuais. É ter a possibilidade
de poder dialogar com os temas da hodiernidade. Ser uma filosofia que caminha é
ser uma filosofia que sempre dialoga com o hoje e que não está presa em
conceitos dogmáticos que limitam as possibilidades, necessidades e
responsabilidades da pessoa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O caminhar personalista fez o tema
pessoa ganhar ainda mais peso, mais importância, fez do tema pessoa um
despertar filosófico, por isso, abordar o conceito personalista de pessoa, é
ter a possibilidade de se deparar filosoficamente, tanto com questões da pessoa
tidas como já superadas, como com temas atuais, através do entendimento de
filósofos que fizeram da pessoa um dos temas basilares. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Outras questões que nos fizeram
valorizar o estudo do tema pessoa no personalismo se dão no fato de que há muito
que se explorar das abordagens personalistas sobre a pessoa humana, e, por ser
um tema que, apesar de sua fecundidade, ainda ser pouco trabalhado nos círculos
acadêmicos. Ademais, a valorização personalista ao tema pessoa, também é
percebida e explorada em vários compêndios filosóficos, como, e, por exemplo,
na obra História da Filosofia, de Giovanni Reale, dicionários de filosofia e
alguns livros didáticos filosóficos direcionados para o Ensino Médio (VANNUCCHI,
1977 P.136; VERGEZ/HUISMAN, 1982 p. 421; NIELSEN NETO, 1986 p. 207; SEVERINO,
1994 p.197), dando mostras de sua importância, visibilidade e pertinência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Mesmo com a filosofia personalista não
mais contando com publicações atualizadas das obras de Mounier e outros
importantes filósofos desse pensamento filosófico, ainda assim, é possível
encontrar obras de diversos comentaristas, inclusive especialistas brasileiros,
como é o caso de Antonio Joaquim Severino, que abordam os principais temas
personalistas, interpretando as questões desenvolvidas pelo filósofo de
Grenoble e outros companheiros de ideias. Também, nos <span style="background: white;">meios telemáticos, importante fonte de informação no mundo globalizado,
juntamente com a filosofia personalista, o tema pessoa é amplamente abordado e
ponderado. </span></span><span class="apple-converted-space"><span style="background: white; color: #0f2607; line-height: 150%;"> </span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Nas mais conhecidas reflexões da
Filosofia Ocidental percebe-se que o tema pessoa não é muito explorado,
comumente, salvo algumas exceções, fala-se em sujeito e indivíduo. A
preocupação com esse tema é percebida em uma minoria que se perde em relação às
grandes questões abordadas na ambiência filosófica. Diante dessa realidade
algumas questões se levantam: o que é a pessoa para o personalismo? Por que é
importante a abordagem do tema pessoa introduzido pelo personalismo
mounieriano? <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Cremos que, se o tema pessoa,
destacado no personalismo, ainda é revisitado por outros pensadores em nossos
dias, sendo lhe conferido certa dignidade intelectual, o ato de acolher as
reflexões que ele provoca, torna-se um ato apropriado por estar em sintonia com
as exigências do pensamento contemporâneo.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Partindo do princípio que ainda há
muito que se explorar das abordagens personalistas sobre a pessoa humana na
Academia e demais ambientes de reflexão, e percebendo a possibilidade de o
labor filosófico de Mounier sobre problema da pessoa ainda ser proveitoso,
propomos, nesse trabalho, ainda que de maneira simples, compartilhar algumas
questões relacionadas à pessoa acentuadas pela filosofia personalista,
enfatizando sua proposta de valorizar a pessoa como ser integral. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0pt; text-align: left; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> </span><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">CAPÍTULO
2 BIOGRAFIA</span></b></div>
<div class="western" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Emmanuel
Mounier nasceu no dia 1 de Abril de 1905 na montanhosa Grenoble, França. Segundo
Severino (1974), herdou sua piedade de sua filiação católica, fazendo de sua
catolicidade o impulso para uma vida de contemplação e paixão pela reflexão. Da
rusticidade de sua família montanhesa, pais e avós, moldou sua prática
reflexiva, adotando uma reflexão verdadeira, em detrimento a reflexão
intelectualista. Seu entusiasmo reflexivo despontou prematuramente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Apesar
da sua leveza, Mounier viveu significativas tragédias. Sua vida foi pautada
pela dor, pela perda e pela fragilidade física. Ainda em sua juventude teve
parte de sua visão e audição afetadas, porém, nada disso foi suficiente para
prejudicar sua a alegria e o compromisso com a vida. Apesar de sua vocação
filosófica, por conta de certa pressão familiar com intento de afastá-lo da
timidez perpetuada por sua tendência à meditação, cursou medicina, engenho que
não levou a cabo. Angustiado por não se adaptar ao curso, com apoio da própria
família, passou a estudar filosofia, entre 1924 e 1927 sob a orientação de
Jacques Chevalier, com o fim de ingressar na vivência religiosa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Aos
22 anos muda-se para Paris onde é aprovado em 2º lugar no Concurso, recebendo
uma bolsa de doutoramento com duração de três anos. Dá início, então, ao seu
doutoramento na Sorbonne. Porém, rejeitando o academicismo impessoal, Mounier
desliga-se da vida estritamente acadêmica, por ser ele incapaz de adequar-se ao
frio academicismo, como explicita em uma carta à Jacques Chevalier: <span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:19"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="western" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">“Decididamente,
sou incapaz da atitude objetiva daqueles jovens que se colocam diante dos
problemas como diante de uma peça de anatomia, e diante da própria carreira
como diante de um mecanismo a montar-se metodicamente até o ponto fixo (...)
está gente me desgostou de seu método e me teriam, empacotando tudo, desgostado
da filosofia, se não houvesse o senhor, o meu passado e a verdadeira filosofia
que disso não é responsável” </span>(<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">MOUNIER, p.433-434 <i>apud
</i>SEVERINO, 1974, p.4, grifo do autor).<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="western" style="background: white; line-height: 150%; mso-background-themecolor: background1; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif;">Severino (1974) destaca que antes de sua
total decisão por abandonar o curso, na busca por orientação de temas para sua
tese, por influência de Henri Delacroix, Mounier, começa a versar sobre as
questões da pessoa. Também influenciado pelo pensamento de Péguy, permite que
sua vocação ganhe corpo, impulsionando-o a posturas mais engajadas em prol de
uma civilização apropriada para a vivência da pessoa. Com um grupo de amigos de
grande peso intelectual, como Georges Izard, Jean Lacroix, Nicolas Berdiaeff,
Denis de Rougemont lança a Revista</span><i><span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Esprit.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Quase
todas as inquietações filosóficas, sociais e éticas surgem em meio a questões
que se levantam. A questão acolhida pela filosofia personalista não foge a essa
regra. Mounier é um filósofo do período <i>“<span style="background: white;">entreguerras”</span></i><span style="background: white;"> </span><span style="background: white;">(11
de Novembro de 1918 - 01 de Setembro de 1939</span>)<span style="background: white;">; </span>viveu em plena crise da Civilização Ocidental. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Essa
vivência despertou não somente em Mounier, como em vários pensadores de sua
época certa inquietação -, angústia provocada pelos acontecimentos de sua
época, fatos que marcaram o aviltamento da pessoa humana. Vários intelectuais
atingidos por esse problema responderam de maneira incisiva, com a criação de
revistas, panfletos e até mesmo sistema de ideias. Entre eles, além de Mounier
e seu círculo de amigos, pode-se citar, <span style="background: white;">Ortega y Gasset</span>, Jean-Paul Sartre, Albert Camus, etc. Portanto, a
prática engajada de Mounier foi uma prática contextualizada, em sintonia com as
demandas de sua época. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Registra
Lacroix que sua prática foi de ruptura, revelada com muita clareza em um dos números
da Revista <i>Esprit </i>intitulado Ruptura
da ordem cristã e da desordem estabelecida. (LACROIX, 1969)<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ser
filósofo, para Mounier, é estar engajado, é estar envolvido nas questões
urgentes. Dessa ideia, fez de seu pensamento sua vida. Como destaca <em><span style="background: white;">Domenach (1969, p. 10), “O pensamento de Mounier, se
desenvolveu dentro de um contexto histórico agitado; “não cessou de combater
[...]”.</span></em> Além das diversas obras lançadas, o filósofo personalista,
vivendo intensamente seu pensamento, sofreu algumas prisões, por rejeitar a
imposição política nazista imposta sobre a França e por envolvimentos
contrários ao regime de Vichy. Além das prisões, o regime de Vichy aplicou
sanções a Revista<i> Esprit</i>
interditando-a por algum tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Casou-se
em Bruxelas com Paulette Leclerq, em 1935, tendo três filhas; a mais velha,
sofre aos 7 meses de encefalia, ficando em permanente estado vegetativo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em
1939, foi feito prisioneiro pelos alemães. Em 15 de Janeiro 1942, é acusado de
pertencer ao movimento <i>Combat</i>, sendo
libertado em 21 de Fevereiro. No mesmo ano, no dia 9 de Abril, é preso
novamente e protestando contra a medida faz greve de fome que durou 12 dias.
Libertado novamente, volta à prisão no dia 8 de julho até o julgamento
definitivo do processo <i>Combat</i> a 26 de
Outubro, do qual foi absolvido. No último encarceramento, redigiu uma
significativa parte de sua obra mais extensa, <i>Traitè du Caractère</i>. <o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Em
plena vivência de seu pensamento, em pleno engajamento, agindo sem nunca
desistir, ou, usando sua expressão, encarnando suas ideias ao pondo de
privar-se de alguns confortos, com a mente fecunda, porém, com o corpo
fragilizado, aos 45 anos, em 1950, morre em Paris Emmanuel Mounier, vítima de
um colapso cardíaco. Deixou inúmeras obras, das quais, dentre importantes obras
assinaladas por Severino (1974) destacamos:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Rèvolution personnaliste et
communautaiere (1935); <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Manifesto ao serviço do personalismo
(1936); <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">L’affrontement chrètien (1945); <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Introdução aos existencialismos
(1946); <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">Traitè
du Caractère</span></i><i><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"> </span></i><i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">(1946);
<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">O personalismo (1948); <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Sombras de medo sobre o século
XX(1948);<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> A esperança dos desesperados (1953).</span></i><i><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></i></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">CAPITULO
3 NOÇÃO DE PESSOA SEGUNDO O PERSONALISMO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">O tema pessoa é um dos temas basilares e
impulsionadores do personalismo, é um dos seus pontos norteadores. Em outras
palavras pode-se afirmar que não há personalismo desconsiderando o tema pessoa,
ou colocando-o em segundo plano, como afirmou Lacroix (1964, p. 06) “O único
personalismo possível é aquele que tiver em conta a totalidade do ser real” -,
totalidade essa, em linhas gerais, traduzida pelos personalistas como pessoa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Lendo obras personalistas, claramente se
percebe como proposta fundamental e causa motivadora do personalismo a
valorização da pessoa e a necessidade do engajamento em prol de sua vivência na
sociedade. Mounier e seus demais companheiros de ideias se lançaram na tarefa
de destacar a dignidade da pessoa e a urgência de sua valorização em uma civilização
edificada em ideários individualistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> Para que esse desafio alcançasse êxito, fez-se
necessário, também, valorizar o tema pessoa na ambiência filosófica, até então,
demasiadamente envolvida em temas idealistas, ou, por outro lado, reduzida a
questões materialistas. Porém, para valorizar o tema pessoa, outra tarefa se
apresentou como necessária, a saber, o entendimento da pessoa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Apesar da ênfase no tema pessoa, Mounier
admite a impossibilidade prática de definir a Pessoa, pelo fato de que “só se
definem os objetos exteriores ao homem, que se podem encontrar ao alcance de
nossa vista. Mas a pessoa não é um objeto. Antes, é exatamente aquilo que em
cada homem não é passível de ser tratado como objeto” (Mounier, 1964, p.17-18).</span><span style="line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Segundo Mounier (1971,
p.39), “a pessoa é um absoluto em relação a toda outra realidade material ou
social e a toda outra pessoa humana”. Por ser esse absoluto, para os
personalistas, a pessoa se faz indefinível, e, por não ser objeto, não pode ser
definida como se assim o fosse. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Porém, apesar de seu caráter
indefinível, de sua profundidade que foge a objetivação, isso não significa que
sua fundamentação assenta-se no reino do indizível. Sobre pessoa Mounier (2004,
p.16) afirma: “É uma atividade vivida de auto-criação, de comunicação e de
adesão, que em ato, como movimento de personalização, alcançamos e conhecemos”.
No personalismo é muito enfática a ideia de ser a pessoa um ser de autocriação
e de comunicação, um ser que se constrói a partir de sua existência concreta. Igualmente,
não se pode pensar em pessoa, sem pensar em sua história, geografia, suas
relações, suas realizações e seu pensamento. Não se pode pensar em pessoa
desconsiderando a sua realidade de um ser fincado na existência concreta. O
mesmo filósofo, buscando destacar alguns traços da pessoa, afirma de maneira
significativa:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<em><span style="background: white; font-family: Arial, sans-serif;">Eu não sou um leve e
soberano Cogito no céu das ideias, mas este ser pesado cujo peso só será dado
por uma expressão pesada; eu sou um eu-aqui-agora; seria preciso sobrecarregar
ainda mais e dizer um eu-aqui-agora-assim-entre estes homens com este passado
(MOUNIER 1971, p. 79).</span></em><em><span style="background: white; font-family: Arial, sans-serif; font-style: normal;"><o:p></o:p></span></em></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> Na assertiva
em destaque, Mounier coloca em relevo a concretude da pessoa, e é sobre essa
questão, a partir da interpretação de Mounier e outros personalistas, que nos
debruçaremos nesse capítulo. <span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:53"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">3.1
Pessoa como um ser integral<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:53"><o:p></o:p></ins></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Falar em pessoa, no conceito
personalista, é assumir a integralidade do homem, é destacar que ser humano em
seu sentido mais profundo é muito mais que indivíduo ou um pertencente a
determinado grupo. Por consequência, assumir a realidade pessoal é aceitar que
há exigências que ultrapassam os aspectos materiais deste ser e que há
necessidades materiais que o firmam em sua realidade física. Pode se falar, que
ao destacar a pessoalidade, a filosofia personalista está apontando para um
fato marcante do humano, como relata Mounier, em uma de suas mais significantes
caracterizações do ser humano: “O homem é corpo, exatamente como é espírito, é
integralmente ‘corpo’ e é
integralmente ‘espírito’” (MOUNIER, 2004 p.29, grifo do autor).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> Em outro momento afirma: “[...] existir
subjetivamente, existir corporalmente são uma única e mesma experiência”
(MOUNIER, 2004, p. 36). Portanto, o destaque na integralidade do ser humano é
uma das mais notáveis ênfases personalistas. Afirmando essa integralidade,
Mounier lança a pedra fundamental de seu pensamento, ao passo que se distancia
das filosofias idealistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> Se o homem é integralmente corpo e espírito,
pode-se entender que não há uma dualidade divisória em sua constituição. Não há
duas realidades -, física e espiritual. O personalismo define o homem como uma
inseparável realidade, e apesar de apontamentos que a separam, em sua
realidade, essa separação não encontra concretude.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Se não há separações concretas, há,
porém, necessidades concretas. Há necessidades espirituais e há necessidades
físicas. Essa duplicidade de necessidades, apesar de aparentar uma dualidade
divisória, com efeito, não se configura como tal, como pressupõe alguns
idealismos. O homem faminto, como consequência da fome pode se fazer um homem
angustiado, ou um homem marcado pela dor espiritual, pode ser acometido por
doenças psicossomáticas e de alcance físicos. Ainda destaca Mounier (2004, p.
29): <span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:26"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O
meu feitio e a minha maneira de pensar são amoldados pelo clima, a geografia, a
minha situação à face do globo, a minha hereditariedade, e, talvez, até, pela
ação maciça dos raios cósmicos. Para além destas influências, temos ainda,
posteriores determinações, psicológicas e coletivas. Nada há em mim que não
esteja imbuído de terra e de sangue. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Há que se destacar que esse vivente da
natureza não está preso à realidade orgânica e material. Apesar dos traços
marcantes que a natureza em nós imprime - como pessoa podemos transcendê-la,
como entende Mounier (2004), apesar de sua ligação com natureza, à
singularidade do homem assenta-se no fato de ele poder romper com sua estrutura
natural, de ser capaz de ultrapassá-la, e nessa superação, ser capaz de
amar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Se a pessoa é um ser que transcende,
devem ser destacados os atributos que fazem possível o alcance dessa
transcendência. Podemos, mesmo antes de destacar os atributos libertadores da
pessoa, negar possíveis determinismos. Segundo Mounier (2004, p. 32), “Aquele
que invoca fatalidades naturais para negar as possibilidades do homem,
abandona-a a um mito ou tenta justificar uma demissão”. Uma pessoa com sua
liberdade criadora pode ressignificar sua condição, não deve ficar presa a
significações impostas ou a impressões estabelecidas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Como homens, podemos reinventar e
interpretar nossa realidade sem ficarmos presos a significações fatalistas.
Pensando sobre essas possibilidades, Mounier acentuou que, por não se acomodar
em sua condição natural, o homem, a partir de suas necessidades, desenvolveu
novas potencialidades, por exemplo, naturalmente não podendo voar, com o conhecimento
das leis da aerodinâmica, promoveu suas potencialidades e possibilidades para
capacidade de voar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">A integralidade da pessoa assenta-se em
alguns dados: ela transcende a materialidade, porém, num duplo aspecto, é,
também, imanente. Não está presa intrinsecamente em um destino, não é
absolutamente determinada por condições exteriores, ela se reinventa a partir
de sua liberdade criadora, como afirma Mounier:
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: "Arial","sans-serif";">"A pessoa é uma labareda de liberdade, e é por ela que
se conserva obscura, como o coração da chama. É porque se recusa a mim como um
sistema de noções claras, que se revela e se afirma como fonte de
imprevisibilidade e criação".</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">
(<span style="background: white;">MOUNIER, Tratado del caracter; versión
castellana. Buenos Aires: Ediciones Antonio Zanora, 1955. p. 71.)<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:12"><o:p></o:p></ins></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Em sua vivência integral, pessoa se
distancia de indivíduo e de sujeito, pois não se fecha em suas necessidades
exteriores e muito menos se reduz a necessidades coletivas ou a determinações
institucionais, visto que sujeito é sujeito para um objeto (MORA, 2001 p. 2793)
ou, segundo Aristóteles, aquilo de que se pode dizer qualquer coisa (ABBAGNANO,
2007 p. 1096). Segundo Mounier, pessoa não é indivíduo pois: <span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">"Chamamos
indivíduo à difusão da pessoa na de sua vida e sua condescendência em nela se
perder exterioridade. (...) A pessoa é o volume total do homem. (...) É o
equilíbrio em comprimento, largura e profundidade, é tensão em cada homem, de
suas três dimensões espirituais: a dimensão profunda que o encarna; a vertical
que eleva ao universal, e a horizontal que o leva a comunhão, Vocação,
encarnação, comunhão, três dimensões da pessoa" (MOUNIER Revólution
176-178, <i>apud </i>DOMENACH org, 1969 p. 64).<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">A pessoa em sua integralidade, também, se
distancia da vivência de sujeito, pois não se reduz a necessidades coletivas ou
a determinações institucionais, visto que "a sociedade, isto é, o regime
legal, jurídico, social e econômico não tem por missão, nem subordinar a si
pessoas, nem assumir a realização de sua vocação”... É a pessoa que faz seu
destino: outra pessoa, nem homem, nem coletividade pode substituí-la (MOUNIER
Revólution 175-176, <i>apud </i>DOMENACH org, 1969 p. 64).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">O destaque personalista à necessidade da
assunção da pessoa integral, se identifica em muitos aspectos com a filosofia
existencialista, de raiz fenomenológica. A própria caracterização do ser
humano, como <i>Dasein, ou seja,</i> ser-aí
como aprofunda Heidegger: "esse ente, que nós mesmos sempre somos e que,
entre outras possibilidades de ser, possui a de questionar, designamos com o
termo <i>Dasein</i>". <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">O personalismo aponta o devir em relação
ao ser, pois, o ser está sempre em potencia para transformar-se em ato, o nada
nunca pode ser tido como identidade, tornando a pessoa humana uma atualização
constante, o fenômeno eleva a pessoa a necessidade de um devir, ela é o
resultado do ser em potência, o nada representa uma privação. (ABBAGNANO, 2007
p. 268). A pessoa sempre opera o vazio do mundo que a rodeia, gerando a ruptura
concentrada, pois, seu estado interior é de permanente coversão intima evidenciada
na existência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Heidegger afirma: "o caráter do ser
humano é o der ser oposto do que está encerrado em si próprio" (HEIDEGGER,
<i>apud</i> MOUNIER, 1963, p.102). A
admissão da filosofia existencialista/fenomenológica do ser humano como um ente
situado, em construção e não determinado aproxima-se do conceito personalista
de pessoa humana. Pode-se afirmar que há "estreita solidariedade entre as
preocupações existenciais e as preocupações personalistas” (MOUNIER, 1963 p.
97). No entendimento de Mounier, ser pessoa integral, ou seja, "viver
intensamente": <span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">"é
<i>ser-se exposto,</i> no duplo sentido em
que a palavra designa a disponibilidade às influências interiores e ao <i>affrontemment</i>, característico da pessoa,
a coragem de se <i>expor. </i>Viver
intensamente, é assumir uma situação e sempre novas responsabilidades, e
incessantemente ultrapassar a situação adquirida” (MOUNIER, 1963 p. 103).<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Apesar de não excluir distanciamentos entre os conceitos
pessoa (integral) destacado pelo personalismo, e os conceitos existencialistas
existente ou Dasein (ser aí), o entendimento de Mounier solidifica uma
aproximação, por destacar a importância da presença concreta do ser humano
juntamente com os seus problemas, necessidades e apelos concretos.<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:53"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"><b>3.1.1 Interiorização e recolhimento</b><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:53"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Segundo o personalismo, a pessoa é
sempre um ser convocado para a abertura, para a comunicação. Em sua vocação
comum, a pessoa é um ser para o mundo, ser de comunicação, de relação, contato,
de aproximação e de envolvimento com pessoas.
Esse desafio comum a expõe. A pessoa exposta no mundo é continuamente
afrontada, é provocada e tentada a se desfazer, assumindo posturas que anulem a
sua dimensão interior, sua pessoalidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> </span></b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Em um mundo onde predomina a
animalidade e o gosto simples, o homem é tentado a viver como uma coisa, essa
tentação implica no abandono das exigências de uma vida pessoal. Pode-se falar
enfaticamente que o acolhimento a essa tentação consiste em uma demissão em
favor de projetos inautênticos, em projetos acolhidos a partir de uma atitude passiva,
de uma resignação pessoal ante as tendências ou a propostas determinadas pelo
meio em que o sujeito está inserido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> Em outras palavras, o acolhimento dessas
propostas tentadoras que obscurecem os projetos pessoais, implica na
coisificação da vida; compromete a dimensão pessoal do homem, fazendo-o viver
como uma coisa. Porém, o homem não é uma coisa. Sobre esse problema, Mounier
(1974, p. 82), comenta:<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O
homem pode viver como uma coisa. Mas, como não é uma coisa, uma tal vida
apresentará sempre o aspecto de uma demissão: seja o <i>divertissiment </i>de Pascal, o <i>estádio
estético</i> Kierkegaard, a <i>vida
inautêntica</i> de Heidegger, a <i>alienação</i>
de Marx ou a má-fé de Sartre. O homem do divertimento vive como que expulso de
si próprio, confundido com o tumulto exterior: assim o homem prisioneiro de
seus apetites, funções, hábitos, relações, dum mundo que o distrai. Vida
imediata, sem memória, sem projetos, sem domínio, e que é a própria definição
de exterioridade, ou, à escala humana de vulgaridade. A vida pessoal começa com
a capacidade de romper contatos com o meio, de rispostar, de recuperar para
através duma unificação tentada, se construir uma só.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Se o homem não é uma coisa, mas, vive
ameaçado pela coisificação que a sua abertura, que o seu contato e relação com
o mundo o faz esbarrar, faz-se necessário à adoção de uma postura proativa,
faz-se necessário um recuo que o possibilite realimentar sua dimensão interior
reavivando o compromisso e suas exigências pessoais, visando voltar à prática
relacional com o mundo com mais qualidade e lucidez, reanimado pelo reencontro
consigo, ou seja, com sua dimensão pessoal e suas implicações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">O recolhimento é esse recuo estratégico
que faz o homem relembrar as exigências e compromissos pessoais e reanimar-se
no cumprimento dessa tarefa pessoal. Como afirma Mounier (1974, p. 82):<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">[...]
A primeira vista este movimento é um movimento de fuga. Essa fuga não é senão
um tempo dum mais complexo movimento. Se alguns ficam por ai e ai se agitam, é
apenas porque interveio uma perversão. O importante não é a fuga, mas a
concentração, a <i>conversão</i> de forças.
A pessoa só recua, para depois saltar melhor.<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Ao assumir uma vida pessoal, ou seja,
autêntica, o ser humano é levado à vivência de questões e tensões que só podem
ser problematizados na solidão pessoal. “A solidão não nos surge assim com um
fim, mas como um meio necessário de recolhimento: em grupo não se atinge a
tensão necessária à existência autêntica” (MOUNIER, 1963, p.99). Abrindo mão dessa solidão, o homem permite
que sua pessoalidade, seu projeto pessoal seja esvaziado ou enfraquecido, e por
consequência, faz aderência à vida inautêntica que como pessoa deveria
combater. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Se a proposta personalista fundamental
assenta-se no reconhecimento da necessidade de toda vida humana redundar em
vida pessoal, consequentemente, essa proposta de personalização, combate à
vida, ou qualquer proposta de vida, que faça aderência ao universo do
impessoal, pois essa postura caracteriza uma negação da pessoa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Como prática personalista, recolher-se é
ato de proteger e reanimar a vida pessoal, que entrará em contato e possíveis
confrontos com vidas e projetos de vidas inautênticos. Não é um é absoluto ato
de fuga, é um ato de preparação, de renovação de ênfases e compromissos da vida
pessoal. Relembrando Mounier (1974, p. 82), “a pessoa só recua, para depois
saltar melhor”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> A
importância da relação da pessoa humana consigo-mesma, é revivada pela noção de
interioridade, ou seja, uma auto-relação, da mesma forma, sua autenticidade
encontra-se na forma substancial de relação e de distinção, e permite a unidade
e a continuidade permanente da consciência da vida pessoal, sendo uma
identificação com a consciência que permite a extensão do conhecimento de si
mesmo e do universal. <span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:53"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"><b>3. 1. 2 Obstáculos à comunicação</b><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:53"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Ser pessoa se constitui, entre outras e
amplas caracterizações, como um ser chamado para comunicar-se, para fazer próximos ao redor de si.
Ser pessoa é ser compromissado com pessoas. Nesse sentido, “Quase se poderia
dizer que só existo na medida em que eu existo para os outros, ou numa frase -
limite: ser é amar” </span>(<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">MOUNIER,
1974. p. 64). </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Porém,
essa vocação comum não se constitui como tarefa fácil.<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O
mundo dos outros não é um jardim de delícias. É permanentemente provocação à
luta, à adaptação, incita-nos a ir mais além. Constantemente reintroduz o risco
e o sofrimento, exatamente quando nos parecia conduzir a paz. Por isso o
instinto de autodefesa reage recusando-o (MOUNIER, 1974, p. 60).<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Participar do mundo do outro é estar
disposto a constantemente correr o risco de sua recusa, rejeição agressiva de
vidas que não permitem que a comunicação seja uma prática comum. Além da recusa
do outro, incitado pelo seu instinto de autodefesa, somos também tentados a
ceder ao grito de nosso instinto, que nos induz a buscar proteção na zona de
conforto do individualismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Esse individualismo que se oferece como
uma proteção, como um apego ao privado, impedindo, naquele que o assume,
enxergar na pessoa do outro sua dignidade ontológica -, é assumido por boa
parte de nossa sociedade, dificultando a possibilidade da comunicação pessoal,
certamente, por estar comprometido com os confortos da autoproteção, sempre
visando “centrar o indivíduo sobre si mesmo” (MOUNIER, 1974, p. 62).<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Como o ser humano não vive intensamente como um ser
disposto para o outro -, a prática da comunicação constantemente passa ou
esbarra em vários obstáculos. Como já foi ressaltado, o homem nutre-se de
práticas individualistas; em seu individualismo, se acautela contra a
comunicação, entre outras coisas, por faltar clareza nas intenções de quem
busca comunicar-se.<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Essa indisposição
à aproximação é consequência dessa desconfiança. Além disso, somos indispostos à
abertura, porque, em nossa opacidade, não nutrimos gosto pela transparência.
Apegados a aproximações apenas onde se percebe reciprocidades, tendemos a cada
vez mais alimentar “[...] um novo egocentrismo e levantar novas barreiras entre
o homem e o homem” (MOUNIER, 1974, p. 70).<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:54"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10pt;">
<b style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"><br /></b>
<b style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;">3. 1. 3 Afrontamento</b></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10pt;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Se há obstáculo à comunicação uma importante atitude deve
ser assumida. Se a sociedade cria obstáculos à vivência singular da pessoa,
faz-se necessário afrontá-la. Essa necessidade se faz evidente, pois viver de
forma autêntica implica em reagir, em afrontar, sabendo que a aceitação passiva
ao que já está dado leva ao esmagamento da pessoa. "Existir é dizer
sim", entende Mounier </span><em style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="background: white; font-style: normal;">(2010, p. 66, 67),</span></em><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> "é aceitar, aderir. Mas se eu
aceitar sempre, se não recusar e nunca me recusar, atolo-me. Existir
pessoalmente é também, muitas vezes, saber dizer não, protestar, separar-se".</span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O próprio conceito de pessoa, ou seja, aquela que
"expõe-se, exprime-se: apresenta a cara, é rosto" (MOUNIER, 2010 p.
65), leva-nos ao entendimento de pessoa como um ser de ação e reação, um ser
que acolhe, mas que também, afronta. Acentuando ainda mais a noção de pessoa,
Mounier (<em><span style="background: white; font-style: normal;">2010,
p. 65)</span></em> continua: "o termo grego mais próximo da nossa noção de
pessoa é prósopon: aquela que lança o olhar em frente, que defronta. Mas depara
com um mundo hostil: a atitude de oposição e de proteção está inscrita na sua
própria condição".<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Portanto, ser pessoa está implicado na ruptura com o
universo impessoal. O ato de protestar é intrínseco à pessoa humana. Não
nascemos em um ambiente acolhedor, que, de pronto, reconhece nossa forma de ser,
pelo contrário, a hostilidade do mundo é a hostilidade contra a pessoa, que
tenta nos amoldar às inadequações da violência, da submissão ou mesmo de<span class="msoDel"><del cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T11:57"> </del></span><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T11:57"> </ins></span>um egoísmo, que longe de ser
pessoal, faz-se, apenas, individualista, fechando o indivíduo em si mesmo. Essas vivências inadequadas são obstáculos à
pessoalidade, pois, assumindo-as, ou por medo, recuando, fazemo-nos coniventes.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Afrontar é o ato humano de reação contra o esmagamento da
pessoa. O defrontamento aos meios e vivências inadequadas é uma das formas mais
significativas de reafirmação da pessoa e da luta pela transformação da sociedade
em uma sociedade mais personalista e como tal, menos individualista e menos
coletivista. <span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:54"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="western" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"><b>3. 1. 4 Abertura e comunicação</b><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:54"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Se há obstáculos à comunicação, há
também a intensa necessidade de a pessoa afrontar esses obstáculos para que sua
vivência possa ser percebida e inspire outras pessoas a assumir uma vida
autêntica. O afrontamento a esses obstáculos parte da assunção e luta de cada
homem à vivência de sua<span style="color: #4f81bd; mso-themecolor: accent1;"> </span>vocação
pessoal.<span style="color: #4f81bd; mso-themecolor: accent1;"> <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">O homem que se recolhe, recolhe-se, com
rigor, para nutrir-se a tal ponto de alcançar forças para estabelecer
comunicação em um mundo que nega a abertura verdadeira, que se inicia com a
compreensão da pessoal vocação, e, consequentemente, da existência de peculiares
apelos e necessidades, juntamente com a percepção da presença do outro, com
suas peculiaridades e seus distintos apelos.<span style="color: red;"> </span>Comunicando-se,
entre outras coisas, a pessoa comunica seu repúdio a ideologias impessoais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Toda ideologia que constrange a vivência
pessoal, só pode ser combatida através da comunicação, do diálogo que
estabelece o confronto dos seres que se assumem como pessoas, contra aqueles que
não valorizam sua pessoalidade, por se encontrarem seduzidos pelo discurso
individualista do homem privado, do homem protegido em seus direitos, ou do
homem-sujeito, que encontrou nas regras heterônomas as possibilidades de
construir uma vida que não lhe exige o esforço pessoal e a postura autêntica de
assumir condutas que lhe são necessárias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Somente através desse diálogo, a pessoa
assumida constrangerá o outro a pautar sua vida não no distanciamento, e nem na
sujeição impessoal, mas, pelo contrário, na aproximação com outros, aproximação
que o possibilita perceber o que é necessário para si e para a comunidade em
que está inserido.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">A filosofia personalista entende que a
“[...] comunicação entre pessoas é sua experiência fundamental” (SEVERINO 1974,
p. 81). Em relação ao individualismo que centra o indivíduo sobre si mesmo, já
apontava Mounier para o fato de que “a primeira preocupação do personalismo é
descentrá-lo para colocar nas largas perspectivas abertas pela pessoa”
(MOUNIER, 1974, p. 62 - 63). Direcionado pelo entendimento de que a comunicação
é um <i>fato primitivo</i>, Mounier (1974,
p. 63) destaca<i> </i>que:<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> </span><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O primeiro movimento, que, na primeira
infância, revela o ser humano é um movimento para outrem; a criança de seis a
doze meses, saindo da vida vegetativa, descobre-se nos outros, aprende nas
atitudes que a visão do outro lhe ensina.
<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:22"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Como ressalta Mounier, entre outras
práticas, a pessoa se faz ser também na atitude de expor-se. Não se podem negar
as informações do fato primitivo. De nossa infância, até a maturidade,
desenvolvemo-nos a partir da presença do outro, do olhar do outro. Esse fato
nos orienta, ou pelo menos, nos deveria orientar a valorizar essa a abertura e
o diálogo com o outro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Não me fiz só, não me construí
isoladamente; esse indicativo, de pronto, deveria se constituir como prova de
que, parte da saúde de minha existência é garantida na comunicação. Em suma,
ressaltar a importância da abertura e da comunicação, é ressaltar que a
constituição do ser humano se dá adequadamente na relação com outros seres. Não
nos salvamos de maneira isolada, nem social, nem espiritualmente (MOUNIER,
1974). Todos os aspectos do ser humano são nutridos com a presença do outro,
pois é nessa relação de aproximação e de comunicação que nossa presença assume
importância e sentido. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">CAPÍTULO 4 </span></b><b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">CRISE
DA CIVILIZAÇÃO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Para compreender ênfase personalista na
valorização da pessoa humana, faz-se necessário, entre outras questões,
compreender o contexto histórico que marcou os filósofos que fizeram parte do
movimento denominado personalismo. A exposição do contexto histórico ajuda-nos
a compreender as motivações e os apelos marcados em determinada época. Portanto,
expondo o período histórico que marcou o florescimento da Filosofia
Personalista, período em que se estabeleceu o que os personalistas chamaram de
"crise da civilização", seremos levados a perceber, com maior clareza,
o impulso vital que traçou o caminho intelectual do projeto direcionado por
Mounier e outros importantes pensadores de sua época.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">A filosofia personalista animada por
Mounier e pelos filósofos que integraram o círculo da revista <i>Esprit, </i>não surgiu por mera vaidade, ou
como mais uma simples atividade intelectual. Não surgiu como uma simples
prática acadêmica. O personalismo se desenvolveu como uma chamada de atenção
para uma crise que se alastrava na Europa e por boa parte da civilização
Ocidental. Essa crise civilizatória foi à causa motivadora que fez Mounier e
seus companheiros de ideias, buscarem, através da reflexão filosófica e do
engajamento, uma saída para rechaçar a crise dominante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">A Europa que outrora viveu uma grande guerra
(I Guerra Mundial -1914-1918)
era novamente marcada pela ascensão de forças estranhas que se convergiram para
uma nova guerra (II Guerra
Mundial <span style="background: white; color: #222222;">1939 a 1945). Esse
acontecimento</span> tornava patente que na atual civilização, a sociedade
humana estava sendo esmagada. Estava evidenciado que outros motivos que não
diziam respeito à necessidade da comunidade de pessoas dominavam as instâncias
do poder e demais instituições que deveriam se estabelecer como instituições
sociais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> Regimes totalitaristas como o Nazismo,
Fascismo, Franquismo, Salazarismo, Stalinismo – transformaram a Europa em um
continente aflitivo, marcado pela repressão e pelo absolutismo, e por
consequência, pela sujeição da sociedade aos sistemas que lhe oprimia. Essa
ambiência aflitiva e angustiante patenteava o que Mounier passou a nomear de
crise da civilização. Essa sociedade em crise não contava com nenhuma força que
lhe fosse favorável. Das forças já citadas, nenhuma delas era capaz de apontar
para a possibilidade do estabelecimento de uma sociedade livre e criadora. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">A crise então era absoluta, e,
absolutizava interesses egoístas. Na ânsia de estabelecer esses interesses
milhares de vidas foram sacrificadas, vozes foram silenciadas. Porém, o
silencio não fora absoluto. Igualmente a Mounier, várias vozes denunciaram essa
crise civilizatória, ao mesmo tempo em que apontavam para a necessidade de
mudanças em favor da construção de uma sociedade pautada pela vivência democrática.
Especificamente em Mounier e demais personalistas, anexado a denúncia contra a
substancial crise da civilização, outro apontamento foi destacado, a saber:
essa crise implicava em uma crise da pessoa.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">
</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> A responsabilidade viva de reconstituir uma
filosofia livre de imposições teóricas e com ênfase na pessoa humana e em sua
defesa é uma abordagem crítica e inquietante de Emmanuel Mounier que consolidou
uma exigência de época, fundamentando primordialmente na pessoa as inquietações
diante das revoluções e das crises presentes, assim, sincronizavam-se no modelo
civilizatório duas questões que se difundiam: o comunismo e o fascismo,
acentuando novas possibilidades de interpretações que até então eram discutidas
teoricamente, o personalismo vêm contrapor as concepções dominantes para
posicionar seu pensamento em um âmbito estritamente filosófico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">O personalismo esteve frente a todas estas
discussões de relevância fundamental no universo pessoal, onde, a pessoa
constitui-se na ação e não distante das duas grandes ideologias que envolviam o
século XX, o motivo das críticas e de rejeições manifestadas até então em
regimes fechados para ideologias uniformes de ação política. Mounier difundiu
ideias, pensamentos e inquietações em defesa da pessoa e do universo pessoal,
onde, a pauta é a pessoa humana na sua integralidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Os valores personalistas partem por uma ação
concreta e uma analise concreta, a relação dos meios para os fins não é
imediata e evidente, como em relações impessoais. Encontramos na pessoa a
transcendência de valores por relações complexas, os temas que provocaram o
personalismo seguiram uma dada situação histórica e através de um pensamento
combativo. A pessoa é combatente da imposição e também objetivada pelo avanço
técnico do pensamento filosófico, nutrindo-se de perspectivas individuais de
pensamento, sendo que, sua posição faz crítica aos dois modelos distintos de
pensamento até então eram vigentes, para o personalismo nenhum dos modelos
satisfazia a revolução tão necessária dos tempos de crise, e já denunciava tais
concepções por modelos impessoais de pensamento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">As revoluções em curso diante a crise de 1929,
fizeram surgir dois modelos de interpretação da realidade, as teorias puramente
técnicas e as teorias puramente morais, as discussões personalistas já
apontavam sinais de aplainar os dois caminhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Se todo
século tem sua data de nascimento, que não coincide fatalmente com a
cronologia, é preciso dizer que o nosso nasceu em 1917. Mounier rejeita
integralmente o comunismo e o fascismo, mas sem colocá-los, no entanto, no
mesmo plano: o universalismo marxista, apesar de seus estratagemas e suas
mentiras, tem, ao menos originalmente, um outro valor que o particularismo e o
racismo fascistas. Não é menos verdade, no entanto, que ambos denunciam o
liberalismo e o individualismo, que os dois percebem que a humanidade faz um
esforço necessário de socialização (LACROIX, 1969, p.24).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Na crise de 1929 com a quebra da bolsa de
valores e nos ecos de sua passagem viu-se o reconhecimento do niilismo Europeu
fortemente marcado pela crise econômica de estruturas e pela crise espiritual
do homem, em que, exemplos legítimos da pessoa humana marcavam a postura do
interesse humano e de sua identidade, enraizado no percurso histórico, nos
filósofos destaca-se a efervescência de novos problemas; no exemplo de Marx que
revela a luta sem tréguas de profundas forças sociais a burguesia e o
proletariado, a harmonia psicológica de Freud que descobria o turbilhão de
instintos, e finalmente Nietzsche anunciava o niilismo europeu antes de passar
o facho a Dostoievsky (Mounier; 2004).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A crise das estruturas filosóficas mistura-se
com a crise espiritual e este é o reconhecimento da guerra presente e o
resultado dos conflitos que paralisava até então as condições de existência e
as funções primarias da vida coletiva. O social é invadido pelas novas
descobertas científicas e é levado a manifestações políticas para o domínio das
questões espirituais do universo pessoal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A crise total do século XX alastrava duas
grandes guerras e uma economia enfraquecida, isto, mostra os grandes desafios
de superação por Mounier, motivada para o objetivo de mudança e transformação opondo-se
ao conformismo vigente e não restringindo o universo pessoal ao
conservadorismo, mas, dando sentido para o desafio às regras, aos costumes e
aos obstáculos, produzidos nos tempos de guerra, um o olhar para gerações que
em liberdade restrita consumia-se pela crise dos conflitos presentes. No
personalismo buscou-se uma parte pessoal da realidade em decepções acumuladas
que caracteriza o crime coletivo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">O personalismo em Mounier constituiu as
possibilidades de paz diante da revolução, e promoveu a pessoa humana,
afirmando a sua independência nos valores espirituais, apropriando-se das
condições de ação. A comunicação era precisa em um contexto que a desordem
vigente encontrava condições desumanas, o personalismo reorientou a organização
e os problemas humanos a necessidade de novos valores.<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:28"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">“Reunindo,
sob a idéia de personalismo, aspirações convergentes que buscam hoje seu
caminho para além do fascismo, do comunismo e do mundo burguês decadente, nós
não ocultamos o uso ocioso ou brilhante que muitos farão deste rótulo para
disfarçar o vazio ou a insegurança de seu pensamento. Nós prevemos as ambiguidades,
o conformismo, que não deixarão de existir ás custas da fórmula personalista. .
. Personalista não é para nós mais que uma senha significativa, uma designação
coletiva cômoda para diversas doutrinas mas que, nas condições históricas em
que nos encontramos, podem adaptar-se a condições elementares, físicas e
metafísicas de uma nova civilização. . . É pois no plural – os personalismos –
que devemos falar. Nossa finalidade imediata é definir, face ás concepções
globais e parcialmente desumanas da civilização, o conjunto de consentimentos
prévios que podem alicerçar uma civilização devotada á pessoa humana” (CHAIGNE,
1969, p.58, grifo do autor). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">O sentido da revolução sugere à pessoa a
formação do homem condizente as grandes transformações, considerando, o sentido
do que até silenciava e restringia-se às ideologias de conformismo, a pessoa
humana provinha das exigências individuais e das exigências coletivas do
universo pessoal conflitante com a desordem estabelecida. Mounier distancia-se
propondo uma responsabilidade transformadora e efetiva, preparando a conquista
personalista e intensificando o dialogo sem fronteiras que é formador e fruto
civilizatório. Segundo Mounier, “deve-se no entanto precisar a natureza e os
processos da crise de civilização da qual nasceu o personalismo, assim como as
causas e o projeto positivo que ele lhe opôs” (CHAIGNE,1969).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">“O
movimento personalista nasceu da crise que surgiu em 1929 com o <i>craque </i>de Wall Street, e que continuou,
sob nossos olhos, além do paroxismo da segunda guerra mundial”. Ele se exprimiu
pela creação da revista <i>Esprit, em
1932... </i>De que necessidade interior terá brotado nossa afirmação? Diante da
crise, da qual muitos se ocultavam a gravidade, duas explicações se
apresentavam: Os marxistas diziam: “Crise do homem, crise dos costumes; crise
de valôres. Mudem o homem e as sociedades curarão” (CHAIGNE, 1969, p.59, grifo
do autor).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A dimensão do universo pessoal até então
ameaçada pelos costumes e pela uniformização imanente à maneira técnica, produz
um homem que pela técnica modifica o meio e modifica a si próprio, Mounier
projetará no personalismo a mudança total do homem, como, pessoa que se faz
mutuamente, tanto, domínio material, como, no domínio espiritual, pois,
entende-se que a condição verdadeira da ação constitui a construção de um novo
saber que dialoga e desenvolve em seu contexto histórico de comunicação, e,
esta inquietude traz os fatos da experiência vivida, assim, Mounier, indicando
a revolução, como, parte essencial de um fundamento filosófico distancia-se das
teorias e projeta uma filosofia de alcance a todas as possibilidades de
afrontamento do poder estabelecido, promovendo um universo pessoal.<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:28"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">“Não nos
satisfaziam, nem a uns nem a outros”. Espiritualistas e materialistas nos
pareciam incorrer no mesmo erro moderno que, após um cartesianismo duvidoso,
separa arbitrariamente <i>corpo </i>e <i>alma</i>, pensamento e ação, <i>homo faber </i>e <i>homo sapiens. </i>Afirmávamos; a crise de estruturas e crise do homem.
Não retomávamos apenas a palavra de Péguy “A revolução será moral ou não se
fará”. Nós precisávamos: “A Revolução moral será econômica ou não se fará.” “A
revolução econômica será “moral” ou nada será” (CHAIGNE, 1969, p.59, grifo do
autor). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Foi na juventude do ano de 1929 que cresceu
entre as limitações e os obstáculos que a crise provocava até então, o
florescimento da filosofia do personalismo. Nasceu no período entre guerras e
do desejo de questionamento e de formar discussões relevantes às questões que
se apresentavam, os personalistas almejavam a abertura de novos caminhos históricos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> A
condição humana volta-se para história para transformá-la e progressivamente
lhe impor a soberania, afirmar a situação de um universo pessoal frente à crise
que cada vez mais exigia da ciência e a reflexão já esgotadas, é nutriu-se do
engajamento e da ação de uma juventude que verificou um mundo que não pode
passar sem o homem e um homem que não pode passar sem o mundo, pois, é
fundamental aplainar os caminhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">O moralismo e espiritualismo que até então
degradava a história humana é uma crise do homem clássico europeu, surgido com
o mundo burguês, a crise das estruturas se confunde à crise espiritual, ou
seja, a justificação das infraestruturas leva o homem a criar instrumentos para
transformar e explicar. O personalismo vem diferenciar a produção e as
exigências da pessoa, pois, produzir é uma atividade essencial da pessoa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> Em meio
a uma economia enlouquecida, a ciência segue seu curso impassível, redistribui
as riquezas e revoluciona as forças. Em parte o personalismo encontrará a
questão da liberdade, no consenso das relações humanas e definirá que a pessoa
só se liberta, quando, liberta-se das imposições, pois, tal atividade moral é
modelada às exigências da pessoa para defesa plena de sua formação, como, um
ser de necessidades integrais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">As classes sociais se desagregam, as classes
dirigentes soçobram na incompetência e na indecisão. “O Estado se procura neste
tumulto” (CHAIGNE, 1969, p.59-60, grifo do autor).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">“Esta
reflexão nasceu da crise de 1929, que marcou o fim da felicidade europeia e chamou
a atenção para as revoluções em curso. As inquietações e as adversidades que
então começavam explicações puramente técnicas, outros puramente morais. Alguns
jovens pensaram que o mal era ao mesmo tempo econômico e moral, das estruturas
e dos corações; que o remédio não podia, pois, ignorar nem a revolução
econômica, nem a revolução espiritual. E que sendo o homem feito como é,
deveriam ser encontrados os estreitos vínculos entre uma e outra. Era
necessário em primeiro lugar, analisar as duas crises a fim de aplainar os dois
caminhos” (CHAIGNE, 1969, p.59, grifo do autor).<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:54"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">4.1
Crise da pessoa<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:54"><o:p></o:p></ins></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Emmanuel Mounier detém a importância
fundamental da pessoa e do seu modo mais efetivo a ação comunitária. Ao
consolidar o fundamento que originou o personalismo, o autor propôs que a
natureza da pessoa transcende os motivos da razão, pois, a razão por si só
designa a postura feita da experiência que deve ser vivida, nada ocorre antes
disto, e para definir as questões de uma crise pessoal, e consequentemente
civilizatória, as circunstâncias precisam de maiores esclarecimentos sobre a
noção de humanidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A noção de humanidade é captada no vivido
exercício de incorporar uma existência global, as concepções mecanicistas
modernas do homem mostram que a pessoa encontra-se em condições perfeitamente
mecânicas, por outro lado, a iniciativa personalista encontra o homem, como,
ser natural, mas, um ser natural humano que absorve para transformar, o homem
está no aprofundamento pessoal que precisa incontestavelmente de conceitos,
esquemas e estruturas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Os aspectos da análise mourieriana definiram a
coisificação do universo individual (individualismo) pelas teorias ideológicas
e fez-se o discurso personalista para encontrar o aspecto da singularidade que
é uno e indivisível. No entanto, segundo Mounier introduziu-se nas perspectivas
singulares um movimento para exterioridade, que é um outro tema com
significativo cuidado por parte dos personalistas, pois, para os autores personalistas,
a exterioridade tornou-se exibições, então consolidou-se. As pessoas tornaram-se
completamente viradas para fora, para exibição, que não tem segredos, não tem
densidade nem nada por de traz delas. Leêm-se como um livro aberto e depressa
se esgotam (Mounier; 2004). A exterioridade é um movimento pensado de ação
comunitária, ele não é uma livre exposição de ideias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> O
contrassenso, na filosofia de Emmanuel Mounier, indica uma obra e um pensamento
que se realizou na ação, assim, interposto entre a filosofia e o pensamento
filosófico chamado personalismo, mas, não se pode considerar este movimento um
sistema filosófico comum aos outros sistemas, pois, trata-se de conversões
intimas do universo pessoal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> Pode-se
conhecer a objetividade do personalismo ao fato concreto, a exigência de uma
revolução que compõe uma conversão intima e uma exterioridade comunitária. Assim,
por sua vez a crise da pessoa presente e diante dos fatos que à torna impessoal
a uma legitima comunicação. No caminho percorrido pelo autor a pessoa
fundamenta oposições às ordens e as desordens de sua constituição fundamental e
afronta a exposição de uma personalidade vincada: transcendência e
interioridade. Ao expor sua intimidade a pessoa organiza-se de maneira á
transcender e realiza uma leitura da realidade em busca preservação de sua
interioridade e identifica os motivos que levam a busca de ruptura da imposição
estabelecida.<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:28"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">O
materialismo esquece as dimensões de interioridade e transcendência. O
espiritualismo, em suas “tagarelices sobre o espírito”, desconhece a realidade
da condição humana, a necessidade, para a revolução espiritual, de uma prévia
revolução econômica. Não se fala tanto da revolução moral senão para evitar
outra. A revolução será total ou não será. Ou ela será porque já é. Na verdade,
para Mounier, não somente a crise existe, como os remédios se apresentam: o
comunismo e o fascismo (LACROIX, 1969, p.24) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">O objetivo do personalismo é dedicar à pessoa
uma finalidade, ou seja, a formação do homem como um ser integral, e é de total
interesse que diante das oscilações dadas pelas diversidades das situações que
circunde o pensamento humano e seu espiritualismo, a resistência filosófica. É
um marco que possibilita a defesa em força de resistência e de ataque. Sobre
este aspecto destaca Mounier: A linguagem personalista não desperta ímpetos
criadores, mas reflexos de superação e de defesa (MOUNIER; 2004).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> Mounier
quer enfatizar na pessoa duas funções que oscilam: o ataque e a defesa desta
condição de valorização. Ocorrem sobre o homem funções personalizantes e
despersonalizantes e longe deste discurso o homem se torna abstrato e
moralizante.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">O conflito gerado é a interioridade à primeira
vista e reflete um movimento de fuga, mas trata-se de um movimento de recuo
para um melhor salto, pois, a conquista ativa rompe quando intervém uma
perversão, a própria vulgaridade é predominante da escala humana, demonstra a
vida pessoal com a capacidade de romper com o meio, o importante não é a fuga
mais sim a conversão de forças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Segundo Lacroix (1969) “A pessoa humana
encontra-se perpetuamente tensa nos dois movimentos de sua personalidade, a
interioridade em que ele se retoma e a exterioridade em que ela se dá, ela é um
centrifugo continuo na conversão pessoal projetando-se como ser comunitário”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Mounier viveu sua própria conversão e
identificou o que a crise pessoal lhe proporcionou na experiência fundamental
dos valores de silêncio e retiro, nesta constante, sua própria experiência
formou o que chamou de crise da pessoa. Os pensamentos de inspiração
personalista são manifestações a respeito da pessoa e enfatizam a distancia, da
qual, o respeito que a pessoa tem pelo seu interior ou pelo dos outros tem a
densidade de reserva na expressão e na discrição, segundo Mounier (2004),
“nunca se pode comunicar completamente através da comunicação direta e prefere,
por vezes, meios indiretos: ironia, humor, paradoxo, mito, símbolo, fábula
etc”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A crise da pessoa bipartiu-a em dois ramos no
âmbito da conversão, em que o próprio homem centrifuga em dois movimentos
distintos. Assim, a chamada bifurcação reflete o salto que resulta da
interioridade para exterioridade. O resultado que se propõem a filosofia
personalista, é um longo processo de manifestações pessoais e íntimas, tidas
dos pensadores que representam no personalismo a defesa da pessoa humana.
Diante das crises que à torna impessoal. A resposta disto é uma doutrina ética
política, que enfatiza o valor absoluto da pessoa e seus laços de solidariedade
com outras pessoas, em oposição ao coletivismo e ao individualismo. Segundo
Emmanuel Mounier estes fatos da crise pessoal, fortalecem no recuo de uma
conversão intima os laços solidários e comunitários, para encontrar no outro
uma forma de resistência e defesa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Aos 18
anos, preparando o P.C.N. Mounier sente um tal desespero que chega a pensar em
suicídio. No meio do ano ele deixa de se alimentar. Faz então o primeiro retiro
fechado de sua vida a aí percebe “em letras de fogo a necessidade de bifurcar”.
No ano seguinte, escreverá à sua irmã: “Quando temos conversões alguma coisa em
nós, temos, todos, uma ou muitas conversões a fazer. Tive a minha conversão no
ano passado, tu tens este ano todo a tua”. E dois anos mais tarde escreverá
ainda: “Nós passamos todos por tais crises. Eu atravessei uma semelhante, no
ano do P.C.N., quando me sentia compelido sob todos os pontos de vista como um
negro buraco, e conheci o desespero. Ainda em janeiro, eu jamais esperaria a
solução que apareceu em março e ela veio enquanto era tempo. Cada vez que passo
uma crise assim, encontro sempre a solução no método de me dar, constantemente,
a todos e a tudo” (LACROIX, 1969, p.27).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"><b>4.1.1 A Desordem estabelecida e a ordem imposta</b><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:55"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">A pessoa de Emanuel Mounier, cuja
própria presença fez-se em contato de real afrontamento às imposições presentes
de um período entre guerras, mostrou uma filosofia chamada personalista e não
deixou despercebidos os acontecimentos que se estabeleciam na modernidade e na
contemporaneidade, pois mobilizou toda uma geração à ação, ao combate e à
defesa da pessoa humana. Uma inquietação que não se deixava calar pela
imposição, e que, apresenta uma postura frente à frente à crise do seu tempo. A
questão que se levanta é - haverá uma realidade para além das imposições
estabelecidas e que defenda o universo pessoal ? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">A resposta está ao indicar um melhor
caminho para pessoa e sua eminente dignidade, ela está no discurso que se
reflete em Mounier (2004), pois, em seu discurso ele reflete sobre as últimas
consequências do personalismo; a permanente projeção de nós próprios, seres de
conversões e afrontamento em face do outro. O outro é um ser cuja restrita
individualidade se propaga em teorias ideológicas, para um ser sem finalidade,
em um universo sem significação. A pessoa é identificada como um objeto, a ela
é recusada a orientação, assim, a filosofia personalista resgata a unidade da
pessoa diante da ordem imposta, entendendo que este universo pessoal é uma
verdadeira transcendência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> Ante uma desordem estabelecida e uma ordem
imposta, o passar da pessoa por si própria se torna elevação, ou seja, o ser
pessoal é um ser feito para ultrapassar.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Segundo Domenach (1969), o pensamento de
Mounier se desenvolveu dentro de um contexto histórico agitado, por isto o
resgate da transcendência pessoal por motivos válidos à filosofia que se
posiciona contra a imposição, o personalismo representou um combate incessante
e no seu enunciado continuamente histórico, funda uma postura “corpo a corpo”
com os homens, com os acontecimentos. Assim o personalismo não pode ser
retirado do ambiente de seu tempo, senão perde grande parte da sua força de
choque.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">O pensamento moureniano em um sentido
maior é da ação; é a contribuição da esclarecedora revista Esprit, proporcionada
por uma equipe de pensadores engajados em diversas situações, que implica o
compromisso e a fidelidade. A luta era contra a desordem estabelecida,
afirmando uma contestação que finda nos problemas de uma de uma geração
“entre-guerras” consolidada desde modernidade aos dias atuais, pois, os
problemas personalistas fundam a transcendência personalista, refletindo a
força com que o engajamento, em sua abordagem filosófica desmistificou. Com
isso trata de temas de abrangência que ultrapassam as barreiras do tempo, o
pensamento formado é um pensamento de ruptura que pertence ao universo da
liberdade, a pessoa humana responde como efetiva superação e transcendência que
não é objeto de provas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> Esta força do personalismo se apresenta em
relevância fundamental na eminência histórica pois, segundo Mounier (2004),
aqueles que mais tempo pertencem à existência histórica formam a continuidade
histórica e nascem para a consciência da humanidade no decurso de seu
desenvolvimento, promovendo o olhar ético e moral, exatamente como se cada
época da humanidade tivesse por vocação descobrir para outro novo setor de
valores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Segundo Domenach (1969), os valores
estabelecidos pela critica personalista atravessam o percurso históricos dos
conflitos da I Guerra e da II Guerra, e suscitam a resistência para animar
amizades, procurando estabelecer na defesa da pessoa uma sociedade dentro da
sociedade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Mounier funda um pensamento reflexivo e
ponderador sem pretensões maiores, mas, que contesta a transformação inevitável
dos espíritos e dos relacionamentos, ou seja, uma filosofia de serviço e não de
dominação. Acredita que da inquietação dos problemas gerados surge à
responsabilidade que ocorre pouco a pouco. E nestas linhas gerais faz-se
importante as palavras de Domenach (1969, p. 12) “O que se deve considerar, já
que nada reinvidicamos, já que nossa única ambição é que haja o maior número
possível de homens e de instituições para educar, para formar para fazer
viver”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">Dentre as colocações feitas pelo
personalismo dos problemas e abordagens que determinam prioridades da filosofia
e de suas questões está reinterpretar o desenvolvimento da humanidade,
reorientando para as perspectivas dos valores éticos e moral da pessoa. Assim,
postula-se a raiz do pensamento personalista:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">1ª. Promoção da pessoa total (isto é, a
integralidade da pessoa), sendo o universo pessoal o universo do homem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">2ª. Afrontamento e diálogo com o
comunismo (para compor discussões ao socialismo “aberto”, quando Mounier
combate o capitalismo e o mundo “coisificado” do burguês).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">3ª. Revela a comunicação ao descentrar o
individuo e colocá-lo na formação da pessoa em perspectivas abertas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">4ª. A existência Incorporada, em que o
homem é corpo exatamente como é espírito, é integralmente “corpo” e é
integralmente “espírito”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">5ª. A conversão intima que a própria
estrutura pessoal à reflexão sobre mim e as minhas imagens lançando à intenção
e projeto de nós próprios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">6ª. Liberdade em condições do qual a
experiência da liberdade dá condições da afirmação de qualidade sempre
renovada, pois, a liberdade não é uma coisa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">7ª. A eminente dignidade em que a
transcendência da pessoa manifesta-se a partir da produtividade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">8ª. O compromisso em que a ação e a
existência perfeita que modifica a realidade exterior, a (poiein) dominam e
organiza a matéria exterior, a (prassein) construção de uma obra exterior,a
(teorein) atividade que explora os valores e enriquece a medida, que se estende
seu reino sobre a humanidade e a dimensão coletiva da ação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">As questões que com o aspecto de
denuncia evidente, o combate com a ordem imposta em que as relações da força e
do engajamento transformam o conflito da pessoa (universo pessoal) e da massa
(civilização de massa) são denuncias que emergem para a postura simples da vida
comunitária, a luta em favor dos oprimidos e a encarnação real do cristianismo.
Segundo Domenach (1969, p. 12) sobre a validade desta proposta introduz os
fundamentos do personalismo.<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T18:02"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"> Para mim os pontos fundamentais dos
personalismos de Mounier permanecem validos, e em particular a magistral
afirmação que abre as portas à única revolução verdadeira: é querendo o homem,
que se quer todos os homens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;">A posição de Domenach (1969) aponta que
Mounier movia-se em esferas do pensamento e da ação humana, seu projeto cria
distâncias da forma teórica e coloca em pratica a realidade exterior da
construção e expansão comunitária, nisto visava os sinais inquietantes que
tratava com liberdade e soberania.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> Mounier em tarefa da revista Esprit, descobriu
o fenômeno do pensamento e da filosofia personalista, função em que a filosofia
designava na sua fidelidade à pessoa humana exigência influente da filosofia
que caminha para fins humanos e que faz construir o sentido marcante da ação. A
prática da doutrina exigia a constante comunicação com os fatos aperfeiçoando
de forma inerente a critica que envolvia o afrontamento, para projetar no
humano o real engajamento, contudo, indicando uma revolução necessária na ética
e na política.<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T13:10"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> O
personalismo pode assumir mil formas. Mesmo depois de liquidadas as ideologias fracassadas
permanecem as necessidades de relacionar as obras humanas à destinação do
homem. E nisso Mounier pode nos ajudar, tendo, em vista seus múltiplos olhares
na dimensão da pessoa humana . <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> A
breve construção das tendências históricas e sociais para formar o
questionamento decorre dos acontecimentos a “geografia da ação” e solidariedade
vigente para tratar tais discussões validas ao propósito de transcendência, que
até então tinham sidos deixados de lado pelas ideologias impessoais, a crise do
homem europeu se concretizava no ceticismo e na eminência dos fatos. Segundo
Mounier (2004 p.109) “O ceticismo é ainda uma filosofia: a não intervenção
entre 1936 1939 engendrou a guerra de Hitler e quem “não faz a política” faz
pacificamente a política do poder estabelecido”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> Ao ímpeto dos conceitos relacionados à pessoa
humana e da efervescência ética que isto envolve, os meios utilizados por Emmanuel
Mounier foi a voraz critica de intervenção teórica e projetou um conhecimento das
circunstâncias que é afirmada na postura e no pensamento, comprometidos à ação
comunitária mais efetiva. Ao recusar
fazer a política do poder estabelecido defendeu o compromisso de emancipar em
eminente dignidade a pessoa humana, longe disto, é recusar a condição humana
para o ceticismo e para impessoalidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; line-height: 150%;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">CAPÍTULO
5 ENGAJAMENTO EM PROL DA PESSOA<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:56"><o:p></o:p></ins></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A pessoa é presença vivida e encarnada da qual
a própria autoconstrução do conhecimento é no personalismo uma atividade e um
plano da ação. Este ocorre devido a esta pessoa humana e às suas conquistas
interiores e externas. Os acontecimentos históricos designam ao homem uma
presença espiritual na sua integralidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">É uma teoria da ação em que o tema central do
personalismo não deixa fugir suas expectativas da presença da pessoa na
política, na historia e na transcendência pessoal, onde a busca avança
significativamente, a responsabilidade pessoal no plano do engajamento total,
ou seja é uma revolução total e permanente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> Consequentemente, a abertura comunicativa que
promove a comunidade humana seu papel essencial de socializar a pessoa, um ser
que não é isolado, detém um imenso poder quando confia em si própria. A
fatalidade dos vastos sistemas ideológicos em crise que exigia um pouco mais da
crise vivida, exigia a coragem e a resistência frente aos diálogos de uma
geração, uma consciência que necessariamente não implica ser mais consciente do
que uma consciência severa, que distinguia os novos valores e encontrava na
emancipação da interioridade uma abertura a mudança dos paradigmas tidos na
hodiernidade como insuperáveis. <span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:29"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Ligando-nos
a ele, entravávamos na posse de uma herança, repentinamente nós nos colocávamos
ao lado daquele que não se enganara no diagnóstico da crise dos tempos modernos
e que nos permitia, malgrado o fracasso precoce do espírito revolucionário da
resistência, estabelecer solidas perspectivas para um mundo melhor (EQUIPE <b>FRÈRES DU MONDE</b>, 1969, p.17).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A defesa do homem total é respectivamente
representada nas múltiplas complexidades do real, traduz-se em uma tarefa de
responsabilidade eminente da dignidade da pessoa e na eminência histórica dos
fatos da crise civilizatória e da crise pessoal no personalismo, uma revolução
que é necessária em meio grandes derivas da civilização, e uma assunção pelo o
homem e para o homem do mais inalienável que resulta o direito da pessoa
humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> Uma
personalização de uma organização assume o sentido humano que assegura a
cooperação das liberdades e das qualidades das pessoas humanas, controla os
delírios e as mistificações que separa e arrasta o individuo comum na confusão,
sonolência e na paixão. A ação valida parte de cada consciência particular à
expressão moral, o amadurecimento acontece através da consciência total e do
drama integral da época. <span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:29"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Iniciador
e pedagogo da encarnação social no âmago de nossa história, Mounier situou
também o personalismo no ponto de focalização dos valores e das opções
essenciais para defesa do homem total, mostrando-nos assim que a tarefa do
cristão não é de, alheio ao movimento do mundo, “biscatear” todo um instrumento
de conceituação original de que os homens deveriam se apropriar <i>antes </i>de poder trabalhar eficazmente<i> </i>na liberdade, os valores de origem
cristã ou não que, através da experiência mostram bons para o homem. Para esta
tarefa todas as pessoas são convocadas, sejam crentes ou descrentes (EQUIPE <b>FRÈRES DU MONDE</b>, 1969, p.18).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Mounier converteu a filosofia personalista da
melhor maneira possível em uma filosofia que exige a ação daqueles que a fazem,
segundo Equipe <b>Frères Du Monde </b>(1969,
p.20), “O personalismo pertence áqueles que o vivem, e aquêles que o vivem são
ao mesmo tempo os que o fazem”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> Refletir
sobre a profunda noção de pessoa e fazê-la presente na vocação e trajeto de
vida ao qual está direção que torna a revolução a serviço do homem e um serviço
pelo homem trazendo a noção de comunidade. Segundo Lacroix (1969 p.23)
“Emmanuel Mounier é influenciado em uma dupla reflexão uma reflexão ôntica e
uma reflexão jurídica e sobretudo teológica, do qual em grande parte herdou a
noção de pessoa humana”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Segundo Mounier (2004 p.103), “atribuir de
alguma maneira um sentido a natureza humana e propor valores ao universo
humano, “é fazer não interessa o quê”, desde que tua ação seja uma intensa e
vigilante em relação à espessura dos que nada fazem, dos que soçobram”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> A
exigência personalista é que a ação modifique a realidade exterior, que nos
forme e nos aproxime dos homens, assim, enriqueça o universo dos valores. A
filosofia personalista quer mais do que renovar ou aprofundar a ideia de
pessoa, ela quer torna-la eficaz e presente, faz-se na vocação o engajamento da
pessoa para o comunitário, assim, sobressaindo às determinações da ordem
vigente (LACROIX, 1969).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A exigência de uma transformação e de um campo
objetivo da transcendência com relações que compõem o contexto histórico é o
compromisso que consagra a abdicação da pessoa e dos valores que serve ao
propósito da realidade da aproximação, em que sua força criadora nasce da
tensão fecunda que suscita entre a imperfeição da causa e a sua absoluta
fidelidade aos valores criados (MOUNIER 2004).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Para o personalismo o campo da ação é um risco
que assumimos na parcial obscuridade de nossas opções coloca-nos em um estado
de despojamento, de insegurança e de aventura, que é o clima propício para
grandes ações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Para Lacroix (1969), Mounier ao assumir o
personalismo a principio foi virtual e hesitante, mas, pouco a pouco foram
descobrindo sua vocação de transformar temas mais ou menos tradicionais em
elementos de cultura e civilização, e é nos acontecimentos históricos e
cotidianos que transforma sua ideia em engajamento, é a realização do universo
pessoal . <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A proposta essencial trabalhada no personalismo
caracteriza na pessoa a ideia do engajamento “uma ligação vital do pensamento e
da ação”. As questões humanas e particularmente o engajamento em prol da pessoa
são intenções perpetua em ato<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:29"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A
verdade da intenção é o ato, dizia Hegel. Com efeito, sem o ato, a intenção não
é senão veleidade e mistificação. Mas é preciso acrescentar que,
reciprocamente, a verdade do ato é a intenção, pois sem intenção o ato não seria
mais humano, mas simples fato da natureza. Mounier foi uma intenção
perpetuamente em ato. Um livro não foi jamais para ele um fim, mas um meio ou
mais que isto, um instrumento (LACROIX, 1969, p.25).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4.0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">É o sentido da pessoa que contribuiu com
aspecto profundo de Mounier e o seu processo longo de verificação,
conscientização em que a verdade foi sua própria historia. Lacroix (1969)
Mostra que nos anos de exílio na prisão de Dieuefit, Mounier estuda o caráter e
transforma em retrospecção e conscientização os anos que sucedem, descobre sua
ideia de vocação enraizada na filosofia personalista “o homem não é uma
natureza ontológica, ele é uma natureza, está ideia traz profundamente a noção
de pessoa”. A verdade a que se propôs Mounier
é a verdade de sua história, ele foi um longo processo de verificação e o
sentido do personalismo foi esclarecido por uma gênese. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Tal vocação é voltada a vocação do ensino à
vocação educadora, sendo esta vocação mais engajada na ação, nas tarefas
naturais, no quotidiano e demais ocasiões, que, se apresente a atividade
pessoal como um movimento engajado.<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:29"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A
segunda conversão é a do ensino a um outro tipo de ação, a uma ação mais
engajada. Ao contrario do que muitas vezes se pensa, no principio, a noção de
engajamento em Mounier, não tinha conteúdo político. Psicologicamente, ela
nasceu da idéia de apostolado. É uma atitude, não propriamente moral mas
espiritual que se supõe uma espécie de transformação total do ser ao mesmo
tempo que uma perfeita disponibilidade ás tarefas quotidianas, quaisquer que se
apresente. Ainda aqui, o sim se manifesta a consciência sob a forma de um não:
a recusa do ensino (LACROIX, 1969, p.27-28).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">CONCLUSÃO<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:50"><o:p></o:p></ins></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A ideia<a href="https://www.blogger.com/null" name="_GoBack"></a> da filosofia
personalista persiste em encontrar um lugar no humanismo ao defender sua
inspiração confrontada com o marxismo, com o existencialismo, com a
fenomenologia, o patamar que esta filosofia assume e expõe uma ideia que não
particulariza seus conceitos e coloca-se no plano de outras filosofias
vigentes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">A necessidade fundamental do personalismo está
em um sistema que se torna inteligível a si mesmo , mas, que não esgota sua
intuição fundamental, ou seja, defende o homem como um ser integral de participação
constante. Na atualidade fala-se de transpersonalismo, por ser esta uma
filosofia que caminha e desenvolve em uma concepção sempre nova de valorização
humana. Não se trata de uma concepção puramente sociológica, mas, metafísica do
ser social que se opõem ao individualismo, ou seja, quer compor o homem como um
ser familiar e desenvolver-se diante da transcendência filosófica os conceitos
que se tornam rígidos diante da teoria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">É a filosofia do possível, o personalismo leva
em conta a ordem total da realidade, isto quer dizer, que dentre todos os
acontecimentos da modernidade exigi-se a analise reflexiva e uma tarefa que
especifique a leitura filosófica tradicional em dialogo com o seu tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Na atualidade o personalismo exige uma
temperança filosófica e/ou uma maior agudeza do espírito e do pensamento, pois,
muitos fatos da desvalorização da pessoa, ainda, são repercutidos na
objetivação do homem no plano do individualismo e do ceticismo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Emmanuel Mounier foi um Homem que sempre
combateu frente a este individualismo histórico e recompôs sua filosofia na
conscientização combatendo a alienação ética política de uma crise da
civilização consolidada na modernidade, a conscientização é formada pela
emancipação da pessoa humana e sua eminente dignidade. Firmou-se em Emmanuel
Mounier o pensamento a critica comunista do poderes estabelecidos pela força do
capital que individualiza o ser pessoal, no marxismo elencou o protagonismo da
critica socialista, mas, rejeitando o materialismo histórico criado por Marx,
definindo a ação comunitária como condição essencial da pessoa humana. A
revolução pretendida pelo personalismo é a revolução integral do homem, isto é,
a transformação, tanto, espiritual quanto econômica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">Para a filosofia do personalismo a
contraposição da alienação humana está fundamentada na condição da própria
existência da pessoa humana, este ser existencial do personalismo afronta as
diretrizes do materialismo histórico, e propõe uma dialética voltada
estritamente para historia, compondo o modo efetivo da pessoa humana, um ser
integral.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<b><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">REFERÊNCIAS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 4cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">DOMENACH,
J. M. et al. <b>Presença de Mounier. </b>Tradução
Maria Lúcia Moreira. 1. Ed. São Paulo: Duas Cidades, 1969.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">LACROIX,
J. <b>Marxismo Existencialismo Personalismo</b>.Tradução
Maria Helena Kuhner. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">LORENZ.
F. <b>A noção de pessoa em Emmanuel Mounier</b>.
2008. 53 f. Trabalho de Curso (Graduação) – Curso de Filosofia, Universidade
Católica Dom Bosco. Campo Grande. 2008.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">MOIX, C.
<b>O pensamento de Emmanuel Mounier</b>. 1.
ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Mateus" datetime="2014-11-15T16:30"><o:p></o:p></ins></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">MOUNIER,
E. <b>O personalismo. </b>Tradução Vinícios
Eduardo Alves. 1.ed. São Paulo: Centauro, 2004.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">MOUNIER,
E. <b>Tratado Del caracter. </b>1. ed.
Versión castellana. Buenos Aires: ediciones Antonio zanora, 1955.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">NICOLA,
A. <b>Dicionário de Filosofia</b>. Tradução
Alfredo Bosi. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-theme-font: minor-bidi;">SEVERINO,
A. J.<b> A antropologia personalista de
Emmanuel Mounier</b>. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 1974.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-39910244398217561172013-12-02T16:17:00.002-08:002015-04-10T07:47:00.223-07:00Nova obra personalista: Emmanuel Mounier: Antropologia e Filosofia Política a Serviço da Dignidade Humana - Antonio Glauton Varela Rocha<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj94FsuIRkYmu-gjkYI5NlVcJqaTpdIgXLj9ogHwVR_KACdkHcKJu6ISetAGUB5UBaUGqKdie2NQisBOXHXqtT95d3pVMD0WkwGZZiqmP9zLwYCcePkG4gtdXvMPIWmEMOTVE5BHRcKYMGT/s1600/Antropologia+e+Filosofia+Pol%C3%ADtica+a+Servi%C3%A7o+da+Dignidade+Humana.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj94FsuIRkYmu-gjkYI5NlVcJqaTpdIgXLj9ogHwVR_KACdkHcKJu6ISetAGUB5UBaUGqKdie2NQisBOXHXqtT95d3pVMD0WkwGZZiqmP9zLwYCcePkG4gtdXvMPIWmEMOTVE5BHRcKYMGT/s400/Antropologia+e+Filosofia+Pol%C3%ADtica+a+Servi%C3%A7o+da+Dignidade+Humana.png" height="290" width="400" /></a></div>
<h2 class="western" style="text-align: justify;">
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #333333; font-family: 'Times New Roman', serif; font-weight: normal; line-height: 0.45cm;"><span style="background-color: white; font-size: small;">"A presente obra aborda a construção do pensamento do estudioso
francês Emmanuel Mounier, analisando as influências que ele sofreu
e o contexto histórico no qual desenvolveu seu engajamento
intelectual. Nesse sentido, Antonio Glauton demonstra aos leitores
que Mounier apenas aponta alguns direcionamentos diante das crises,
ao invés de oferecer um caminho pronto, como se poderia supor. Tais
direcionamentos, por sua vez, partem de toda uma reflexão sobre a
pessoa humana. Trata-se, portanto, de um livro baseado em ampla
pesquisa e investigação".</span></span><br />
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: small; font-weight: normal; line-height: 0.45cm; text-align: left;">__________</span></div>
</div>
<span style="font-size: small;">
</span><div style="line-height: 0.45cm; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-weight: normal;"><span style="color: #333333;"><span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="background-color: white; font-size: small;">Para adquirir essa obra, acesse: </span></span></span><a href="http://loja.livrariadapaco.com.br/lancamentos/emmanuel.html" style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span style="color: blue; font-size: small;">http://loja.livrariadapaco.com.br/lancamentos/emmanuel.html</span></a></span></div>
</div>
</h2>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-30460455060221194862013-03-07T19:33:00.003-08:002018-09-12T09:27:55.625-07:00O desprezo ao tema pessoa e suas possíveis consequências.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikYNRW6SE49wILXYW-yerdCSqU7bb0Xa1kn3GKOqDcNT_-C9co_pmIdziyIQ0LgmRgRIf8OpPu-vL6Kce88LZsGGXLc8_lbwKWin0R67ivV6oyKwzrN5obAV6SVsOHb5vgfPKHDJDtUIfu/s1600/colosso-goya-+1808+-+18012.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" jsa="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikYNRW6SE49wILXYW-yerdCSqU7bb0Xa1kn3GKOqDcNT_-C9co_pmIdziyIQ0LgmRgRIf8OpPu-vL6Kce88LZsGGXLc8_lbwKWin0R67ivV6oyKwzrN5obAV6SVsOHb5vgfPKHDJDtUIfu/s320/colosso-goya-+1808+-+18012.jpg" width="288" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
<b>O DESPREZO AO TEMA PESSOA E SUAS POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
Quando se fala sobre a pertinência do personalismo, colocando em questão a urgência de buscarmos novas alternativas civilizatórias que proporcionem a vivência harmoniosa dos homens em seus distintos aspectos, como e, por exemplo, seu aspecto trabalhista, que busca satisfazer suas necessidades elementares, e alguns caprichos, e como ser espiritual, que necessita nutrir-se de coisas que estão além do simplesmente material, está a se ressaltar a complexidade enleada nesse ser. Porém, observando as ênfases destacadas nas importantes instituições sociais, fica a impressão, ou mesmo, a convicção, que a urgência destacada pela filosofia personalista não é assumida, ou, simplesmente, não é percebida. Escolas sejam em instâncias primárias, secundárias ou superiores, igrejas e outras instituições religiosas, e as diversas mídias, entre outras instituições, com suas determinadas ênfases, parecem ignorar o que o personalismo apresenta como urgência. Nas mais variadas instituições comunicativas -, que comunicam aprendizado, espiritualidade ou informações gerais -, o tema pessoa é ofuscado, vitimado por temas ou por práticas que contrariam a possibilidade de esse tema ser tratado com seriedade. <br />
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No Brasil, em boa parte das escolas públicas, na adoção de suas teorias e práticas pedagógicas, por exemplo, percebe-se, sem muito esforço, o total, ou quase, abandono do empenho de comunicar a necessidade de o ser humano tornar-se pessoa. Nesses ambientes educacionais, ausenta-se em grande medida, a vivência de virtudes humanas por conta do pouco compromisso em comunicar a dimensão pessoal do ser humano, dimensão que tem entre suas características fundamentais, a real comunicação entre pessoas e a necessidade do engajamento pessoal em prol da comunidade em que a pessoa está situada, e também, a favor da grande sociedade humana. A escola está sendo construída, em grande parte, por discentes alienados da sua condição de pessoa, e, como consequência, descompromissados na ambiência em que estão inseridos. Percebe-se, que em muitas instituições educativas, pessoas estão vivendo quase que em estado puramente instintivo, em muitos casos, tentando realizar seu desejo impulsivo através da agressividade, tanto verbal, como física -, práticas explicitadas ao grande público pelos grandes veículos de comunicação. Apesar desse quadro, poucos são os profissionais envolvidos na educação, que, diretamente, ou indiretamente, se valendo de discursos ou de práticas positivas em prol de uma condição favorável à vivência de pessoas, interferem contra as práticas “despessoalizantes” que descaracterizam a pessoa do aluno e o ambiente escolar, idealmente ambientado para a prática da vivência de pessoas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na ambiência eclesiástica dominante o quadro também dista do ideal. Nos cultos, em sua maior parcela, as pregações são despersonalizantes, com ênfase mais em vaidades, ou aspectos impessoais, do que na necessidade pessoal, de cada ser humano, individualmente, se converter ao seu estado natural, ao estado de pessoa. É excessivamente destacado o aspecto coletivo da comunidade, em detrimento a comunhão pessoal entre pessoas participantes do corpo comunitário. Vive-se uma cultura de rebanho, ao invés de relação entre membros ativos, que comunicam seus dons e se doam, enriquecendo a comunidade na peculiaridade de cada ação pessoal. As lideranças são egocêntricas, centralizadoras, que buscam fazer de sua existência e práticas o único canal de respiração da comunidade, ao invés de uma liderança distributiva, intricada afetivamente no corpo comunitário. A consequência desse modelo é a produção de crentes fechados em seus desejos e convicções, que buscam o alcance dos desejos, muitas vezes luxuriantes, em maior esforço do que a busca por suas reais necessidades humanas, além de se fecharem em convicções impessoais, distante da autêntica busca piedosa e racional pela verdade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na grande mídia, excetuando a internet, a mensagem personalista raramente ecoa. Parece escassear a lucidez que permite ao homem crítico perceber a desordem estabelecida. O atual quadro midiático defende muitos interesses, que em sua maioria, nenhuma relação tem com ideias ligadas a melhor qualidade de vida das pessoas. Em grande parte das instituições midiáticas, o sistema capitalista é defendido, na mesma medida em que se critica as injustiças sociais, sem levar em conta que em sua forma mais comum, o capitalismo é um regime piramidal, em que poucos têm acesso a muitos bens, enquanto a maioria vive na completa alienação de bens materiais e culturais. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A televisão é uma caixa de incoerências. Por exemplo, nos mesmos canais onde se pode assistir ferozes críticas à violência, pode-se assistir uma programação recheada de atos violentos e desrespeitosos contra a pessoa. Na mesma emissora que, em dado momento, se assiste, por exemplo, uma defesa a causa da mulher, em outro momento, pode-se assistir programas em que a mulher é colocada em situações aviltantes. Uma mesma emissora que explicita protestos em favor da democracia, opta por não levar em conta que a privacidade pessoal é uma conquista democrática; no mesmo canal, o telespectador poderá testemunhar, em alguns programas, a invasão de privacidade de personalidades, e até mesmo de anônimos, na ânsia por mais um furo de reportagem, ou, simplesmente, por mais uma provocação “ao vivo” que garantirá a renovação do contrato de patrocínio ou a conquista de mais uma empresa incentivadora, que pleiteará a permanência do programa e de seus medíocres protagonistas e figurantes, que continuarão fazendo do programa um quadro onde o desrespeito à pessoa será patrocinado e até mesmo, aplaudido.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Qualquer sociedade que despreza a vivência respeitosa e compromissada de pessoas em prol de pessoas corre o sério risco de ampliar sua já caótica situação de sociedade impessoal. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já é possível perceber a ampliação do caos em nossa atual ambiência social. Sem muito esforço, pode-se claramente testemunhar o declínio do respeito, o desprezo à questão do outro, o enfraquecimento das relações familiares, a proliferação de homens ensimesmados, o aumento da exploração de empresas sobre o trabalhador -, sutilmente, ou mesmo, explicitamente, roubando seu tempo de descanso e de convivência familiar, além da já citada alienação, material e cultural. Podemos afirmar convictos, que a ampliação desse caos pode legitimar a desordem e os desmandos de práticas manipuladoras ou mesmo explicitamente tirânicas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se continuarmos ignorando o mal da sociedade impessoal, podemos, mesmo sem intentarmos, dar mais espaço para a reafirmação agressiva, usando os termos de Mounier, da “desordem estabelecida” -, além de uma abertura para uma nova e ainda mais agressiva “ordem imposta”.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Lailson Castanha </div>
<div style="text-align: justify;">
______</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Gravura: </b>Colosso (08 - 1812), de Goya </div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-59026016699510053162012-07-23T22:17:00.002-07:002015-04-10T07:38:31.069-07:00Clássicos básicos do personalismo<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkgbdie6q8xw9qdfxJfhZuwW7bc7TbBRLaqoNKPjV7BNwuiYlELzQGz29RrfhIt7N9bv27foHPOQlnh5cgr72WEYPmmfhQQ1RWFfyNF56e04B1oInajQ0WLzaHZsxGturF2mKTjXy_25fN/s1600/cuadernos.png" imageanchor="1" style="background-color: white; clear: left; display: inline !important; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkgbdie6q8xw9qdfxJfhZuwW7bc7TbBRLaqoNKPjV7BNwuiYlELzQGz29RrfhIt7N9bv27foHPOQlnh5cgr72WEYPmmfhQQ1RWFfyNF56e04B1oInajQ0WLzaHZsxGturF2mKTjXy_25fN/s1600/cuadernos.png" /></a><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Acreditando na importância da voz
personalista para auxiliar pessoas que procuram uma nova maneira de compreender
o mundo, que procuram aliados para a construção de uma mentalidade e práticas sociais
mais humanas, ou que buscam registros dessa mentalidade, e para àqueles,
acadêmicos ou não, engajados na valorização do homem integral e da possibilidade
de sua vivência, que estão à procura de inspiração para auxiliá-los nesse
engajamento, com alegria, apresentamos <span style="background-color: white;">– através do site do INSTITUTO EMMANUEL MOUNIER, a coleção -</span> Clássicos <span style="background-color: white;">básicos do personalismo</span>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="background-color: white;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">A fim de permitir que o internauta conheça os sentimentos do
pessoal do INSTITUTO EMMANUEL MOUNIER, transcrevemos para o leitor de língua portuguesa
as considerações explicitadas no site espanhol.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span style="background-color: white; line-height: 115%;"><b>CLÁSSICOS
DO PERSONALISMO</b></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span style="background-color: white; line-height: 115%;"><b>Clássicos
básicos do personalismo</b></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; line-height: 18px;"><br /></span></div>
<span style="line-height: 115%;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="background-color: white; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;">A coleção Clássicos básicos do
personalismo foi publicada pelo Instituto Emmanuel Mounier no princípio dos
anos noventa. Sua intenção era facilitar uma introdução sucinta a obra do</span><span class="textexposedshow" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; line-height: 115%;">s pensadores que nos inspiram
por aqueles então quase desconhecidos na Espanha.</span></span></div>
<span style="line-height: 115%;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"></span></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span style="background-color: white; line-height: 115%;">A coleção consta de 15 cadernos, dos quais se
editaram mil exemplares quase a preço de custo. Por muitos anos esses
publicações estão esgotadas.</span></span></span></div>
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">
</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="background-color: white; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Agora consideramos que é oportuno reeditarmos e oferecermos
gratuitamente a disposição de todo o mundo, através dos meios telemáticos que
hoje se nos oferecem. E isto por várias razões:<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="background-color: white; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">• Porque muitos amigos nos têm solicitado materiais
básicos de formação ao alcance de suas modestas economias.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="background-color: white; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">• Porque em muitos países da América Latina se da a
mesma penúria de materiais impressos que padecemos na Espanha em outro tempo,
ou, se for o caso, os custos são proibitivos para estudantes, agentes sociais,
ou simplesmente para pessoas simples que amam a cultura, porém, sofrem a
censura do preço.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="background-color: white; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">• Porque o pensamento destes escritores insignes,
frequentemente marginalizados pelas academias, injustamente desconhecidos, é
uma rica contribuição para uma humanidade melhor, pelo que merecem ser
conhecidos, sobretudo por aqueles para quem foi criado: aqueles que entendem
que a formação é indispensável para a implantação de uma personalidade
verdadeiramente humana.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="background-color: white; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">• Porque a cultura é tão indispensável como é o pão,
coisa que as vezes ignoram aqueles a quem os sobra o pão, porém que sabem muito
bem tantas pessoas, que a duras penas, conseguem o pão de cada dia.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="textexposedshow"><span style="background-color: white; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Por todo isso, nos comprazemos e nos enchemos de
orgulho de poder oferecer esta pequena biblioteca de humanidade.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; line-height: 27px;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span style="background-color: white; line-height: 115%;">Em destaque, os cadernos disponíveis, em
espanhol, no </span><span style="background-color: white; line-height: 115%;">site do INSTITUTO EMMANUEL
MOUNIER.</span></span><br />
<br />
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="textexposedshow"><span style="background-color: white; line-height: 27px;">Acesse o link com o nome do filósofo que você deseja baixar, ou o link abaixo, com a relação de todos os cadernos, e baixe os cadernos da coleção - </span></span><span style="background-color: white; line-height: 27px;">Clássicos básicos do personalismo</span><span class="textexposedshow">.</span></span><br />
<br /></div>
<span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 7.5pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<ol start="1" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Buber.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Martin
Buber</span></a> (Carlos Díaz)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Mounier1.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">E. Mounier I</span></a> (Carlos Díaz)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Mounier2.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">E. Mounier II</span></a> (Antonio Ruiz)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Marcel.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Gabriel
Marcel</span></a> (José Seco)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Manzana.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">José
Manzana</span></a> (Carlos Díaz)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Nedoncelle.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Maurice Nedoncelle</span></a> (José Luis Vázquez)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Maritain.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Jacques Maritain</span></a> (José Mª Jiménez Ruiz)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Ricoeur.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Paul
Ricoeur</span></a> (Agustín Domingo)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Zubiri.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Xavier
Zubiri</span></a> (Ildefonso Murillo)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Levinas.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Emmanuel
Levinas</span></a> (Margarita Díez)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/psicologiaHumanista.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Psicología humanista</span></a> (Jesús Rey Tato)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/TChardin.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Teilhard de Chardin</span></a> (Fernando Riaza)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Lacroix.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Jean
Lacroix</span></a> (Antonio Calvo)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/Scheler.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Max
Scheler</span></a> (José Mª Vegas)<o:p></o:p></span></li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 12pt; margin-bottom: 0pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><a href="http://www.mounier.es/cuadernos/tradicionLibertaria.pdf"><span style="color: black; text-decoration: none;">Tradición libertaria</span></a> (Félix García)<o:p></o:p></span></li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://www.mounier.es/index.php?option=com_content&view=article&id=129&Itemid=75">http://www.mounier.es/index.php?option=com_content&view=article&id=129&Itemid=75</a><br />
<br />
<br /></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-41490606254534494862012-05-29T00:43:00.002-07:002015-04-10T07:39:23.037-07:00Recolhimento em si e abertura ao outro: contribuição do Personalismo para a educação da pessoa.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsBJPe-eEcNbA13gX8ljqhjpMld66QlMLaQ8IPcHcDmoV-XG8Xdwl7cRLExjDpPELakCjTv34vp9NYC4Va_0F1KPy7U-NJugGsdwPu4xY-kMSZlrGm_7zJ91aJaN8zHaPsije1v-C6BFYC/s1600/Prof.+Dr.+Antonio+Joaquim+Severino.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsBJPe-eEcNbA13gX8ljqhjpMld66QlMLaQ8IPcHcDmoV-XG8Xdwl7cRLExjDpPELakCjTv34vp9NYC4Va_0F1KPy7U-NJugGsdwPu4xY-kMSZlrGm_7zJ91aJaN8zHaPsije1v-C6BFYC/s200/Prof.+Dr.+Antonio+Joaquim+Severino.bmp" height="200" rba="true" width="153" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Recolhimento em si e abertura ao outro: contribuição do Personalismo para a educação da pessoa.(1)</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Antonio Joaquim Severino*</span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Uninove / Feusp</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong> </strong></span><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Resumo</strong></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Após resgate do alcance da postura de Mounier como educador e da proposta personalista para a educação da pessoa comprometida com o destino da comunidade, buscar-se-á explicitar a dialeticidade da condição da existência pessoal como tensão permanente entre os movimentos de interiorização e de exteriorização, necessários à sua realização, mas que podem também levar à alienação, tiram-se as implicações dessa ambivalência para uma educação que esteja à altura do enfrentamento dos desafios do mundo contemporâneo, marcado fortemente pelo predomínio da exteriorização. Tem-se presente que o apelo utópico que se põe no horizonte para o pensamento emancipador é o de transformar os indivíduos naturais em pessoas e de transformar as sociedades reificadas em comunidades de cidadãos livres, capazes de tomar seu destino histórico nas próprias mãos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Introdução</strong></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"> </span><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Minha comunicação quer trazer tão somente algumas considerações sobre o alcance pedagógico do personalismo de Mounier, explicitando as implicações educacionais do seu pensamento. Para tanto, pretendo desenvolvê-la sob três perspectivas:</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Num primeiro momento, farei um breve resgate da história de vida de Emmanuel Mounier, como testemunha viva da primeira metade do século XX; </span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Num segundo momento, delinearei um igualmente sucinto desenho de sua formação perfil intelectuais bem como de sua tomada de posição frente aos acontecimentos históricos da época; </span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">E, ao final, darei um destaque para o seu pensamento filosófico, quanto a sua concepção da pessoa como tensão permanente entre a interioridade e a exterioridade, com suas implicações que esta relação tem para a educação.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Retomo anotações e reflexões que fiz por ocasião de meus estudos de mestrado e doutorado realizados ambos sobre o pensamento de Mounier, que se encontram de forma mais desenvolvida no livro “A antropologia personalista de Emmanuel Mounier” (Saraiva, 1974) ou então “Pessoa e existência: iniciação ao Personalismo de Emmanuel Mounier” (Cortez, 1983) bem como alguns outros textos que já elaborara sobre seu pensamento</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Quem foi Mounier? Uma breve apresentação.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Nascido em Grenoble, em 1905, Mounier morreu em 1950, com apenas 45 anos de idade, tendo sido uma atenta testemunha da civilização dessa primeira metade do século XX. Desde muito jovem se deu conta da precária condição da civilização ocidental e da necessidade de sua transformação radical. Daí o seu mote emblemático: refazer a renascença. Discípulo de Bergson, entendia que a humanidade havia crescido no corpo mas continuava pequena na alma...</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Participou intensamente da história de sua época, a partir de sua sociedade local, mas sempre com uma perspectiva universal. E essa participação expressava o seu perfil existencial, feito de tensão entre o recolhimento em si e a abertura ao outro...</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Foi criado no seio de uma família católica, que lhe assegurou uma infância feliz.Seu extremado respeito pela família o fez acatar a sugestão de seguir a carreira da medicina, tendo se inscrito na Faculdade de Ciências, embora se sentisse atraído pelas Letras. Logo se deu conta que tomara um caminho errado e decidiu mudar de rumo, no que contou com o apoio da família. O pai o apresentou então a Jacques Chevalier, professor de Filosofia em Grenoble. Foi então estudar Filosofia ao mesmo tempo em que se engajava no apostolado leigo, trabalhando no esclarecimento dos jovens sobre a Ação Francesa. Conheceu Mons. Guerry, depois bispo de Cambrai, que era muito envolvido com a pastoral da probreza. Terminados os estudos em Grenoble, foi para Paris, prestando concurso para o doutorado na Sorbonne, tendo sido classificado em 2º. lugar, depois de Raymond Aron. Recomendado por Chevalier, estabeleceu contato com Jean Guitton e Jacques Maritain, bem como com o Pe. Pouget, uma lazarista místico, que muito vai influenciar Mounier. Muito aprecia o pensamento de Péguy, através do qual se aproxima também de Bergson. Inicia-se no magistério ensinando Filosofia em liceus. Acaba abandonando a carreira universitária bem como a tendência ao pensamento místico. Com vários companheiros, funda a revista Esprit, como porta-voz do movimento, de mesmo nome, que vai articulando. Movimento de jovens intelectuais a reclamar um novo alento de vida sobre a civilização ocidental. Mas as tomadas de posição sobre a realidade social acabam afastando alguns apoios, como do próprio Chevalier, de Mauriac, que lhe tece severas críticas, apesar de continuar contando com o apoio de Maritain. Enfrenta ressalvas por parte da própria hierarquia eclesiástica. A acusação é de modernismo e de comunismo. Na expressão do próprio Mounier, era um tríplice sentimento a mover aqueles jovens intelectuais, na maioria cristãos: a falta de um espaço para um pensamento crítico e inovador; o sofrimento de ver o cristianismo comprometido com a desordem estabelecida; a percepção sob a crise econômica, de uma crise total de civilização (Cf. IV, p. 477). </span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">A tentativa de criar um braço político do movimento, através da Troisième Force não dá certo, provocando uma dissidência interna e uma ruptura, Mounier se afasta do ativismo do novo movimento, preocupado em não abrir mão dos princípios de seu humanismo. A Europa em crise com a ascenção do fascismo, com a Guerra da Espanha, com a Guerra Munidal, com a crise econômica resultante da falência do capitalismo em 1929.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Em setembro de 1939, com a eclosão da guerra, Mounier é mobilizado, sendo feito prisioneiro pelos alemães, sendo liberado e desmobilizado em seguida. Muda para Lion, a família passando por dificuldades materiais. A revista é censurada e interditada em 1941. Em 1942 é novamente preso acusado de pertencer ao movimento Combat, movimento de resistência à invasão alemã. Acaba submetido a um internamento administrativo e novamente preso até o julgamento final do movimento Combat.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Após o fim da guerra, volta a Paris, relançando a revista e dando continuidade a sua atuação organizativa e intelectual, sobretudo publicando seus trabalhos, escritos avulsamente até então. Saúde abalado, acabou vítima de um colapso cardíaco em março de 1950.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Mounier: formação intelectual e posicionamento frente ao momento histórico em que viveu.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Fundamentalmente um educador no sentido pleno da palavra. Um educador político.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O educador é aquele que atua no presente, aproveitando a experiência passada, para projetar um futuro melhor. Por isso, é alguém que sabe avaliar a insuficiência do presente, exercendo uma avaliação crítica do mesmo e comprometendo-se com sua transformação. É sempre alguém insatisfeito com a realidade do seu momento e compromissado com a busca de um novo estágio.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Sempre tensionado entre suas duas vocações, busca de uma vida em equilíbrio entre dois polos: entre a imanência e a transcendência. Um cristão místico, homem de fé e de interioridade, ao mesmo tempo que um político engajado na busca da mudança. Um homem de ação prática que não dispensa a exploração do pensamento teórico. Um profeta que pleiteia por um futuro diferente mas que atua no presente, aprendendo com o passado. Eis o retrato de Mounier, um autêntico educador político.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Mounier professava uma grande indignação e inconformismo frente à realidade histórico-social da primeira metade do século XX e tinha uma particular sensibilidade à violação histórica da dignidade do ser humano. Essa sensibilidade tinha algo de inapreensível ao olhar analítico, algo muito profundo na sua personalidade, mas sobre esse lastro desdobram-se outras fontes: a seriedade em se equipar com os recursos do conhecimento crítico, o compromisso em se servir bem desse precioso instrumento, a solidariedade com os oprimidos, os exemplos de outras personalidades igualmente compromissadas com a transformação da realidade. Mounier fala muito da consciência que tomou, já de muito jovem, da insuficiência da civilização contemporânea, da necessidade consequente de se refazer o renascimento, criar uma nova civilização. Paradoxalmente, até a vivência pessoal da fé cristã foi para ele uma fonte de exigência para a superação da desordem estabelecida que ele considerava ser a verdadeira configuração do mundo contemporâneo.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Nesta linha, a filosofia personalista tem um diferencial no sentido de que “apela” para o engajamento. Ela engaja um engajamento. Para ela, o filósofo tem que ser simultaneamente profeta e pedagogo, respondendo pela denúncia, pelo anúncio e pelo encaminhamento de propostas de ação histórica. Não endossa o silêncio dos intelectuais, seja ela o silêncio da omissão ou não. Cobra necessária militância intelectual, não só pela análise fria e neutra, mas também pela crítica e pela proposta. Dos intelectuais se espera um necessário compromisso político, não necessáriamente partidário, e que tenha discernimento competente e combatente.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Ao conceber a pessoa como essa permanência aberta, Mounier decodifica bem a condição do homem, sujeito responsável pela construção da história, como garantindo uma medida comum e universal que une todos os homens ao mesmo tempo que reconhece sua encarnação empírica. As estruturas mediante as quais o Personalismo descreve o universo pessoal abrangem simultaneamente o absoluto de sua transcendentalidade tanto quando o relativo da imanência instaurada por sua encarnação no mundo material</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Todo o pensamento de Mounier articula-se em torno dessa intuição básica, de natureza antropológica, qual seja, a da apreensão da pessoa humana, que se realiza como uma unidade dialética de imanência e de transcendência. Essa condição existencial, além de configurar a especificidade da pessoa, atribui-lhe uma eminente dignidade. Com efeito, se, de um lado, a unidade da pessoa é a referência ontológica para a devida compreensão de seu ser, a dignidade da pessoa humana é o ponto nuclear de sua axiologia, ou seja, a referência maior de todos os valores, a fonte referencial de todos eles. Daí, todo o agir histórico dos homens, na sua tentativa de construção da história, bem como seu agir pessoal, têm sempre um parâmetro muito sólido, em que pesem todas as dificuldades decorrentes da própria condição de ambivalência da nossa existência encarnada.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Mounier se sensibilizara profundamente à miséria humana, ficando inconformado com a condição de opressão e exploração, em que tantas pessoas, mundo a fora, tinham de sobreviver. Não sem razão, insistia em reiterar que o marxismo representava “nosso batismo de fogo” . Seu inconformismo brotara de uma particular sensibilidade que tinha à violação histórica da dignidade do ser humano.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">A dignidade da pessoa é o critério para a leitura avaliativa das ações mediante as quais se constrói a história real. Não é um ideal ontologizado, mas um conjunto de julgamentos históricos e práticos. Isso implica, sim, uma crítica radical à situação política vigente, comprometida que está integralmente apenas com o ter, sem nenhuma preocupação com o ser. O ser humano foi reduzido a mera mercadoria ou, na melhor das hipóteses, em seu produtor técnico e em seu consumidor voraz. Como filosofia crítica da realidade histórico-social ao mesmo tempo que um pensamento engajado na práxis transformadora, é claro que o personalismo tem tudo para subsidiar a superação dessa desumanizante situação política do mundo atual, contribuindo particularmente para a teoria e a prática de uma educação que seja mediadora da emancipação.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Toda a finalidade da filosofia é chamar o homem para esta experiência global de sua qualidade de existente, condição de intensidade e de responsabilidade interiores. Não uma nova manobra subjetivista para lançar o homem num novo joguinho subjetivo, mas a experiência vital de sua situação em confronto com todo o universo.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Bem se nota a integração constante no pensamento de Mounier da tríplice exigência de vivência, de ciência e de ação. 0 plano do conhecimento deve ser incessantemente integrado numa vivência experiencial do objeto - que não é, então, mero gegenstand - para poder ser eficaz. jamais o conhecimento que interessa o homem poderá deixar de apelar para a co-naturalidade com o objeto, para a experiência pessoal, para a experiência existencial, e jamais tudo isso poderá deixar de ser fonte energética da ação.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Como o caráter nada mais é, para Mounier, do que a própria pessoa (Ricoeur, 1950. p. 881), "o objeto mesmo do conhecimento do caráter exclui o conhecimento do tipo positivo sem excluir com isso o conhecimento" (1946t. II, p. 70). A caracteriologia é a ciência intermediária entre a experiência do mistério e a elucidação racional de que dependem as manifestações do mistério (1946t. II, p. 70). Só o engajamento pessoal na aventura total do homem, dar-lhe-á o acesso ao mistério da existência da pessoa (1946t. II, p. 70). </span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Contudo estas considerações não devem levar à conclusão de que para Mounier nenhum conhecimento seja possível, que a inteligência humana seja incapaz de lançar alguma luz sobre as misteriosas profundezas da existência que lhe serve de base: porque a pessoa não deve ser lançada no indizível (1949. III, p. 431).</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">A questão da metodologia filosófica em geral e da epistemologia em particular pode ser extremamente importante para o estudioso do Personalismo. Com efeito, sua compreensão e avaliação far-se-ão em grande parte, em função desta metodologia. Contudo, não era este o ponto de vista de Mounier, o que, a muitos críticos, parece imperdoável. Curioso é observar que uma preocupação explícita a respeito deste problema só aparece nos escritos dos tempos em que ainda estudava. Abandonada a carreira universitária e fundado o movimento "Esprit", Mounier parte para o grande empreendimento de reconstruir a civilização e de instituir uma antropologia que fundasse tal projeto, sem se indagar sobre o problema da validade de sua atitude filosófica, essencialmente fenomenológica. Aliás, fazendo sua a posição existencialista dos anos 30, põe em dúvida o próprio sentido do problema. 0 filosofar, então, não é tido como um conhecer mas como um despertar para a existência autêntica. 0 que realmente importa é apreender a densidade da própria existência pessoal.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Assim sendo, Mounier não se preocupa em esclarecer seu leitor a respeito do sentido desta perspectiva epistemológica. Ao crítico, responderá que se trata de "ser sensível" à pessoa, que nenhum instrumento lógico irá revelá-la a ninguém. É por causa desta atitude fenomenológica, que não se explicita em termos de definição gnoseológica, que uma obra como Le personnalisme, em que sintetiza sua antropologia de um ponto de vista metafísico, desnorteia o filósofo e o Traité du caractère, em que aborda a pessoa de um ponto de vista de contraposiçâo à psicologia, desnorteia o cientista.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">A ele se recrimina, por causa disso, a ausência do rigor filosófico. Mas talvez Mounier respondesse que esta omissão é intencional e adotada justamente por causa do verdadeiro rigor filosófico (1946i. III, p. 146).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Recolhimento e ruptura</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O aspecto teórico do pensamento de Mounier que me propus destacar, neste terceiro passo da comunicação é o da tensão permanente entre a interioridade e a exterioridade que marca a existência da pessoa. Nosso existir pessoal não se dá numa situação fixa, mas sempre num equilíbrio instável de forças que simultaneamente nos impelem para dentro e para fora de nós mesmos. Somos permanentemente apelados para uma volta pra nossa interioridade ao mesmo tempo que impelidos a sair de nós mesmos em busca do que está fora de nós, para a exterioridade.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Esta é uma das marcas mais fortes do esforço de pensamento de Mounier e, emblematicamente, a expressão de sua própria vida pessoal, de sua história de vida, atravessada por contradições que decorrem dessa tensão. Exemplo bem concreto foi o conflito vivido no contexto do embate entre o movimento Esprit e o Troisieme Force, bem como a opção entre a carreira acadêmica e a militância social.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Mas mais que isso é a própria estruturação de seu pensamento que se impregna dessa dialética. Ao descrever a estrutura do universo pessoal, Mounier recorre sempre a essa bipolarização conceitual para dar melhor conta do ser da pessoa. Muitos veem aí o dualismo da metafísica tradicional, mas não é essa a perspectiva mounierista. Pois o que tem em vista é a unidade complexa da pessoa. Daí insistir na condição da pessoa como simultânea e integralmente imergente e emergente em relação à natureza pré-humana e à sociedade, dada a modalidade corporal e social de seu existir, a inserção no cosmos, na história vital e no contexto social. A pessoa não tem corpo, ela é um corpo em plena comunhão com o mundo da matéria e da vida. Mas, ao mesmo tempo, sua condição se marca, se especifica e se diferencia, por emergir dessa condição encarnada, transcendendo-a sem se separar dela, na medida em que lhe atribui uma intencionalidade de significação. Ela não vive essa imersão de forma puramente mecânica, mas intencional.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">É por isso que insiste no modo de se realizar de nossa liberdade: ela é, legitima e simultaneamente, uma liberdade condicionada, encarnada, situação que revela, ao mesmo tempo e com igual valor, que nosso agir é, por uma face, livre, como expansão de nossas decisões, mas também condicionado, sob determinação objetiva por fatores externos que escapam ao nosso controle. Mas não há comprometimento da liberdade pela necessidade. A liberdade humana não é mesmo absoluta, arbitrária, onitpotente, pois ela é a liberdade de um ser encarnado.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Essa encarnação não é uma queda, como se lamenta a tradição platônica e nem uma violação da autonomia do nosso espírito. Ela é o nosso modo autêntico e integral de ser.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Mounier sempre retoma a metáfora do movimento de interiorização/exteriorização para fazer a descrição fenomenológica de nossa existência. Assim, afirma que “a existência pessoal é sempre disputada entre um movimento de exteriorização e um movimento de interiorização que lhe são essenciais e que podem paralisá-la ou dissipá-la” (Le personnnalisme, III, p. 468). Nessa dialeticidade, o equilíbrio tensional corre sempre o risco de se romper, podendo levar tanto para um polo como para o outro; a uma objetivação, quando o ser pessoal se exterioriza totalmente, se objetivando e se alienando num outro de si mesmo, perdendo-se, reduzindo-se a uma coisa. Ocorre então uma forma radical de alienação.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Mas não é menor o risco da alienação ocorrer pelo fechamento do ser pessoal na sua própria interioridade. Ao querer livrar-se do emprisionamento das coisas do mundo objetivo, a pessoa pode tornar-se presa da interioridade egocêntrica, subjetiva, pode ser arrastada para o teatro sofisticado de Narciso, na expressão do próprio Mounier, insistindo que é preciso “sair da interioridade para entreter a interioridade” (III, 469). </span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Vem daí o ímpeto do homem para interagir com a natureza e com os seus semelhantes. O trabalho e a interação social não expressam apenas a necessidade da produção, mas também a força de ruptura e superação do egocentrismo, pelo que se transformam também em fatores de cultura e de espiritualidade. Como arremata Mounier, afirmando incisivamente, “sem a vida exterior, a vida interior enlouquece; sem a vida interior, a vida exterior, delira” ( III, 469).</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Em síntese, o homem pode viver à maneira de uma coisa, mas como ele não é uma coista, uma tal vida aparece-lhe sob o aspecto de demissão ( III, 462). Pode viver no divertimento, no estado estético, na vida inautêntica, na alienação ou na má-fé, mas então vive fora de si mesmo, confundido com o tumulto exterior, como coisa entre coisas, totalmente objetivado, coisificado, em pura e total vulgaridade. É nesse contexto, com base nessa exigência de mútua implicação nesse movimento de mão dupla, que Mounier discute a relação dialética entre o ser e o ter, destacando o risco de a pessoa ser dominada pelo objeto possuído.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">E é igualmente sob essa perspectiva que aborda o tema da comunicação, como abertura para o outro; ele a considera como o fato primitivo, originário, constitutivo do modo de ser humano, sua experiência fundamental. O tu, e nele o nós, precede o eu. Trata-se de experiência tão profunda que quando o alter se torna alienus, a pessoa se perde e se aliena totalmente. Eis também porque, no conjunto de sua proposta de transformação da sociedade contemporânea, Mounier fala sempre de uma revolução personalista e comunitária.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Conclusão</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Sob essas premissas sinteticamente apresentadas, já é possível vislumbrar a relevância que o personalismo atribui à educação para a reconstrução da civilização humana. Pois só se poderá fundar a comunidade sobre pessoas solidamente constituídas, o amadurecimento da comunidade é vinculado ao desabrochar das pessoas. A educação é fundamentalmente o aprendizado da comunidade, onde a aprendizagem do eu se faz simultaneamente com a aprendizagem do tu.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Sem dúvida, a comunidade pessoal perfeita é, historicamente, uma imagem limite, um horizonte, que se deve manter em vista. É inalcançável devido à própria contingência do existir, preço da encarnação. As nossas serão sempre comunidades imperfeitas. Mas eis aí uma utopia fecunda para o combate tanto ao individualismo egosita como contra o coletivismo impessoal. E a educação, basicamente, é mediação concreta para a instauração da solidariedade, malha que se tece quando o outro é reconhecido como parceiro do eu. (Cf. SEVERINO, 2001).</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Na condição de prática especificamente voltada para os sujeitos humanos em construção, desenvolvendo uma ação de intervenção nesses sujeitos, o seu compromisso fundamental é com o respeito radical à dignidade humana desses sujeitos. Com efeito, a legitimidade da educação pressupõe necessariamente sua eticidade. Esse compromisso ético da educação, que se estende ao exercício profissional dos educadores, por assim dizer, se acirra nas coordenadas historico-sociais em que nos encontramos. Isto porque as forças de dominação, de degradação, de opressão e de alienação, se consolidaram nas estruturas sociais, econômicas e culturais. As condições de trabalho são ainda muito degradantes, as relações de poder muito opressivas e a vivência cultural precária e alienante. A distribuição dos bens naturais, dos bens políticos e dos bens simbólicos, muito desigual. Em outras palavras, as condições atuais de existência da humanidade, traduzidas pela efetivação de suas mediações objetivas, são extremamente injustas e desumanizadoras. </span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Assim, é também por exigência ética que a atividade profissional dos educadores deve se conceber e se realizar como investimento intencional sistematizado na consolidação das forças construtivas das mediações existenciais dos homens. É isto que lhe dá, aliás, a sua qualificação ética. O investimento na formação e na atuação profissional do educador não pode, pois, reduzir-se a uma suposta qualificação puramente técnica. Ela precisa ser também política, isto é, expressar sensibilidade às condições histórico-sociais da existência dos sujeitos envolvidos na educação. E é sendo política que a atividade profissional se tornará intrinsecamente ética.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O que se pode perceber então é que aquilo de melhor que é pensado e realizado, hoje, na esfera educacional, impregna-se essencialmente da inspiração madura, crítica e construtiva do pensamento personalista que propõe e consolida um projeto humanista de transformação qualitativa de toda nossa realidade individual e social.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Na condição de prática especificamente voltada para os sujeitos humanos em construção, desenvolvendo uma ação de intervenção nesses sujeitos, o seu compromisso fundamental é com o respeito radical à dignidade humana desses sujeitos. Com efeito, a legitimidade da educação pressupõe necessariamente sua eticidade. Esse compromisso ético da educação, que se estende ao exercício profissional dos educadores, por assim dizer, se acirra nas coordenadas historico-sociais em que nos encontramos. Isto porque as forças de dominação, de degradação, de opressão e de alienação, se consolidaram nas estruturas sociais, econômicas e culturais. As condições de trabalho são ainda muito degradantes, as relações de poder muito opressivas e a vivência cultural precária e alienante. A distribuição dos bens naturais, dos bens políticos e dos bens simbólicos, muito desigual. Em outras palavras, as condições atuais de existência da humanidade, traduzidas pela efetivação de suas mediações objetivas, são extremamente injustas e desumanizadoras. </span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Assim, é também por exigência ética que a atividade profissional dos educadores deve se conceber e se realizar como investimento intencional sistematizado na consolidação das forças construtivas das mediações existenciais dos homens. É isto que lhe dá, aliás, a sua qualificação ética. O investimento na formação e na atuação profissional do educador não pode, pois, reduzir-se a uma suposta qualificação puramente técnica. Ela precisa ser também política, isto é, expressar sensibilidade às condições histórico-sociais da existência dos sujeitos envolvidos na educação. E é sendo política que a atividade profissional se tornará intrinsecamente ética.</span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O que se pode perceber então é que aquilo de melhor que é pensado e realizado, hoje, na esfera educacional, retoma essencialmente a inspiração madura, crítica e construtiva do pensamento personalista que propõe e consolida um projeto humanista de transformação qualitativa de toda nossa realidade individual e social.</span><br />
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">*Antonio Joaquim Severino</span><br />
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Professor titular, aposentado, de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da USP, ora atuando como docente colaborador. Licenciou-se em Filosofia na Universidade Católica de Louvain, Bélgica, em 1964. Na PUCSP, apresentou seu doutorado, defendendo tese sobre o personalismo de Emmamuel Mounier, em 1972. Prestou concurso de Livre Docência em Filosofia da Educação, na Universidade de São Paulo, em 2000. Em 2003, prestou concurso de titularidade. Atualmente integra o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uninove, Universidade Nove de Julho, de São Paulo. Dentre suas publicações, destacam-se Metodologia do trabalho científico (Cortez, 1975; 21. ed. 2000); Educação, ideologia e contra-ideologia. (EPU, 1986); Métodos de estudo para o 2o. Grau (Cortez, 1987; 5. ed. 1996); A filosofia no Brasil (ANPOF, 1990); Filosofia (Cortez, 1992; 5. ed. 1999); Filosofia da Educação (FTD, 1995; 2. ed. 1998); A filosofia contemporânea no Brasil: conhecimento, política e educação (Vozes, 1999), Educação, sujeito e história (Olho d´Água, 2002) e vários artigos sobre temas de filosofia da educação. Seus estudos e pesquisas atuais situam-se no âmbito da filosofia e da filosofia da educação, com destaque para as questões relacionadas com a epistemologia da educação e para as temáticas concernentes à educação brasileira e ao pensamento filosófico e sua expressão na cultura brasileira.</span><br />
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">______</span><br />
<br />
(1) Roteiro da fala do Prof. Dr Antonio Joaquim Severino por ocasião do Seminário Mounier e Ricoeur no dia 7 de maio de 2012 no Centro Universitário Salesiano de São Paulo – Unisal Lorena/SP.<br />
<strong><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Referências bibliográficas.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">MOUNIER, Emmanuel. Oeuvres. 4 vols. Paris, Seuil, 1962.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">SEVERINO, Antonio J. A antropologia personalista de Emmanuel Mounier. São Paulo: Saraiva, 1974</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">SEVERINO, Antonio J. Pessoa e existência: iniciação ao personalismo de Emmanuel Mounier. São Paulo: Cortez, 1983.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">SEVERINO, Antonio J. A contribuição do pensamento de Mounier à reflexão antropológica contemporânea. Rev. Fil. Bras. Rio, UFRJ. 5(1): 25-30. jun. 1992.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">SEVERINO, Antonio J. Humanismo, personalismo e os desafios sociais da educação contemporânea. Revista Educação Pública. Cuiabá. v. 18. no. 35. jan./abr. 2009. p. 155-163.</span><br />
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong> </strong></span><br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Foto:</strong> Prof. Dr Antonio Joaquim Severino, exposta na Revista Eletrônica Perspectivas em Educação, Edição nº 1 - ano 1 - Setembro/Outubro/Novembro/Dezembro 2007, do Curso de Pedagogia da FMC. </span><a href="http://www.unicaieiras.com.br/revista1/entrevistas.htm"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><http: entrevistas.htm="" font="" revista1="" www.unicaieiras.com.br=""></http:></span></a><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><a href="http://www.unicaieiras.com.br/revista1/entrevistas.htm"><http: a="" entrevistas.htm="" revista1="" www.unicaieiras.com.br="">http://www.unicaieiras.com.br/revista1/entrevistas.htm</http:></a>. acesso em 29 de maio de 2012 às 05:18Hs.</span></div>
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-65830877772931572512012-05-06T11:29:00.001-07:002015-04-10T07:41:02.803-07:00Seminário Mounier e Ricoeur<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYX8X7WQT20XxJZpPsPA_jaG7zBGu8kDZpp9o0gFjR4IOgjV0m-PAGiaGNfJu0GX3oikElgsCFlee_pJlGPqPLm9hhLIqqACfAtWtCx8zSO0lGbYAZruUZXpn0azeGi8YCPNjtxSBtZVTu/s1600/foto_unisal.png" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYX8X7WQT20XxJZpPsPA_jaG7zBGu8kDZpp9o0gFjR4IOgjV0m-PAGiaGNfJu0GX3oikElgsCFlee_pJlGPqPLm9hhLIqqACfAtWtCx8zSO0lGbYAZruUZXpn0azeGi8YCPNjtxSBtZVTu/s320/foto_unisal.png" height="214" mea="true" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
Seminário Mounier e Ricoeur <br />
<div align="justify">
<br /></div>
Pessoa, comunidade e a nossa condição terrestre em instituições justas na obra de E. Mounier e de P. Ricoeur.</div>
<div align="justify">
<br /></div>
<div align="justify">
<span style="background-color: white; color: blue;">DATA:</span> <span style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: blue; font: medium Times, "Times New Roman", serif; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">7</span><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #0f2607; display: inline !important; float: none; font: medium Times, "Times New Roman", serif; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span class="Apple-converted-space"> </span>de maio de 2012</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="color: blue;">LOCAL:</span> Centro Universitário Salesiano de São Paulo – Unisal Lorena/SP.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="color: blue;">ORGANIZAÇÃO:</span> Rede E. Mounier e P. Ricoeur do Brasil, Curso de Filosofia e Mestrado em Direito (reconhecido pela CAPES) do UNISAL.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">COMISSÃO ORGANIZADORA: Prof. Dr. Alino Lorenzon (Uerj) , Prof. Ms. Daniel da Costa (Professor – Unisal), Prof. Dr. Lino Rampazzo (Coord. do curso de Filosofia – Faculdade Canção Nova) , Prof. Ms. Mário José Dias (Coord. do curso de Filosofia – Unisal), Profª. Drª. Grasiele Augusta Ferreira Nascimento (Coord. do Mestrado em Direito – Unisal), Esp. Roberta Werneck Magalhães dos Santos (Encarregada dos Projetos e Eventos – Unisal).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Mais informações:</strong> Prof. Ms. Mário José Dias, Coordenador do Curso de Filosofia – Unisal Lorena. E-mail: <a href="mailto:curso.filosofia@lo.unisal.br">curso.filosofia@lo.unisal.br</a> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #0f2607; display: inline !important; float: none; font: medium Times, "Times New Roman", serif; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">Tel.: (0xx12-3159.2033)</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: red; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Programação</strong></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">08h00: Inscrições e entrega do material</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">08h15: Abertura D. Benedito Beni dos Santos (Bispo da Diocese de Lorena)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Coordenador dos Trabalhos da manhã:</strong> Prof. Ms. Mário José Dias</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">08h30: <u>Mesa-Redonda</u> – <strong>O personalismo como condição e fundamento da vida</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Dr. Alino Lorenzon (UERJ): <strong>Pessoa, comunidade e a nossa condição terrestre em instituições justas.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Ms. Daniel da Costa (UNISAL): <strong>Descartes na formação do pensamento de E. Mounier.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof . Dr. Paulo Cesar da Silva (UNISAL): <strong>A ação ética e a realização pessoal e social na obra O Personalismo de Mounier.</strong></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">10h00: <strong>Intervalo</strong> – <strong>Lançamento da edição brasileira</strong> do livro de Guy COQ – Mounier – O engajamento político pela Editora Ideias & Letras.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">10h30: <u>Mesa-Redonda</u> – <strong>A educação na perspectiva personalista.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Dr. Antônio Joaquim Severino (USP): <strong>Recolhimento em si e abertura ao outro: contribuições do personalismo o para a educação da pessoa.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Dr. Ricardo Almeida de Paula (UCB): <strong>Crise da pessoa e crise da educação: um estudo do personalismo de Emmanuel Mounier.</strong> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Ms. Jefferson da Silva (UNISAL): <strong>A simbólica faz pensar: no pensamento de Paul Ricoeur.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">12h00: <u>Intervalo para almoço</u></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Coordenador dos trabalhos da tarde:</strong> Prof. Dr. Lino Rampazzo</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">13h30: <u>Mesa-Redonda</u> – <strong>O personalismo e seus desdobramentos na contemporaneidade.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Drª. Francisca Eleodora Santos Severino (UNIABC): <strong>A condição feminina e a condição materna da mulher. </strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Ms. Március Tadeu Nahur (UNISAL): <strong>Ética ecológica e responsabilidade em Jonas e Ricoeur: caminho para uma ação ambiental mobilizadora. </strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">15h00: <u>Intervalo</u></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">15h30: <u>Mesa-Redonda</u> – <strong>As Instituições Justas na perspectiva personalista.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Dr. José Marcos Miné Vanzella (UNISAL): <strong>A distinção do justo e do bom e a questão das instituições no pensamento de Paul Ricoeur.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Ms. Roberto Roque Lauxen (UPF): <strong>Instituições justas e instituições injustas nos planos nacional e internacional.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">16h30: <u>Encerramento</u> – <strong>Impressões finais sobre o encontro (Prof. Dr. Alino Lorezon, Prof. Drª. Grasiele Nascimento, Prof. Dr. Lino Rampazzo e Prof. Ms. Mário José Dias)</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: blue; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Uma breve apresentação dos filósofos</strong></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Emmanuel Mounier (1905-1950)</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Um estilo diferente de filosofar e um cristão comprometido com mundo mais justo. O estilo do filosofar de Mounier é muito original, porquanto sua reflexão se nutre do Acontecimento no sentido amplo da palavra e se engaja no testemunho da ação. Sua filosofia centrada na pessoa humana constitui uma negação do individualismo,“inimigo número um do espírito comunitário”, bem como do capitalismo dominado pelo reino do dinheiro e do totalitarismo que nega a liberdade e a pessoa. Para tanto, será preciso lutar pelo despertar da pessoa e pelo despertar comunitário. “A pessoa só se afirma na comunidade” Dessa forma, a pessoa não é um meio-termo entre o indivíduo e a sociedade. Ademais, não podemos fazer um discurso geral e vago sobre a pessoa humana. “Nós fizemos uma escolha. Em nossa investigação, não queremos apenas tratar do homem, mas combater pelo homem”. Por isso, temos que ver na pessoa uma situação concreta, contraditória e historicamente situada e constitutivamente comunitária. Ora, o despertar da consciência de pertença à comunidade se impõe, hoje mais do que nunca, como uma necessidade e como uma urgência inadiáveis em vista da própria sobrevivência do ser humano e da escassez dos recursos do planeta. Desiludido com o estilo de ensino da filosofia da Sorbonne de Paris, que soberanamente desconhecia os problemas e dramas humanos, Mounier faz a opção de seguir o caminho difícil fora da universidade. Então, com um grupo de jovens de sua época, lança um movimento e a revista Esprit. Esta continua sendo ainda hoje uma das mais importantes (se não a mais importante) da França e da Europa. Mounier, como cristão, teve uma excelente formação bíblica dada pelo Padre Pouget, um lazarista de uma sólida cultura. Formação continuada pelos intercâmbios com os grandes teólogos franceses do seu tempo, pioneiros do Vaticano ll. G.Coq ressalta os méritos do cristianismo de Mounier, por ter sido capaz de “articular o engajamento social, político e cristão sem subestimar os riscos espirituais do engajamento temporal”.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">NB – Para o leitor que deseja ler alguma obra de ou sobre Mounier, poderá consultar o site: www.estantevirtual.com.br e encontrará textos importantes a preços módicos. Vale a pena ler a excelente obra de Guy COQ, intitulada Mounier – O engajamento político da Editora Ideias&Letras a ser lançada neste seminário.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Paul Ricoeur (1913 - 2005)</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Foi um dos grandes e dos mais fecundos filósofos e pensadores franceses do período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Feito prisioneiro, esteve internado em vários campos da Alemanha até 1945. Após a Liberação, Ricoeur ensina filosofia na Universidade de Estrasburgo e em seguida na Universidade de Nanterre não região parisiense. Simultaneamente dirige o Centro de Pesquisas Fenomenológicas e Hermenêuticas do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Paralelamente a essas funções, Ricoeur ensinava filosofia na Universidade de Chicago nos EUA de 1972 até a sua aposentadoria em 1983. Participa dos grandes debates do momento sobre linguística, psicanálise, estruturalismo e hermenêutica, com um interesse particular pelos textos sagrados do cristianismo. Segundo sua própria afirmação, Ricoeur foi desde o início influenciado pelos filósofos Gabriel Marcel, Emmanuel Mounier e Edmund Husserl. Falando da influência recebida de Mounier e de Esprit antes da Segunda Guerra, Ricoeur afirma que a conjunção entre pessoa e comunidade representava um grande avanço inédito.Ademais, aprendia com Mounier a necessidade de articular as convições espirituais com as tomadas de posição políticas que até este momento era apenas justapostas aos meus estudos universitários e aos meus engajamentos nos movimentos da juventude protestante. Um pensador de uma grande fecundidade no campo da filosofia. Os temas abordados são os mais variados, mantendo no entanto uma articulação lógica e literária notável. Descendo por exemplo em profundidade no interior da existência humana, Ricoeur vê que o homem concreto é vontade falível e, portanto, capaz de mal. A antropoloqia de Ricoeur delineia um homem frágil, sempre sobre o abismo entre o bem e o mal. A problemática da simbólica do mal leva Ricoeur ao tema da linguagem, projeto que encontra seus inícios com um escrito sobre Freud: Da interpretação. De certa forma, o trabalho filosófico de Ricoeur se apresenta como uma teoria da pessoa humana, porque esta continua sendo “o melhor candidato para sustentar as batalhas jurídicas, políticas,econômicas e sociais”. No campo da justiça e da ética, Ricoeur elabora uma teoria original, formulada na seguinte asserção: “Chamamos “perspectiva ética”, a perspectiva da “vida boa” com e para o outro em instituições justas”. A produção filosófica de Ricoeur é muito extensa. Uma boa parte de suas obras está em português.Neste site: www. estantevirtual.com.br é possível encontrar muitas de suas obras a preços módicos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Dr. Alino Lorezon</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: red; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Resumos</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><u>Coordenador das mesas:</u> Prof. Ms. Mário José Dias</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><u>Mesa-Redonda:</u> <strong>O personalismo como condição e fundamento da vida</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Pessoa, comunidade e a nossa condição terrestre em instituições justas.</strong></span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Alino Lorenzon (UERJ)1 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Na história da humanidade sempre houve crises e exigências de mudanças profundas. No entanto, nós hoje uma profunda crise de civilização e de valores morais, como diria Mounier. De um lado há um individualismo alimentado pela ganância e pelo consumismo exagerado, exaurindo os escassos e limitados recursos do planeta e, de outro, as desigualdades sociais e a violência sob múltiplas formas. A Carta da Terra redigida na Conferência Mundial da RIO-92 começa com o seguinte lema: “Nós pertencemos a uma única família humana e a uma única comunidade terrena com um destino comum”. Por isso, a temática da pessoa, da comunidade, da ecologia e das instituições constituem um sério desafio para o pensador que não dissocia a sua reflexão de um engajamento de mudança.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Descartes na formação do pensamento de E. Mounier.</strong></span></div>
<div style="text-align: right;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Ms. Daniel da Costa (UNISAL)2 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">É pela leitura de um texto inédito produzido por Emmanuel Mounier, o seu trabalho de conclusão do curso de filosofia que realizou sob a orientação do filósofo Jacques Chevalier, e ainda não lançado em Francês (Mounier, EMMANUEL, Le conflit de l’Antropocentrisme et du théocentrisme dans La philosophie de Descartes, Diplôme d’etudes supérieures de philosphie, Grenoble, Juin, 1927.), que já podemos perceber algumas linhas diretrizes do que se desenvolverá, aos poucos, com o lançamento da Revista Esprit, como as linhas do pensamento engajado de Emmanuel Mounier: do seu personalismo. A partir do mesmo, será interessante notar, primeiramente, os delineamentos de um problema fundamental que inspirará os dois “jovens inconformados”, Mounier e Izard, a empreenderem a aventura de lançamento, em 1932, de uma “revista internacional” de crítica política e cultural: Esprit. Também poderemos alcançar uma melhor compreensão do primeiro artigo lançado no primeiro número de Esprit (Refazer a Renascença) e que compõe, com outros, uma série de textos programáticos que cobre os anos de 1932 a 1935 intitulada: Révolution personaliste et communautaire, Oeuvres, Tome I, Éd. du Seuil, Paris, 1961. Assim, a leitura do texto juvenil Le conflit ... nos coloca em suspeita contra a facilidade de uma certa crítica generalizante destes primeiros delineamentos (artigos programáticos) de Mounier, como se se tratassem simplesmente de “textos pouco consistentes conceitualmente e já superados pela mudança dos eventos atuais”. Além de nos depararmos com uma interessante abordagem feita por Mounier da obra de Descartes que destoa de certos lugares comuns – pró e contra o chamado “racionalismo” de Descartes – da tradição de comentadores que se amontoam em prateleiras de livrarias e bibliotecas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>A ação ética e a realização pessoal e social na obra O Personalismo de Mounier.</strong></span><br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Dr. Paulo César da Silva (UNISAL)3 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Mounier, em sua obra “O personalismo”, defende que o universo da pessoa se estrutura em sete dimensões, unificadas na única identidade pessoal. Estas dimensões são, com as palavras de Mounier, “A existência incorporada, A comunicação, A conversão íntima, O afrontamento, A liberdade em condições, A eminente dignidade e O compromisso.” A pessoa humana é justamente compreendida de forma dinâmica, o que significa que ela é dom e projeto. O desenvolvimento deste projeto pessoal se realiza na medida em que a ação corresponda à identidade da pessoa e se ajuste, consciente e livremente, à norma própria para o ser pessoal. A pessoa humana, à medida que age eticamente, contribui para a realização de si e do outro, como pessoa, e da sociedade humana. A realização de si e da sociedade exige que a pessoa se autoconheça o mais possível, na sua integralidade, e participe, enquanto pessoa, no conjunto da sociedade humana. Participar, “enquanto pessoa”, implica que ela aja e contribua para que as ações das demais pessoas sejam conforme as dimensões estruturais do universo pessoal. Destaca-se a “A eminente dignidade”, tendo-se em vista a necessidade da educação da faculdade axiológica que possibilita compreender o valor da pessoa humana, visto que este valor é um transcendental da sua estrutura ôntica. O pressuposto antropológico personalista é condição indispensável para a análise, o discernimento e as ações que realizam as mudanças necessárias das estruturas institucionais de quaisquer matrizes, sejam individualistas, coletivistas ou mistas, em vista à realização da pessoa e o bem comum de toda a sociedade humana. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><u>Mesa-Redonda:</u> <strong>A educação na perspectiva personalista.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Recolhimento em si e abertura ao outro: contribuições do personalismo o para a educação da pessoa.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Dr. Antônio Joaquim Severino (USP)4 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Após resgate do alcance da postura de Mounier como educador e da proposta personalista para a educação da pessoa comprometida com o destino da comunidade, buscar-se-á explicitar a dialeticidade da condição da existência pessoal como tensão permanente entre os movimentos de interiorização e de exteriorização, necessários à sua realização, mas que podem também levar à alienação, tiram-se as implicações dessa ambivalência para uma educação que esteja à altura do enfrentamento dos desafios do mundo contemporâneo, marcado fortemente pelo predomínio da exteriorização. Tem-se presente que o apelo utópico que se põe no horizonte para o pensamento emancipador é o de transformar os indivíduos naturais em pessoas e de transformar as sociedades reificadas em comunidades de cidadãos livres, capazes de tomar seu destino histórico nas próprias mãos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Crise da pessoa e crise da educação: um estudo do personalismo de Emmanuel Mounier.</strong></span><br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Dr. Ricardo Almeida de Paula (UCB)5 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Mediante o dialógico do Cogito, entre imanência e transcendência, Mounier demonstra o elemento de equilíbrio entre estas duas premissas através da categorização da pessoa, ao afirmar não poder ser ela tratada na mesma ordem dos objetos naturais. Ou seja, “a pessoa não é um objeto. Ela é antes tudo aquilo que em cada homem não pode ser tratado, como objeto” (MOUNIER, Oeuvres III, p. 430). Ao propor esse diálogo devemos ter em mente que a pessoa não pode ser pensada “como uma coisa ou substância que possua determinadas qualidades ou se encontre ao lado de seus atos ou simplesmente junto deles” (BORAU, 2007, p. 298), mas, deve ser considerada sua condição ontológica - o seu “ser” em face do Ser.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>A simbólica faz pensar: no pensamento de Paul Ricoeur.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Ms. Jefferson da Silva (UNISAL)6 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Segundo Ricoeur, na sua obra Finitude e Culpabilidade (1960), pensar a simbólica é tentar encontrar outras possibilidades para além de uma linguagem uniformizadora. É restaurar os signos sagrados que foram esquecidos pelo homem moderno. De fato, para o homem se conhecer e se compreender é necessário utilizar um “atalho”, a saber, as expressões da vida, ou obras da cultura, como os símbolos. O símbolo significa algo sobre a nossa realidade antes mesmo do próprio ato de filosofar. Porém, ele só é capaz de expressar algo na medida em que é interpretado. Quando interpretado, pode dizer mais sobre a realidade, pois extrapola o cognitivo que, por não dar conta de toda a realidade, está sujeito (pela falibilidade) ao erro, a interpretações unívocas, possibilitando, na ação, a penetração do mal. Assim, o pensar sobre o simbólico leva a hierofanias esquecidas; e, a partir dessas e pelo processo interpretativo, podem-se ampliar as significações da realidade e do próprio sujeito que pensa. </span></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><u>Coordenador das mesas:</u> Prof. Dr. Lino Rampazzo</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><u>Mesa-Redonda:</u> <strong>O personalismo e seus desdobramentos na contemporaneidade.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>A condição feminina e a condição materna da mulher.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Drª. Francisca Eleodora Santos Severino (UNIABC)7 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">A comunicação busca relacionar gênero e maternidade tendo como objetivo trazer à tona a falta de igualdade entre gêneros no contexto das mudanças sociais e do humanismo com destaque para a contribuição dos filósofos Paul Ricoeur e E. Mounier. A reflexão evidencia a insuficiência da filosofia ao abordar os discursos construídos pelo masculino. A reconstrução das representações de feminilidade decorre das exigências da nova ordem mundial que insiste no esvaziamento da noção do outro e na exigência de novos conceitos filosóficos que lhes dêem respaldo. A oposição masculino/feminino é abordada pela filosofia pela mediação de um pensamento por opostos que faz emergir o vício de se ver a mulher pelo prisma biológico da divisão sexual do trabalho, desconsiderando aspectos históricos culturais e os planos lógicos e epistemológicos de análise. Mounier e Ricoeur incidem na afirmação da necessidade de ultrapassar esta dicotomia. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Ética ecológica e responsabilidade em Jonas e Ricoeur: caminho para uma ação ambiental mobilizadora.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Ms. Március Tadeu Nahur (UNISAL)8 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O diálogo filosófico entre Hans Jonas (“O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica”) e Paul Ricoeur (“Ética e filosofia da biologia em Hans Jonas”) traz uma revelação: o moderno “saber-poder-fazer” tecnológico propicia um extraordinário potencial de intervenção humana na natureza, inclusive destrutivo. Isso apela para uma ética da responsabilidade capaz de abrir caminho para o agir humano mobilizador da (pre) ocupação de se preservar as condições sob as quais o autenticamente humano se revela no curso de sua história. A ética da responsabilidade é um sim ao ser, um não ao não ser, que a vida pronuncia sobre si mesma espontaneamente, e prenuncia para o agir humano um compromisso presente-futuro que não negligencie a natureza, o homem e a humanidade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><u>Mesa-Redonda:</u> <strong>As Instituições Justas na perspectiva personalista.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>A distinção do justo e do bom e a questão das instituições no pensamento de Paul Ricoeur.</strong></span></div>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Dr. José Marcos Miné Vanzella (UNISAL)9 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O presente ensaio aborda o problema da distinção do bem e do justo no pensamento de Paul Ricoeur. Trata-se de explicar como a abordagem do autor procura superar as limitações da leitura metafísica clássica e do universalismo abstrato em sua concepção do justo. Apresenta a distinção do conceito de bem na ética de Ricoeur, entendido a partir da estima de si, que corresponde ao desejo da vida boa e abrange a solicitude, a qual significa viver bem com e para o outro, expressão da vontade de viver juntos. A questão ética diferencia-se da questão moral, a qual implica a pretensão da universalidade e obrigação, postas em sociedades pluralistas, inicialmente pelo universalismo abstrato e formal. O autor identifica que são movidas pela ideia de reconhecimento com valor universal concreto. A passagem do reconhecimento do outro próximo ao distante é também o passo da amizade à justiça. O nexo da justiça e instituição é a figura inteiramente desenvolvida da bondade. Universalismo e contextualismo, não se opõem, mas são complementares em níveis diferentes, pois a preservação das identidades culturais exige um trabalho de compreensão mútua e de tradução recíproca. A justiça se estabelece como justa distancia entre o si e o outro encontrado como distante. Distingue assim o nível da moral e o complementa com o da sabedoria prática que assume a diversidade das heranças culturais e os problemas de aplicação dos princípios universais abstratos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Pessoa e promessa em Paul Ricoeur: no caminho das instituições justas</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Prof. Dr. Roberto Roque Lauxen10 </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Nosso trabalho busca os fundamentos do conceito de pessoa no marco histórico do pensamento de Paul Ricoeur procurando certa relação de continuidade à abordagem de Soi-même comme un autre. Neste recorrido histórico a pessoa é definida pela noção de ato e de atitude, que para nós é a raiz ontológica da ipseidade, em oposição ao indivíduo que representa a mesmidade. A tensão entre o ato livre que se encarna no tempo aparece em 1936 através do paradoxo da encarnação. Neste contexto – onde o homem e o filósofo se confundem em Ricoeur – o salto para o engajamento e a responsabilidade nasce da vocação do cristão, do mortificar-se e perder-se pelo outro. Em 1983 Ricoeur incorpora o conceito de crise e convicção. A convicção nasce da percepção do intolerável de onde parte o engajamento que faz face à crise, através da “identificação do sujeito com forças transubjetivas”. Defendemos que a noção de promessa de Soi-même comme un autre (1990) incorpora todas estas dimensões que foram gestadas em períodos anteriores de seu pensamento. Por isso, propomos uma analogia entre o intolerável e os puzzling cases da identidade pessoal e narrativa, de onde surge o engajamento, a convicção e a manutenção de si na promessa. Uma segunda linha de defesa é que a promessa é base das instituições justas, pois ela estabelece uma determinação para a liberdade, como responsabilidade pelo outro. Destacamos, por fim, certo distanciamento de Ricoeur em relação a este marco histórico a partir da função central do “terceiro” ou da “sociabilidade” na constituição da pessoa, e a necessidade de sua realização através das instituições justas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: blue; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Seminário E. Mounier e P. Ricoeur</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="color: blue;">TEMA GERAL:</span> Pessoa, comunidade e instituições na obra de E. Mounier e de P. Ricoeur.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="color: blue;">DATA: 7</span> de maio de 2012</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="color: blue;">LOCAL: UNISAL</span> – Centro Universitário Salesiano de São Paulo. Lorena/SP.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>ORGANIZAÇÃO:</strong> Rede E. Mounier e P. Ricoeur do Brasil e Curso de Filosofia e Mestrado em Direito (reconhecido pela CAPES) do UNISAL</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Comissão organizadora:</strong> Prof. Alino Lorenzon, Prof. Daniel da Costa, Prof. Lino Rampazzo, Prof. Mário José Dias (Coord. do curso de Filosofia da Unisal), Profa. Dra Grasiele Augusta Ferreira Nascimento Profa. Roberta Werneck Magalhães dos Santos (Encarregada dos Projetos e Eventos da Unisal). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Mais informações:</strong> Prof. Mário José Dias, Coordenador do Curso de Filosofia da UNISAL. Email: curso.filosofia@lo.unisal.br .Tel.: (0xx12-3159.2033)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="background-color: white; color: red; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Programa</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">08h: Inscrições e entrega do material</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">08h15: Abertura D. Benedito Beni (Bispo da Diocese de Lorena)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Coordenador dos Trabalhos da manhã:</strong> Mário José Dias</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">08h30: <u>Mesa-Redonda:</u> <strong>O personalismo como condição e fundamento da vida</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Alino Lorenzon (UERJ) - <strong>Pessoa, comunidade e a nossa condição terrestre em instituições justas.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Daniel da Costa (UNISAL): <strong>Descartes na formação do pensamento de E. Mounier.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Paulo Cesar da Silva (UNISAL): <strong>A ação ética e a realização pessoal e social na obra O Personalismo de Mounier.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">10h <u>Intervalo.</u> Lançamento da edição brasileira do livro de Guy COQ – <em>Mounier – O engajamento político</em> pela Editora Ideias & Letras.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">10h30 <u>Mesa-Redonda:</u> <strong>A educação na perspectiva personalista.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Antônio Joaquim Severino (USP): <strong>Recolhimento em si e abertura ao outro: contribuições do personalismo o para a educação da pessoa.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Ricardo Almeida de Paula (UCB): <strong>Crise da pessoa e crise da educação: um estudo do personalismo de Emmanuel Mounier. </strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Jefferson da Silva (UNISAL): <strong>A simbólica faz pensar: no pensamento de Paul Ricoeur.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">12h <u>Intervalo para almoço</u></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Coordenador dos trabalhos da tarde</strong>: Lino Rampazzo</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">13h30- <u>Mesa Redonda:</u> <strong>O personalismo e seus desdobramentos na contemporaneidade.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Carlos Roberto da Silveira (Faculdade Católica de Pouso Alegre): <strong>Espiritualidade na saúde: contribuições do personalismo de E. Mounier. </strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Francisca Eleodora Santos Severino (UNIABC): <strong>A condição feminina e a condição materna da mulher. </strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Március Tadeu Nahur (UNISAL): <strong>Ética ecológica e responsabilidade em Jonas e Ricoeur: caminho para uma ação ambiental mobilizadora. </strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">15h <u>Intervalo</u></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">15h30 <u>Mesa-Redonda</u> – <strong>As Instituições Justas na perspectiva personalista.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">José Marcos Miné Vanzella (UNISAL)- <strong>A distinção do justo e do bom e a questão das instituições no pensamento de Paul Ricoeur.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Roberto Roque Lauxen (UPF): <strong>Instituições justas e instituições injustas nos planos nacional e internacional.</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">16h30- <u>Encerramento:</u> <strong>Impressões finais sobre o encontro (Alino Lorezon, Grasiele Nascimento, Lino Rampazzo e Mário Dias)</strong></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">______</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">(1) Doutor em Filosofia pela Universidade de Paris - X</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">(2) Mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, professor do Centro Universitário Salesiano de São Paulo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">(3) Doutor em Filosofia pela Universidade Gama Filho, professor do Centro Universitário Salesiano de São Paulo e da Faculdade Canção Nova. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">(4) Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">(5) Doutor em Educação pela Universidade Federal de Goiás e professor na Universidade Católica de Brasília. (6) Mestre em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu, professor do centro Universitário Salesiano de São Paulo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">(7) Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e professora pesquisadora na Universidade do Grande ABC. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">(8) Mestre em Biodireito, Ética e Cidadania pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, onde também atua como professor do curso de Filosofia e Direito. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">(9) Doutor em Filosofia pela Universidade Gama Filho, professor do centro Universitário Salesiano de São Paulo e da Faculdade Dehoniana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">(10) Doutor em Filosofia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos e professor da UPF. E-mail: <a href="mailto:rrlauxen@yahoo.com.br">rrlauxen@yahoo.com.br</a></span></div>
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Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-42228909115928629802012-04-04T22:34:00.008-07:002015-04-10T07:43:34.784-07:00Emmanuel Mounier e a experiência da revista "Esprit". A origem da filosofia personalista.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRtXetNLjMdNXGWttFs2X2Mba0nCt49idIBUFmI5Dr9yFuYABuk8V7q9crBmDgleNXF3Wt2JQplCBDaGZfXi4FSg2W_1ldq1Gd9yLwZezHFKBj3p_1UN4pvcG2HeLklJ_o_1i3-aDiCsOW/s1600/Paolo+Cugini.bmp"><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;"><img alt="" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRtXetNLjMdNXGWttFs2X2Mba0nCt49idIBUFmI5Dr9yFuYABuk8V7q9crBmDgleNXF3Wt2JQplCBDaGZfXi4FSg2W_1ldq1Gd9yLwZezHFKBj3p_1UN4pvcG2HeLklJ_o_1i3-aDiCsOW/s320/Paolo+Cugini.bmp" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5727786013351418226" style="cursor: hand; float: left; height: 320px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 164px;" /></span></a><span style="font-family: times new roman; font-size: 130%;"> <strong><span style="font-size: small;">Emmanuel Mounier e a experiência da revista "Esprit". A origem da filosofia personalista.</span></strong></span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: times new roman;">Paolo Cugini*</span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: times new roman;"><strong>Introdução.</strong>Numa época de crise como é a nossa, não é fácil encontrar uma referencia cultural que possa nortear o debate e, sobretudo, orientar propostas. Sempre na historia encontramos periódicos momentos de crise que necessitam de um esforço, seja para entender os motivos da mesma crise, seja para apontar soluções. Nessa altura torna-se importante e enriquecedor confrontar-se com experiências culturais que, já no passado, enfrentaram momentos parecidos ao nosso para encontrar respostas plausíveis e, sobretudo, viáveis.<br />No panorama cultural contemporâneo é difícil encontrar uma revista que exerça uma influencia como aquela que exercitou Esprit na França dos anos trinta do século passado. A revista Esprit</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif1"><span style="font-family: times new roman;">(1</span></a><span style="font-family: times new roman;">) foi ponto referencial por uma inteira geração de intelectuais que, em diferentes maneiras, buscavam solucionar a grande crise na qual tinha entrado o Ocidente. O organizador e protagonista da estruturação de Esprit foi Emanuel Mounier,(2)</span><span style="font-family: times new roman;"> filosofo francês, "pai" do personalismo filosófico.(3) A filosofia personalista nasceu, cresceu e se desenvolveu nas páginas da revista Esprit. As maiores e mais importantes obras de Emmanuel Mounier são de fato coletâneas de artigos publicados na revista. Este que estamos sinalizando é um dato de extrema importância, porque desvenda o conteúdo da filosofia personalista, que não nasceu nas cátedras universitárias, mas sim, no meio de debates políticos e culturais do tempo. Como veremos ao longo deste artigo, o esforço constante de Mounier foi de salvar o projeto cultural que se estava formando ao redor da revista Esprit, seja das tentativas extremas de monopolizar a revista para que se tornasse instrumento de um partido político de esquerda, seja dos desejos dos colaboradores universitários de fazer de Esprit um laboratório de pesquisa exclusivamente teórica. Desde o começo da sua produção filosófico Mounier coloca ao centro do seu interesse a pessoa no seu dinamismo existencial, aberta, por assim dizer, ao encontro com o Outro e ao relacionamento com os outros. Esta atenção peculiar à pessoa será o centro da reflexão mounieriana </span><span style="font-family: times new roman;">(4) e critério para o discernimento nos momentos mais críticos que enfrentou ao longo dos anos da sua breve carreira filosófica.<br />Acompanhar os passos que deram origem ao laboratório cultural que se formou ao redor da revista Esprit, para melhor entender o personalismo filosófico, é o objetivo deste trabalho.</span></div>
<br />
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<span style="font-family: times new roman;"><strong>2. A crise dos anos 30<br />2.1. A origem da crise.</strong>A Revista não foi somente o fruto de uma decisão amadurecida no jovem filosofo Emmanuel Mounier. Esprit nasceu num momento histórico e no interior de um contexto sóciopolítico e cultural bem determinado. Dele recebeu o material da própria reflexão, nele tornou-se ponto referencial para uma geração inteira de intelectuais em busca de critérios para ler e interpretar o próprio tempo. Os anos '30 foi um período particularmente agitado na história da civilidade Ocidental. Foram, de fato, os anos da crise, da grande depressão que envolveu todo o Ocidente e que afetou todos os níveis do sistema social. A crise, de fato, foi ao mesmo tempo política institucional, econômica e cultural, social e moral. É impossível afirmar com certeza que força histórica tenha tido a maior influência sobre a perturbação, não apenas de uma mentalidade, aquela positivista, mas também sobre a validade objetiva das instituições democráticas. Certamente, a Primeira Guerra Mundial contribuiu de uma forma decisiva a mudar a atitude comum no confronto do destino da sociedade.<br />Depois de 1918 os mitos que a Revolução Industrial tinha reproduzido e que o pensamento positivista tinha sucessivamente propagado, sofreram um choque muito grande. Progresso, inovação tecnológica, democracia, palavras que até 1914 eram sinônimos de esperança e confiança no futuro agora, na alvorada dos anos '20, torna-se o símbolo do fracasso de toda civilidade Ocidental. A produção cultural deste período, apesar de não ter sido toda atenta a recolher os recados presentes na época em questão, foi extremamente rica de obras que testemunharam este novo jeito de ver a história. Os textos de Spengler,</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif5"><span style="font-family: times new roman;"> </span></a><span style="font-family: times new roman;">(5) Ortega</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif6"><span style="font-family: times new roman;"> </span></a><span style="font-family: times new roman;">(6) e de Benda</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif7"><span style="font-family: times new roman;">(7)</span></a><span style="font-family: times new roman;"> foram nesta linha. Além disso, apesar das diferentes sensibilidades de pensamento, a reflexão deles encontra-se na afirmação de que o Ocidente acabou o seu caminho: "A civilidade moderna esgotou todas as suas possibilidades, chegou a seus últimos limites e, por isso mesmo, descobriu o próprio limite, as próprias contradições, as próprias insuficiências".(8)</span></div>
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<span style="font-family: Times New Roman;"><strong>2.2. A Europa entre crise institucional e econômica: O advento dos fascismos</strong>A crise do sistema democrático foi sem dúvida o sinal mais claro que o "Declínio do Ocidente" estava se realizando. De fato, em poucos anos as jovens democracias que se tinham formado depois da Primeira Guerra Mundial, foram progressivamente derrotadas pelos regimes de tipo autoritário. Foi o caso da Polônia do Marechal Pilsodsky, da Turquia de Mustafá Kemal, da Grécia do General Metaxas, da Iugoslávia do Rei Alessandro I, da Ditadura Comunista de Bela Kun na Hungria, da Áustria do Monsenhor Seipel e do Chanceler Dollfus.<br />Não fugiram à mesma experiência autoritária a Espanha com a Ditadura Militar de Primo de Rivera e do Rei Alfonso XIII e o Portugal de Salazar.<br />Os países da Europa Setentrional e Ocidental, quer dizer as monarquias escandinavas, países baixos, Bélgica, Inglaterra, França também, se em seguida "fugiram ao contágio das ditaduras não foram, porém, prevenidos totalmente contra os seus germes. A tentação os assaltou".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif9"><span style="font-family: Times New Roman;">(9) </span></a><br />
<span style="font-family: times new roman;">Tal tentação foi testemunhada pela crescente formação de grupos e movimentos políticos que se inspiravam nos modelos do fascismo e do comunismo, que tentaram em várias circunstâncias derrubar as democracias. A França foi sem dúvida o lugar geopolítico onde esta tensão entre forças institucionais não foi maiormente vivida. É só lembrar a movimentada experiência da Action Française de Maurras que acabou em 1926 com a condenação Pontifícia e, do outro lado, a crescente influência do partido comunista francês que teve o maior respaldo na experiência do Fronte Popular em 1936.<br />Se nestes Estados "se constatava a incapacidade dos regimes democráticos de enfrentar o problema da governabilidade, na forma nova que derivava da situação política e social pós-bélica",</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif10"><span style="font-family: times new roman;"> </span></a><span style="font-family: times new roman;">(10) do outro lado algumas nações iam experimentando alguns modelos políticos e institucionais. A ruptura dos equilíbrios políticos provocados pela Primeira Guerra Mundial limpou o campo da entrada política do fascismo de Mussolini na Itália. A marcha em Roma em outubro de 1923, forçou o Rei Vittorio Emanuele III a entregar para Mussolini o cargo para a formação do governo e a declarar assim o começo da Ditadura Fascista. No mesmo período, na Alemanha atormentada por causa de problemas internos devidos à queda da moeda, e dos problemas de política externa provocados da ocupação da rica zona industrial da Ruhr da parte da França de Poincaré, , Hitler encontrou espaço em novembro de 1923 para tentar, sem sucesso, um Golpe de Estado (Putsch da cervejaria).<br />Rica de tensões internas era também a situação da União Soviética. O partido Bolchevico, promotor da Revolução de outubro de 1917, se tornou progressivamente o centro e o ponto referencial do Novo Estado. A identificação Partido-Estado se fez sempre mais estreita e assumiu formas novas com a entrada de Stalin no poder em 1926. O objetivo de "construção do socialismo em um só país", amadurecido depois do falimento do internacionalismo proletário, que se fazia porta voz de uma Revolução Socialista mundial, conduziu o Partido Comunista a dirigir todos os esforços para fazer da União Soviética uma nação economicamente auto-suficiente e competitiva. O choque do partido com as massas camponesas, especialmente com os Kulaki, incapazes de entrar nos rígidos esquemas dos planos qüinqüenais, foi imediato e violento. Precisaram muitos esforços, pagos, sobretudo pela população, para que os vários planos econômicos pudessem alcançar os níveis desejados.<br />Fascismo e Comunismo se tornaram modelo institucional sempre mais atraente, sobretudo, pelo jeito enérgico e forte que, por causa de uma situação de confusão geral, era acolhido por uma massa sempre mais desnorteada e necessitada de pontos referenciais.<br />O 24 de novembro de 1929, que passou a história como "a 5ª feira preta" a Bolsa de New York não conseguiu vender 70 milhões de ações, provocando a perda de 18 bilhões de dólares. Foi o começo de uma crise que, em pouco tempo, botou de joelho a América e, em poucos anos, arrasou as economias mais fortes do continente europeu, ou seja, da Alemanha, da Inglaterra e da França. As nações golpeadas pela crise econômica tiveram que enfrentar problemas ligados ao desemprego, ao aumento da inflação, derrotadas de bancos, fechamento de indústrias. Os governos, tomados de surpresa, não conseguiam a encontrar medidas capazes de enfrentar, de imediato, uma situação tão catastrófica. Em poucos anos, o equilíbrio econômico internacional estava totalmente desmantelado. Sentimentos de medo e desconfiança perpassaram todos os setores do mundo político e social. O sistema democrático, que já tinha entrado em crise nos anos '20, no começo dos anos '30 recebeu um golpe duríssimo: "Para todos a democracia Parlamentar -- como tinha observado Loubet de Bayle -- tinha se tornado sinônimo de mentira, fraqueza, mediocridade, baixaria".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif11"><span style="font-family: times new roman;">(</span></a><span style="font-family: times new roman;">11)<br />Diante do avanço das forças autoritárias e totalitárias, as velhas democracias de Inglaterra e França, não souberam reagir com estratégias políticas adequadas. Ambas, de fato, com razões diferentes, se fizeram promotoras de políticas protecionistas renunciando a intervenções enérgicas contra os sonhos expansionísticos da Alemanha, com medo de desencadear uma Segunda Guerra Mundial. Na Inglaterra tal política encontrava um vasto consentimento, também porque assegurava uma boa capacidade da economia. Pela França, a situação era mais complexa. Encontrava-se entre fogos contrastantes de forças políticas opostas. O mal-estar social devido à estagnação econômica que marcou um declínio da produção de 20% entre 1930 e 1938 manifestou-se no primeiro momento, através dos movimentos de direita e, entre eles, a Action Française e a Croix de Feu. O cume se teve com a manifestação antiparlamentar, que as direitas organizaram no dia 06 de fevereiro 1934 em Paris, mas que fracassou por causa da falta de apoio da opinião pública. Neste clima de desordem política, nasceu a união das esquerdas que se concretizou na experiência do Fronte Popular do 1936. O breve governo do socialista Léon Blum, que promoveu importantes inovações no campo social, foi dilacerado por causa de lutas internas entre comunistas e socialistas. A crise das grandes democracias preparava lentamente o terreno para a Segunda Guerra Mundial.</span></div>
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<span style="font-family: times new roman;"><strong>2.3. Entre "cultura da crise" e exigências de renovamento</strong>A panorâmica sobre os anos '30, apresenta-se com matizes negativos, que influenciarão a produção cultural sucessiva. Na alvorada dos anos '30 nasce uma maneira de fazer cultura mais atenta às problemáticas sociais, "o retorno do espírito à história, uma reflexão dirigida ao concreto e ao social, um pensamento mais objetivo e mais grave".(12) A produção histórica e sociológica de Edmund Husserl,(13) Johan Húzinga,(14) Denis de Reugemont,(15) Georges Bernanos,(16) não baseou a própria atenção sobre a reconstrução genealógica dos males que golpeavam a civilidade.<br />De fato, a constatação de que o sistema industrial e econômico tinha esgotado a própria possibilidade, não bastava mais. A análise destes autores se aprofundava no relacionamento entre o homem e a natureza. Para eles a indústria e a tecnologia que surgiram como instrumentos a serviço da humanidade, se tornaram ameaça perigosa para o gênero humano. "A técnica -- observa Denis de Reugemont -- torna-se um verdadeiro prejuízo quando o homem pára de considerá-la como um instrumento na sua mão".(17) Se a ideologia comunista tomou sempre mais espaço, foi também porque a situação dos anos '30 parecia confirmar as teses leninianas do fim do sistema capitalista, causado pelos seus mesmos mecanismos de desenvolvimento.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif18"><span style="font-family: times new roman;">(</span></a><span style="font-family: times new roman;">18) Para os intelectuais dos anos '30, pelo menos aqueles de matriz Católica, a crise abrangia a sociedade não apenas sobre um plano estrutural mas, sobretudo, espiritual. As correntes de pensamento espiritualista (Lavelle, Le Senne), personalista (Mounier, Berdiaeff), neotomista (Maritain), que surgiram neste período, são o claro testemunho da profunda exigência de reencontrar a dignidade humana que estava se perdendo. Impulsionados para um renascimento religioso, animado da Encíclica de Pio XI "Quadragésimo ano" e testemunha da grande vitalidade da Ação Católica, sobretudo na França e na Itália, vários pensadores católicos dirigiram a própria reflexão para o plano político. Nesta linha se colocaram de modo particular, Jacques Maritain e Emmanuel Mounier, que propuseram uma "Nova Cristandade"</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif19"><span style="font-family: times new roman;">(</span></a><span style="font-family: times new roman;">19) e o "Personalismo Comunitário".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif20"><span style="font-family: times new roman;">(</span></a><span style="font-family: times new roman;">20)<br />Nessa mesma época aparecem na França vários movimentos juvenis, como Jeune Droite, Ordre Nouveau, Esprit, junto com o surgimento de numerosas revistas com o compromisso da busca de instrumentos culturais, capazes de enfrentar a crise. Estes grupos, todos animados pela exigência de construir um mundo novo, percebiam a necessidade de romper com o mundo burguês. O compromisso deles começava, assim, com um ato de recusa não apenas no confronto do mundo político, todo envolvido na eterna luta direita-esquerda, com a qual se identificava a vida política, mas também contra o racionalismo, o individualismo e o materialismo, que se alastravam na civilidade Ocidental. Testemunho do sentido de sufoco percebido das jovens gerações no confronto de uma sociedade velha são estas palavras de Paul Nizan:<br />A brincadeira durou demais, a confiança também e assim a paciência e o respeito. Tudo foi levado embora no escândalo permanente da civilidade em que vivemos, na ruína geral em que os homens estão para mergulhar-se. Uma recusa, uma denúncia serão manifestados em todos os lugares apesar de todas as polícias, tão completos e tão radicais para serem escutados até dos mais surdos.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif21"><span style="font-family: times new roman;">(21</span></a><span style="font-family: times new roman;">)<br />Estes movimentos, sobretudo graças a um ensinamento de Charles Péguy,</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif22"><span style="font-family: times new roman;">(22</span></a><span style="font-family: times new roman;">) que pode ser considerado a fonte ideológica do empenho destes jovens intelectuais, tomaram progressivamente consciência de que a revolução, na qual estavam colocando as próprias forças, podia ser eficaz somente se fosse espiritual, capaz assim não apenas de mudar exteriormente a estrutura social, mas também de transformá-la no interior. A busca de uma "Terceira via", capaz de superar os velhos e ineficientes antagonismos ideológicos, os "não-conformistas dos anos '30", como serão apelidados por Loubet de Bayle,</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif23"><span style="font-family: times new roman;">(23)</span></a><span style="font-family: times new roman;"> aceitarão sem medo os desafios da crise do próprio tempo. É com a firme vontade de derrubar o espírito morno de uma época em crise, que estes jovens e, entre eles, aqueles que entraram no movimento "Esprit", se apresentaram para enfrentar as lutas históricas que alastravam a época.</span></div>
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<span style="font-family: times new roman;"><strong>3. Ás origens de “Esprit”<br />3.1. Exigência de uma nova revista</strong>O clima de crise e de profunda depressão espiritual que pairava sobre a França dos anos '30, empurrava as novas gerações na busca de instrumentos culturais capazes não apenas de denunciar, mas, sobretudo, de mudar uma situação que estava progressivamente deteriorando. Para muitos, uma revista podia ser o instrumento certo para alcançar os corações de muitas pessoas e tecer um diálogo construtivo e fecundo com elas. Apesar de que na França, naquele período, sem duvida não eram as revistas que faltavam, Mounier não parecia satisfeito com aquilo que o mercado propunha: "Durante as férias de natal de 1929 se cristaliza em mim uma convicção que um ciclo de criação francesa estava fechando, que tinham coisas pra pensar que não se podiam escrever em nenhum outro lugar e que a nós outros, pianistas de 25 anos, faltava um piano".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif24"><span style="font-family: times new roman;">(24)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Eram, sobretudo, as ambigüidades com o materialismo do mundo burguês, que Mounier não aceitava naquelas revistas como "Europe", "Monde", "La Nouvelle revue Française". Do mesmo parecer eram também outros jovens que, como Mounier, ficavam insatisfeitos da atmosfera de crise que pairava sobre a Europa nos anos '30. Um deles, Georges Izard, que em seguida será um dos fundadores, junto com Mounier da Revista "Esprit", testemunhava assim a própria desilusão no confronto da cultura do tempo:<br />Em Paris, em 1930, André Delage, Louis Emile Galey e eu temos a crescente impressão de sufocamento. O intelectualismo, a literatura que passa para cima dos problemas, dominam as classes sociais elevadas graça à "Nouvelle Revue Française". Pelo resto nós nos sentimos sufocados entre o materialismo direita, com "Reaction" e a "Revue Française", e da esquerda com "Europe" e "Monde". Nós sentimos a necessidade imperativa de afirmar o primado do espiritual... Nós queremos uma Revolução Espiritual que, no lugar de nos oferecer uma consciência boa para evitar a realidade, pelo contrário, nos comprometa a fundo. . .</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif25"><span style="font-family: times new roman;">(25)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />A crise dos anos '30 tinha gerado como lógica reação, diferentes movimentos de protesto. Tratava-se, porém, principalmente de movimentos políticos capazes de agrupar milhares de jovens sedentos de ação, que recebiam em troca só palavras incapazes de resolver o problema na raiz. Também Mounier e seus amigos sentiam-se impelidos para a ação. Consciente, porém, de que na base do desastre cultural tinha uma grave degradação dos valores espirituais e que, para restaurá-los não era suficiente a ação política, buscaram junto um tipo de ação que se colocasse ao nível da tomada de consciência deles.<br />A exigência de criar uma nova revista, cujo instrumento cultural é capaz de oferecer o alimento espiritual para uma geração confusa, respondia plenamente ao desejo de clareza que estava amadurecendo neles.</span></div>
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<span style="font-family: times new roman;"><strong>3.2. As etapas da primeira elaboração doutrinal</strong>"Esprit" não queria ser uma revista como as outras. O objetivo dos fundadores não era de garantir uma segurança econômica. Animados por uma pureza de objetivos, que se protelará ao longo dos anos, Mounier, Izard, Deleage e Galey se empenharam sobretudo na busca de conteúdos espirituais não só advindos da cultura cristã, mas também no confronto constante com outras culturas. Nos dois anos que anteciparam a publicação de "Esprit", os quatro amigos se dedicaram a uma atenta análise da situação contemporânea, sem nunca esquecer de informar a opinião pública dos resultados alcançados.</span></div>
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<span style="font-family: times new roman;"><strong>3.3. A primeira circular</strong>Na intenção de começar o mais cedo possível a elaboração das linhas fundamentais de "Esprit", Mounier e Izard se fixaram em um certo número de objetivos preliminares: constituição de um grupo de estudo doutrinal, definição das orientações ideológicos da revista e de suas bases filosóficas. O primeiro fruto desses grupos de estudo, foi a redação de uma circular que, além de ser o primeiro esboço programático do projeto "Esprit", serviu também como bilhete de visita. De fato, nas cartas que Mounier enviou pela campanha publicitária da revista Esprit, sempre colocava também esta primeira circular. Nela era apresentado o nascimento de uma nova revista, nascida como exigência expressiva de um grupo de homens "que se encontravam juntos para uma comum maneira de enfrentar os problemas e uma mesma vontade de franqueza absoluta perante a realidade".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif26"><span style="font-family: times new roman;">(26)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Além de avisar do caráter internacional que se entendia da revista, se manifestava também a amizade e a colaboração de Marcel Arland, Nicolas Berdiaeff, Maurice Baring, Jacques Chevalier, Jacques Copeau, Charles du Bos, Ramon Fernandez, Daniel Halevy, Gabriel Marcel, Jacques Maritain, Louis Massignon, François Mauriac, Eugenio d'Ors, Isabelle Riviere, René Schwob, Jules Supervielle, Pierre Van der Meer de Walcheren. A parte central da circular indicava que, a revista planejada, teria mantida-se livre de qualquer partido social, político e literário e que não tinha nenhuma intenção de ela mesma ditar doutrina.<br />A Circular concluía assim apontando o campo de ação sobre o qual a revista deveria concentrar os próprios esforços: "Buscar as estruturas de uma cidade à medida de homem, enriquecida na medida da justiça e das exigências presentes: é uma das nossas próximas tarefas".<br />A circular fez um grande sucesso, apesar de não ter contribuído muito para aumentar o dinheiro no cofre do projeto "Esprit" que, nesta fase, estava precisando muito. Nesta mesma época aconteceu no verão de 1931, a poucos dias da redação da primeira circular, o Congresso de Axe-sur-Vienne, que reuniu por três dias Françoise Arduin, Deleage, Duveau, Galey e Paul Vignaux. A este momento doutrinal, Mounier não estava presente. Encontrava-se, de fato, rodeando a França em busca de seus velhos amigos de estudo, na tentativa de envolvê-los na formação de grupos, que na periferia pudessem sustentar a estruturação da revista.<br />Os grupos doutrinais com encontros regulares começaram no mês de outubro de 1931. Mounier, Izard, Galey e Deleage encontravam-se às 8: 30 h de cada quarta-feira, dia em que Mounier podia se afastar do trabalho de professor para alcançar os seus amigos em Paris na casa de Izard. Depois da janta aos grupos de amigos se juntavam outras pessoas: Duveau, Etienne Borne, René Millienne, André Ulmann e Jean Lacroix.<br />Foi nessas noites, entre o fim de novembro e começo de dezembro, que se decidiu o título da revista.</span></div>
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<span style="font-family: times new roman;"><strong>3.4. O "Prospectus"</strong>O maior desejo entre os colaboradores de "Esprit", no final de 1931, era de apresentar o mais cedo possível para o público Francês, as linhas fundamentais da revista, que estavam sendo planejadas. Foi nesta época que Mounier ocupou boa parte do seu tempo para elaborar um primeiro projeto de Prospectus, que apareceu pela primeira vez no dia 06 de janeiro de 1932.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif27"><span style="font-family: times new roman;">(27)</span></a><span style="font-family: times new roman;"> Neste texto Mounier apontava o desapontamento do grupo no confronto do mundo contemporâneo:<br />Nós contestamos: uma ciência muitas vezes separada da sabedoria, fechada em preocupações utilitaristas, uma filosofia deplorável, que não tem consciência do seu papel e dos problemas fundamentais que deve enfrentar [...]; das sociedades governadas e que funcionam como empresas comerciais; das economias que subordinam o homem à máquina e trata do trabalho humano sobre o lado do proveito; uma vida privada fechada em si mesma [...]; uma literatura dividida da nossa natureza por causa de complicações e artifícios [...]; a indiferença daqueles que são responsáveis pelo destino do mundo e o </span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif28"><span style="font-family: times new roman;">menospreza.</span></a><span style="font-family: times new roman;"> (28)<br />Depois desta crítica radical ao mundo contemporâneo, o "Prospectus" sinalizava as várias direções com as quais "Esprit" queria se comprometer. No plano social, a decisão unânime do grupo era de tomar as distâncias seja do capitalismo o qual "reduz uma massa crescente de pessoas, pela miséria ou pelo bem-estar a um estado de escravidão inconciliável com a dignidade do homem</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif29"><span style="font-family: times new roman;">”; </span></a><span style="font-family: times new roman;">(29) seja do marxismo "filho rebelde do capitalismo do qual recebeu a fé na matéria".<br />No âmbito da vida pública internacional, o "Prospectus" denunciava a insensibilidade dos estados no confronto dos problemas sociais. Incitava-se também, todos aqueles que se reconheciam nas idéias de "Esprit", para combater "num nacionalismo o orgulho e o egoísmo desencadeados no indivíduo para salvá-los oferecendo um horizonte maior".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif30"><span style="font-family: times new roman;">(30)</span></a><span style="font-family: times new roman;"> No final, se reconhecia também aos artistas, uma tarefa específica no interior do projeto elaborado: "Cabe ao artista aprimorar a visão concreta do homem, primeira etapa de uma libertação de si mesmo que o abrirá para todo o universo".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif31"><span style="font-family: times new roman;">(31)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Na última página, seguia um longo elenco de colaboradores, junto com algumas notas nas quais se precisava que a Direção da revista era assumida por Emmanuel Mounier, enquanto o chefe da redação era George Izard.</span></div>
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<span style="font-family: times new roman;"><strong>3.5. Rumo ao Congresso de Fundação</strong>Esprit estava se tornando sempre mais um projeto concreto. Entre os mesmos colaboradores percebia-se a sensação de que algo de importante estava pra nascer. Foi por isso mesmo que, momentos de tensões, vieram perturbar o clima de amizade. Sobretudo em dois pontos se concentraram as polêmicas: sobre a possibilidade de um trabalho comum entre crentes e não-crentes no interior do grupo de estudo doutrinal e sobre a oportunidade de lançar do mesmo projeto "Esprit" um movimento político, que transformasse em ação os esforços doutrinais. Estas divergências de opiniões, apesar de ter criado muitas dificuldades e problemas, na realidade ajudaram bastante para focalizar o rumo doutrinal que o grupo queria dar ao projeto.<br /><strong>Crentes e não-crentes: colaboração possível?</strong>Segundo Mounier o problema da colaboração entre crentes e não-crentes no interior de "Esprit" era "em suspenso há alguns tempos com Deleage".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif32"><span style="font-family: times new roman;">(32)</span></a><span style="font-family: times new roman;"> A redação do "Prospectus", na qual se falava algo sobre o assunto, alarmou logo Maritain: "Maritain -- apontava Mounier nos seus diários -- acredita que "alguns entre nós [...] " do "Prospectus" no lugar da "maior parte" o algo que significa "um grande número"pode ser um prejuízo, enquanto pode se pensar a um camuflamento".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif33"><span style="font-family: times new roman;">(33)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />O problema se acentuou quando no interior do grupo do trabalho doutrinal, começaram a confluir os novos colaboradores que tinham respondido positivamente para os convites de Mounier. Entre um encontro e outro se delinearam devagarzinho três posições: uma de Deleage, aquela de Mounier e aquela de Maritain. Para Deleage ao interno de "Esprit" devia se criar uma plataforma comum sobre a qual fosse possível se entender com a maior parte das pessoas. Para concretizar isso, segundo Deleage, era preciso evitar de enfrentar os problemas que não fossem aceitos pela maioria das pessoas que aderiam à "Esprit". Certamente, tratava-se de uma modalidade de ação atenta a acolher as matizes comuns mais do que buscar choques e soluções novas.<br />Este jeito eclético de enfrentar o problema, não era do gosto de Mounier. Numa carta ao padre Plaquevent, com o qual entre fevereiro e março de 1932, teve uma importante fecunda troca de opiniões, Mounier esclareceu a própria posição:<br />Temos radicalmente rejeitado aquilo que chamam o método do menor denominador comum. Este método tem somente a aparência de abertura, enquanto limita e promove tudo através de fronteiras e determinações aonde ninguém reconhece o próprio campo.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif34"><span style="font-family: times new roman;">(</span></a><span style="font-family: times new roman;">34)<br />Segundo a opinião de Mounier, isso não queria significar a recusa da colaboração dentro de "Esprit", mas ele percebia o risco que a posição de Deleage podia provocar gerando, sobretudo, confusão ideológica em favor de um ecletismo vazio de conteúdos. O trabalho intelectual que se almejava com "Esprit" visava assumir não apenas posições e rupturas com as ideologias materialistas da época, mas também e sobretudo, fazer-se portador de uma mensagem espiritual própria: isso exigia, do lado dos mesmos colaboradores, uma grande clareza de objetivos. Clareza que, para Mounier, devia passar necessariamente através da recusa do refúgio ideológico de proveniência, tentação muito fácil, principalmente para os católicos.<br />Nós queremos somente, como nossa regra de disciplina, não dar espaço a este preguiçoso utilizo da revelação, que é sempre colocada como uma ratio ex machina, aonde nos é pedido, pela mesma lei do trabalho, um esforço de reflexão e organização humana.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif35"><span style="font-family: times new roman;">(35)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Isto não queria significar que os católicos pertencentes ao grupo "Esprit" não podiam expressar a própria fé apesar de que, segundo Mounier, esta mesma, para ser manifestada, não precisava de muitas declarações:<br />Nos encontramos suspensos entre o céu e terra, em cima da corda que não se dobra do cristão; e o equilíbrio pode ser mantido só no alto. Isto devemos sabê-lo, mas não dizê-lo em cada instante: deveremos advertir intensamente, entre nós, a exigência de guardar esta qualidade interior até as mais miúdas ressonâncias da palavra e do coração.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif36"><span style="font-family: times new roman;">(</span></a><span style="font-family: times new roman;">36)<br />Se de um lado, então, Mounier não queria limitar a escolha dos colaboradores para o círculo estreito dos amigos católicos de Maritain, do outro entendia esclarecer desde o começo a própria posição no confronto daqueles que provinham de partidos políticos: "provisoriamente -- escrevia Mounier para Jacques Chevalier -- para não sermos caracterizados como homens comprometidos com partidos intelectuais ou políticos, precisará deixar cair a direita os homens como Massis, a esquerda aquele que, como Le Roy e Laberthonniere, nos alienariam imediatamente uma boa parte do público católico".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif37"><span style="font-family: times new roman;">(37)</span></a><br /><span style="font-family: times new roman;">No respeito do próprio credo de origem, Mounier exigia que os colaboradores de "Esprit" fossem capazes de levar em frente com empenho e coragem um confronto fecundo.<br />Aos olhos de Maritain a posição de Mounier era muito perigosa. O risco, de fato, era de criar dentro da revista um campo neutro, enquanto "Esprit" não queria se tornar algo de neutral. "Somente a vossa força -- escrevia Maritain numa carta dirigida a Mounier em outubro de 1932 -, o dissemos mil vezes é a fé e é o Evangelho. É preciso que isso se enxergue, que isso seja conhecido, que isso possa ser lido".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif38"><span style="font-family: times new roman;">(38)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Maritain exigia, então, que a direção de "Esprit" se expressasse claramente em nome do catolicismo professado pela maior parte dos seus colaboradores.<br />Apesar de todos os esforços diplomáticos, as posições de Déléage, Maritain e Mounier não chegaram mais a se conciliar. No final será aquela de Mounier a prevalecer. Por causa disso, os ambientes católicos se mobilizaram logo e não retardaram para intervir.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif39"><span style="font-family: times new roman;">(39)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br /><strong>“Esprit”: Revista e/ou Movimento</strong>Já nas circunstâncias acima acenadas, as diversidades de personalidades e de vocação dos maiores protagonistas do projeto "Esprit" se manifestavam claramente. O mesmo Mounier no começo de julho de 1932 anotava nos seus diários estas importantes observações:<br />Duas correntes se dividem já entre nós. De um lado os homens de ação, os advogados, levados a realizar e então impacientes de fórmulas imediatas e surpreendentes [...] pensam sobretudo ao movimento e ao partido. Os outros entre os quais estamos nós, Ulmann e eu mesmo, não estão desinteressados para a ação, mas pensamos e isso com muitos homens de ação... que é possível sufocar uma obra em querê-la precipitar.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif40"><span style="font-family: times new roman;">(40)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Assim, enquanto Déléage pensava a "Esprit" sobretudo como um movimento, que em pouco tempo deveria se transformar em partido, pelo contrário, Mounier queria que "Esprit" se tornasse exclusivamente uma revista e pensava o movimento como uma realidade para ser colocada no segundo plano. Estas polêmicas aumentavam de teor enquanto o congresso de fundação de "Esprit" se aproximava. Numa carta de abril de 1932 Déléage escrevia para o seu amigo Izard:<br />Te peço para obter de Mounier que mude o seu título de Diretor de "Esprit" naquele de Delegado a Direção, espero as soluções do congresso. Enquanto a revista mesma desejaria que se chame, como subtítulo, órgão do Partido Internacional do Trabalho, se a criação do partido for decidida, pelo contrário, órgão do movimento espiritualista.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif41"><span style="font-family: times new roman;">(</span></a><span style="font-family: times new roman;">41)<br />Déléage estava muito preocupado pelo grande trabalho que Mounier estava conduzindo com sucesso na fundação dos grupos "Amigos de Esprit". Déléage não queria absolutamente que tudo se coagulasse ao redor da pessoa de Mounier. Por isso, visando o congresso de fundação, em abril de 1932 começou a enviar um número impressionante de cartas para Izard onde delineava o seu pensamento. "Mounier busca de ganhar a Direção do Movimento como fez com a Revista. A minha carta era então clara: "A ele, a revista, a Galey a propaganda, a você Izard a Direção das sessões de estudo e a Direção do conjunto".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif42"><span style="font-family: times new roman;">(42</span></a><span style="font-family: times new roman;">)<br />Os projetos de Dëleage eram bem claros: render progressivamente independente o movimento da revista, até fazer desta última o mesmo órgão do movimento e do partido que se entendia criar.<br />Sobre estes mesmos pontos, Mounier encontrava-se exatamente do lado oposto. Numa carta do dia 2 de abril de 1932 Mounier esclarecia para Izard que estava conduzindo uma delicada obra de mediação: "Não quero de jeito a separação do movimento e da revista. Para que ninguém de nós fique desinteressado das realização; o movimento, pra não terminar em agitação, deve ficar em contato e sobre o controle da pesquisa".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif43"><span style="font-family: times new roman;">(43)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Na convicção que o espírito místico e o homem de ação podiam e, aliás, deviam colaborar juntos pela realização do projeto "Esprit", Mounier se esforçava em ajudar os próprios colaboradores por entender que o problema não era separar a revista do movimento, mas de distinguir as tarefas. Para fazer de modo<br />que ninguém se afaste do outro... consideramos juntos uma repartição aonde eu teria em mão uma equipe de trabalho, excluindo as questões de organização econômica e social concretas, das quais Izard ao mesmo tempo que a ação política, poderia assumir.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif44"><span style="font-family: times new roman;">(44)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Diante de um crescimento dos movimentos juvenis declaradamente de esquerda, Mounier se esforçava para que "Esprit" também, como movimento, ficasse de fora. Tarefa específica de "Esprit" deveria ser a produção de uma base doutrinal que os diversos grupos pudessem atingir. Isso podia concretizar-se com a criação no interior da revista de<br />uma rubrica da nova esquerda, aonde cada um se expressaria, jovens socialistas, jovens radicais, jovens republicanos etc. Todos precisam de uma doutrina e é nossa tarefa fixar essas aspirações sobre o primado do espiritual.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif45"><span style="font-family: times new roman;">(45)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Esta posição de Mounier fez estourar em Tolousa, onde Déléage tinha fundado um grupo Esprit, uma verdadeira bagunça, que teria se transformado em ruptura se não tivesse alcançado um acordo o mais rápido possível. Foi neste momento de grande tensão, que chegava para Mounier o apoio total de Maritain e de seus amigos. A pouquíssimos dias de distância do congresso de fundação em Font-Romeu, Maritain expressava a própria solidariedade para o seu amigo Mounier:<br />Eu sou de todo coração com você na vossa defesa de independência da revista. Sou persuadido que as rupturas mais graves valem mais que deixar que "Esprit" se torne o instrumento do movimento político. Seria o mundo virado de cabeça para baixo, é o espírito que se serve de órgãos, em boa filosofia! ... é preciso que você seja fim do começo de uma firmeza absoluta. Por aquilo que entendo falarei de ruptura se a idéia de Tolousa devesse triunfar, e não sou o sol; poderia dizê-lo quando se apresentasse à ocasião se achar que isso possa ser útil.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif46"><span style="font-family: times new roman;">(46)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />O congresso de Font-Romeu, que queria ser uma importante ocasião de confronto sobre a doutrina que se estava elaborando, parecia abrir-se num clima negativo.</span></div>
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<span style="font-family: times new roman;"><strong>3.6. O Congresso de Fundação da Revista "Esprit": Font-Romeu</strong>O Congresso de fundação da Revista Esprit aconteceu em Font-Romeu de 15 a 22 de agosto de 1932, numa propriedade dos Daniélou. O primeiro dia abriu-se tranquilamente com uma missa durante a qual a homilia do padre sobre o Espírito Santo provocou Mounier a cochichar com Izard: "Primeira Palestra".<br />Muito mais conflituosa foi a segunda jornada que se abriu com uma polêmica acirrada entre Mounier e Déléage, sobre o tão delicado tema do relacionamento entre revista e movimento. A proposta de Déléage que queria impor um diretor único quer seja a revista ou o movimento, não encontrou o parecer favorável de Mounier. No fim do dia, depois de uma longa série de discussões entre Déléage e Mounier, com Izard preocupado para mediar a situação que se estava tornando sempre mais tensa, conseguiu-se aceitar o compromisso proposto pelo mesmo Mounier: "Proponho então, um diretor que não tenha nada acima de si, assistido por um conselho de redação e com o direito de veto estendido até aos dois terços dos votos".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif47"><span style="font-family: times new roman;">(47)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Na realidade, estas disposições tomadas pelo Congresso, devagarzinho irão se modificar. De fato, como justamente anotou Domenach, futuro diretor de "Esprit" nos anos 1956-1976, "o diretor de uma revista não pode depender de um conselho central; devagarzinho Mounier tomará o poder e "Esprit" se identificará como uma revista".(48)<br />Depois dessas polêmicas seguiram as palestras de Mounier sobre a direção espiritual do movimento, de Izard sobre a questão social de Galey e Duveau sobre a educação e de Déléage sobre a arte. No final, os colaboradores redigiram um documento que seria publicado no primeiro número de "Esprit" com o título: "Crônica do Movimento".<br /><strong>O Manifesto de Font-Romeu</strong>A diferença entre a primeira circular e o "Prospectus", é que o manifesto de Font-Romeu não tinha uma finalidade pública, mas interna, pois servia aos mesmos colaboradores para explicar os objetivos sobre os quais queriam trabalhar. O manifesto era constituído de três partes: depois das premissas, na segunda parte se esclarecia a crítica ao capitalismo e ao marxismo e, na última parte, era apresentado um plano programático.<br />O manifesto programático abria-se com a admissão que o projeto "Esprit" nasceu por causa da grande crise econômica que afetou o Ocidente no final dos anos 20: "Se a desordem não fosse tão profunda poderia ser que o mundo ainda continuaria a ignorá-la".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif49"><span style="font-family: times new roman;">(49)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />A primeira plataforma do acordo compreendia os princípios da liberdade, da dignidade humana e do amor. "O amor exige um desenvolvimento pessoal sem o qual seria um dom sempre mais pobre. Mas este desenvolvimento toma o seu valor somente quando é orientado. É a presença do amor no mundo que lhe oferece a sua direção e as suas hierarquias".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif50"><span style="font-family: times new roman;">(50)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Na vida privada o primado do espiritual era particularmente advertido. Muitos eram os riscos que, para os colaboradores de "Esprit", a vida privada oferecia para os indivíduos: a família que arriscava continuamente transformar-se em primeiro refúgio do egoísmo social; a pessoa que corria o perigo do individualismo; a amizade que podia se confundir com uma camaradagem.<br />A parte central do manifesto visava uma dúplice crítica ao capitalismo e ao marxismo. O capitalismo tinha percorrido os últimos anos de sua história, na busca desenfreada dos meios capazes de amparar a queda dramática da crise econômica dos anos Trinta. Em força disso "se jogou na mística de uma produção indefinidamente aumentada... acreditou que a racionalização teria-lhe permitido de se superar sem se renegar... pensou que teria conseguido amarrar os operários através do bem estar".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif51"><span style="font-family: times new roman;">(51)</span></a><span style="font-family: times new roman;"> Todas estas expectativas produziram somente frustração provocando desemprego e miséria. Por isso, os colaboradores de "Esprit" se exprimiam com palavras duríssimas contra o capitalismo não apenas para o desastre material, mas, sobretudo, pela subversão dos valores que esta situação estava produzindo. "O capitalismo pretende se defender em nome da propriedade privada pervertendo-a e confiscando-a . Ela é uma condição da criação livre que o capitalismo fez da propriedade privada uma tentação de egoísmo e de lucro; ela deveria ser partilhada entre todos e o capitalismo concentrou selvagemente os atributos reais nas mãos de poucos privilegiados".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif52"><span style="font-family: times new roman;">(</span></a><span style="font-family: times new roman;">52)<br />O comunismo, também, não ficou de fora dessa dura crítica, pois não tinha feito outra coisa que transferir "a espoliação de uma classe proprietária para uma classe dirigente".(53)<br />O manifesto visava, sobretudo golpear um enorme implanto burocrático, que se tinha formado no país da revolução operária e que tinha criado "uma clientela crescente de funcionários improdutivos e irresponsáveis". Segundo os colaboradores de "Esprit" os trabalhadores da União Soviética deviam ainda realizar a revolução.<br />A visão dramática de um mundo que estava caindo em pedaços, levava os redatores do manifesto a elaborar um plano programático, cujas linhas fundamentais deviam constituir a base para uma nova sociedade do rosto humano.<br />Aos abusos de ordem privada e social dos quais a economia atual é a causa, se levará remédio somente reprovando todo o mal e todo o bem de que a economia é capaz e perseguindo a felicidade material dos homens visando o desenvolvimento espiritual deles.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif54"><span style="font-family: times new roman;">(54)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Por isso, a gestão das empresas devia ser dos trabalhadores. Nenhuma classe burocrática autoritária devia atrapalhar esta gestão autônoma. Assim, seria dividida entre todos a dignidade de ser livre ao mesmo tempo que é responsável. De clara influência prudhoniana, que em seguida se fará sentir também sobre os artigos que aparecerão em "Esprit", o manifesto continuava declarando a exigência de derrubar os mecanismos da concorrência em favor da garantia necessária dos direitos privados.<br />Na sociedade sonhada pelo manifesto, sociedade não exploradora, mas a serviço da pessoa, a tarefa fundamental era apontada na descentralização: "Tudo aquilo que comporta o governo é distribuído aos diversos níveis geográficos aonde se reúnem as coisas e as pessoas".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif55"><span style="font-family: times new roman;">(55)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Isso devia permitir levar ao conhecimento as necessidades das pessoas pra ajudá-las a fazer parte de um poder não distante da realidade deles. Por esta razão, o espaço vital no qual este projeto podia ser realizado, não era mais a nação, mas a região e o Estado. A região dava possibilidade aos homens de viver no mesmo clima social e de participar aos mesmos costumes, permitindo, então, facilidade no comércio. O Estado correspondia a uma unidade geográfica e uma verdadeira civilidade espiritual. O plano programático concluía na esperança de que uma confederação mundial surgisse para garantir a paz entre os estados, como também garantir uma troca de valores morais.<br /><strong>"Esprit" o movimento</strong>A intenção de fazer de "Esprit" não somente um revista, mas também um movimento, já tinha se manifestado durante a busca dos fundos necessários para a publicação da revista. O objetivo era fazer de "Esprit" um centro de idéias capazes de se espalhar fora da cidade de Paris. Esta primeira tendência se manifestou na formação de grupos de estudo divididos por temas, no interior dos quais colaboravam estudiosos e especialistas da matéria. Entre novembro de 1932 e a primavera de 1934 se constituíram os seguintes grupos de estudos: econômico, artístico, social, o grupo sobre a corporação, sobre o Estado e o Federalismo, sobre os encontros internacionais, o grupo sobre o marxismo, o grupo jurídico e dos filósofos. Apesar do empenho dos participantes, nem sempre as coisas funcionavam do jeito que Mounier queria. A sensação de ser o único a perceber a necessidade de uma ligação estreita entre os colaboradores, Mounier a advertiu em diferentes circunstâncias entre 1933 e 1934, época que viu a dissolução do grupo dos fundadores por causa dos acontecimentos ligados à Troisiéme Force.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif56"><span style="font-family: times new roman;">(56)</span></a><span style="font-family: times new roman;"> Este desfecho levou Mounier a repensar a organização de "Esprit" para recomeçar com novos objetivos.<br />A mais importante das nossas decisões levou a constituição de grupos redacionais, que asseguram as nossas crônicas uma riqueza de informação e uma unidade de juízo, que não tínhamos ainda alcançado. Uma rubrica literária regular é confiada a Denis de Rougemont, rodeado dos nossos cronistas habituais. Henri Davenson abrirá um processo permanente contra a cultura e dirigirá as pesquisas culturais com uma equipe de especialistas... Um comitê de redação política produzirá por cada número da revista uma crônica política regular.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif57"><span style="font-family: times new roman;">(57)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Este novo esboço que o grupo redacional elaborou junto com a estruturação dos grupos doutrinais, permitiu um trabalho de fecunda colaboração que desabrochou sobretudo nos "números especiais" destinados a marcar páginas importantes no panorama cultural francês dos anos Trinta.<br />Sobre o problema do relacionamento entre "Esprit" e Troisiéme Force, Mounier sempre manifestou a própria desconfiança. Convencido como era de que o compromisso de todos aqueles que trabalhavam no projeto "Esprit", devia ser, antes de mais nada, uma busca constante dos meios doutrinais, capazes de levar o primado do espiritual numa época apodrecida das consequências do capitalismo e das falsas doutrinas liberais, Mounier duvidava fortemente da eficácia de uma ação política. "A amizade do movimento -- escrevia Mounier em março de 1933 -- inclinava para uma mentalidade propriamente política, ou seja, muitas vezes buscando o oportunismo e a superficialidade. Se não darmos para eles uma alma, se perderão".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif58"><span style="font-family: times new roman;">(</span></a><span style="font-family: times new roman;">58)<br />Na busca de uma revolução espiritual, não era aconselhável se encaminhar batendo velhas trilhas como aquelas que ofereciam atividades políticas cheias de armadilhas e mesquinhez, que podia atrapalhar logo no começo a obra empreendida. De fato, não era difícil cair na tentação de buscar na Troisiéme Force, como em qualquer outro movimento político, o próprio sucesso pessoal. Todas as vezes que Mounier participava de uma reunião deste movimento percebia esta tentação: "A ação é uma terrível devoradora de homens. Aqueles que buscam a vida pública, chegam sempre mais numerosos na Troisiéme Force".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif59"><span style="font-family: times new roman;">(59)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Muitos acontecimentos, devido sobretudo às ameaças de Maritain e do grupo dele, que não via com um bom olhar a ligação de Esprit com Troisiéme Force, levou Mounier a acelerar os tempos para um esclarecimento no confronto da Troisiéme Force. No número 10 de julho de 1933, Mounier publicava em "Esprit" um "Avertissement", redigido junto à Georges Izard, no qual se declarava a separação entre a revista e o movimento Troisiéme Force. Alma e corpo, espírito e ação, eram os dois rostos de duas obras surgidas dos mesmos princípios espirituais, que agora sentiam a necessidade de uma distinção mais clara das respectivas tarefas.<br />Desde as origens -- concluía o <em>"Avertissement"</em> -- tínhamos decidido que a revista e o movimento de ação teriam ficado alguns tempos ligados para apoiar-se um ao outro na partida e que Georges Izard, organizador da Troisiéme Force, abandonaria o seu título de redator chefe de "Esprit" no dia em que o seu movimento tivesse uma existência oficial e uma vida suficientemente forte para ser autônoma. Ele faz isto com esta declaração comum.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif60"><span style="font-family: times new roman;">(60)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Com esta explícita declaração, "Esprit" afirmava a total tomada de distância não apenas da Troisiéme Force, mas também de qualquer movimento político. "Esprit" continuará a desenvolver a própria reflexão na busca dos princípios doutrinais, capazes de levar em frente aquela revolução espiritual tão desejada pelos seus colaboradores. A Troisiéme Force, depois de ter-se ligado à "o fronte comum anti-fascista" de Gaston Bergery, com o qual se unirá no "Frente Social", sobreviverá até 1936.<br /><strong>Os "Amigos de Esprit"</strong>Paralelamente ao trabalho da revista, foi levado em frente a criação dos grupos "Esprit", que em pouco tempo conheceram uma rápida difusão não apenas na França -- Bordeaux, Chartres, Digione, Tolousa, Lilla, Tours, Paris, Montpellier -- mas também no exterior -- Bélgica, Canadá, Egito, Espanha, Inglaterra, Holanda, Itália, Suíça, Argentina. O objetivo destes grupos era continuar a desenvolver a reflexão que "Esprit" estava conduzindo. Fazer circular o pensamento "Esprit", não na superfície, mas através de um sentir que envolvesse por dentro as novas gerações: este era o grande objetivo da fundação destes grupos. A constituição dos "Amigos de Esprit" parecia ser para Mounier e os seus colaboradores o justo caminho para ser percorrido. "E depois -- escrevia Mounier ao seu amigo Izard numa carta de 18 de outubro de 1934 -- não acredito mais nos partidos e na política que desenvolvem mas a organizamos minoritários flexíveis".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif61"><span style="font-family: times new roman;">(61)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Os "Amigos de Esprit" foram constituídos para assegurar uma dúplice colaboração espiritual e material entre a revista, os seus redatores, os seus assinantes, os seus leitores e os seus simpatizantes. Para ser admitido a estes grupos, bastava ser apresentado por dois membros do grupo e claramente aceitos. O trabalho interno dos grupos era estruturado a dois níveis: um espiritual e o outro material. O primeiro, que trabalhava a formação cultural, era levado em frente através da discussão e reflexão de temas escolhidos para os componentes do mesmo grupo. Esse trabalho de estudo era conduzido em estrita colaboração com os grupos doutrinais de "Esprit". Nas reuniões dos "Amigos de Esprit" liam-se os artigos da revista, de modo especial àqueles que falavam do tema escolhido para o grupo, discutia-se e, o resultado da reflexão, era digitado e enviado à redação de Paris. Nascia assim, aquela fecunda colaboração entre "centro" e "periferia" que permitiu aos homens de "Esprit" elaborar uma doutrina não abstrata, mas atenta aos problemas do tempo. Em novembro de 1935 saiu o primeiro número do Jornal Interior dos "Amigos de Esprit", uma folha digitada, pensada e querida pelo mesmo Mounier, que servia para manter em contato diversos grupos sobre as atividades e os programas futuros. O primeiro encontro dos grupos "Amigos de Esprit" aconteceu no dia 29 de outubro de 1935. Muitos dos participantes destes grupos, buscavam uma ação de tipo político. Por isso, entrando no grupo "Amigos de Esprit" o questionamento era sempre o mesmo: "Afinal de contas, o que é que vocês fazem de concreto? ". Foi Mounier mesmo a oferecer as respostas, dizendo que um grupo "Esprit" era sobretudo uma amizade construída por pessoas diferentes que, porém, se encontravam ligadas por um certo clima espiritual. Mounier lembrava também que o grupo tinha por missão, como a revista, de preparar o renascimento interior do Ocidente. O esforço que Mounier pedia aos "Amigos de Esprit", era aquilo de penetrar os novos ambientes para permitir a circulação das idéias de "Esprit". Neste primeiro encontro dos grupos "Amigos de Esprit", Mounier salientou que:<br />Não precisava muito para constatar que a nossa ação ultrapassava sobre o plano espiritual e cultural o objetivo de qualquer grupo político... os "Amigos de Esprit" devem entender a obra considerável de testemunho, de formação doutrinal e espiritual, de influência pessoal e de educação que ele s devem conduzir fora das ações de massa e de força.</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif62"><span style="font-family: times new roman;">(62)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Mounier era convencido que a grande tarefa dos colaboradores de "Esprit" e dos amigos da revista, consistia em preparar uma filosofia, um espírito, uma doutrina e quadros no interior de todas as elites, entre elas também as elites operárias e camponesas.</span></div>
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<span style="font-family: times new roman;"><strong>3.7. A estrutura da revista</strong>Do Congresso de Font-Romeu até a saída do primeiro número de "Esprit", passaram mais de 40 dias. Em outubro de 1932, Mounier podia finalmente admirar o primeiro número da revista: "Os números da revista, enviados a rue des Saint-Peres, -- escrevia Mounier nos seus diários em 09 de outubro de 1932 -- são bloqueados por causa da semana curta. Os assinantes a receberão antes do Diretor... A senhorita De Larnage (na casa da qual Mounier morava), recebeu Esprit; finalmente estão nas minhas mãos".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif63"><span style="font-family: times new roman;">(63)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />Como se apresentava a revista Esprit para o leitor francês? Era um volume que variava das cem às duzentos páginas. Na capa, desenhada por Maximilien Vox, além da escrita Esprit, tinha a lista das rubricas sobre as quais era estruturada a revista. No interior da revista confluíam os artigos dos colaboradores das seguintes rubricas: "Oeuvres", "Confrontations", "Chroniques", "Les événements et les hommes".<br />Sob o título "Oeuvres" apresentava artigos de uma certa amplitude, das dez às vinte páginas, nos quais eram enfrentados diferentes temas de política, de cultura, assuntos da atualidade. Os artigos das "Oeuvres" enfrentavam todos os mesmos temas em modos diferentes, e eram verdadeiros estudos específicos pelos quais era respeitada a liberdade da pesquisa. Isso significava, que os autores das "Oeuvres" não apresentavam necessariamente a linha ideológica de Esprit. Nestes casos, porém, era sinalizado com uma nota de poucas linhas antes do artigo.<br />Diferente por impostação era a rubrica "Chroniques", que acolhia os artigos que expressavam claramente a linha doutrinal da revista. Nela confluíam, sobretudo, os artigos daqueles que participavam dos grupos de estudo, organizados da redação de "Esprit", para articular melhor o trabalho doutrinal e pra render mais fecunda, através do confronto dos diferentes grupos de estudo, a análise da situação contemporânea. Eram artigos que tinham, então, um corte personalista e eram utilizados como material de estudo e de pesquisa, para os componentes dos vários grupos "Amigos de Esprit".<br />Enquanto as duas rubricas supracitadas, propunham para o leitor um tipo de reflexão teórica, "Les évenements et les hommes" se esforçava de criar uma ligação com a vida corriqueira. Mounier não era muito interessado que nesta rubrica aparecessem artigos bem escritos. Desejava, porém, o comentário sobre aquilo que acontecia. Esta rubrica era também dividida em várias rubricas menores: cinema, pintura, poesia, cidade, vida privada, resenhas, etc. as quais, apesar de, dificilmente, serem apresentadas contemporaneamente no mesmo número, constituíam o esforço constante de Esprit para penetrar a cultura contemporânea.<br />A última rubrica, sem dúvida não por importância, era "Confrontation". No interno dela eram colocadas duas séries de obras: na primeira tinham aqueles que, como impostação espiritual, eram perto de Esprit; na segunda tinham as "longínquas", que, porém "nos reconhecemos para eles alguma ligação espiritual e abrimos uma conversa".</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="rif64"><span style="font-family: times new roman;">(64)</span></a><span style="font-family: times new roman;"><br />O esforço de pesquisa doutrinal, ativado nos grupos de estudos entre colaboradores crentes e não-crentes, era proposto nestas páginas para o leitor. Nem sempre estas quatro rubricas principais de Esprit apareceram juntas no mesmo número. De fato, em várias circunstâncias a redação preparava os assim chamados "números especiais" cujo assunto absorvia todas as páginas disponíveis. Serão sobretudo esses números especiais, pela espessura teórica e doutrinal, a fazerem a história de Esprit.</span></div>
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<span style="font-family: times new roman;">Copyright © 2009 Paolo Cugini</span></div>
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<span style="font-family: times new roman;">Paolo Cugini.</span><span style="font-family: times new roman;">«Emmanuel Mounier e a experiência da revista "Esprit". A origem da filosofia personalista». Dialegesthai. Rivista telematica di filosofia [in linea], anno 11 (2009) [inserito il 20 dicembre 2009], disponibile su World Wide Web: <http:>, [72 KB], ISSN 1128-5478.</http:></span></div>
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<span style="font-family: times new roman;">*Paolo Cugini<br />Doutor em Filosofia (Bologna- Italia), pároco de<br />Tapiramutá-BA e professor de filosofia da religião<br />na FAFS (Faculdade Arquidiocesana de FeiraSantana-BA). E-mai: <a href="mailto:pacugini@yahoo.com.br">pacugini@yahoo.com.br</a></span></div>
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<span style="font-family: times new roman;">______</span><a href="https://www.blogger.com/null" name="note"></a><br />
<span style="font-family: times new roman;"><strong>Notas</strong></span><a href="https://www.blogger.com/null" name="nota1"></a><span style="font-family: times new roman;">1. O primeiro numero da revista "Esprit" foi publicado em primeiro de outubro 1932. O melhor estudo que ainda hoje se encontra sobre a historia e o conteúdo da revista, sobretudo no período da direção de Mounier (1932-1950) è: Michel Winock, Histoire politique de la revue Esprit, Seuil, Paris, 1975 (nova edição atualizada e aumentada, com o seguinte titulo: "Esprit". Des intelellectuels dans la cité, 1930-1950, Seuil, Paris, 1996). </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif1"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota2"></a><span style="font-family: times new roman;">2. Emmanuel Mounier (Grenoble 1905 -- Paris 1950). Poucas obras de Mounier são traduzidas em português e isso dificulta o conhecimento do seu pensamento no Brasil. Os textos mais importantes de Mounier foram publicados em quatro volumes nos anos sessenta (1961-1963) pela editora Seuil de Paris. Aqui em seguida indicamos as obras principais de Mounier e o respectivo ano de publicação: Révolution personnaliste e communnautaire (1935); De la propriété capitaliste à la propriété humaine (1936); Manifeste au service du personnalisme (1936); Personnalisme et christianisme (1939); L'affrontement chrétien (1945); Traité du caractère (1946); Qu'est-ce que le Personnalisme? (1947); Le Personnalisme (1949); Feu la Chrétienté (1950). </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif2"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota3"></a><span style="font-family: times new roman;">3. Cf. E Mounier, O personalismo, Centauro Editora, 2004. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif3"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota4"></a><span style="font-family: times new roman;">4. Cf. G. Campanini, Incontro com Emmanuel Mounier, Eupress-FTL, Lugano-Varese, 2005; M. Toso -- A. Danese, Emmanuel Mounier. Persona e umanesimo relazionale, LAS, Roma, 2005; J.-F. Petit, Penser avec Mounier: une éthique pour la vie, Chronique Sociale, Lyon, 2000. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif4"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota5"></a><span style="font-family: times new roman;">5. Cf. Il tramonto dell'Occidente, Longanesi, Milano, 1957, tr. esp. Decadencia de Ocidente, 2 vol., Ed. Espasa alpe, 1999. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif5"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota6"></a><span style="font-family: times new roman;">6. Cf. La ribellione delle masse (1930), Nuove Ed. Italiane, Roma, 1945, tr. esp. La Rebelión de las masas, Ed. Espasa alpe, 2005. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif6"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota7"></a><span style="font-family: times new roman;">7. Cf. Il tradimento dei chierici (1927), Gentile, Milano, 1946, tr. Por. A traição dos intelectuais, Ed. Paixoto Neto, 2007. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif7"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota8"></a><span style="font-family: times new roman;">8. G. Campanini, La filosofia della crisi, in "Giornale di metafisica", luglio-ottobre 1964, p. 483. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif8"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota9"></a><span style="font-family: times new roman;">9. R. Rémond, Il XX secolo, vol. III, BUR, Milano, 1982, pp. 77-78. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif9"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota10"></a><span style="font-family: times new roman;">10. G. Campanini, Personalismo e democrazia, Dehoniane, Bologna, 1987, p. 61. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif10"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota11"></a><span style="font-family: times new roman;">11. J.L. Loubet del Bayle, I non conformisti degli anni trenta, Cinque Lune, Roma, 1972, p. 173. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif11"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota12"></a><span style="font-family: times new roman;">12. J.L. Loubet Del Bayle, ob. cit., p. 26. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif12"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota13"></a><span style="font-family: times new roman;">13. LA crisi delle scienze europee e la fenomenologia trascendentale (1954), Il Saggiatore, Milano, 2002. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif13"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota14"></a><span style="font-family: times new roman;">14. La crisi della civiltà, Torino, 1937. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif14"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota15"></a><span style="font-family: times new roman;">15. L'aventure occidentale de l'homme, Paris, 1957. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif15"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota16"></a><span style="font-family: times new roman;">16. Rivoluzione e libertà, Torino, 1963. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif16"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota17"></a><span style="font-family: times new roman;">17. L'aventure ocidentale de l'homme, cit. pp. 203-206. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif17"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota18"></a><span style="font-family: times new roman;">18. Cf. Lenin, L'imperialismo(1916), Roma, 1973. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif18"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota19"></a><span style="font-family: times new roman;">19. Humanisme integral, Aubier, Paris, 1936. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif19"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota20"></a><span style="font-family: times new roman;">20. Révolution personnaliste et communautaire, Montaigne, Paris, 1935. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif20"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota21"></a><span style="font-family: times new roman;">21. Nouvelle Revue Française, dezembro 1932, p. 810. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif21"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota22"></a><span style="font-family: times new roman;">22. Charles Péguy (1873- 1914), poeta e filosofo francês critico da modernidade. Nas obras da maturidade refletiu, sobretudo sobre o mistério da Encarnação. Ao pensamento deste filosofo, Mounier dedicou a sua primeira obra: O pensamento de C. Péguy (1929). </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif22"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota23"></a><span style="font-family: times new roman;">23. Cf. Obra cidada. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif23"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota24"></a><span style="font-family: times new roman;">24. Carta a Jéromine Martinaggi, 1/4/1941, Ouvres Complets (de agora em diante: O.C.) IV, Ed. Seuil, Paris, 1963, pp. 476-477. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif24"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota25"></a><span style="font-family: times new roman;">25. G. Izard, "Emmanuel Mounier", in L'Express, 24/3/1960. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif25"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota26"></a><span style="font-family: times new roman;">26. A "Prémier circulaire sur la revue projetée", apareceu pela primeira vez no dia 8/7/1931. O texto integral se encontra no nº 57 do Bulletin dês Amis d'Emmanuel Mounier (de agora em diante: BAM), Paris, pp. 9-10. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif26"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota27"></a><span style="font-family: times new roman;">27. O texto integral se encontra em O.C. IVº, pp. 489-491. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif27"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota28"></a><span style="font-family: times new roman;">28. O.C. IVº, pp. 489-490. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif28"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota29"></a><span style="font-family: times new roman;">29. Ibidem. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif29"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota30"></a><span style="font-family: times new roman;">30. Ibidem. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif30"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota31"></a><span style="font-family: times new roman;">31. Ibidem. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif31"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota32"></a><span style="font-family: times new roman;">32. Entretiens V, 3/1/1932: O.C. IVº p. 487. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif32"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota33"></a><span style="font-family: times new roman;">33. Carta do 3/2/1932, em BAM 57 p. 18. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif33"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota34"></a><span style="font-family: times new roman;">34. Carta do 2/3/1932, BAM 49 p.22. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif34"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota35"></a><span style="font-family: times new roman;">35. Ivi, p. 23. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif35"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota36"></a><span style="font-family: times new roman;">36. Carta a George Izard do 19/2/1932, O.C. IVº, p. 489. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif36"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota37"></a><span style="font-family: times new roman;">37. Carta do 29/4/1931, em J. Petit, J. Maritain --E. Mounier: corrispondenza 1932-1939, Morcelliana, Brescia, 1976, p. 102. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif37"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota38"></a><span style="font-family: times new roman;">38. Carta de Maritain a Mounier, 25/5/1933, BAM 34-35, p. 51. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif38"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota39"></a><span style="font-family: times new roman;">39. Sobre este assunto cf. M. Winock, Histoire politique de la revue Esprit, cit., pp. 159-161. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif39"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota40"></a><span style="font-family: times new roman;">40. Entretiens, 2/7/1932 BAM 57 p. 28. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif40"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota41"></a><span style="font-family: times new roman;">41. Carta de Déléage para Izard, 28/5/1932, em: Winock, ob. Cit. P. 62. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif41"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota42"></a><span style="font-family: times new roman;">42. Carta de Déléage para Izard, 7/4/1932, ivi, p.60. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif42"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota43"></a><span style="font-family: times new roman;">43. BAM 57 p. 21. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif43"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota44"></a><span style="font-family: times new roman;">44. Ibidem. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif44"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota45"></a><span style="font-family: times new roman;">45. Entretiens, 10/7/1932, BAM 57, p.29. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif45"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota46"></a><span style="font-family: times new roman;">46. Carta de Maritain a Mounier, 3/8/1932, BAM 34-35 p. 20. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif46"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota47"></a><span style="font-family: times new roman;">47. Entretiens V, 16/8/1932, O.C. IVº pp. 499-500. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif47"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota48"></a><span style="font-family: times new roman;">48. J.M. Domenach, E. Mounier, Seuil, Paris, 1972, p. 56. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif48"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota49"></a><span style="font-family: times new roman;">49. BAM 57 p. 31. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif49"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota50"></a><span style="font-family: times new roman;">50. Ivi p. 32. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif50"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota51"></a><span style="font-family: times new roman;">51. Ivi p. 34. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif51"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota52"></a><span style="font-family: times new roman;">52. Ivi p. 35. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif52"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota53"></a><span style="font-family: times new roman;">53. Ivi p. 34. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif53"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota54"></a><span style="font-family: times new roman;">54. Ivi p. 35. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif54"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota55"></a><span style="font-family: times new roman;">55. Ibidem. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif55"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota56"></a><span style="font-family: times new roman;">56. Cf M. Winock, cit. pp. 132-137. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif56"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota57"></a><span style="font-family: times new roman;">57. "Esprit", nº 49 (fevereiro 1936), "Anné decisive". </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif57"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota58"></a><span style="font-family: times new roman;">58. Entretiens VI, p. 512. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif58"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota59"></a><span style="font-family: times new roman;">59. Entretiens VII, 31/3/1933, O.C. IVº p.524. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif59"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota60"></a><span style="font-family: times new roman;">60. O texto se encontra em BAM 36, p. 7. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif60"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota61"></a><span style="font-family: times new roman;">61. BAM 41, p. 9. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif61"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota62"></a><span style="font-family: times new roman;">62. BAM 36, p. 16. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif62"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota63"></a><span style="font-family: times new roman;">63. Entretiens VI, 9/10/1932, O.C. IVº, pp. 504-505. </span><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6206687142938290920#rif63"></a><br />
<a href="https://www.blogger.com/null" name="nota64"></a><span style="font-family: times new roman;">64. "Esprit", Outubro 1932, pp. 3-4.</span></div>
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<span style="font-family: Times New Roman;"><strong>Foto:</strong> Paolo Cugini</span></div>
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<a href="http://mondodomani.org/dialegesthai/pcu01.htm"><span style="font-family: times new roman;">http://mondodomani.org/dialegesthai/pcu01.htm</span></a></div>
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Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-26693191624419531422012-02-19T18:47:00.016-08:002018-09-12T06:19:01.529-07:00O sentido dramático da condição humana.*<div align="center" style="font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBs4nGEy5mH43CVrAOstjyecMx_zn8fx7uD5eDnj85iTWT4J4Fp0R4DSD6rf0kdzQTJhgwAYh6J6FgYLQeSNJN1lBW4IDKDIZshaLVdAOtmNH9nnSSjBm4nz-fRJI_p-oMgzgfuLxZRTMV/s1600/guernica.jpg" style="font-size: 100%; font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman"; font-size: 0;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5711049307089782242" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBs4nGEy5mH43CVrAOstjyecMx_zn8fx7uD5eDnj85iTWT4J4Fp0R4DSD6rf0kdzQTJhgwAYh6J6FgYLQeSNJN1lBW4IDKDIZshaLVdAOtmNH9nnSSjBm4nz-fRJI_p-oMgzgfuLxZRTMV/s400/guernica.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 216px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></span></a><span style="font-family: "times new roman";"><strong>O sentido dramático da condição humana.*<br />Emmanuel Mounier</strong></span></div>
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<div align="justify" style="font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal;">
<span style="font-family: "times new roman";">Se a situação fundamental do homem é o estar rodeado e solicitado, eis aqui, no coração de</span><span style="font-family: "times new roman"; font-size: 130%;"> </span><span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">meu sentimento do mundo, uma certa alegria existencial que nega o desespero absoluto da alma contemporânea. Mas essa reconciliação com vida e com homem não nos arrasta a fáceis otimismos. É impossível negar, sem cair na ilusão, que este mundo está rachado e obscurecido, que parece se aliar contra a razão à medida que a razão o penetra, que as significações últimas deste processo se nos escapam, que a união entre os homens tem desaparecido, que se tem acentuado a inclinação que nos conduz a nós mesmos, que o homem se escraviza com seus próprios gestos de libertação, que se prende com todos os seus desejos, se obscurece com suas próprias luzes, que poderíamos hesitar em definir se o retrocesso ou o progresso é a lei da história. Em tudo que somos em tudo que fazemos a angústia se amálgama com alegria, a malícia, com a boa vontade, o nada, com o ser. Este sentido dramático da condição humana nos distancia de vez das soluções totalitárias, que conduzem a um desespero absoluto- desembocando em um desprezo essencial do homem -, e no outro extremo, das utopias idealistas. Esse sentimento é a mola dos mais ricos dos temperamentos revolucionários: o que se presta generosamente ao homem para que este seja generoso, o que nutre o desespero para não pedir em demasia a bondade automática das coisas e das pessoas, e que carrega um sentimento demasiado vivo da habilidade comum e das dificuldades comuns para não ceder ao fanatismo. (Emmanuel Mounier)</span></div>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<div align="justify" style="font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Tradução livre: Lailson Castanha</span></div>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<div align="justify" style="font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal;">
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">______<br /><strong>Fonte:</strong>MOUNIER, Emmanuel. ¿QUÉ ES El PERSONALISMO?; traducción de Edgar Rufo; prólogo de Emilio. Buenos Aires: Komar. Edicione Criterio S.R.L, 1956.<br /><strong>Gravura:</strong> Guernica de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Picasso" title="Pablo Picasso">Pablo Picasso</a>. Representação das misérias produzidas pelo bombardeio alemão contra a cidade basca de Guernica, na Espanha, em apoio ao General Franco, que não tinha a cidade sobre o seu domínio.<br />* O título não é do autor. Foi colocado apenas para identificar a postagem no blog Ponderações personalistas. </span></div>
<br />
<div align="justify" style="font-style: normal; font-variant: normal; line-height: normal;">
<span style="font-family: "times new roman"; font-size: 85%;"></span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-75011178195335242182012-02-10T20:55:00.002-08:002018-09-12T06:21:05.394-07:00É POSSÍVEL DEFINIR O PERSONALISMO?<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv1OAvtlnW2EZ-1hEHZKzXwNkUmtCwv0ZWuSCGsPMDO49MfoZ9UEgTpftb9M9B0pEbJZmaiQNw1zgFPKX0TFG6Mo2U3cwzwPqvr509V9caqeIJ8zn23AV3AnW0Iwie0_g4TBkH9Yty7NdY/s1600/JUAN+MANUEL+BURGOS.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5707745943768637858" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv1OAvtlnW2EZ-1hEHZKzXwNkUmtCwv0ZWuSCGsPMDO49MfoZ9UEgTpftb9M9B0pEbJZmaiQNw1zgFPKX0TFG6Mo2U3cwzwPqvr509V9caqeIJ8zn23AV3AnW0Iwie0_g4TBkH9Yty7NdY/s320/JUAN+MANUEL+BURGOS.jpg" style="cursor: hand; float: left; height: 320px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 280px;" /></a><span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">É POSSÍVEL DEFINIR O PERSONALISMO?</span></span><span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";"></span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">J</span></span><span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">UAN MANUEL BURGOS*</span></span></div>
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</div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">1. UMA OPINIÃO CORRENTE</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Ante a esta pergunta cabem variadas posições que podem ir desde a negação completa, entendido como a negação da existência de tal corrente de pensamento, até a afirmação convencida da importância e interesse desse movimento filosófico. Existe também a possibilidade de uma posição intermediária, relativamente difundida, que se coloca a meio caminho entre os dois extremos. (1)</span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Para os representantes desta postura o personalismo pode ser caracterizado como uma corrente filosófica que nasceu na França com Emmanuel Mounier ao redor dos anos 30 e tem conseguido alguns êxitos intelectuais importantes: enfatizar a centralidade da pessoa; servir como um freio para as tendências totalizantes do marxismo e o nazismo como o individualismo exagerado; colocando em prática uma série de conceitos anteriormente negligenciadas em algumas áreas de reflexão filosófica: amor, doação, diálogo, relações interpessoais, etc.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Estas conquistas se refletiria, por exemplo, na maior frequência com que aparecem todas estas questões no atual debate cultural, em sua contribuição para o enfrequecimento ideológico dos grandes sistemas totalitário e sua influência mais ou menos explícita, sobre toda uma série de eventos culturais, que variam desde a Declaração Universal dos direitos do Homem pela ONU as Categorias antropológicas usadas na Constituição Italiana, após a Segunda Guerra Mundial ou formulações do Concillio Vaticano II, com um exemplo particularmente importante da Constituição Pastoral <em>"Gaudium et spes".</em></span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Juntamente com estes elementos positivos deve notar, no entanto, um importante limite teórico do personalismo: sua baixa densidade e sua pouca consistência especulativa. O personalismo seria uma doutrina muito instável, muito flexível e genérica, e isto significativamente limitaria suas possibilidades intelectuais. No fundo, se você pensa a partir desta posição, já teria obtido praticamente tudo aquilo que seus recursos teóricos lhe permitem e não seria possível ir mais longe sem cair já em concepções tão neutras e adoçadas que perderiam toda força e significado. Em outras palavras, querendo obter mais fruto do personalismo, não levaria mais que a insistir em uma série de temas e conceitos já assumidos parcialmente pelo ambiente cultural e que, portanto, não possuem sua força inicial.</span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">É correta esta postura? Na realidade, o problema não é novo. Um problema semelhante, com efeito, já se levantou com respeito ao personalismo francês. Era esse movimento, se perguntavam os participantes neste debate, uma corrente filosófica em sentido estrito ou devia ser considerado como um movimento cultural de certa força, mas sem um programa especulativo próprio?</span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">A este respeito tem sido sempre emblemática a resposta que, já em 1947, Maritain deu a esta questão em sua obra <em>La personne et le bien commun</em>. “Não havia nada mais falso, afirmava que falar do ‘personalismo’ como uma doutrina. É um fenômeno de reação contra dois erros opostos sim inevitavelmente um fenômeno completo. Não há uma doutrina personalista, senão aspirações personalistas e uma boa dúzia de personalistas que talvez não tem em comum mais que o nome de pessoa, e das que algumas tendem em maior ou menor grau para um dos erros opostos entre os quais se colocam. Há personalismo de caráter nietzscheano e personalismos de caráter proudhoniano, personalismos que tendem para a ditadura e personalismos que tendem para a anarquia. Uma das grande preocupações do personalismo tomista consiste em evitar um e outro excesso” (2).</span></span></div>
<br />
<div align="justify">
<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Jean Lacroix adotou uma posição similar em sua obra <em>O personalismo como anti-ideologia</em> (3). Para este autor, como observa Rigobello, “o personalismo não seria uma filosofia própria e autêntica, como queriam seus seguidores mais entusiastas, nem um tipo de ideologia, como o definem seus inimigos, senão uma anti-ideología, ou seja, um "fenômeno" de reação.” (4). O personalismo surgiria fundamentalmente como reação aos opostos excessivos e erros do individualismo e do totalitarismo, de modo que sua força principal residiria nesta capacidade de negação e não poderia se falar de uma doutrina personalista positiva em sentido estrito.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">2. MOTIVOS PARA UMA REVISÃO</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">A posição que acabamos de descrever nos parece medida e, em alguns pontos, acertada, porem estimamos que não faz justiça completa ao fenômeno personalista. Exporemos algumas das razões que nos levam a realizar esta afirmação.</span></span></div>
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<div align="justify">
<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Em primeiro lugar esta posição se move em um horizonte histórico e geográfico muito limitado. O personalismo, com efeito, não pode ser simplesmente identificados com o personalismo francês. É certamente de Mounier o mérito de ter popularizado e elevado à categoria de corrente de pensamento através do Movimento Cultural que tinha como um centro de gravidade, a revista <em>"Esprit"</em>. Mas, precisamente em virtude do sucesso que ele conseguiu a esta iniciativa, o personalismo se deteve com o desaparecimento de Mounier.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Se deixarmos de lado o personalismo norte americano do início do século que, com autores como Bowne, Howison, Flewelling e Brightmann, que tem percorrido uma via original e própria, e nos limitamos ao âmbito europeu, podemos detectar hoje em dia numerosas escolas e pensadores que se referem de um modo mais ou menos explícito ao personalismo: a escola polaca com representantes da estatura de de K.Wojtyla; em território italiano com autores como Stefanini, Pareyson, Carlini, Buttiglione(5); R. Guardini, F. Ebner y H.U. von Balthasar no âmbito da língua alemã; J. Marías, A; López Quintás e outros e no âmbito da língua espanhola, etc. (6)</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Mas, para além do aspecto histórico, há outra questão mais importante que permite pôr em dúvida a descrição anterior. O personalismo, na realidade, não tão genérico do ponto de vista especulativo como poderia deduzir a partir de esta caracterização e sem um análise tão atenta e adequada é fácil descobrir um estremado quadro conceitual relativamente claro, preciso e potente.</span></span></div>
<br />
<div align="justify">
<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Podemos abordar esta questão usando um ponto de vista negativo, ou seja, estudando o modo em que se distingue de outras filosofias. Um ponto de referencia útil para esta linha é a neo-escolástica. Os laços que unem essas duas correntes são múltiplos e variados, porém, o que agora nos interessa sublinhar é que um setor da neo-escolástica sempre tem rejeitado as posições personalistas por considerar que modificam pontos essenciais de seu sistema. Esta recusa foi manifestada em algumas ocasiões de forma polêmica e, em muitas outras, como uma simples negativa de este grupo de pensadores para a possibilidade de definir ou de serem considerados personalistas. No entanto, nesta atitude já é possível encontrar a falta de neutralidade ideológica do personalismo a que nos referíamos. Este se apresenta, com efeito, como uma corrente capaz de propor ao nível técnico uma série de soluções inaceitáveis pelos representantes de outras correntes filosóficas.</span></span></div>
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<div align="justify">
<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">É evidente, de todos os modos, que esta caracterização negativa é a todos claramente insuficiente. Se você deseja modificar de modo substancial a opinião que temos descrito a tarefa que deves levar a cabo é uma caracterização positiva do personalismo em uma ampla gama de questões: sua posição gnosiológica; o papel que desempenha a metafísica no interior de seu sistema; o papel que deve ser atribuído a subjetividade e a relacionalidade em sua articulação antropológica; o modo em que se coincide a relação entre filosofia e práxis, entre fé e razão; a possibilidade de encontrar um mínimo múltiplo comum entre os diversos pensadores personalistas que justifique una designação unitária; etc.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">3. PESSOA E PERSONALISMO</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Este programa excede, evidentemente, as possibilidades de uma comunicação e por isso nos temos limitado a tratar um único ponto. Temos procurado escolher, de todos os modos, uma questão que, em nossa opinião, é central e que permite caracterizar de um modo claro esta corrente filosófica: o papel que desempenha a pessoa no personalismo.</span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">É evidente, praticamente tautológico, afirmar que a noção de pessoa exerce um papel central no personalismo. O que não é tão evidente, no entanto, é o modo em que se estabelece essa centralidade e os efeitos que daí se origina. É possível, com efeito, falar da centralidade da pessoa em uma determinada filosofia em dois sentidos diferentes.</span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">A primeira possibilidade é de uma centralidade que poderíamos denominar genérica, ou seja, uma centralidade que se manifesta simplesmente em que neste tipo de filosofia se reconhece no homem um valor singular, uma dignidade importante e um papel relevante em alguns âmbitos precisos: a filosofia social, a filosofia política, a filosofia da história, etc. Filosofias deste tipo existem muitas e, em particular, pode se dizer que qualquer filosofia que queira ser compatível como cristianismo deve, em maior ou menor medida, estar configurada deste modo.</span></span></div>
<br />
<div align="justify">
<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">O personalismo, no entanto, não se limita a dar esta centralidade genérica a noção de pessoa mais vai mais longe, e dá o que poderíamos denominar uma centralidade estrutural . O personalismo, em outras palavras, não somente dá importância as pessoas em sua, mas se constrói tecnicamente em torno desse conceito. A pessoa não constitui simplesmente uma realidade relevante, mas o elemento de experiência e de noção de que depende e ao redor da qual se constrói o andaime conceitual deste tipo particular de filosofia.</span></span></div>
<br />
<div align="justify">
<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Parece-nos que pode ser útil dar alguns exemplos para especificar o que queremos dizer.<br />A filosofia neo-escolástica é uma filosofia claramente personalista (ou pessoal) no sentido genérico que acabamos de indicar. Dentro desse sistema intelectual, o homem tem sem nenhuma dúvida um papel importante, uma individualidade e um destino, uma dignidade elevada. Agora bem, podemos perguntar: a noção de pessoa desempenha um papel central nesta estrutura filosófica?</span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">A resposta parece-nos ser necessariamente negativa. A neo-escolástica não se articula estruturalmente em torno da realidade da pessoa e sua conceituação em termos filosóficos, mas em outros conceitos, que desempenham um papel fundamental nesta construção: a essência e o ato de ser, o ato e a potência, substância e acidentes. Estes são os termos centrais desta filosofia, enquanto a pessoa é uma realidade secundária que se explica precisamente através de uma combinação específica e caracterização deste conjunto de categorias.</span></span></div>
<br />
<div align="justify">
<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Julián Marías, a partir de sua particular posição filosófica, tem exposto esta questão com clareza "Quando, já na escolástica tentou-se pensar filosoficamente na pessoa, as noções que têm sido decisivas não são procedentes desses contextos, mas as de “propriedade” ou de “substância” (<em>hipóstase</em>). A famosa definição de Boécio, tão influente, persona est rationalis naturae individua substantia partiu da noção aristotélica de ousia ou substância, pensada principalmente para as "coisas", explicada sempre com os eternos exemplos da estátua e da cama, fundada no antigo ideal grego do "independente" ou suficiente, do "dissociável" (<em>khoristón</em>). Que esta substância ou coisa que chamamos de "pessoa" seja racional, é sem dúvida importante, mas não o suficiente para reabrir-se em relação ao caráter da <em>ousia</em> e mudar sua maneira de ser, sua maneira de realidade. A pessoa é uma <em>hypóstasis</em> ou<em> suppositum</em> como os demais, só que de natureza racional. (9)</span></span></div>
<br />
<div align="justify">
<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Vamos ver agora, sem embaraço, qual é o papel que desempenha a noção de pessoa em dois autores personalistas de características diferentes: Karol Wojtyla e o próprio Julián Marías.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">4. KAROL WOJTYLA</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Podemos analizar o pensamento de Karol Wojtyla sobre este ponto recorrendo a sua obra principal, Pessoa e ação. O tíulo em si, já é significativo, porém, mais ainda é o titulo escolhido para a versão inglesa (que por sua vez, se ajusta mais fielmente ao original polaco) <em>The acting person</em> (10) Wojtyla, com efeito, pretende analisar nesta obra uma realidade unitária, “a pessoa que age” ou, mais precisamente, a pessoa através de sua ação. Este estudo se propõe em longo prazo como um momento necessário para a fundação da ética, já que Wojtyla, com efeito, é fundamentalmente um ético e seus trabalhos nesta área, o fizeram ver a necessidade de dispor de uma nova fundamentação antropológica de relação entre pessoa e ação. Esta é a tarefa global que acomete em Pessoa e ação, mas o que nos interessa agora é nos concentrar exclusivamente sobre um ponto: o papel do conceito de pessoa.</span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">No entanto, neste texto a pessoa não aparece como uma noção última à que se chega na culminação de um discurso filosófico estruturado sobre outras noções, senão que constitui a estrutura primeira e central de toda a argumentação. Wojtyla parte de um fato experimental que se apresenta como um dado fenomenológico primário: “a pessoa que age”, isto é, a realidade do binômio inseparável da pessoa e de sua ação. Não existe uma pessoa que não age, e não existe uma ação sem pessoa. O que nos oferece a experiência é precisamente “the acting person”, a pessoa que está sempre atuando. Este binômio é o que se encontra na base de toda a ética e é o que Wojtyla quer explorar para conhecer com profundidade os diversos elementos que o articulam.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">O método que adota é original. Normalmente, sobretudo na tradição da filosofia do ser, se tem estudado o ato como uma consequência da pessoa ou, em outras palavras, se tem estudado a ação humana pressupondo já a existência de uma pessoa constituída. “O objetivo de nosso estudo, afirma Wojtyla, entitulado Pessoa e ação, é inverte esta relação. Não se trata de uma dissertação sobre a ação em que se pressupõe a pessoa. Temos seguido uma linha distinta de experiência e entendimento. Para nós, a ação revela à pessoa, e vemos à pessoa através de sua ação. A própria natureza da correlação inerente à experiência, na própria natureza da ação do homem, implica que a ação constitui o momento específico por meio do qual se revela a pessoa. Conhecemos o homem enquanto pessoa A ação oferece-nos o melhor acesso para penetrar na essência intrínseca da pessoa e nos permite atingir o maior grau possível de conhecimento da pessoa. Nós experimentamos o homem enquanto pessoa, e estamos convencidos disso, porque realiza ações. (11) Mais adiante acrescento para responder uma possível objeção: “tem-se observado muitas vezes que o homem se manifesta a si mesmo através das ações, através de sua atuação, porém, estas afirmações não faziam referência necessariamente as estruturas do homem enquanto pessoa” (12)</span></span></div>
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<div align="justify">
<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Finalmente, podemos nos perguntar: qual é o ponto de partida desta pesquisa? - ou, mais precisamente: qual é o meio cognitivo que permite o acesso à realidade quer se deseja estudar? O meio cognitivo empregado por Wojtyla é a experiência do homem, ou seja, a experiência que cada pessoa possui de si mesma como uma realidade irredutível e original para o resto do mundo e as pessoas. Esta é a fonte da realidade da qual inicia Wojtyla para analisar a estrutura “o homem age”: a experiência peculiar que cada pessoa estabelece entre seu 'eu' e a sua atividade. (I3)</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Pensamos que não é necessário prolongar este análise pois que já parece suficientemente claro o ponto que queríamos mostrar. O pensamento de Karol Wojtyla é personalista não só porque põe a pessoa no centro de sua reflexão, mas porque sua filosofia se estrutura tecnicamente em torno desta noção.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">5. JULIÁN MAR1AS</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Algo semelhante se pode dizer de Julián Marías, mas com as matizes que mais adiante indicaremos. Este autor trabalha com umas categorias filosóficas bastante distintas das de Wojtyla no qual foi realizado em <em>Persona y acción</em> uma análise inovadora, porém relativamente clássica (no sentido aristotélico-tomista) por sua forte carga ontológica. Marías, no entanto, estrutura sua visão antropológica de um modo muito diverso. Seu ponto de partida, com efeito, é a vida humana, a realidade dinâmica, móvel e vibrante da vida.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Por este motivo poderia parecer, talvez, que no seria possível encontrar pontos de contato entre estas duas posições, a saber, uma antropologia ontológica modernizada e uma antropologia do tipo vitalista. No entanto, não é assim e isto se pode prevenir se nos fixarmos no ponto de partida. A experiência que o sujeito possui de si mesmo e que constitui a fonte gnoseológica da filosofia de Wojtyla não está, com efeito, muito longe do ponto de partida da filosofia de Marías: a realidade de minha vida.</span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Marías é personalista em primeiro lugar porque não está interessado em elaborar noções filosóficas que se possam aplicar a todas as categorias do real senão que, consciente da originalidade da pessoa, sabe que o homem necessita, para ser adequadamente tratado pela filosofia, de umas categorias próprias e especiais. Porém, não se trata unicamente disto. Encontramos, ademais, uma convicção semelhante de que o aceso para a realidade do homem é fundamentalmente pessoal e próprio, isto é, que cada sujeito - e, portanto, também a filosofia - opera através de sua própria experiência vital. Eu sei o que significa ser homem, principalmente, porque tenho experiência de mim mesmo. Esta experiência, em Wojtyla, era o principio de sua antropologia ontológica. Pois bem, uma experiência semelhante é encontrada no inicio da filosofia de Marías: a experiência completamente singular e irrepetível de minha vida. “quando falamos de uma noção genérica de vida, afirma, perdemos toda intuição e todo sentido diretamente controlável. Deve-se proceder ao contrário: a única vida que me é diretamente acessível, que me é imediatamente patente, é a minha; partindo dela, removendo e colocando, posso, talvez, chegar a entender de alguma maneira o que quer dizer "vida" quando falamos da vegetal, a animal, a angélica e a divina”. (14)</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">E é da análise desta vida, da vida do homem que sou eu, de onde surgem as diversas categorias da filosofia de Marías: a estrutura analítica como descrita por Ortega, a estrutura empírica com todas suas determinações: a instalação corpórea, a condição sexuada, a mundanidade, a mortalidade, etc. Todas estas determinações são determinações da vida do homem, fazem sempre referencia direta a esta vida concreta e se estruturam em torno a ela; não são categorias obtidas de outras realidades e que, mais adiante, se aplicam ao homem. São categorias que surgem da análise estrutural da pessoa humana e que servem somente para ela.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Poderia objetar-se que Marías não estrutura sua filosofia em torno da noção de pessoa, mas da vida humana e que, portanto, em sentido estrito, não poderia ser considerado personalista. A objeção é pertinente e levanta a questão de até que ponto pode ser considerado como pertencentes ao personalismo autores cuja formação intelectual é muito diversificada. Marías constitui-se, talvez, um caso extremo deste problema pela originalidade de sua posição enquanto que outros autores, como Mounier ou Guardini, no expõem particulares problemas. (15)</span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">No entanto, precisamente esta dificuldade pode servir para por a prova as hipóteses que temos dito. E, tendo em conta todos estes fatores, pensamos que é correto considerar como personalista Marías, porque o fundo de suas formulações responde as características que temos indicado. Por um lado, seu ponto de partida é a experiência da vida da pessoa individual; por outro, suas categorias filosóficas se estruturam em torno desta noção. E, o que é mais importante, toda a teoria de Marías tem como objetivo evitar o fenômeno de coisificação da pessoa que se tem produzido na filosofia ocidental, ou seja, a tendência a falar filosoficamente da pessoa com as categorias de uma coisa. Para evitar este problema, Marías achou conveniente usar categorias derivadas da experiência da vida humana e por isso se pode colocar plenamente no interior do personalismo, ainda que, dentro de uma área particular e com características singulares. (l6)</span></span></div>
<br />
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">CONCLUSÃO</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Podemos agora retomar a pregunta que nos fizemos no inícios das páginas para intentar valorar os resultados obtidos. É possível definir o personalismo? Já temos demonstrado que uma resposta adequada requereria um espaço muito maior do que aqui temos empregado. Parece-nos, de todos os modos, que temos mostrado a existência de um critério que permite discriminar com uma certa segurança entre filosofias que se limitam a valorar pessoa e filosofias que se podem denominar personalistas em sentido estrito.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Observamos também, aplicando-o na filosofia de Julián Marías, que este critério não resolve de modo automático todos os casos que se podem apresentar e isto sugere a possibilidade de por a prova sua validez em outros contextos e com outros autores. De todos os modos, e apesar destes limites, nos parece que se pode afirmar que estamos ante um instrumento conceitual útil para penetrar no significado do personalismo e para intuir tanto a originalidade das estruturas conceituais que se escondem sob este termo como sua capacidade para acercar-se com uma visão mais aguda e penetrante das raízes de novos e antigos problemas filosóficos.</span></span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">*</span><span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">JUAN MANUEL BURGOS: Doutor em Filosofía (1992) com a tese: O conhecimento moral espontâneo em Jacques Maritain e Doutor em Astrofísica (1988), com a tese: Nucleossínteses hidrodinâmica em novas de O-Ne-Mg<br />Presidente e Fundador da Associação Espanhola de Personalismo (2003)<br />Professor da Universidade San Pablo- CEU (Madrid)<br />- Diretor Acadêmico do Instituto de Ciencias de la Familia (Guatemala)<br />- Profesor do Mestrado de Bioética da Universidad Rey Juan Carlos, a Universidad de Navarra e a Universidad Católica de Valencia.<br />- Editor em Ediciones Palabra<br />Tem sido professor convidado na Universidad Católica de Córdoba (Argentina), Universidad Austral (Argentina), Universidad Católica de Paraguay, Universidad de Montevideo, Universidad del Istmo (Guatemala), Universidad Galileo (Guatemala), Pontificia Universidad Bolivariana (Colombia), Universidad Católica de Chile, Universidad de Los Andes (Chile), Universidad Santo Tomás (Chile), Istitute of Hispanic Culture (Houston).<br />3. Pertence as instituições como:<br />- Membro do Instituto Internacional Jacques Maritain (1999)<br />- Miembro del Comité Científico de la Revista “Cuadernos de Bioética”, “Persona” (Argentina), “Personalism” (Polonia), Prospettiva Persona (Italia)<br />- Miembro del Observador de Bioética de la Universidad Católica de Valencia<br />É autor dos livros:<br />- La inteligencia ética. La propuesta de Jacques Maritain, Peter Lang, Berna 1995<br />- El personalismo. Autores y temas de una filosofía nueva, Palabra, Madrid (2ª ed., 2003). Traduzido para o polaco.<br />- Antropología: una guía para la existencia, Palabra (4 ed. 2009)<br />- Diagnóstico sobre la familia, Palabra, Madrid 2004<br />- Para comprender a Jacques Maritain. Un ensayo histórico-crítico, Ediciones Mounier, Salamanca 2006<br />- Hacia una definición de la filosofía personalista (ed., en colaboración con J. L. Cañas y U. Ferrer), Palabra, Madrid 2006; Promesa, Costa Rica 2008.<br />- La filosofía personalista de Karol Wojtyla (ed.), Palabra, Madrid 2007<br />- Repensar la naturaleza humana, Eiunsa, Madrid, 2007<br />- El vuelo del Alción. El pensamiento de Julián Marías (ed. con J. L. Cañas), Páginas de Espuma, Madrid 2009, 447 págs.<br />- Reconstruir la persona. Ensayos personalistas, Palabra, Madrid 2009, 304 págs.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";">Tradução livre: Lailson Castanha<br />______<br />(l) Sobre o personalismo pode-se consultar T. URDÁNOZ, História da filosofia, vol. VIII, BAC. Madrid: 1985, pp. 385-412 E G. REALE-D. ANTISERI, JI pemiero occidentale dalle origini ad oggi, Vol. 3, La Scuola, Brescia: 1985'. pp. 547-558 Em ambos os casos se faz referência, no entanto, apenas para personalismo francês.<br />(2) J. MARlTAIN, La personne et le bien commun, Oeuvres completes, vol IX, Édirions Universiraires-Éditions Saine Paul, Fribourg (Suisse)-Paris, p. 170.<br />(3) J. LACROIX, Le personnalisme comme anti-idéologie, Paris 1972.<br />(4) A. RIGOBELLO (a cura di), JI personalismo, Cirra N uova, Roma 1978, p. 13.<br />(5) Estimamos que na Italia o personalismo se converteu em uma auténtica koiné cultural em que transitam um grande número de intelectuais de variados e diversos âmbitos.<br />(6) Algumas indicações sobre as diversas correntes personalistas se encontram na<br />obra já citada de A. Rigobello.<br />(7) Existem diversos laços positivos. Por exemplo, Maritain pode ser considerado um representante do personalismo tomista e Wojtyla, que se diferencia de Maritain por ser um autor estritamente personalista, está também muito ligado a tradição da filosofia do ser.<br />(8) Não são alheias a esta questão algumas das polêmica ocasionadas pelas obras de Jacques Maritain, em particular por La personne et le bien commune y Humanisme lntégral. Embora Maritain não é no sentido estrito um personalista sua obra, em certos aspectos, representa uma tarefa de mediação entre o tomismo e algumas instancias personalistas. E são precisamente estes novos elementos os causadores de uma parte dos debates intelectuais e polémicos em que se viu envolvido. Algumas indicações mais precisas sobre esta questão se pode encontrar em J.M. BURGOS, Cinco chaves para comprender Jacques Maritain,<br />“Acta Philosophica”, 4-1 (1995), pp. 5-25 y ].M. BURGOS, A inteligência ética. A<br />proposta de Jacques Maritain, Peter Lang, Bern 1995. Esta última obra tematiza sua posição de mediação entre tomismo y personalismo no que se refere a um caso concreto: a concepção da inteligência prática e do conhecimento moral.<br />(9) J. MARlAs. Antropología metafisica, Alianza. Madrid 1987. p. 41.<br />(10) Un importante comentario a esta obra lo ha realizado Burriglione en R. BUTTIGLIONE. El pemamiento tÚ Karol Wojtyla, Encuentro. Madrid 1992. pp. 141-209.<br />11. K. WOJITLA, Pmonayacción, BAC, Madrid 1982, pp. 12-13.<br />12. ibid., nota 3 na p. 33 (grifo nosso, temos modificado ligeiramente a tradução espanhola para aproximá-la ao texto definitivo inglês).<br />13. “Quando falamos da experiência do homem, nos referimos principalmente<br />ao fato de que nesta experiência um homem tem que enfrentar-se a si mesmo, ou seja,<br />entrar na relação cognitiva com seu próprio eu” (ibid, p. 3).<br />14. J. MARtAS, Antropología metaftsica, cit., p. 54.<br />15. Pensamos que para justificar esta afirmacão, posto que agora não seja possível entrar em análises do pensamento destes autores, pode bastar a referencia a algumas de suas Obras. De Mounier pode-se citar, por exemplo, Revolution personnaliste et communautaire (1935), Manifoste au service du personnalisme (1936), Qu'est-ce que le personnalisme? (1947) y de Guardini, Welt und Person (1939).<br />16. Rigobello (cfr. A. RIGOBELLO, JI personalismo, cit., pp. 263 ss) qualifica Marias como um personalista do tipo ontológico-existencial. Talvez seria mais adequado denominar sua posição personalimo vital.</span></span></div>
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<span lang="PT" style="line-height: 115%;"><span style="font-family: "times new roman";"><strong>Fonte:</strong> Esse artigo foi traduzido a partir do texto em espanhol publicado no site Asociasión Españhola de Personalismo - personalismo.org no endereço: </span><a href="http://www.personalismo.org/recursos/articulos/es-posible-definir-el-personalismo/"><span style="font-family: "times new roman";">http://www.personalismo.org/recursos/articulos/es-posible-definir-el-personalismo/</span></a><br /><a href="http://dspace.unav.es/dspace/bitstream/10171/5564/1/JUAN%20MANUEL%20BURGOS.pdf"><span style="font-family: "times new roman";">http://dspace.unav.es/dspace/bitstream/10171/5564/1/JUAN%20MANUEL%20BURGOS.pdf</span></a><br /><span style="font-family: "times new roman";"><strong>Foto:</strong> Juan Manuel Burgos</span></span></div>
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Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-58872138801813648572011-11-17T21:58:00.000-08:002018-09-12T06:24:48.726-07:00Significado da dúvida cartesiana.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsYO_VMVZk8C9TtuceOfbiu3ScxpxuIaBfjLntK0kWnEAeGxERXr08YJgNt1aAX3GvORGckq2ZNyiycFDJXgg1iiscII6deAxTG2JIFVSCmUQ9ggetKiEWjR2Ixbiuj5HevF3vnMhn6CBF/s1600/Jean+Lacroix.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5676235041693744914" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsYO_VMVZk8C9TtuceOfbiu3ScxpxuIaBfjLntK0kWnEAeGxERXr08YJgNt1aAX3GvORGckq2ZNyiycFDJXgg1iiscII6deAxTG2JIFVSCmUQ9ggetKiEWjR2Ixbiuj5HevF3vnMhn6CBF/s320/Jean+Lacroix.jpg" style="cursor: hand; float: left; height: 240px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 320px;" /></a> <strong>Significado da dúvida cartesiana.</strong></div>
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<em>Jean Lacroix*</em></div>
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Uma Filosofia do sujeito não pode deixar de ser uma filosofia da liberdade: se é preciso remontar à dúvida cartesiana como origem necessária de todo personalismo é porque nela se encontra a mais profunda experiência da liberdade e o próprio descobrimento da pessoa. Eu sou livre se não sou coagido pelo objeto, isto é, se tenho diante dele a capacidade de interdizer meu julgamento: eu domino o mundo se tenho a capacidade de negá-lo, ou, como diria Sartre, de torná-lo em nada (<em>Le néantir</em>). Ora, este é, antes de qualquer outro, o significado da dúvida cartesiana: ela surge antes de tudo como uma decisão heróica da vontade de elevar-se do mundo corporal ao mundo espiritual e atingir a plena espiritualidade do espírito.</div>
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I. A DÚVIDA, HEROISMO DO QUERER</div>
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A dúvida, como já foi acertadamente assinalada por Liard, é, de fato, obra da vontade. É um exercício tenso de caráter bastante particular, especialmente moral, que lembra o método de desprendimento do <em>Fédon</em>. Este caráter moral se patenteia quando se atenta para as circunstâncias que o acompanham. Descartes escolhe (note-se bem: <em>ele escolhe</em>) para duvidar um momento em que não está distraído com nenhuma conversação, em que não está perturbado por qualquer cuidado ou paixão e em que pode permanecer o dia todo entretendo-se em seu mergulho nas ideias. E tal é a sua a sua importância destas três condições do <em>Discurso</em> que elas são reencontradas, de maneira idêntica nas <em>Meditações</em>. Mais ainda, toda a primeira meditação mostra como esta dúvida é antinatural, penosa e laboriosa. É preciso antes de mais nada querer duvidar e portanto “precaver-se contra uma certa lassidão que nos arrasta insensivelmente no curso ordinário da vida”. Essertier pôde escrever corretamente que o horror à dúvida é natural no homem. É por isso que para duvidar - e, sobretudo para continuar a duvidar – é necessário uma espécie de golpe de estado da vontade, de <em>parti pris</em> fundamental que busque manter-se por todos os meios e apesar de todas as tentações.<em> Descartes não duvida pelas mesmas razões que os céticos, mas retoma as razões do céticos - e lhes acrescenta outras</em> – <em>porque ele quer duvidar</em>. Por isso se pode dizer que a dúvida cartesiana, que nisso se assemelha à dúvida acadêmica, supunha a concepção voluntarista do assentimento. Para Spinoza, aquele que tem uma dúvida verdadeira sabe que ela o é e não pode duvidar dela. A vontade não pode, pois, interdizer o assentimento: não temos liberdade de dar ou recusar o assentimento a uma idéia verdadeira. <em>Volutas et intellectus idem sunt (1)</em>. Descartes, pelo contrário, repudia, no momento da dúvida, ideias que ele posteriormente reconhecerá como verdadeiras: é preciso, pois, que nele a vontade esteja diferenciada do entendimento, que ele decida não dar seu assentimento. Desde o primeiro momento, a dúvida cartesiana surge como a decisão, como o compromisso de um homem resoluto: ela representa o reverso de uma crença essencial, que é a crença na liberdade, isto é, a confiança em si. Enquanto que a dívida pirroniana é indecisão e irresolução, a dúvida de Descartes é decisão e resolução.</div>
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Mas por que quer ele então duvidar? Porque ele ama a certeza. A resolução cartesiana talvez tenha consistido essencialmente nesta decisão heróica da vontade: a de não ceder senão à evidência. Para Aristóteles, se já é inconveniente contentar-se com a verossimilhança em ciências que comportam a certeza, é ainda menos possível exigir a certeza em ciências que não atingem senão o verossímil. Descartes, pelo contrário, concebendo apenas um tipo de certeza, construído segundo a matemática, obriga-se a duvidar enquanto não estiver absolutamente certo. Entre o duvidoso e o certo não há meio termo: a verossimilhança se confunde com a dúvida. A certeza ou é total ou não é certeza. A dúvida se apresenta assim como a decisão inabalável de interditar o juízo, a não ser diante da evidência. É o meio mais seguro, o único realmente seguro, de realizar a decisão que tomei de não me submeter senão à evidência. E não se diga que esta liberdade orgulhosa se deterá em meio do caminho, pois pelo menos a evidência me constrange (obriga). Pois a evidência ainda depende de mim, porque depende da direção de minha atenção, que é, juntamente com a dúvida, a prova suprema do livre-arbítrio: para não ser constrangida pela evidência eu não preciso mais que desviar meu espírito o que está a cada momento em meu poder.</div>
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Não se deduza daí, de maneira alguma, que a dúvida cartesiana seja arbitrária ou artificial. Não se trata de desembaraçar-se dela o mais rápido possível, mas, pelo contrário, por mais desagrado que se tenha em remoer uma matéria já tão comum, trata-se de aprofundá-la – e, sobretudo, conservá-la. A maior parte dos comentaristas consideram a dúvida como um momento da dialética, como um ponto de partida que não se leva mais em consideração a partir do momento em que se atinge a primeira evidência. Mas de fato, ela é o motor sempre presente de todo o pensamento cartesiano. A cada passo, a dúvida deve ressuscitar e subsistir enquanto não se tiver certeza. O objetivo não é nunca o de abalar o verdadeiro, mas sempre o de experimentá-lo e pô-lo à prova. A dúvida é sempre possível porque a ideia não se afirma jamais em nós sem nós, porque o assentimento depende sempre de nosso querer, porque nossa atenção é livre: a possibilidade da dúvida é a afirmação virtual da primazia do sujeito. Por ela se deduz o quanto a dúvida é uma determinação heróica do querer. Compreende-se aqui porque Hegel denominou Descartes de herói e porque Péguy o tenha descrito como este cavaleiro francês que partiu a tão bom passo.</div>
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Se este heroísmo da vontade se manifesta em todos os graus do pensamento cartesiano, em nenhum outro lugar tem ele tanta significação quanto na hipótese – quase escrevíamos no <em>episódio</em> – do gênio mau. Descartes é o cavaleiro que encontra o gênio mau e lhe fala calmamente, face a face, de igual para igual, seguro de, por meio da dúvida, poder escapa às suas artimanhas. O grande enganador pode impedir-nos de atingir a verdade, mas ele não poderia induzir-nos ao erro, pois como está dito nos <em>Princípios</em>, nós temos um livre-arbítrio que faz com que passamos a abster-nos das coisas enganosas, impedindo-nos assim de sermos enganados”. É, portanto, em minha capacidade de recusa e de não adesão, em meu poder de negação, em minha <em>negatividade</em>, como teria dito Hegel, nesta potência em escapar a todas as vertigens, que Renovier chamava de “nolonté”<em>(2)</em>,<em> </em>que se manifesta antes de tudo minha liberdade: ser livre é ser capaz de dizer não. A dúvida representa o exercício mesmo do livre arbítrio e sua prova primeira e fundamental, pois permite romper o contato e tomar posição. Antes da dúvida, eu estou como se não existisse, vivendo confusamente em um mundo de aparências, <em>prevenido</em> pela vida do corpo ou da sociedade, movido por uma espécie de opinião, de origem sensorial ou social, que não depende de mim e que de maneira alguma me expressa. A credulidade é primitiva; ela em si, não exprime mais do que minha vida corporal ou social, nunca minha vida espiritual. E é justamente ao tomar consciência de si, em sua resistência em relação ao dado sensível ou a pressão coletiva, graças a ascese da dúvida, que o espírito se concebe como pessoa, como um EU. A partir de Descartes o personalismo passa a existir, isto é, passa a existir a filosofia que sabe que há uma subjetividade inalienável, que se unifica com a liberdade e se expressa, antes de mais nada, por este poder de recusa ou de distanciamento que se denomina a dúvida e que é a condição de todo o conhecimento de toda a ação verdadeiramente humana. Em face do gênio maligno eu experimento, pois, minha liberdade pelo próprio exercício da dúvida; ninguém pode me obrigar a afirmar sem estar de posse de uma certeza, uma vez que eu tenha decidido suspender meu juízo até atingir a evidência – evidência essa que somente se imporá a mim na medida em que eu dirigir minha livre atenção para ela. Minha vontade saberá resistir a todas as artimanha do grande enganador, inabalavelmente, pois tem em si a capacidade de duvidar. Tais são, ao mesmo tempo, as bases da audácia e da firmeza de Descartes, este cavaleiro solitário que partiu um dia para conquistar o mundo.</div>
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II. A DIALÉTICA DA DÚVIDA</div>
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Para sustentar uma decisão tão firme, mas também tão difícil, é preciso fundamentá-la na razão. Enganar-se-ia redondamente aquele que supusesse, pelo que se disse acima, que os motivos da dúvida não tem maior importância ou interesse. Pelo contrário, são apenas eles que vão fazer-nos compreender melhor a dialética cartesiana, determinando-lhe a direção. Importa, pois, enormemente, a retomada, ainda uma vez, desta célebre análise, relembrando sumariamente as razões da dúvida cartesiana. Cada razão tem um significado, que concorre para se deduzir o sentido do conjunto: <em>a dúvida</em> cartesiana tem por fim desligar-nos de todo dogmatismo. É, de fato, o dogmatismo que Descartes encontra em primeiro lugar em seu caminho e por dogmatismo deve-se compreender <em>uma adesão imediata e espontânea ao conteúdo da representação</em>. O dogmatismo se apresenta além disso sob duas formas: comum e científica. É este duplo dogmatismo que Descartes vai exorcizar.</div>
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O dogmatismo do senso comum consiste antes de mais nada em, de algum modo, tomar posse imediata do conteúdo do conhecimento sensível: é a adesão ingênua e irrefletida do sujeito ao objeto, a confusão do sujeito com o objeto. É, em suma, a credulidade, isto é, a crença enquanto anterior a dúvida e que dela nem toma conhecimento. Toda a imagem de objeto determina quase que infalivelmente uma crença na existência do objeto tal como é percebido; este é o dogmatismo do senso comum. É idêntico ao que Renovier denominará de <em>vertigem mental</em>, e que consiste na predominância da vida espontânea sobre a vida reflexiva. Descartes denuncia este dogmatismo por meio de dois argumentos: mostra inicialmente que os sentidos às vezes nos enganam, que há ilusões dos sentidos. Esta simples observação tem por objetivo fazer-nos duvidar da exatidão de nossas percepções. Talvez as coisas não correspondam exatamente às minhas sensações, já que eu posso me enganar ao percebê-las. Vem a seguir o argumento do sonho, que vai mais longe. Demonstra ele que, além de as coisas não serem necessariamente como eu as concebo, talvez elas nem mesmo existam em absoluto. Poderia acontecer que o plano da realidade fosse por completo uma ilusão. Podemos estar lidando com realidades que são vistas, tocadas, sentidas que elas existam. Consequentemente, é a existência do próprio mundo exterior que é aqui posta em dúvida.</div>
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Os argumentos precedentes são levados contra o sensível, mas não contra o inteligível, abalam o dogmatismo do senso comum, mas não o que se poderia chamar d dogmatismo científico. Podemos, na realidade, decompor o universo em elementos de inteligibilidade que não precisam existir. Parece lógico pois que a dúvida não possa atingi-los. Se eu posso, em rigor, duvidar do que tem por raiz a experiência, como no entanto poderia eu pôr em dúvidas as verdades matemáticas? “Pois esteja eu acordado ou adormecido dois mais três formarão sempre o número cinco e o quadrado não será nunca mais de quatro lados; e não me parece possível que verdades tão claras e tão evidentes possam ser suspeitadas de alguma falsidade ou incerteza” (Primeira Meditação). Porém contra essa segunda forma, mais elevada, de dogmatismo, Descartes faz também valer duas razões, a primeira encontrada no <em>Discurso</em>, não nas <em>Meditações</em>, a segunda nas <em>Meditações</em>, mas não no <em>Discurso</em>, ao passo que os Princípios reúnem ambas, insistindo mais sobre a segunda.</div>
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“Primeiro, há erros de raciocínio, como há erros dos sentidos. Se estes me obrigam colocar em dúvida toda a percepção, aqueles devem obrigar-me a colocar em dúvida a ciência”. “E, como há homens que se equivocam ao raciocinar, mesmo em assuntos mais simples da geometria, com eles construindo paralogismos, considerando que estou sujeito a fracassar, com qualquer outro, rejeitei como falsas todas as razões que eu anteriormente havia tomado como demonstrações” (Discurso – IVª parte). O segundo argumento é a famosa hipótese do gênio mau de que falamos há pouco. Qual é o seu significado? Para Hamelin, é a suposição da irracionalidade essencial da natureza, de uma espécie de violência que o mundo faria à inteligência. É uma explicação interessante para que se compreenda a filosofia de Hamelin, mas não a de Descartes. Na verdade a hipótese do gênio mau é antes uma espécie de golpe de Estado da vontade, que, para levar a dúvida ao extremo, se acautela supondo a existência de uma vontade superior no mundo acima da natureza e cujo maior prazer reside em poder me enganar: é a hipótese de uma vontade radicalmente má, isto é, do pessimismo integral. Mas, para o objetivo a que visamos, basta fazer notar aqui que se a dúvida aqui tem lugar é porque há dois momentos no raciocínio. Dois e três somados fazem cinco, mas entre dois e três de um lado e cinco do outro há uma separação que deixa em aberto a intervenção do gênio mau. Há uma parcela de tempo introduzida no próprio âmago do juízo e é isto que se permite a dúvida. A dúvida só será esmagada se eu descobrir um juízo de pura interioridade em que o tempo não intervenha.</div>
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Estes vários argumentos nos levam a conceber a dúvida como um esforço para desligar o juízo de seu conteúdo. É um exercício voluntário que tem por objetivo a própria operação do juízo. Ora, o conteúdo do juízo é o que, na maioria das vezes, nos é fornecido pelos sentidos – o que é tanto mais certo por termos sido crianças antes de sermos homens, isto é, por termos pensado em função das necessidades do corpo, o que constitui a principal fonte da <em>prevenção</em>. É, pois, exatamente por estarmos mais particularmente ligados ao conhecimento sensível que precisamos desenvolver o esforço mais importante, mas também o mais doloroso, no sentido de separar o juízo de seu conteúdo sensível, material. Descartes diz ainda, no seu breviário, que ela dá precedência às razões por meio das quais se pode duvidar “especialmente das coisas materiais”. Mas, em última instância, a dívida é sempre e em qualquer lugar um esforço de adequação e interioridade. Duvidar é, em síntese, separar o juízo de seu conteúdo, o sujeito do objeto. Por meio da dúvida o sujeito se distingue pouco a pouco do objeto em vez de aderir a ele e com ele formar uma unidade. A dúvida se apresenta assim como a expressão mais profunda da liberdade do espírito: ela é, como já o conceituou Santo Agostinho, a própria liberdade. É preciso lembrar que a dúvida, ao estabelecer uma distância entre nós e o objeto de nossa crença, manifesta a primazia do sujeito. É na medida em que eu duvido que encontro o espiritual. A dúvida cartesiana é um método da descoberta do espírito.</div>
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III A ESPIRITUALIDADE DO ESPÍRITO</div>
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Do exposto se deduz a significação essencial da dúvida cartesiana. Ela é, na realidade, um método para nos levar da natureza material à natureza espiritual, ou de acordo com a terminologia platônica, do mundo sensível ao mundo inteligível; seu papel é <em>abducere mentem a sensibus(3)</em>, para manter a expressão usada com tanta frequência nas <em>Contas</em>. E é esta razão profunda pela qual a dúvida é acima de tudo uma obra da vontade: é um exercício, uma ascese. Descartes se enquadra na grande tradição platônica e agostiniana. Em certo sentido a filosofia é de fato também para ele uma <em>experiência de morte</em>, compreendendo-se como tal um método que escapa ao corpo para descobrir o espírito. Seguindo uma via aberta por Gilson podem-se desdobrar aqui magníficas perspectivas históricas. Descartes se acha frente aos agostinianos na mesma posição de Santo Agostinho em relação aos platônicos, e Platão frente aos órficos. Ele lhes diz: “Vocês compreenderam, acertadamente, essência da filosofia, que consiste em elevar-se do sensível ao inteligível, do corporal ao espiritual. Apenas não encontraram um meio suficientemente intelectual, como o é a dúvida”. É uma única maneira de interpretar este significativo texto do início das <em>Respostas</em> <em>às segundas objeções</em>: “Ainda mais, por não termos tido até aqui ideia alguma de coisas que pertençam ao espírito sem que tenham vindo confundidas e misturadas com as idéias das coisas sensíveis e por ter sido esta a primeira e principal de não se ter entendido claramente nenhuma das coisas que foram ditas sobre Deus e a alma, eu julguei que não faria pouco se demonstrasse como se deve reconhecê-las, pois embora já tenha sido dito por muitos que para conceber de maneira exata as coisas imateriais ou metafísicas é necessário afastar o espírito dos sentidos, ninguém ao menos que eu saiba, já chegou a demonstrar qual meio se possa fazê-lo”. Texto capital, insuficientemente usado pelos comentaristas, e que estabelece claramente não só que o objetivo da filosofia é afastar o sentido dos espíritos, mas também que o único meio de consegui-lo é a dúvida. A atitude de Descartes aqui é a mesma que a de Platão no <em>Fédon</em> – mas a de um Platão que descobriu o verdadeiro método intelectual de se suicidar de algum modo, isto é, escapar a este túmulo que é o corpo e atingir o espírito. Compreende-se também que é uma ascese ao mesmo tempo intelectual e moral e que as razões para duvidar, separando o espírito dos sentidos, isto é, o juízo de seu conteúdo habitual, têm importância decisiva para o êxito total do esforço cartesiano?</div>
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A dúvida é, pois, de fato, um esforço pelo qual o espírito se aparta de todo o conteúdo, de tudo que não é ele próprio, e é levado isto a um extremo que o espírito chega a se apreender como puro pensamento: a dúvida, que não passa, em síntese, de uma vontade de receber a primeira evidência , a do Cogito, é o maior esforço jamais tentado no sentido de espiritualizar o espírito. Levar a dúvida a seus limites máximos representa chegar a compreender-se unicamente como ser pensante, ficar apartado inteiramente de toda impressão material para não apreender mais que a evidência única do pensamento. E é por isso, por ser a dúvida o próprio exercício do pensamento e o único exercício do pensamento apenas, desligado de todo o conteúdo, que é o único ato exclusivamente espiritual. A dúvida conduz à tomada de posse do espírito por si mesmo em seu próprio exercício. E o que é apreendido não é um espírito impessoal, mas o Eu. É na proporção em que eu duvido das aparências, em que me afasto do erro, em direção à verdade, em que faço um ato de sinceridade que eu tomo posição na existência. Anteriormente eu era para mim mesmo como se não existisse, vivia de maneira puramente automática, mo domínio das aparências, da <em>vertigem</em>: pois o que se chama vertigem é o fato de o objeto impor-se a mim sem mim, é a impossibilidade de duvidar, isto é, a negação do sujeito. Vertigem é afirmação imediata, dúvida, o poder de negatividade do espírito que sanciona uma afirmação mediata e refletida, isto é, pessoal. É, pois, na própria resistência à minha credulidade em relação ao dado sensível ou derivada da pressão social que eu tomo consciência de mim mesmo e me crio enquanto espírito pensante: a dúvida é a tomada de consciência da pessoa. O <em>Cogito</em> não é, pois, apenas um momento secundário da dialética cartesiana, não é posterior à dúvida e sim o espírito apreendendo a si próprio como espiritualidade pura pela ascese da dúvida. Consequentemente, nada mais contrário a dúvida que o decurso ordinário da vida, que não é mais que o ponto de vista da união da alma e do corpo, isto é, da confusão da natureza espiritual e da natureza material. Ora, é para esta confusão que todos os meus preconceitos e a própria vida me impelem. Surge daí a necessidade, para a vontade, de se precaver, precaver-se sempre e efetivar um último golpe de Estado, que consiste em iludir-me a mim mesmo, declarando falso o que for apenas duvidoso (o que Gassendi não soube compreender, dizendo ser isto substituir um preconceito por outro), a fim de escapar ao corpo para me refugiar no espírito. A dúvida é o único meio de atingir a natureza espiritual em toda a sua pureza. E Gassendi, pensando fazer zombaria dirigindo-se a um espírito puro (mens) não soube ver que exatamentea dúvida tem por objetivo, de fato, atingir o espírito puro e tornar-se puro espírito.</div>
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Talvez assim se compreenda melhor certas passagens obscuras e a interioridade, como ousaríamos chamá-la, do <em>Cogito, ergo sum</em> e do <em>Cogito, ergo Deus est</em> à dúvida. A dúvida é o único meio de conceber corretamente as coisas imateriais ou metafísicas. Segue-se daí que aquele que ainda não se exercitou suficientemente na dúvida é de todo incapaz de compreender qualquer coisa de metafísica – e em conseqüência, que também não poderia em absoluto compreender nada da natureza do sujeito pensante e do próprio Deus. Porque na dúvida mesma há uma afirmação inclusa, afirmação sem a qual a dúvida não poderia existir e que não se pode pôr em questão e da qual não é possível tentar libertar-se sem com este mesmo ato recolocá-la: a afirmação do pensamento. O que torna absoluto a evidência do <em>Cogito</em> é que ele enuncia uma afirmação que está incluída em toda afirmação como em toda a negação: a dúvida levada a um extremo supõe a afirmação de um pensamento em virtude do qual mesmo ela exige e quanto mais extremada se torna a dúvida mais profunda se torna também a afirmação deste pensamento. Todo o juízo, mesmo negativo, tem como fundamento uma afirmação pura, pois exprime sempre um Pensamento. A dúvida última seria uma tentativa de negação do pensamento; ma só se poder negar o pensamento por um ato de pensamento que o restabelece. O <em>dubito</em> somente é possível se a negação que ele encerra se apóia na afirmação que o <em>Cogito</em> por sua vez contém: o poder da negação, característica de nosso espírito finito, e que se experimenta na dúvida, é um meio necessário, mas não passa de um meio para elevar-se a uma afirmação superior. Negação e afirmação representam o diálogo contínuo, a própria dialético de um pensamento imperfeito em busca do pensamento perfeito: apreender-se duvidando é apreender-se como espírito finito ligado a um espírito infinito e só por ele existindo. Ao me descobrir, na dúvida, eu descubro a minha relação a Deus. O próprio Descartes retorna a todo o instante a ideia de que suas provas sobre a existência de Deus no Discurso de nada valem porque em uma obra escrita em língua vulgar, da qual quis que até as mulheres pudessem entender um pouco ele não ousou levar mais longe as razões dos céticos. E assim há estreita ligação entre a dúvida e as provas cartesianas da existência de Deus: “Pois não é possível conhecer a certeza ou a evidência das razões que atestam a existência de Deus segundo o meu processo se não tivermos distintamente na memória aquelas razões que nos fazem notar a incerteza de todos os conhecimentos que temos a respeito das coisas materiais” (Cartas A.T., I, pag. 560). Prossigamos. Há um liame estreito em ortodoxia cartesiana estrita, entre a dúvida e a própria compreensão, na medida em que ela nos é acessível, da natureza divina, embora aquele que tiver levado a ascese da dúvida bem adiante adquira por esse mesmo processo um conhecimento quase intuitivo de Deus. De fato, Deus é puro espírito, e, sendo a dúvida o esforço supremo de espiritualização do espírito, torna-se evidente que exercitar-se nela representa aproximar-se do próprio Deus. “Além disso, ao nos determos por alguém tempo nesta meditação (a primeira) adquirimos pouco a pouco um conhecimento bastante nítido e, assim ouso dizer, intuitivo, da natureza intelectual em geral, ideia que, sendo considerada sem limites, é a de Deus, e limitada, é a de um anjo ou de uma alma humana” (Cartas, A.T., I, pág. 353).</div>
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Da análise da dúvida, como da inquietação, concluímos em definitivo a primazia do sujeito: em sua essência, a dúvida – a indubitável dúvida, como diz Alain – é a condição básica de toda afirmação personalista. O existencialismo sartriano soube bem reconhecê-lo. E o próprio marxismo não poderia subsistir sem este assentimento pessoal e livre, que é como que a presença do sujeito naquilo que ele pensa. Se, como já mencionamos, o objetivo último do comunismo é libertação das pessoas, não se compreenderia que ele começasse por negar aquilo que ele próprio quer estabelecer. Há nos marxistas uma desconfiança em relação a toda interiorização que é facilmente explicável: a vida interior serve com freqüência de pretexto a toda sorte de traições e de violências e a característica da “alma sublime”, concentrada em sua individualidade, é a má fé, tanto mais daninha quanto mais inconsciente for. Mas do fato em que a vida espiritual possa se degradar em vida interior não se segue que seja necessário suprimi-la, do fato de que o sujeito possa encerrar-se em si mesmo para viver apenas de si e satisfazer-se com seu drama íntimo não se segue que seja preciso negá-lo. O <em>Cogito</em> é uma aquisição definitiva do homem; ninguém pode subtrair-se a ele sem se destruir. E é igualmente um paradoxo estranho que o marxismo, que se propõe construir uma em que não mais haja alienação, isto é, em que todos os homens sejam sujeitos uns para os outros, chegue muitas vezes a esquecer ou até recusar este mesmo <em>Cogito</em>, sem o qual todo o indivíduo não é mais que um objeto para si próprio e para outro. Convém aqui, ainda uma vez, evitar as falsas interpretações ou degradações perigosas.</div>
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É preciso lembrar que – Descartes o negligencia talvez um pouco – que se o <em>Dubito</em> é que dá lugar ao <em>Cogito</em>, o mundo é que, por sua vez, dá lugar ao <em>Dubito</em>, necessariamente. Aquele que repõe tudo em dúvida não pode afastar totalmente as coisas para encontrar-se só em face de si mesmo: o mundo subsiste em face a ele, pelo menos enquanto dando lugar à dúvida ou à suspensão do juízo. É a dúvida, diz Gaston Berger, que permite a afirmação do pensamento, mas é o mundo, problemático ou aparentemente simples, que permite o exercício da dúvida. Sem o mundo, ponto de aplicação de meu pensamento, eu não posso me descobrir como espírito.</div>
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A mesma observação é válida em relação a meu corpo. O <em>Cogito </em>nos revela que a essência do espírito é de se conhecer; ele é consciência de si. Mas se o espírito se conhece, não se dá o mesmo com a alma. O espírito se define pelo <em>Eu penso</em>: ele é pensamento puro. A alma pelo contrário, é o espírito enquanto ligado a um corpo. E é precisamente, por estar substancialmente ligada a um corpo que ela não pode ver a si mesma. Ou, mais exatamente, o <em>Cogito</em> propriamente humano não pode ter senão os caracteres da temporalidade humana: ele não é tanto uma possessão imediata, mais uma lenta e difícil conquista. Também o definimos como conhecimento em progressão de um sujeito que se afirma sempre e persiste afirmando-se porque jamais se possui imóvel. O tempo, esta espécie de anelo em busca do ser, impede a presença total da pessoa em si própria. Há nisto um mistério, que é o da condição humana, que Descartes sempre respeitou. Nele não há, como não o há em Malebranche, uma visão da alma por si própria.<em> A alma se vê como espírito e isto é o Cogito</em>. Pela ascese da dúvida, pela intelecção, a alma se separa do corpo e se apreende como espírito, isto é, enquanto pensamento puro. Mas a intelecção não é uma morte, embora separando-se inteiramente do corpo, a alma permanece substancialmente unida a ele. A questão se resume, pois, em saber se deve ser colocado no princípio do conhecimento de si apenas a visão clara do espírito por ele mesmo ou um reconhecimento de um não sei que obscuro, opaco, que permanece em parte ininteligível para nós e que é exatamente a união da alma e do corpo. “O modo pelo qual a alma se une ao corpo não pode ser compreendido pelo homem e, no entanto, é o próprio homem”, dizia Santo Agostinho. A essência do espírito é de fato o pensamento, mas este não é a essência do homem. Compreende-se, pois, porque depois do <em>Cogito</em> o conhecimento de si tenha desdobrado em duas vias totalmente diferentes: uma em que se aplica em descobrir as leis do espírito e que se chama análise reflexiva e outra que se esforça em perscrutar as raízes biológicas e sociológicas do pensamento, o entremear da alma e do corpo físico e social, e que encontra suas maiores expressões na psicanálise freudiana e na crítica marxista. Ora, estas duas vias não nos parecem opostas e sim complementares. O método reflexivo nos mostra que não existe nada de humano, quer no indivíduo quer na sociedade, sem um retorno a si mesmo para reassumir-se de algum modo e levar-se em conta: sem atenção e reflexão o homem está como que fora de si, não está presente no que pensa, não está presente no que faz, não está presente nem mesmo no que é. Mas esta análise reflexiva não esgota o homem; e na medida mesmo em que ele chegar a depurar-se para atingir as leis do espírito puro ela nos prova que dele estamos afastados. Ao descobrir nossa relação com a eternidade ela nos prova que não somos eternos. Marxismos e freudismos, por sua vez, esclarecem cada dia mais a condição humana; atestam que o espírito humano não é apenas estrutura, mas acontecimento, que nós somos história. Fazendo-nos reassumir a cada momento nossa <em>situação</em> biológica e social combatem a má fé e obrigando-nos a uma ação imediata e efetiva. Mas, quanto mais eles descobrem os substratos do pensamento e seus múltiplos condicionamentos, mais demonstram haver no pensamento autêntico uma transcendência que suas condições não conseguem explicar ou reduzir. O medo de nossos contemporâneos diante das explicações freudianas ou marxistas tem qualquer coisa de ridículo ou, mais propriamente, de pueril. Como se só pudesse salvaguardar o espírito desligando-o do homem. Esquecem que o autor das <em>Meditações</em> é também o autor das <em>Paixões da Alma</em>. Tudo aquilo que permitir uma melhor compreensão não pode, de maneira alguma, senão ser útil ao espírito. O <em>Cogito</em>, uma vez descoberto, não poderia jamais conduzir a uma ruminação mental sob pretexto de conservar-lhe a pureza. O <em>Eu penso</em> é transcendente a todo objeto; mas ele somente poder exercer-se e conhecer a si mesmo aplicando-se a um objeto. É preciso, pois, definir um tipo de conhecimento especificamente humano, que não seja nem pura subjetividade nem pura objetividade, mas uma interpenetração mútua do sujeito e do objeto em que o sujeito conserve incessantemente a consciência de sua supremacia. É exatamente o que se denomina crença.______<br />
Fonte: LACROIX, Jean. <em>Marxismo Existencialismo Personalismo</em>. Tradução de Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.<br />(1) A vontade e a inteligência são a mesma coisa. Em latim no original. (N. do T.)</div>
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(2) Nolonté seria uma espécie de vontade negativa, por contraposição a volonté, vontade real. O termo foi mantido por não comportar a tradução a expressividade associativa do original. (N. do T.)</div>
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(3) “Desviar a mente dos sentidos”. Em latim no original. (N. do T.)</div>
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*Jean Lacroix foi um filósofo francês personalista; amigo de Emmanuel Mounier e colaborador da revista ESPRIT. Nasceu em Lyon em 23 de dezembro de 1900 e faleceu em 27 de julho de 1986.<br />Obras de Jean Lacroix em língua portuguesa: Kant e o kantismo. tradução de Maria Manuela Cardoso. Porto: Rés, 1979, 2001.<br />A sociologia de Augusto Comte /A ordem politica e social Augusto Comte. - Jean Lacroix- Gian Destefanis. Curitiba:Editora Vila do Príncipe, 2003.<br />Os homens diante do fracasso. - Jean Lacroix. Org. São Paulo: Editora Loyola, 1970.<br />Marxismo Existencialismo Personalismo. Tradução de Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.<br />Timidez e Adolescência. São Paulo: Livrobras- comércio de livro.<br />O personalismo como anti-ideologia. Tradução de Olga Magalhães. Porto: Rés, 1977.<br /><strong>Foto:</strong> Jean Lacroix.</div>
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Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-5146904659505816142011-09-02T20:14:00.000-07:002018-09-12T06:27:00.203-07:00REFLEXÃO SOBRE O SER COMUNITÁRIO<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTzs5nES6mwuUtiiNyHL-ccbEag5zlcdx3HWJCzejNJBanQmJ6WAUmo_JzrRyAnHBON232irvjx_prLcZjuZZ3_H-NeDF0qWUe3OqOTI50HedCEPD8cahWlnwiiEhR_oTtR6Sx1fze-IuE/s1600/Glauton.JPG"><span style="font-size: 130%;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5647974916835129106" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTzs5nES6mwuUtiiNyHL-ccbEag5zlcdx3HWJCzejNJBanQmJ6WAUmo_JzrRyAnHBON232irvjx_prLcZjuZZ3_H-NeDF0qWUe3OqOTI50HedCEPD8cahWlnwiiEhR_oTtR6Sx1fze-IuE/s320/Glauton.JPG" style="cursor: hand; float: left; height: 272px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 320px;" /></span></a><span style="font-family: "times new roman";">REFLEXÃO SOBRE O SER COMUNITÁRIO
<br />Antonio Glauton Varela Rocha<span style="font-size: xx-small;">1</span> </span><br />
<span style="font-family: "times new roman";"><br />
</span><span style="font-family: "times new roman";"><strong>A necessidade fundamental do compartilhar </strong></span><br />
<span style="font-family: "times new roman";">
<b><br /></b>Em muitas discussões sobre a comunitariedade humana, surge como objeção a afirmação de que se faz uma confusão entre as ordens do <em>dever-se</em> e do <em>ser</em>. A confusão seria a de que por defendermos o valor da sociabilidade e da colaboração humanas colocamos estas dimensões como parte do ser do homem, quando na verdade o homem não é em si comunitário essencialmente, apesar de que deva buscar a colaboração.
<br />Sem querer entrar na questão sobre a possibilidade do <em>ser</em> e do <em>dever-ser</em> serem separados, sigo o raciocínio iniciado pela objeção citada e faço agora a minha própria objeção: a comunitariedade não é da ordem do <em>dever-ser</em>, é da ordem do <em>ser</em>. Na realidade é o <em>agir comunitário</em> que podemos classificar como sendo da ordem do <em>dever-ser</em> (e não a comunitariedade em si), o que nos coloca defronte de uma característica própria do ser humano, ele é o único ser vivo que pode agir em desconformidade com a sua própria natureza – não digo agir sem a natureza, mas desafiar a própria natureza.
<br />Efetivamente, para existir como pessoa o ser humano precisa compartilhar elementos básicos com os outros. Por mais que dois interlocutores discordem sobre um assunto debatido, eles precisam estar de acordo com o significado de uma série de simbologias que está por trás do sistema lingüístico em que eles travam o diálogo. Além disto, é preciso ter também em comum uma visão básica sobre a realidade, como a certeza mútua de que há diante de si um interlocutor. Normalmente compartilhamos uma visão de mundo que está por trás das nossas análises sobre o próprio mundo, e é esta mesma visão de mundo compartilhada que permite as discordâncias sobre as várias análises. Ou seja, independente do conteúdo compartilhado, compartilhar é sempre algo fundamental à existência humana, e com isso, a vida comunitária também deve ser compreendida como fundamental, pois nós não compartilhamos algo conosco mesmos, mas com um outro. No entanto, o ser humano pode se distanciar desta condição e usar a sua necessária comunitariedade para viver como se a vida comunitária não fosse completamente essencial. É a isto que me referia quando dizia que o homem pode desafiar sua natureza ou essência.
<br />Em condições normais, nunca veremos um leão vegetariano, nem este mesmo leão acordando antes de satisfazer o sono completamente para se preparar melhor para a caça. Neste caso vemos as características próprias deste animal se imporem determinando as sua ações2 . O homem pode, no decorrer de sua vida, escolher (movido por princípios livremente escolhidos) não comer mais carne. Pode escolher dormir bem menos durante o dia para realizar tarefas que ele considera fundamentais, ou criar sistemas de organização sócio-econômicos que obriguem um espaço de tempo destinado ao sono bem limitado, mesmo que a sua necessidade de sono permaneça inalterada diante desta motivação. Isto é possível porque a <em>consciência </em>e a <em>liberdade </em>permitem ao homem driblar algumas de suas determinações naturais.
<br />Se pensarmos numa espécie de abelha própria de vida em colméias e que foi retirada da sua colméia e por algum motivo não consegue mais retornar, ficando completamente isolada de outras abelhas; não teremos dificuldade em prever seu futuro próximo: a morte. Apesar de anatomicamente ela ainda ser capaz de produzir favos e mel ela não irá construir seu próprio ninho e seu próprio mel para passar o restante de seus dias. Isto acontece porque ela está presa a um aspecto fundamental de sua essência: a sociabilidade. Na natureza, em geral todo animal fundamentalmente social terá profunda dificuldade – ou mesmo completa impossibilidade – de sobreviver se não estiver em seu ambiente social próprio. Mas no caso do homem acontece diferente. Sua racionalidade e liberdade lhe permitem usufruir de seu contexto social usando-o a seu favor – muitas vezes sem dar uma contrapartida proporcional – e viver como se não se precisasse dos outros, imersos num individualismo pretensamente natural, mas que não passa de um individualismo parasitário.
<br />
<br /><strong>Sobre o pretenso egoísmo natural do ser humano</strong>
<br />
<br />Normalmente se fala que o “egoísmo” natural de qualquer criança nos seus primeiros meses e anos de vida seja uma prova cabal de que a verdadeira natureza humana é individualista. No entanto, é interessante constatar que a fase em que somos mais egoístas coincida com a fase em que somos mais dependentes dos outros. Uma fase em que se percebe muito claramente como a idéia de um indivíduo atomizado, isolado e independente é frágil e se fosse aplicada a este momento da vida humana (supostamente ícone do egoísmo e do individualismo natural do homem) implicaria sua morte inevitável.
<br />No homem há uma conjugação de uma natureza individual e social, que podemos chamar de dimensões <em>pessoal</em> e <em>comunitária</em>. Uma não exclui a outra e na verdade só há humanidade plena na manifestação interdependente destas duas dimensões. A confusão sobre a relação ente estas dimensões acontece por uma característica da dimensão comunitária: ela não é tão evidente quanto à compreensão que o homem tem de sua própria singularidade.
<br />Na realidade nem podemos falar de percepção da individualidade completamente e naturalmente evidente. Esta percepção é posterior à percepção do <em>outro</em>. Como dizia Mounier, é no espelho do outro que a criança se reconhece distinta deste outro de modo que a percepção do “eu” é ao menos simultânea ao surgimento do “nós”. Mas apesar de ser constituída posteriormente ao <em>encontro</em>, a singularidade tende naturalmente a se tornar cada vez mais consciente e mais vívida.
<br />As percepções que apontam para a individualidade são mais numerosas, pois o que nós temos de mais próximos a nós somos nós mesmos, por isso, também, são percepções mais diretas: a fome que eu sinto é sempre primeiramente a minha fome, do mesmo modo se sucede com a dor, a sede, e assim por diante. Chegamos a ser capazes de entender estas situações nos outros porque antes já passamos por elas e agora temos a capacidade de nos ver na situação alheia, de tal modo, a situação do<em> outro</em> adquire sentido para nós e nós podemos reconhecer <em>neles</em> estas circunstâncias. Ou seja, o nosso entendimento sobre o <em>outro </em>é posterior e indireto (mediado pelo eu)3 . Mas aí é que mora perigo, pelo fato de serem experiências mais diretas e por isso mais numerosas, e também mais impactantes (especialmente quando se tornam conscientes), estas percepções da singularidade não são suficientes para provar que a natureza do homem é individualista. Se é verdade que, alcançado o nível da consciência, o <em>nós </em>é mediado pelo <em>eu</em>, originalmente, quando ainda não há consciência manifesta é o eu que é mediado pelo nós (levando em conta a formação da personalidade humana4). O problema é que ter consciência do <em>nós</em> é muito mais complexo do que ter consciência do <em>eu</em>, a singularidade é muito mais evidente do que a sociabilidade. Daí a aparente evidência do primado no <em>eu</em> sobre o <em>nós</em> quando estamos nos momentos iniciais de uma reflexão sobre a sociabilidade humana; às vezes parece tão evidente, que tomamos este início por fim.
<br />No entanto, ainda que a percepção do <em>eu </em>seja mais evidente que a percepção do <em>nós</em> isto não é suficiente para determinar o grau de destaque que o indivíduo irá receber na diversas sociedades. O atual reinado do indivíduo é apenas uma manifestação histórica no meio de muitas outras ocorridas e possíveis. Uma determinada visão de mundo, que podemos chamar de horizonte, é que define os destinos da relação entre indivíduo e sociedade.
<br />Durkheim faz uma distinção interessante a respeito da relação entre os indivíduos e a sociedade no desenrolar da história. Ele fala de dois tipos fundamentais de solidariedade: a <em>mecânica </em>e a <em>orgânica </em>5. As duas geram organizações sociais bem distintas. A solidariedade mecânica tem como predomínio a semelhança. Os indivíduos não são diferenciados e se organizam a partir de costumes e valores comuns. Há como que uma <em>consciência coletiva</em>, que perpassa as consciências individuais, mas que tem uma espécie de vida própria. Já a solidariedade orgânica é posterior e é marcada pela diferenciação social. Destacam-se as diferenças entre os indivíduos e a unidade do grupo tem menos prioridade em relação às preferências individuais. Segundo Durkheim, ela nasce a partir da divisão social do trabalho.
<br />A ênfase atual no individualismo não é, pois, mais que um fruto de uma visão de mundo que se sobrepôs a outra. O mesmo poderia ser dito se a ênfase atual fosse da colaboração mútua entre as pessoas. Segundo Durkheim, a necessidade de formar laços comunitários e de compartilhar valores comuns foi inicialmente predominante nas comunidades humanas. Só depois o processo de diferenciação aconteceu. Não é, em última instância esta ênfase que retrata a natureza humana, pois dependendo das circunstancias ela pode até ir contra a natureza humana (para mim é exatamente isto que hoje acontece). A questão aqui é mais profunda, é preciso pensar sobre o modo próprio do homem existir no mundo (é a isto que me referi ao falar no início do texto sobre a necessidade fundamental do <em>compartilhar</em> para se falar de uma vida plenamente humana), e como as dimensões da singularidade e da sociabilidade se manifestam neste existir.
<br />
</span><span style="font-family: "times new roman";"><strong>O outro lado da moeda
</strong>
<br />Chegando a este ponto é preciso um esclarecimento a fim de evitar um engano que pode surgir de uma apreciação apressada sobre nossa fala até o momento. A exaltação que fiz da sociabilidade não é feita para negar o valor da singularidade humana. O que eu quis dizer é que a sociabilidade é uma condição fundamental da existência plenamente humana, mas a singularidade também o é. Como já acenei no presente artigo: <em>“uma não exclui a outra e na verdade só há humanidade plena na manifestação interdependente destas duas dimensões”</em>. Kierkegaard já destacava o valor do <em>singular</em>6 frente à tentativa de universalização do <em>conceito</em>. Esta valorização não pode ser esquecida, mas isto não precisa ser feito a partir da desvalorização da sociabilidade. O grande dilema sobre a conciliação do singular e do coletivo pode ser pensado a partir de outros termos. O contraponto da singularidade em questão seria a <em>comunidade</em> – e não a coletividade ou o público – onde o singular é reconhecido como tal, sob pena de não podermos falar de comunidade se assim não for.
<br />O problema sobre a noção do<em> singular</em> é a referência que se está jogo quando se invoca este termo. Se antes o que se tinha em mente era a<em> irrepetibilidade</em> (a especificidade de cada ser humano), a partir da modernidade passou-se a ter em mente prioritariamente um ser <em>independente</em> e <em>isolado</em>7. Com tais referências, o singular ganha uma capa de insociabilidade que originalmente não possuía. Em nosso tempo convém despir o termo destes acréscimos para pensá-lo em consonância com a sociabilidade.
<br />______ </span><br />
<span style="font-family: "times new roman";">(1) Mestre em filosofia, professor de Filosofia na Faculdade Católica Rainha do Sertão e Faculdade Católica do Cariri, no Estado de Ceará.
<br />(2) A evolução biológica poderia ser compreendida como uma forma ir além deste determinismo, mas neste caso estamos muito mais diante de eventos frutos de um acaso (mutações) ou de uma ação da natureza sobre ela mesma (a seleção natural) do que de uma “escolha” particular que contraria as regras impostas. Além do mais, uma evolução se repassa às descendências e dura milhões de gerações para se efetivar ou se aperfeiçoar. No caso homem vemos este ato desafiador se concretizar várias vezes ou mesmo continuamente no espaço de uma vida em particular.
<br />(3) Antes, quando não estávamos ainda no nível do entendimento, o eu era mediado pelo outro, agora, alcançado o nível da consciência, o caminho se inverte.
<br />(4) A formação de uma consciência do nós é mediada pela formação do eu, mas a formação do eu é mediado pela experiência do nós.
<br />(5) ARON, Raymond. <em>Etapas do pensamento </em>sociológico, p. 287.
<br />(6)"Nos gêneros animais sempre vale o princípio de que 'o indivíduo é inferior ao gênero'. O gênero humano, em que cada indivíduo é criado â imagem de Deus, tem essa característica, de o singular ser superior ao gênero" (Diálogos, X2, A, -126).
<br />(7) VINUESA, José Maria. <em>El Concepto de Autopropiedad</em>. Revista Acontecimiento, p. 16.</span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";"><strong>Imagem:</strong> Antonio Glauton Varela.</span></div>
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<span style="color: white; font-family: "times new roman";">.</span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-6824421912438637242011-07-21T11:31:00.001-07:002018-09-12T06:35:15.605-07:00Antropologia da hospitalidade, ou seja, o personalismo como sistema.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp4oLL-4DhhGEN01nOgyUOACDJHw4qTxi-27tFqmMl4Ri_bKAU0hjvizApCalUFTC7OQQoH-O6oz-wsGmkoSIFLUDirn57HP0BVwtXspTTNIDmAfgQBIoeTgplqTkQWFjw4xR1HkfVYOZf/s1600/guzowski.png"><span style="font-size: 130%;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5631876003732140914" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhp4oLL-4DhhGEN01nOgyUOACDJHw4qTxi-27tFqmMl4Ri_bKAU0hjvizApCalUFTC7OQQoH-O6oz-wsGmkoSIFLUDirn57HP0BVwtXspTTNIDmAfgQBIoeTgplqTkQWFjw4xR1HkfVYOZf/s400/guzowski.png" style="float: left; height: 231px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 155px;" /></span></a><span style="font-family: "times new roman";"><strong>ANTROPOLOGIA DA HOSPITALIDADE, OU SEJA, O PERSONALISMO COMO SISTEMA </strong></span></div>
<br />
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<em><span style="font-family: "times new roman";">Krzysztof Guzowski*</span></em></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";">Documento apresentado na Terceira Conferência da Associação Espanhola de Personalismo:</span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";">"Fórum de filosofia perso</span><span style="font-family: "times new roman";">nalista", Centro Universitario Villanueva. Madrid, 16-17 de Fevereiro de 2007.</span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";"><strong>Introdução.</strong></span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";">A maioria dos personalismos, ou seja, dos conceitos antropológicos, mostram a pessoa de diferentes maneiras: desde uma idéia geral de homem, até percebê-lo como um método, tudo isto, dificulta hoje em dia para os personalistas chegarem a um acordo entre si, e o personalismo ainda é visto somente como uma parte de uma certa antropologia. Desejo mostrar nesta exposição que o personalismo não é somente uma parte da antropologia, mas, a antropologia <em>par excellence</em>, assim, quando dizemos: antropologia - devemos pensar ao mesmo tempo em: “o personalismo como um sistema que contém todo o mundo do homem, ou seja, a totalidade do homem como sujeito corpóreo-espiritual e todo o universo de suas relações, no qual ele como pessoa, revela suas propriedades cognitivas, criadoras e espirituais”. A pessoa sempre se hospeda no mundo do espírito e da ação, e hospeda o mundo em si mesma interiorizando cada relação e definindo-a <em>ad extra</em>. Esta experiência da pessoa. “de estar no mundo”, “em si mesma”, “em outros”, e “fora de seu mundo”, determina o ser humano como hospitaleiro, aberto, dinâmico e transcendente. Da necessidade interior (subjetividade) e das condições ontológicas (a estrutura, ou seja, o equipamento da pessoa), a pessoa estabelece o contato com o mundo e constantemente tende a transcender suas próprias limitações. Por isso, para construir uma adequada ontologia da pessoa, deve-se construir primeiro uma adequada metafísica do personalismo, a qual nos permita ver o ser na perspectiva da pessoa e sua ontológica hospitalidade no mundo. Do contrário, todo o mundo ficaria como uma massa anônima, “um oceano de mônadas”.</span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";">Graças a capacidade da pessoa, no mundo acontece constantemente uma compenetração (perijoresis) não somente de diferentes formas de existir. A pessoa dirige o seu conhecimento, sua síntese, torna a linguagem real, a expressa colocando nome no que sucede nela, fora dela e por cima dela (a autoconsciência, a experiência, o conhecimento concreto e objetivo, o conhecimento transcendente, a intuição). A pessoa humana, graças a sua construção, é tanto imanente e transcendente em relação à realidade. Assim a pessoa humana está em relação com o mundo de outras pessoas, o mundo das coisas e o mundo do Absoluto (que não é nem o mundo dos homens, nem o mundo dos seres criados). De todo o dito anterior, proponho minha hipótese da “antropologia da hospitalidade”. A hospitalidade é a experiência primitiva e universal de todas as culturas, portanto substituiremos os termos: relação, diálogo, transcendência.</span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";"><strong>A evolução da abordagem da pessoa desde a singularidade até a relacionalidade.</strong></span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";">O pensamento europeu se concentrava, no passado, nas provas da separação da pessoa do “resto” da realidade, e tinha motivos suficientes. Se pretendia demonstrar que o homem é uma “totalidade” em contraposição as tendências panteístas e materialistas, das quais viam o homem unicamente como um exemplar de uma espécie, um fragmento da realidade “qualitativamente” igual ao resto da realidade.Naquela época, tratava-se de acentuar a excepcional dignidade do homem no mundo das criaturas. Essa compreensão da pessoa se arrasta até hoje nas diversas formas de individualismo. Na célebre definição de Boécio: persona est naturae rationalis individua substantia, o principal acento está posto sobre “a substância individual”, ou seja, sobre a separação da pessoa do mundo e do cosmos. Tem se dito muito acerca dessa definição, pois é importante que tenhamos em conta que naquele tempo ela ajudou a aprofundar, o que é esta “substância individual”, e ademais, direcionou a atenção para o mistério da existência pessoal. No início da Idade Média, se pôs de relevo a existência pessoal que foi definida com o termo “subsistentia”, o que significava dita existência em si, por si e para si. Portanto, a pessoa ia sendo defininda como a existência substancial, individual, particlar, única em sua espécie, incomunicável, irrepetível [existentia singularis, incommunicabilis, irrepetibilis; Richard de São Vítor, Santo Tomás de Aquino, Juan Duns Escoto]. Evidentemente não é verdade que a metafísica expressa somente à natureza geral do homem. Na mencionada definição de Boécio, a pessoa é um indivíduo único e não a espécie humana em geral.</span></div>
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<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">O pensamento Humano, observando o fenômeno da pessoa, descobriu um novo elemento essencial ontológico, ou seja, a subjetividade, o “eu” autoconsciência, reflexão, profundidade subjetiva, psíquica. Este traço via: Santo Agostinho, os agostinianos e as tendências cristãs místicas. No campo da filosofia, tão somente no século XVII Cartesius (Descartes) viu no homem, “ego cogitnas”, o sujeito.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">O pensamento humano maduro, após a fase de definição da pessoa em si mesma, chega ao tempo de perceber a pessoa enquanto uma relação. Para esta nova perspectiva foi importante a contribuição de Santo Agostinho, que definia cada pessoa da Santíssima Trindade através de uma relação, mais tarde São Tomás de Aquino aprofundou esta perspectiva. Para ele, a pessoa não é sómente subsistencia mas também a relação substancial. No contexto pessoal, entendemos a relação, não no sentido psicológico, como uma relação com os outros, "comunicação", mas no sentido ontológico. A pessoa é uma relação no sentido ativo, porque forma outras pessoas e as coisas, entrando com elas em relações "definitivas". Ao mesmo tempo, a pessoa se relaciona no sentido passivo, ou seja, é o resultado de estar em relação com outras pessoas e coisas. Pode-se dizer que justamente por isso a pessoa é uma estrutura fundamental da realidade social e cósmica, porque é "relação-consciente, racional, e chega a conhecer” no mundo. A pessoa por isso, não é algo estático, senão justamente como a relação substancial - ela se faz a si mesma através do mundo de outras pessoas, onde se eleva às dimensões mais altas da sua existência e consciência. A relação com o mundo das coisas é secundário, porém podem ser criativas, especialmente como resultado do encantamento da beleza do universo.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">No tratamento da pessoa, como “eu substancial” e como “a relação substancial” está presente implicite a indissolúvel relação com o mundo. Na primeira definição o elemento “cósmico” está presente na mais ampla compreensão da existência. A pessoa é existência separada, particular e autônoma, porém, participa da existência comum (esse commune) dos homens e das coisas. É uma existência separada do mundo, graças ao mundo e através do mundo. Aqui se deve recordar a escatológica dimensão da pessoa, uma certa extensão temporal e espacial, porque a existência pessoal sucede em relação às circunstancias, lugares e tempo. O homem através do corpo está imerso na corrente da vida, e conscientemente participa dela.</span></div>
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<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">Na segunda definição como a substância–relação, se é pessoa graças à relação ontológica com outras pessoas, no contexto do mundo e as indústrias humanas, como a cultura e a técnica. A pessoa vive graças a relação com outras pessoas, o que ao mesmo tempo significa “a hospedagem” dos outros em sim mesma, sua aceitação, a abertura a todo o mundo pessoal deles. Assim na comunidade de pessoas se pode afirmar se pode afirmar a gênese da pessoa, porque o intercambio e a relação mútua entre as pessoas significam uma abertura a vida de outras pessoas com a qual estamos em relação. Porém, tudo o que está fora da realidade pessoal, o mundo não pessoal, constitue o contexto para a pessoalidade.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">Como consequência, a pessoa deve definir-se integralmente como “subsitência subjetiva e a relação no seio de seu ser. O personalismo não é solipsismo. A pessoa real, não meramente mental, se realiza na relação com outros seres pessoais, com Deus e com as pessoas criadas, individuais e coletivas, e na relação a totalidadedo ser: a terra, o mundo, a realidade celestial.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";"><strong>A ontologia da hospitalidade.</strong></span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">Haveria que começar o tema da ontologia da hospitalidade desde a visão da relação de Santo Agostinho e Santo Tomás, eles superaram as categorias de Aristóteles favorecendo a doutrina das Pessoas na Santíssima Trindade. Eles criaram a base do conceito “da relação substancial”. A pessoa é a relação substancial, ou a substância que se relaciona. Para Aristóteles, o ser, no sentido próprio, é somente a substância, a relação de troca é a categoria mínima acidental. Na doutrina da Trindade sucede de alguma maneira uma identificação dialética entre a substância e a relação como base para a identidade da natureza. A pessoa se realiza, se faz a si mesma, se realiza tematicamente porque em essência é relação com outras pessoas, e com o mundo das coisas. A pessoa é, pois, substância e relação ao mesmo tempo. Parece que a ideia de pessoa exclui o individualismo e o coletivismo, porque a pessoa não existe sem outras pessoas e sem mundo material, nem tampouco a coletividade existe sem a subjetividade das pessoas.
<br />A própria estrutura do corpo humano é relação com a natureza humana, com o mundo material e biológico. A pessoa se conhece a si mesma na relação consigo mesma, e o traço primordial da corporeidade da pessoa é a sexualidade. O corpo humano não é um conjunto de características anatômicas, sem a consciência co-social e o status escatológico. Através do corpo chega o comunicado ao nosso “eu” acerca de quem chegará a ser. Este comunicado, obriga o nosso “eu” a se orientado para a criatividade, para a criação da própria história. O “eu” humano, é, desde os primeiros momentos da existência, “despertado” e “incluído” nas relações para com as pessoas, e o próprio corpo (que no caso de sofrimento parece ser alheio), e para com o meio biológico. Não é assim que a pessoa está separada da realidade por um muro criado por sua própria consciência e corpo. O traço fundamental da pessoa é que ela é hospitaleira para com o “outro” e tem fome do novo que vem de fora de sua própria existência. O “outro” dá a vida e ao mesmo tempo está inscrito na estrutura da pessoa. É verdade que não há de ser um mundo de pessoas idênticas e é certo que o conteúdo da existência humana é “estar com outros” ou confrontar-se com “o outro”. Se não fosse pelo amor espiritual que conecta os mundos separados e é capaz de unir o que é diferente, o mundo humano seria um filme de terror e loucura. Talvez por isso, os que nunca sentiram o amor, experimentam sua existência como um fardo e uma perda.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">Especialmente no campo do amor se aclara em certo modo uma dicotomia entre a existência individual, substancial e “fechada”, e a existência como relação. Karol Wojtyła define o amor como “o dom de si mesmo para a outra pessoa”. “Dar-se a si mesmo” significa abrir a porta do mistério de sua existência, confiar este mistério a outro, submergir-se no outro, em sua história pessoal. Dar-se a si mesmo é ao mesmo tempo a capacidade de receber o outro tal como é. Por isso, o amor significa tanto o dom, como a capacidade de recebê-lo. Dar-se aqui uma profunda dialética; de sair da própria substancialidade para o outro e para a realidade, e ao mesmo tempo, de regressar a si mesmo (reditio ad seipsum) juntamente com os outros e à realidade assimilada. É pessoa, em pleno sentido, graças à natureza humana, mais ainda, graças à esfera pessoal. Quer dizer, sem a livre vontade e sem a razão, não se poderia falar nem de amor e nem de relação.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">A ideia da relação é compreendida demasiada objetiva e, genericamente, ao passo que a relação no mundo de pessoas, é a hospitalidade: é um sair de dois diferentes sujeitos ao encontro de si mesmo. A hospitalidade evolui e muda "as cores" dependendo do encontro com pessoas concretas. É por isso que também podemos falar da metafísica do personalismo e a causalidade pessoal (disso trataremos mais tarde). A primeira etapa da hospitalidade consiste em ocupar um espaço comum, na segunda etapa se dá a compreensão do “outro” o “diferente” e a aceitação dele em nosso próprio mundo, na terceira etapa da hospitalidade sucede a recepção do “outro” o “diferente” como um modelo para construir o próprio mundo e a ouvir atentamente “o outro” “o diferente”, na quarta etapa da hospitalidade, se equipara as diferenças e se constrói um mundo comum que na linguagem é denominado como “nós”.</span></div>
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<strong><span style="font-family: "times new roman";">A casualidade pessoal.</span></strong></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">Como resultado, chegamos a um conceito de "pessoa social", embora isso supõe sair da filosofia clássica. É preciso construir o amplo e dinâmico do personalismo. Este personalismo não é só para entender que o homem é uma pessoa (antropologia do personalismol), o que compartilham quase todos os pensamentos, incluindo o marxismo, a fenomenologia, a hermenêutica filosófica, o liberalismo e outros, assim também todo o sistema intelectual, que interpreta e explica toda a realidade a partir da perspectiva da pessoa. Para o sistema de personalismo – da Escola de Lublin - o fenômeno da pessoa humana é o ponto de partida para a construção do personalismo, como tal, é o método ao mesmo tempo. Pois, sobre a base do personalismo e o que até agora tem sido dito, a hipótese de que a sociedade concreta, real, definida pelas fronteiras materiais e temporal-espacial, tem um caráter pessoal, é "pessoa", ou pelo menos quase-pessoa (K. Wojtyla). Ou seja, o caráter pessoal e ontológico, tem não só uma determinada pessoa, mas também a comunidade de pessoas (a sociedade).</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">Por conseguinte, cada sociedade tem sua "substância" sobre a base da natureza humana, o "eu" comum, o "nós". Tem sua comum: existência, destino (esse commune), atividade (etos), sua cultura. Aqui a dimensão natural e espiritual se juntam, embora a dimensão espiritual tem primazia e o caráter teleológico. Pode-se afirmar que a sociedade tem suas próprias estruturas e funções. Um saber comum: existência, consciência, vontade, sentimentos, trabalho e vida que, em alguns casos, é ao mesmo tempo real e biológico. "A pessoa social é a sociedade de pessoas, que é o produto de suas capacidades de correlação com base na natureza" (Bartnik).
<br />A ontologia da hospitalidade se pode explicar de maneira gráfica através “da causalidade pessoal”. A sociedade não é somente um resultado da participação de muitas pessoas em um ambiente comum (Tomás de Aquino), e não é acidental referente ao ser (no campo da metafísica). O mistério desta grande “hospitalidade” que sucede em cada sociedade natural, é a “causalidade pessoal” que é fundamental para a existência do homem. No mundo de pessoas, como no próprio universo existem e atuam as causas. Entretanto a influência recíproca que se dá entre eles, leva um traço da pessoa e de sua grandeza. Percebemos que na existência pessoal, a sociedade está constantemente "presente", ainda que, com intensidade variada. Em cada sociedade participamos como um elo em uma grande cadeia. Quanto mais somos influenciados positivamente por pessoas-elo, enquanto elas nos atraem, tanto mais nós mesmos construímos a sociedade tanto mais "somos" sujeitos dela mesma. A sociedade "explora" os indivíduos, enquanto eles próprios participam plenamente no bem comum, ou seja, entregando as suas pessoalidades. Esta ligação pode ocorrer devido à participação não parcial, mas, completa da pessoa, donde se revela e realiza o homem em toda a verdade de sua existência. Esta sociedade não pode fundamentar-se apenas em ideais, mas também no bem comum. Por isso, sempre, o berço da sociedade estatal e de cada instituição são as comunidades naturais. Por exemplo, a família, onde se descobre a verdade da sua própria existência, que é a humanidade, afirmada no amor dos pais. Neste contexto, se vê mais claramente "a causa pessoal." O homem que experimenta o amor para preservar essa experiência de comunhão com os outros, é capaz de dar sua própria vida.</span></div>
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<strong><span style="font-family: "times new roman";">A transcendência e a hospitalidade.</span></strong></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">A pessoa humana está submergida na realidade e ao mesmo tempo a transcende. Se a pessoa (individual) é capaz de transcender-se, então de alguma maneira a sociedade é capaz de transcender-se. Entendemos a sociedade como a soma de muitos sujeitos (indivíduos). Na sociedade a vida do sujeito (indivíduo) se defende de ser tratado de maneira instrumental. A pessoa é o ser mais perfeito, transcendental no que diz respeito ao mundo impessoal, por isso, para “encarnar-se” ou para poder assumir a existência biológica, seu “eu” (a consciência) tem que conceder aos valores materiais um valor absoluto. Talvez por isso, a grande qualidade da relação com outras pessoas, protege nossa existência da ilusão e do abandono da verdade sobre a essência da própria humanidade, a favor da mentira. Apesar de que, o homem se realiza somente no mundo das pessoas e dos valores “que servem a vida” (K. Popielski), os valores substitutos e temporais podem ter influência suficiente, caso haja falta qualidade nos valores espirituais substitui-se pela qualidade dos valores passageiros.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">A transcendência supõe una determinada ontologia, segundo a qual a pessoa é um ser, (um ente), uma existência real e completa, e não somente uma ideia, um modelo, um conceito, um valor ou uma forma. Na civilização de hoje há certa tendência de regresso a um conceito reducionista do homem, segundo qual o homem é “um animal racional”. Hoje em dia se percebe também o homem somente como a razão, a mente o pensamento. Sucede também um tipo de reducionismo pitagórico, ou seja, o homem se percebe somente como um número, uma quantidade, um pensamento encarnado, uma parte da consciência na natureza e no melhor dos casos a palavra ou um fenômeno linguístico.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">A informação adquire uma particular categoria “antropológica”. O homem teria que ser um receptor da informação, um efeito da informação ou um artífice dela (livre ou não livre). Teria que ser um ser (ente) que constrói sobre a base da informática e graças à ajuda das regras dela (por exemplo, J. Habermas). Neste caso teríamos que falar não somente sobre a sociedade da informação e da informática, senão também do homem “informativo” e “informático”. A sociedade teria que ser um conjunto da informação e digamos um ente informativo. Há que sublinhar, que desde Hegel, que em tempos modernos reduziu o homem a “logos” ou um “conceito”, é cada vez mais comum a prática da “in-formação” como um método básico e único de “formar” o homem como o individuo e como sociedade. Neste contexto se mostra o tema da natureza da informação. Acontece na prática com frequência, dominando a ideologia ou a propaganda muitas vezes sem alguma referência a verdade, a moralidade ou a outros valores mais altos. Se da uma imensa estreiteza mental, como se o homem como pessoa, individual e coletiva, seria quase totalmente um produto da informação, entendida como; o signo, o comunicado, a ideia, a frase, a teoria, a narração. Por essa razão o papel dos meios de comunicação é tão importante e por isso se observa uma continua batalha por ter seus próprios meios de comunicação.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">A </span><span style="font-family: "times new roman";">abordagem ontológica mostra a transcendência da pessoa em muitos níveis. A pessoa, mesmo esmagada por uma avalanche de informações, busca o verdadeiro relacionamentor, busca o mundo pessoal. Este desejo “de hospitalidade” está inscrito no ser da pessoa e se expressa em sua transcendência. Pretendemos mostrar, que hoje em dia, o mundo da comunicação, dos meios de comunicação, não cumprem esta função (salvo algumas exceções). É assim porque favorece a propaganda e não é capaz de ouvir. Para salvaguardar o mundo pessoal, é necessário que os meios de comunicação aprendam a ouvir e, consequentemente a falar. Isto não pode ter lugar unicamente no campo das investigações sociológicas como, por exemplo, sobre as tendências o da moda, etc. É necessário o regresso à verdade sobre o homem.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";"><strong>Aqui estão algumas observações:</strong></span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";"><strong>a.</strong> Em primeiro lugar a pessoa é mais que uma pura informação, que o mero pensamento humano, que uma "sentença"” dirigida para a realidade objetiva; a pessoa vence todo o extremo agnosticismo e imanentismo cognoscitivo;
<br /><strong>b.</strong> A pessoa ultrapassa os limites da existência material e biológica, preservando sua individualidade e independência ante as condições biológicas e sociológicas;
<br /><strong>c.</strong> A pessoa humana é o centro da espiritualização do mundo. No homem o mundo alcança uma dimensão super-material (transcende o material), sobretudo a través da arte e da cultura. Na criatividade o homem imprime uma marca espiritual na matéria.
<br /><strong>d.</strong> A transcendência no mundo pessoal não é somente para fora, mas também para dentro. A pessoa se adentra constantemente em seu mundo interior apartando-se do mundo dos fenômenos. Esta transcendência para dentro tende à mística e para o infinito.
<br /><strong>e.</strong> Através da observação da beleza da natureza e da análise do passado, o homem transcende para a Pessoa Divina. Resumindo, a pessoa humana é a relação transcendental em todo seu ser.</span></div>
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<strong><span style="font-family: "times new roman";">Conclusão:</span></strong></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">O personalismo não se limita somente a personología, ou seja, a ciência da existência da pessoa. O personalismo trata do ser em si mesmo no aspecto da relação em torno à pessoa. A pessoa como ponto de partida na interpretação do ser e da existência, não se limita só a seu marco, a sua “solidão”, como diria E. Lévinas, mas se refere também ao ser em geral. O personalismo no é solipsismo (Fichte), nem idealismo, nem reducionismo (as mônadas de Leibniz). Sobre todo “o ente comum” (ens commune) e a existência comum” (esse commune) constituem a base da realidade do ente pessoal (ens personale, esse personale) e a necessária co-relação da pessoa (ens relativum). O homem como pessoa poderia existir unicamente na co-relação com o ente comum e, não à parte dele.</span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">O personalismo não começa com a definição da pessoa, mas com a vivência direta e com a experiência do fenômeno do mundo pessoal. A completa definição da pessoa é um ponto de chegada.</span></div>
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<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">Há uma gradação na analogia do ser: Deus, a pessoa humana, a realidade impessoal. A existência pessoal é sempre um ser <em>par excellence</em> e um premodelo da realidade. A pessoa é a norma, a razão, a chave, o objetivo e o sentido de toda a realidade, e o final, o fim em si mesma (autoteleología). Isto não é um idealismo, porque tudo o que existe realmente e o que pode existir, faz referencia ao mundo da pessoa. Desta maneira se completa o chamado na cosmología “principio antrópico” segundo o qual todos os parâmetros do Universo estão configurados de tal maneira, para que possa existir a vida e os seres pessoais.</span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";">A realidade em geral tem uma estrutura pró-pessoal. A realidade tem uma relação interior com o próximo cognitivo (a verdade), com o desejo e aspiração (ao bem), com: o amor, a beleza, a auto-expressão, a liberdade, a autodeterminação, o valor e a criatividade. Tudo isto pode dar-se definitivamente na co-relação com a pessoa o com as pessoas. A pessoa é “o nome” do ser, o motivo de sua realidade e sua autenticidade.</span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";">Somente na pessoa e por ela o mundo pode conhecer-se a si mesmo. Por isso deve-se falar do personalismo sistemático o da antropologia da hospitalidade, para se dar conta que o mundo existe na relação com a pessoa humana e nela. Em sua estrutura subjetivo-objetiva o mundo encontra sua síntese e sua plenitude. O mundo da pessoa é um mundo hospitaleiro: nele diversas realidades não se contrapõem ou se destroem, mas recebem novas maneiras de existir.</span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";"><em>Krzysztof Guzowski*</em>
<br />Professor emérito da Katolicki Uniwersytet Lubelski (Universidade Católica de Lublin)
<br />Prof. Krzysztof Guzowski, nascido em 01/13 1962/ Zamosc. Sacerdote da Diocese de Zamosc-Lubaczów. 09/06 /1987. Ordenado sacerdote em Lublin das mãos do Papa João Paulo II. KUL pesquisador da 1998/10/01.</span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">Em 1982 até 1984 esteve no Seminário de Przemysl, e depois da mudou para Lubaczów Seminário da Arquidiocese de Lublin, nos anos 1984-1987. Na Universidade Católica, alcançou o mestrado em Teologia Dogmática, em 1987.</span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">Em 1988 até 1993 fez estudos especializados de teologia dogmática na Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino", em Roma, em 1993, que culminou numa tese de doutorado em Ermeneutica. Anterioriormente (1990) Bacharelou-se na mesma Universidade no trabalho de Il Cammino di Gesù nel verso la croce "Mysterium Paschale" di Hans Urs von Balthasar. Depois de sua ordenação, além de estudos e trabalhos pastorais em Lubaczów e Zamosc, e de instrutor diocesano de religião e pastor professor e palestrante em College círculos criativos Catequéticos em Zamosc, Seminário Mariano de Lublin e na Universidade Popular em Sitnie. Foi assistente e - por sua vez - professor assistente do Pr. Prof Czeslaw Bartnik no Departamento de Teologia Histórica, e desde fevereiro de 2005 se tornou diretor do Departamento que foi fundado pelo personalismo cristão. Em junho de 2004, recebeu sua tese de pós-doutorado sobre o simbolismo do Fortego Trinity Bruno. Desde Abril de 2006, vem trabalhando como professor.</span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">Até agora, publicou dois livros: um de doutorado e habilitação, quatro volumes de poesia e tem publicado como um editor científico de doze publicações no campo do personalismo, oito livros didáticos para a catequese e duas antologias de poesia. Ele é o editor e redator de uma série de sites personalistas . Exerce também o papel de editor-chefe do "Annals of Theology". Publicou mais de cinqüenta artigos científicos em polonês, italiano, eslovaco, espanhol e Inglês.</span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">Sua direção de pesquisa é o personalismo. Desde 1997 ele é um colaborador regular da revista italiana personalista "Prospettiva Persona"; membro do Centro para o Estudo da Personalidade em Teramo, membro da Associação Internacional de personalismo com sede em Madrid. A luz da filosofia Personalista defende a construção de um novo método teológico, e um personalismo realista que interpreta a realidade integral da revelação, da graça, dos sacramentos (especialmente a Eucaristia), redenção e história da salvação. O Perfil do departamento de personalismo cristão é interdisciplinar.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">No ano letivo 2008/2009, serviu como diretor do Instituto de Teologia Dogmática na Faculdade de Teologia de Lublin. Atualmente, é também vice-presidente da Sociedade de Teólogos dogmáticos. Ele é o criador de Pós-Graduação para Professores com ênfase no do pensamento de João Paulo II, em Lublin . Promove - simpósios e periódicos para divulgar o personalismo além do site <a href="http://www.polski-personalizm.pl/"></a><a href="http://www.polski-personalizm.pl/"></a><a href="http://www.polski-personalizm.pl/">http://www.polski-personalizm.pl/</a></span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";"><strong>Direção de pesquisa.</strong></span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">Pelo menos desde 1993, seus interesses de pesquisa (como evidenciado pelos títulos de publicações) se movem em quatro direções: o personalismo, a teologia, história e a filosofia da história -, questões teológicas da cultura e da arte, e a dimensão carismática do cristianismo. Em todas essas linhas de pesquisa, entretanto, é dominada pela perspectiva universalista do personalismo como uma visão holística da realidade e como um método. Com base no personalismo é possível criar uma síntese da visão filosófica e teológica do mundo temporal que não pode ser reduzido ou a um sistema de pensamento, ou tratado meramente como uma idéia dominante, porque o personalismo universalista é inerentemente intuição da realidade a "perspectiva da pessoa." Teologias cultivadas em perspectiva personalista demandas refinamento historiosófico e, portanto, a concretização histórica como o personalismo não pode ser identificada nem com uma compreensão idealista do ser, nem o individualismo nem o coletivismo; pessoa é uma relação, portanto, em termos, é mais adequado falar sobre o personalismo comunitário. Isto implica uma necessidade de diálogo entre teologia e outras disciplinas das ciências humanas. Todas essas tendências se reúnem no conceito universal do personalismo, que é o resultado da busca de diálogo entre teologia, filosofia e cultura contemporânea.</span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">Tradução livre: </span><span style="font-family: "times new roman";"><em>Lailson Castanha</em></span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";"><strong>______</strong></span></div>
<br />
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Esse artigo foi traduzido a partir do texto em espanhol publicado no site <strong>Asociasión Españhola de Personalismo - personalismo.org </strong><a href="http://www.personalismo.org/recursos/articulos/guzowski-krzysztof-antropologia-de-la-hospitalidad-es-decir-el-personalismo-como-sistema/"><span style="font-family: "times new roman";"></span></a><span style="font-family: "times new roman";"><a href="http://www.personalismo.org/recursos/articulos/guzowski-krzysztof-antropologia-de-la-hospitalidad-es-decir-el-personalismo-como-sistema/"></a><a href="http://www.personalismo.org/recursos/articulos/guzowski-krzysztof-antropologia-de-la-hospitalidad-es-decir-el-personalismo-como-sistema/">http://www.personalismo.org/recursos/articulos/guzowski-krzysztof-antropologia-de-la-hospitalidad-es-decir-el-personalismo-como-sistema/</a></span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";"><strong>Sobre o autor:</strong> </span><a href="http://www.antguzow.nazwa.pl/katedra/guzowski.html"><span style="font-family: "times new roman";">http://www.antguzow.nazwa.pl/katedra/guzowski.html</span></a></div>
<br />
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<a href="http://www.kul.pl/"><span style="font-family: "times new roman";">http://www.kul.pl/</span></a></div>
<br />
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<a href="http://www.polski-personalizm.pl/"><span style="font-family: "times new roman";">http://www.polski-personalizm.pl/</span></a><span style="font-family: "times new roman";"> </span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";"><strong>Imagem:</strong> Krzysztof Guzowski</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";"><span style="color: white;">..</span></span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-77792225704188781172011-06-15T01:49:00.000-07:002018-09-12T06:40:07.004-07:00A revolução Personalista de Jean Lacroix.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj95TXkJkPW5Rov1wmnTFlw6LVf5RjRdQKq29cAnz4fSd8oZVeeNtY2s-Ukz0hKAO1YIdbECWe-mPLjoqQuy52yFfTJG-yBMzK9hlB1Sb8riqZWOVpTABaXB05tefgmsvk-na1dtpDXhafR/s1600/Jean+Lacroix.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5618372952662306354" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj95TXkJkPW5Rov1wmnTFlw6LVf5RjRdQKq29cAnz4fSd8oZVeeNtY2s-Ukz0hKAO1YIdbECWe-mPLjoqQuy52yFfTJG-yBMzK9hlB1Sb8riqZWOVpTABaXB05tefgmsvk-na1dtpDXhafR/s400/Jean+Lacroix.jpg" style="cursor: hand; float: left; height: 195px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 149px;" /></a>A REVOLUÇÃO PERSONALISTA DE JEAN LACROIX<br />
<br />
<em>Carlos Gurméndez</em> - El País. 22/07/1986<br />
<br />
<span style="color: #333333;">Algumas semanas atrás, em 27 de junho, morreu um dos grandes pensadores cristãos contemporâneos, Jean Lacroix, cujo nome está intimamente ligado ao núcleo da revista Esprit, uma publicação que exerceu grande influência sobre o pensamento humanista e religioso nas últimas décadas, incluindo o espanhol. A Filosofia de Jean Lacroix, ao mesmo tempo personalista e comunitária, é um dos enclaves de uma convulsão que para o cristianismo renovador atual, assumiu a penetração de uma filosofia social e uma ética marxista nas sociedades ocidentais.</span>Desapareceu uma das grandes figuras do personalismo cristão. Era um homem poderoso, jovial, cheio de vigor e entusiasmo, aberto a todas as ideias, mesmo sendo elas opostas ao cristianismo essencial, como marxismo, a psicanálise, o estruturalismo. Possuia o dom de ouvir os pensamentos dos outros, dizendo que o mesmo era o Outro. Em uma de minhas viagens a Paris ele me apresentou Bergamin. Uma tarde, na redação da revista Esprit fiquei impressionado ao ouvir como Lacroix e Albert Beguin criticavam a política de Pio XII, eles tão fervorosamente católicos.</div>
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<strong>Cristianismo e o marxismo.</strong></div>
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Muitos anos depois, voltei a encontrá-lo no instituto francês de Madrid, onde tivemos uma longa conversa sobre a relação entre cristianismo e marxismo, um de seus temas preferidos, deixando uma entrevista, publicada no El país (04 de novembro de 1977). Este grande pensador Francês nasceu em 23 de dezembro de 1900 em Lyon. Começou sua carreira universitária no ano de 1925, no Liceo de Chalon sur Saône. Leciona em Lons Saumier, Djon, e detem a cátedra de Filosofía no Instituto de Lyon em 15168. Com Emmanuel Mounier funda em1932 a revista Esprit, e desde 1945 até 1980 foi colunista filosófico do Le Monde. Entre suas obras importantes cabe destacar: Marxismo, existencialismo, Personalismo (1949); O sentido do ateísmo moderno (1956); O desejo e os desejos (1975), e Kant e o kantismo (1980).</div>
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Qual é a essência de seu pensamento e do personalismo, cristão? Parte de um conceito da pessoa como dádiva, entrega aos outros. Em oposição a Max Scheler, para quem a pessoa transcende a individualidade para uma afirmação hierárquica de valores espirituais do Eu, afirma Jean Lacroix que se é pessoa, pelo simples e natural fato de se abrir, de expor-se aos outros. A experiência real da pessoa pensa que é a do Outro, "meu ser é com", Mitsein o ser para os outros, e só nos fazemos pessoas convivendo com eles. Esta atitude é denominada "revolução personalista", pois cada ser é capaz de desprender-se de si mesmo, fazendo-se disponível aos outros. Para o personalismo cristão os atos de expropriação são a ascese da vida pessoal. Pois, como não é fácil renunciar a si mesmo, é necessário um exercício da vontade, uma práxis que libere o Eu de seus egoísmos, uma desencarnação da individualidade possessiva.</div>
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O personalismo continua a mais profunda tradição do cristianismo primitivo evangélico: luta contra o amor próprio, o egocentrismo, o narcisismo. Ao abandonar le moi haissable (eu odiava-o) se situa no ponto de vista do Outro, que não significa abdicação da realidade do Eu. Lacroix, em sua obra O sentido do realismo, explica que esta abertura total não implica deixar de ser, d'être moi (ser eu), pois existe uma forma de compreender tudo o que equivale a não amar a nada, não ser nada, dissolver-se no outro e não querer sua compreensão. Lacroix insiste em que a doação de si, em que radica a essência da pessoa, não significa suicídio nem generosidade gratuita. Este dom, de si mesmo constitui uma reafirmação da existência pessoal. "O homem se torna em Eu, através do Tu", sentencia de Martin Buber, o filósofo judeu germânico, que poderia servir de divisa ao personalismo cristão.</div>
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<div align="justify">
Segundo Lacroix, o Tu e o Nós precedem ao Eu, ou ao menos os acompanham. A revolução personalista é, a uma vez, comunitária, pois somente podemos nos realizar como pessoas no seio de uma comunicação real permanente e livre, ou seja, sem coerções opressivas exteriores, mas também sem egoísmos possessivos individualistas. Não é estranho que a filosofia de Jean Lacroix e de Enmanuel Mounier culmine em uma teoria do Amor.</div>
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<strong>Ser e amar.</strong></div>
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Em oposição a Heidegger e Sartre, que pensam que a existência em comum, o Mitsein, se frustra pela luta infernal dos indivíduos que aspiram a controlar-se: reciprocamente. Lacroix afirma a realidade do Amor, devido a que o Eu só pode existir na medida em que existe para Outro. Ser é, pois, amar. Assim de radical e simples é esta filosofia do Amor. No entanto, o amor por si mesmo não cria identificação, e os amantes podem ignorar-se, arrebatados por sua paixão ofuscante. Também a simpatia descobre afinidades que se julga amor espontâneo. Pelo contrário, para o personalismo não é possível um amor sem conhecimento, ou seja, sem a consciência da presença de outra pessoa diferente. "O amor é cego", disse Lacroix, "porém é um cego perfeitamente lúcido".</div>
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O personalismo cristão, ao combater o individualismo e centrar sua filosofia em uma unidade comunitária, se aproxima do marxismo. Lacroix considera que os Manuscritos econômico-filosoficos de Marx é uma obra assombrosa em que se esboça uma teoria do Amor baseada na reciprocidade das consciências, e que significa a apertura entre todos os homens. Mas, como cristão, não crê que esta utopia possa se realizar na Terra. Porém disse: "O pensamento de Marx é muito rico e coerente para sofrer deformações cristianizastes. O ateísmo é uma das bases de toda sua filosofia. O cristianismo comunista é o fruto de uma confusão ou de uma mascarada". Porém, cristãos e comunistas podem ser bons e leais companheiros de viajem, ainda que Bergamin pontuasse: "Estou com os comunistas até a morte, porém, nem um passo mais".</div>
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Jean Lacroix manteve íntima relação com a revista espanhola Cruz y Raya, tanto afim com a Esprit, e com seu diretor, José Bergamín, de quem costumava recordar em suas conferencias uma citação que considerava ser a essência do personalismo: "A solidão do artista não é a de uma ilha, mas a de ria", e ao que acrescentou: "la mer toujours recommencé" (J. Paul Valery), ( o mar sempre recomeça). Para o recém falecido filósofo francês, José Bergamín e Joaquim Xirau são pensadores mui intimamente ligados ao personalismo cristão, influenciados ambos pela mística espanhola, sobre todo a de São João da Cruz.</div>
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Tradução de <em>Lailson Castanha</em></div>
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______<br />
<strong>Fonte: </strong>El País. Quarta - feira 15/6/2011<br />
Perfil: EN LA MUERTE DE UN FILÓSOFO CRISTIANO (Na morte de um filósofo cristão). <a href="http://www.elpais.com/articulo/cultura/FRANCIA/revolucion/personalista/Jean/Lacroix/elpepicul/19860722elpepicul_1/Tes">http://www.elpais.com/articulo/cultura/FRANCIA/revolucion/personalista/Jean/Lacroix/elpepicul/19860722elpepicul_1/Tes</a><br />
<span style="color: black;"><strong>Imagem:</strong> Jean Lacroix.</span></div>
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<span style="color: white;">.</span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-79857101722653867342011-03-31T21:39:00.001-07:002018-09-12T06:42:46.079-07:00O mistério entre nós.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj704_NNo6tMrzEV5oXKvhY8kt7ygOYpuuEWRcpAW3wEJ5bZnYkT4BBzUKMzVCzmoZHRWJLraWTZBl3kzkKPTXkso_rd0i4sQFVSdHPiVS_-hAKM2rbPv2mVhQ8mk9SfX6VgEWhu9QF7Maw/s1600/PANDORA.jpg"><span style="font-size: 130%;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5590470887097719970" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj704_NNo6tMrzEV5oXKvhY8kt7ygOYpuuEWRcpAW3wEJ5bZnYkT4BBzUKMzVCzmoZHRWJLraWTZBl3kzkKPTXkso_rd0i4sQFVSdHPiVS_-hAKM2rbPv2mVhQ8mk9SfX6VgEWhu9QF7Maw/s400/PANDORA.jpg" style="cursor: hand; float: left; height: 400px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 227px;" /></span></a> <strong>O MISTÉRIO ENTRE NÓS</strong></div>
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<strong>Aceitação sem objetivação.</strong></div>
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Lendo sobre a odisséia do pensamento filosófico, logo em seus primeiros movimentos, deparamo-nos, através da leitura, com a razão filosófica definindo e sistematizando as coisas -, tanto as palpáveis, como as ainda inacessíveis. Pesquisando livros de história da filosofia – através de alguns pesquisadores, somos informados que a prática filosófica através de sua ação reflexiva e questionadora enfraqueceu, ou mesmo, invalidou tradições que não adotavam ou adotaram o pensamento reflexivo como parâmetro. Essa maneira de narrar à história esforça-se por indicar que a razão venceu a tradição, e, continua a nos sugerir que somente a razão valida qualquer pensamento, posicionamento ou crença.</div>
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Influenciados pela cultura racionalista que a atitude filosófica engendrou no Ocidente, tornamo-nos seres de definição. Somos definidores. Gostamos de sistematizar nossas idéias. Ficamos inquietos quando não temos uma posição definida sobre alguma coisa ou alguma idéia. Definimo-nos, definimos as coisas que nos cercam e também as coisas que não conhecemos. Definimos, por exemplo, Deus – que por sua constituição é inacessível ao ser mortal.</div>
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Envolvidos pela tradição racionalista/definidora não admitimos a possibilidade de não dominarmos a totalidade do real. Com essa idéia em mente, arrogamo-nos conhecedores da existência e capacitados a desvendar as coisas ainda não conhecidas. Cremos, entre outras coisas, entender a nossa situação existencial e a do nosso próximo. Acreditamos que tudo pode ser assimilado, inclusive as formas que se nos mostram inacessíveis. Neste movimento de racionalização, Deus passou a ser explicado e definido, como se fossemos capazes de entender claramente e de interpretar suas ações e desígnios. Passamos também a explicar o outro – como se o não-eu fosse um objeto em que pudéssemos estudar e investigar empiricamente, e com isso, explicá-lo.</div>
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Na ousada tentativa de definir o outro, terminamos por objetivá-lo. Interpretamos suas ações e movimentos com a mesma simplicidade que definimos os movimentos de uma máquina – definição concretizada por consequência de minuciosas observações empíricas.</div>
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Por mais que seja importante o uso de nossa razão, de nossos juízos visando o entendimento das coisas que fazem parte ou que se apresentam em nossa existência -, não podemos ignorar o fato de que nem tudo esta enquadrado na categoria das coisas claramente acessíveis a nossa percepção objetiva. Nem tudo pode ser totalmente avaliado, tocado ou desvendado pela nossa razão objetiva. Na medida em que percebemos que nem tudo pode ser alcançado pelo esforço intelectual, compreenderemos, por conseguinte, que não podemos ignorar, desprezar, nem subestimar o mistério.</div>
<br />
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Sobre o mistério, Emmanuel Mounier (1905-1950), filósofo francês, tece alguns comentários:</div>
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<em>"O mistério é o problema em que me acho comprometido, em que estou em questão, eu em minha totalidade e em meu ser, tanto quanto a minha questão.</em></div>
<br />
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<em>A sua essência é a de não de ao estar inteiramente perante mim. Todo o problema contém um mistério na medida em que é susceptível de um ecoar ontológico. Um mistério é um problema que tropeça nos seus próprios dados, que os invade, e ultrapassa por isso mesmo o simples problema. Longe de se dissolver nesse mergulho, atinge, pelo contrário, uma força de ricochete e impregna-se de uma luz interior que suscita até ao infinito novos problemas, alimentando uma atividade que decuplica a razão problemática." (1)</em></div>
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Seguindo o pensamento de Mounier, afirmamos que existem coisas que por sua peculiar condição, não se nos dão através do simples esforço racional. Existem coisas envolvidas de mistério, que por sua condição de “misteriosa” jamais poderão ser desvendadas, e, muito menos, definida de maneira objetiva. Dentre essas “coisas” – não palpáveis pelo mero esforço intelectual está Deus em sua inexaurível Glória e a pessoa humana em sua totalidade, que em sua vária constituição, também não pode ser alcançada simplesmente pelo esforço racional. Tanto Deus, como a pessoa humana estão envolvidas no mistério. Lembrado da definição do Mistério de Mounier, podemos nos apropriar dela para definirmos com qualidade o mistério:</div>
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<em>Um mistério é um problema que tropeça nos seus próprios dados, que os invade, e ultrapassa por isso mesmo o simples problema. Longe de se dissolver nesse mergulho, atinge, pelo contrário, uma força de ricochete e impregna-se de uma luz interior que suscita até ao infinito novos problemas, alimentando uma atividade que decuplica a razão problemática. (Emmanuel Mounier).</em></div>
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Se valendo dos traços interpretativos de Mounier, podemos entender que tanto o mistério Deus, como a pessoa humana, ao modo da ação de um ricochete – toca-nos, se apresenta, porém, logo se afasta. Tendo essas características tão distintas -, logo, apesar de imanentes, são também transcendentes. Essa peculiar situação de estar e não estar, de ser conhecido e não ser totalmente percebido, impede qualquer homem ou mulher se arrogar conhecedor tanto de Deus em sua totalidade quanto da “pessoa humana” em sua multiplicidade. Se alguém ousa definir Deus ou a pessoa crendo ser óbvia sua definição, ainda não compreendeu nem Deus, nem a pessoa humana. Não entendeu ou não percebeu que essas formas estão envoltas em mistério, e, portanto, são indefiníveis.</div>
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Em uma das fontes literárias da antiguidade, que procuram explorar sobre o início da natureza humana – a literatura hebraica – o homem é apresentado com muita dignidade: “a imagem e semelhança de Deus”. O interessante dessa passagem bíblica é que ela cria, em quem entra em contato com sua mensagem, profundas e inquietantes indagações, a saber:</div>
<br />
<div align="justify">
<strong>.</strong> O que é ser “a imagem e semelhança de Deus”?</div>
<br />
<div align="justify">
<strong>.</strong> Como é a imagem de Deus?</div>
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<div align="justify">
<strong>.</strong> Em que sentido o homem é semelhança de Deus?</div>
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<div align="justify">
Ainda não foram encontradas respostas claras e objetivas para essas questões. Nas variadas tentativas de respostas, o que encontramos são divagações e conjecturas. Nenhuma idéia clara e muito menos indubitável foi dita para se firmar como resposta definitiva.</div>
<br />
<div align="justify">
Se nos apropriarmos da ideia de ser Deus um ser inacessível ao olhar objetivante, talvez, pelo menos poderemos compreender um aspecto do espírito do texto, a saber: um ser a imagem e semelhança de Deus – como Deus não pode ser conhecido com o olhar objetivante. Erramos quando tratamos como óbvias as descrições direcionadas a Deus.</div>
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<div align="justify">
Erramos também, quando, como produto de esforços intelectuais ou pesquisas empíricas, acreditamos compreendemos efetivamente a pessoa humana. É importante ressaltarmos que, acreditar que se compreendeu, não é o mesmo que compreender efetivamente.</div>
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Como Protágoras tendemos a acreditar que "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são". Levando a sério a ideia de que unicamente o homem é aquele que dá sentido as coisas, não só somos levados a significá-las, como também a objetivá-las. Em outras palavras podemos dizer que o homem é que dá sentido a todos as coisas, as significa a sua própria mercê. O homem dá significação às coisas intencionalmente, para usá-las como o convém. Assim, deus foi usado para legitimar ditaduras, os mais variados abusos, intolerância, desrespeito e desumanização. Assim boa parte dos seres humanos são usados, como objetos, como meio para que alguns alcancem conforto. Assim, por exemplo, percebemos seres humanos sendo tratados nas empresas apenas como “trabalhadores”, nas diversas mídias como “consumidores”, nas políticas nacionais e internacionais como mercado. Percebe-se que o ser humano é sempre tratado como um meio, sua pessoalidade, e como tal, suas características, necessidades, peculiaridades, anseios não são levadas em consideração. Nossa sociedade pragmatista escolheu tratar o ser humano não como um fim em si mesmo, mas como um meio para o alcance de fins.</div>
<br />
<div align="justify">
O mesmo se dá com o "deus" da sociedade pragmatista. Ele está sendo usado e tratado quase que apenas, como uma possibilidade de pessoas alcançarem os seus desejos. Ou seja, um meio para o alcance de fins.</div>
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Nossa postura deve ser mudada. Apesar da importância da razão e da intelectualidade que tanto conforto ofereceu a atual sociedade, devemos diferenciar o nosso tratamento entre coisas e coisas. Se não existe nenhum problema moral em tratar a matéria com um meio para finalidades especificas, o mesmo não pode ser dito em relação a Deus e a pessoa humana. Com as coisas envolvidas de mistério, devemos considerar seu apelo a não objetivação.</div>
<br />
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Não podemos tratar Deus e nem a pessoa humana, caracterizando-os da mesma forma que fazemos com uma máquina quando a estudamos. Diferentemente da máquina que por sua característica objetiva, tem suas funções definidas, Deus ou mesmo o ser humano transcendem a nossa capacidade investigativa, pelo fato de não se caracterizarem como objetos, e por que, estando envolvidas de mistérios, não podemos e não devemos tentar possuí-los.</div>
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Pode-se acolher o mistério, porém não se pode possuí-lo. Pode-se até mesmo investigar o mistério, mas, jamais conseguiremos defini-lo positivamente.</div>
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As ciências que tratam o ser humano como um ser de respostas mecânicas aos estímulos externos ignoram o fato de que nem toda resposta exteriorizada – é de fato resposta verdadeira. Nem sempre, em todas as respostas, há a real intencionalidade daquele que responde. Muitos teóricos ignoram, por exemplo, que umas das armas que o ser humano usa para fugir da objetivação é a simulação e dissimulação. O ser humano pode simular acolhedor de uma influencia pare ser livrar das investigações daquele que o estuda, ou mesmo, da pressão da sociedade que tenta influenciá-lo. Conhecer as respostas a estímulos, não se trata de perceber as motivações últimas das pessoas. Mesmo sendo verdade que o outro influencia, é também verdade que nem sempre a influencia que recebemos do outro é recebida exatamente igual a ação que intentamos aderir. Nossa pessoalidade transforma qualquer adesão. Por exemplo, podemos ser influenciados a crer no Cristo, sem com isso percebermos o Cristo da mesma maneira daquele que nos influenciou. No Antigo Israel, Deus era apresentado de acordo com as circunstâncias. Por isso, às vezes, equivocadamente temos a impressão de que as Escrituras apresentam deuses diferentes, o Deus do Velho Testamento e o Deus do Novo Testamento. No caso, em cada ocasião, em cada momento, Deus apresenta apenas aspectos de seu ser, não a sua totalidade. Devemos perceber que se manifestar não significa desvelar-se. O mesmo se dá com o ser humano. Responder a um estímulo não significa se abrir para a pesquisa positiva e muito menos para a compreensão do outro que investiga.</div>
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<div align="justify">
Respeitar o mistério que envolve a pessoa é respeitá-la como pessoa. Quando estivermos dispostos a nos desfazermos de nossa tendência objetivista e buscar compreender Deus e a pessoa humana através do acolhimento e da aproximação humilde, teremos muito mais chances de compreender-los, em muitos aspectos – e com isso avançar no entendimento das questões que as envolvem.</div>
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Se não é através da razão objetiva que as conheceremos, talvez seja através do amor -, que se aproxima sem querer dominar -, que encontraremos abertura que nos permita perscrutar ou ao menos nos aproximar do grande mistério que os envolvem – não com o fim de objetivamente defini-los, mas, apenas com a intenção de melhor os compreender, para que dessa forma, possamos nos relacionar com eles de maneira mais adequada.</div>
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<em>Lailson Castanha</em></div>
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______</div>
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<div align="justify">
(1) MOUNIER, Emmanuel. <em>Introdução aos existencialismos.</em> Tradução de João Benard da Costa. São Paulo: Livraria Duas cidades, 1963, p.39.</div>
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<div align="justify">
<strong>Gravura:</strong> Pandora (1896) - Waterhouse, John William (1849-1917)<span style="color: white;">.</span></div>
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<span style="color: white;">.</span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-68166555193220404892011-03-27T16:16:00.000-07:002018-09-12T06:44:20.659-07:00Primeiro site brasileiro especializado em Filosofia Personalista.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd4QVA0Ir8wOgUWU5SpITs3irEhcAkbvED44OEAmQpPFKzx7DXOUdxwY4vU83bsuyWrdfk4kCoS5gUN4rOF_EgZ2GDsSzosTmPQeTVX-IyIGLf_gNTNLeGPYq0CdUJzeMECDhrLtoJRmjN/s1600/header_bg.jpg"><span style="font-size: 130%;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5588908233355303266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhd4QVA0Ir8wOgUWU5SpITs3irEhcAkbvED44OEAmQpPFKzx7DXOUdxwY4vU83bsuyWrdfk4kCoS5gUN4rOF_EgZ2GDsSzosTmPQeTVX-IyIGLf_gNTNLeGPYq0CdUJzeMECDhrLtoJRmjN/s400/header_bg.jpg" style="cursor: hand; float: left; height: 314px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 250px;" /></span></a><span style="font-family: "times new roman";">Finalmente podemos comemorar abertura do site </span><a href="http://filosofiapersonalista.com.br/"><span style="color: #000099; font-family: "times new roman";">http://filosofiapersonalista.com.br/</span></a><span style="font-family: "times new roman";"> - o primeiro site brasileiro especializado em Filosofia Personalista.</span></div>
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<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">Fruto do esforço do Prof. Ms. Daniel da Costa, juntamente com outros filósofos que se esforçaram e se esforçam em divulgar e manter viva a herança do filósofo francês Emmanuel Mounier, com publicações de obras de cunho personalistas, defendendo teses, promovendo palestras, seminários e encontros como e, por exemplo, o relevante I ENCONTRO MOUNIER, TESTEMUNHA DE SEU TEMPO - na USP, ocorrido no dia 20 de maio de 2010.</span></div>
<br />
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";">Esse site foi desenvolvido com a finalidade de ser um canal de aproximação, diálogo e informações para pensadores personalistas do Brasil e para aqueles que desejam participar do esforço de tornar a nossa civilização mais propicia à vivência da “pessoa humana”.</span></div>
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<div align="justify">
<em>Lailson Castanha</em></div>
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<em><span style="color: white;">.</span></em></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-52805066041029589302011-03-22T09:19:00.000-07:002018-09-12T06:47:01.977-07:00Crise de inversão dos valores.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh31ZtOgdzF9-4MUcCC_qqmLllDjsKn5JbE7boOF6uP1f1_w2SdTC3KCwMCc3FxV2zQsNzch_LS3O9gDudjjXdVTbf17Ecd2gG4zQZPZ0qbang7cLQboGTGPXAf49Kf5fNo5qnh9vsVi95I/s1600/minhaFoto.jpg"><span style="font-size: 130%;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5586941289911773346" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh31ZtOgdzF9-4MUcCC_qqmLllDjsKn5JbE7boOF6uP1f1_w2SdTC3KCwMCc3FxV2zQsNzch_LS3O9gDudjjXdVTbf17Ecd2gG4zQZPZ0qbang7cLQboGTGPXAf49Kf5fNo5qnh9vsVi95I/s320/minhaFoto.jpg" style="cursor: hand; float: left; height: 320px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 320px;" /></span></a><strong>CRISE DE INVERSÃO DOS VALORES</strong><span style="color: white;">.</span></div>
<div align="justify">
<em>Ana Cláudia Araujo</em><br />
<em><br /></em>
No desenrolar da história, a civilização humana testemunhou e tem testemunhado várias transformações, transformações essas que remodelaram a sua forma de ser, sua estrutura, e, por conseguinte, a maneira de ser de seus partícipes. Ao longo dos anos, a vivência social e os modelos estabelecidos tem sido transitórios. A civilização, em sua história, tem se caracterizado como reino do efêmero, vivendo historicamente processos de continuidade e descontinuidade. </div>
<div align="justify">
<span style="color: white;">.</span>No último século um fenômeno social se intensificou sendo percebido com muita clareza. O fenômeno no qual nos referimos é o problema da inversão de valores; problema esse que se fortaleceu ainda mais no atual século, tornando a sua visibilidade, e o problema por ele suscitado, ainda mais nítido.<span style="color: white;">.</span></div>
<div align="justify">
Que seria então essa inversão de valores? Quais os agravos que ela engendra?<br />
Se socialmente para o bem da ordem social, estabeleceu-se parâmetros para a promoção e estabilização da mesma, com o advento da inversão de valores, estruturas formatadas para a efetivação da harmonia social se rompem, gerando um caos social. Uma dessas estruturas basilares abaladas com esse novo fenômeno, por exemplo, é a família. </div>
<div align="justify">
<span style="color: white;">.</span>É cada vez mais raro encontrar em nosso meio cônjuges que verdadeiramente amem seus parceiros, filhos que respeitem seus pais, amizades embasadas em respeito, confiança e fraternidade, entre tantos outros exemplos. Se apegando a estes três exemplos citados, perceberemos nitidamente que a fonte de tal deformidade encontra-se na ausência de parâmetros. O ser humano ao destruir os parâmetros, estabelece um vazio moral, dando espaço para todo tipo de deformações sociais, fazendo que até mesmo o amor, outrora tão exaltado, passe a categoria de “corpo estranho”. </div>
<div align="justify">
<span style="color: white;">.</span>O amor em nossa sociedade vem perdendo espaço para o individualismo egocêntrico. As relações pessoais atuais têm por base o lucro e a vantagem, assim sendo, se uma pessoa não tem o que oferecer de lucrativo, essa não é considerada interessante para uma relação. O fenômeno é percebido quase que em caráter geral. Facilmente percebe-se essa realidade na política onde tudo é movido pelo capital, na família onde a valorização maior e o destaque são dados ao mais próspero, na religião, a qual engolida pelas nomenclaturas denominacionais, coloca a instituição em primeiro plano, em detrimento ao necessitado.</div>
<div align="justify">
<span style="color: white;">.</span><br />
Percebe-se o vigor da crise de inversão de valores, principalmente no âmbito familiar e religioso, pelo simples fato de a família e a religião em uma sociedade, naturalmente serem as bases da resistência do amor. Se, no que seria a base do amor na ambiência social, a primazia do lucro passa a gerenciar suas motivações, logo a sociedade perde o mais importante foco de resistência contra a degradação dos valores, dando livre acesso para a reafirmação desse novo modelo social.</div>
<div align="justify">
<span style="color: white;">.</span>Diante deste quadro, faz-se necessário uma tomada de atitude, orientada por uma também atitude reflexiva, com o fim de encontrar meios para reverter a situação direcionando a sociedade para uma vivência mais humana, onde as pessoas possam ser percebidas pelo que são levando-se em conta a totalidade de seu ser real.<br />
<span style="color: white;">.</span><br />
<em>"É preciso de início testemunhar nossa ruptura com a desordem estabelecida. Já é alguma coisa tomar consciência da desordem. Mas a tomada de consciência que não leva a tomada de posição, a uma transformação de vida e não apenas de maneira de pensar, será apenas uma nova traição do espiritualismo, na linha de todas as traições passadas. É preciso pois, definir uma primeira série de desordarizações e de engajamentos, a que chamamos ação de testemunho e ruptura. Esta ação implica em primeiro lugar na denúncia e na condenação pública, por todos os meios ao nosso alcance, da desordem combatida".(Emmanuel Mounier) (1)</em><em><span style="color: white;">.<br />.</span></em></div>
<div align="justify">
<em>Ana Cláudia de Araujo.</em><br />
______<br />
(1) DOMENACH, Jean Marie – LACROIX, Jean – GUISSARD, Lucien – CHAIGNE, Hervé – COUSSO, R – TAP, Pierre – NGANGO, Georges – PELISSIER, Lucien. Presença de Mounier. São Paulo: Duas Cidades, 1969.</div>
<div align="justify">
fonte: <a href="http://inquietar-se.blogspot.com/">http://inquietar-se.blogspot.com/</a></div>
<div align="justify">
<span style="color: white;">.</span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-50222480911942597742011-02-07T12:38:00.000-08:002018-09-12T09:47:55.964-07:00Desordem Estabelecida e a Ordem Imposta.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIlF8XhV8DsKulXzGLJU9wdkbM7vEp1bNXpgz8kP24zDu194vFf5BVRzmiY7xSSWS9z_OaTpqpFReeVj9GFaK97sUoW42CZOlOsDCy356iBKWc50x0QWXnrsKUHElGZx2KHXJRzVXF80jY/s1600/1407012470_38ba31db22.jpg"><span style="font-family: "times new roman"; font-size: 130%;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5571050042729385730" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIlF8XhV8DsKulXzGLJU9wdkbM7vEp1bNXpgz8kP24zDu194vFf5BVRzmiY7xSSWS9z_OaTpqpFReeVj9GFaK97sUoW42CZOlOsDCy356iBKWc50x0QWXnrsKUHElGZx2KHXJRzVXF80jY/s400/1407012470_38ba31db22.jpg" style="cursor: hand; float: left; height: 266px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 400px;" /></span></a><span style="font-family: "times new roman";"></span><strong><span style="font-family: "times new roman";">DESORDEM ESTABELECIDA </span></strong><strong><span style="font-family: "times new roman";">E A ORDEM IMPOSTA</span></strong><br />
<br />
O filósofo
francês Emmanuel Mounier
se apropriou de um termo, posteriormente
muito usado, que define as diversas desordenações promovidas por instituições
que arregimentam, ou que fazem parte da sociedade humana. O referido termo
empregado pelo filósofo é “desordem estabelecida”. Lutar contra a Desordem
Estabelecida foi a grande meta de Mounier, como o é daqueles que foram
inspirados pela filosofia que o francês de Grenoble ajudou a desenvolver na
França, sendo seu principal idealizador: a Filosofia Personalista.</div>
<div align="justify">
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br />
Se
observássemos ponderativamente o sistema político e econômico que nos orienta,
investigando o alcance de sua orientação, se o tal sistema leva a sociedade e
cada ser humano a vivência de uma ambiência ordeira ou desordenada, a que
conclusão será que chegaríamos? Nossa sociedade é uma sociedade em desordem, ou
nela reina a mais absoluta ordem? Ou vive harmoniosamente entre a ordem e a
desordem?</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><br /></span>
<span style="color: black;">Questões
desse gênero não devem ser concluídas, sem que antes se faça uma análise
exaustiva e aprofundada. Essa análise, apesar de exigir um pouco de esforço,
não é tarefa das mais complicadas. Basta olhar em torno de nós - cada família
que se nos avizinha, instituições que conduzem nossa ambiência, ideias que
influenciam nossa sociedade, e a própria sociedade – que chegaremos a uma
conclusão bem fundamentada. Basta investigar se em nossa sociedade, com cada
instrumento que a rege, cada órgão que a compõe, cada elemento que exerce sobre
ela um papel determinante, é predominante a manifestação de uma cultura
favorável ao exercício pleno das pessoas que a compõe, sabendo que não podemos
considerar a pessoa sem levar em consideração sua vocação
espiritual/existencial. Diante disso podemos levantar uma série de questões,
que trabalhadas, tornará nosso juízo mais lúcido, a saber:</span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: white;">.<br />
</span><strong><span style="color: black;">.</span></strong><span style="color: black;"> Vê-se em nossa sociedade, com as suas diversas instituições,
pessoas exercendo seus dons, sua vocação? Em outras palavras, as instituições
integrantes de nossa sociedade, favorecem o exercício vocacional das pessoas
que a compõe?</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<strong><span style="color: black;">.</span></strong><span style="color: black;"> As
pessoas que exercem atividades em nossa sociedade, da alta direção, àquela
considerada menor das atividades, atuam como exercício de sua aptidão ou
vocação existencial, ou são enquadradas para executar tarefas, sem ter nenhum
vínculo afetivo/vocacional com o exercício a que são levadas a desempenhar?<br />
<strong><span style="font-family: "" "times new roman" "" , "serif";">.</span></strong> As
tarefas consideradas mais simples são valorizadas como tarefas fundamentais
para o bom andamento social, ou são desqualificadas, levando ao prejuízo aquele
que a executa?<br />
<strong><span style="font-family: "" "times new roman" "" , "serif";">.</span></strong> As
pessoas são tratadas como pessoas, ou são distinguidas pelo título que carregam ou pelos bens que ostentam?</span><br />
<span style="color: black;"><br /></span>
<span style="color: black;">A
desordem estabelecida é a legalização da incoerência e da desorganização em qualquer instituição, sendo ela Estatal ou privada. É o sistema que
institucionaliza práticas e meios que agridem a sociedade, ou cada pessoa,
caotizando as vivências pessoais. Portanto, quando percebemos a miséria
convivendo ao lado fartura extremada, estamos a observar aspectos da desordem
estabelecida, isto é, um sistema político ou institucional que legitima a má distribuição de
renda e o privilégio de poucos contrariamente aos interesses e necessidade da maioria.</span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br />
Não
é apenas no âmbito socioeconômico que a desordem estabelecida é percebida. O
uso da força, que tem por finalidade abafar a necessidade de liberdade, que
possibilita a vivência da pessoa humana, libertando-a da sujeição que
caracteriza o sujeito, homem sem vontades e opinião, configura-se como
instrumento legal da desordem estabelecida. João Bènard da Costa, em nome do
grupo personalista português que se
expressava através da Revista “O Tempo e o Modo” inspirado na Revista Esprit,
falando sobre a história do movimento, e de sua luta contra a desordem estabelecida, escreveu:</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: black;"><br /></span></em>
<em><span style="color: black;">"A
história de O Tempo e o Modo pode contar-se de duas maneiras: uma, mais comezinha,
dirá que, em 1958, António Alçada Baptista, um pouco mais velho do que o
restante grupo fundador, encontrou um grupo de católicos que, nesses anos,
concluíam os estudos universitários e participavam na Acção Católica em lugares
de destaque na hierarquia dela. Todos tinham sido membros da JUC e todos tinham
feito o jornal desta, o Encontro. Daí, que tenham ficado com o bicho do
jornalismo e que tenham começado a sonhar com um órgão de expressão que
vinculasse a ruptura que eles próprios assumiam, desde 1958, com aquilo que
Emmanuel Mounier chamava “a desordem estabelecida” e que, no caso português,
tomou a forma do regime salazarista. Desde 1958, faziam parte de uma incipiente
oposição católica que, nalguns momentos mais agudos, se manifestava em documentos
colectivos que não reuniam mais do que 45 nomes, 45 pessoas que ousavam dar o
nome para lutar contra o regime e pagaram por isso.</span></em></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<i><span style="color: black;">
<em><span style="font-family: "" "times new roman" "" , "serif";">(...) Éramos seis:
António Alçada Baptista, Nuno de Bragança, Alberto Vaz da Silva, Pedro Tamen,
Mário Murteira e eu. Tínhamos todos acabado a Universidade, como já disse, e
tínhamos como modelo a revista Esprit, fundada em França em 1932 por Emmanuel
Mounier. Como tínhamos por referência o personalismo cristão do mesmo Mounier.
O primado da pessoa humana e da eminente dignidade desta, o diálogo, a luta
contra a desordem estabelecida, a recusa de perspectivas confessionalistas,
certos de que só no diálogo com não-crentes podíamos lançar as bases do que o
próprio Mounier chamou “a esperança dos desesperados”.</span></em><br />
<em><span style="font-family: "" "times new roman" "" , "serif";">“(...) O Tempo e o
Modo” representou essa luta contra a desordem estabelecida, a instigação ao
estabelecimento duma democracia ou à luta por ela, um diálogo novo. Sobretudo
um estilo novo, uma maneira de escrever, de pensar e de dizer coisas que
entravam em choque com muitos dos valores estabelecidos."(1)</span></em></span></i><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><br /></span>
<span style="color: black;">No texto em destaque, João Bénard da Costa salienta que o grupo
envolvido com a revista O Tempo e o Modo aderiu a luta contra a desordem
estabelecida, que em Portugal se configurou como regime salazarista, um regime
antidemocrático, que como tal, um regime que fazia da força sua principal
característica, a fim de impor em Portugal, o estabelecimento de uma sociedade
impessoal e submissa.</span><br />
<span style="color: black;"><br /></span>
<span style="color: black;">Porém,
Mounier, quando aborda a vivência social ou institucional, não reprova apenas a
desordem estabelecida, reprova também o que trata com ordem imposta, outro
termo que em Mounier ganha uma forte e distinta significação. Comentando sobre
o estabelecimento do fascismo, Mounier aborda sobre a Ordem Imposta expondo a
seguinte asserção:</span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><em><span style="font-family: "" "times new roman" "" , "serif";"><br /></span></em></span>
<span style="color: black;"><em><span style="font-family: "" "times new roman" "" , "serif";">"Assim, de um
lado como do outro, vemos a independência e a iniciativa da pessoa, ou negadas,
ou constrangidas nas exigências de uma coletividade, ela própria ao serviço de
um regime. Os facistas, não obstante, não saem de modo algum do plano individualista.
Eles nasceram em democracias esgotadas, cujo proletariado, aliás, se encontrava
muito pouco personalizado. Eles são a febre e o delírio resultante desse estado
de coisas. Uma massa de homens desprotegidos, e sobretudo desamparados de si
próprios, chegaram a esse ponto de desorientação em que só lhes restava um
único desejo: A vontade, frenética à força de esgotamento, de se desembaraçarem
da sua vontade, das suas responsabilidades, da sua consciência, depondo-a nas
mãos de um Salvador que julgará em lugar deles, deliberará em lugar deles,
agirá em lugar deles. Nem todos são, certamente, instrumentos passivos desse
delírio, que, chicoteando o país, despertou energias, suscitou iniciativas,
elevou o tom dos corações e a qualidade dos atos. Mas isso é apenas uma
efervescência de vida. As opções derradeiras, as únicas que forjam o homem na
liberadade, permanecem à mercê da coletividade. A pessoa é espoliada: já o era
na desordem, é-o agora, por uma ordem imposta. Mudou-se de estilo, não de
plano."(2)</span></em><i><br />
</i><br />
Por ordem imposta, Emmanuel Mounier identifica todo, ou qualquer sistema
social, em que são negadas as exigências da pessoa, sua autonomia e
independência, em favor de demandas coletivas ou em prol da efetivação de um
regime estabelecido por forças absolutistas, seja ele político, econômico ou
religioso. Todo regime que se impõe, suprimindo a participação autônoma da
pessoa, se caracteriza como uma ordem imposta. Se formos mais rigorosos na
descrição do regime destacado por João Bénard da Costa -, o regime salazarista -,
podemos, também, caracterizá-lo, se apropriando dos termos mounierianos, além de
uma desordem estabelecida, como uma ordem imposta.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><br /></span>
<span style="color: black;">Portanto,<em><span style="font-family: "" "times new roman" "" , "serif";"> </span></em>qualquer
pessoa que abafa suas dúvidas para não se chocar com um dogma, está a se
submeter a uma ordem imposta. Qualquer homem ou mulher que prefere ignorar
injustiças praticadas contra sua pessoa, ou contra outras pessoas, por qualquer
instituição, seja ela estatal ou privada, quaisquer que sejam os motivos, está
submetendo-se a instituição de uma Ordem Imposta.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br />
Assim
como a desordem estabelecida, a ordem imposta violenta a pessoa, pelo fato de
ir contra a sua autonomia e sua vivência efetiva. Toda constituição Nacional,
inter-nacional ou de qualquer instituição, que não abarca as reais necessidades
da sociedade humana, e estabelece leis estranhas a consecução da comunicação da
pessoa e de sua vivência integral, é produto de uma Ordem Imposta, como o foi
os nazismo e os vários fascismos travestidos em diversos modelos, e
arregimentando por diversos temperamentos na pele de sujeitos como: Benito
Mussolini (29/07/1883 - 28/04/1945); Adolf Hitler (20/04/1889 - 30/04/1945);
António de Oliveira Salazar (28/04/1889 - 27/07/1970); General Francisco Franco
(04/12/1892 - 20/11/1975), estabelecida por ditaduras que aviltaram sociedades,
como, por exemplo, as ditaduras sul americanas, norte coreana, leste europeias, ou ditaduras religiosas, a exemplo das que norteiam a maioria das nações do
Oriente Médio, e demais ditaduras que se impôs, e ainda impõem sobre determinados
povos, regimes que não se harmonizam com a liberdade de expressão, autonomia e
que por conseguinte, entram em choque com a as necessidades de cada ser que
aspira a vivência efetiva e integral de sua pessoalidade.</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><br /></span>
<span style="color: black;">Em suma, estar debaixo de qualquer sistema que violente a vivência
da pessoa integral, é estar, ou submetida ao caos da desordem estabelecida ou
ao peso de uma ordem i</span>mposta.<br />
<span style="color: white;">.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<em><span style="color: black;">Lailson
Castanha</span></em><br />
______</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
(1)http://www.antonioalcadabaptista.org/projectos/otempoeomodo.html</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black;">(2)
Mounier, Emmanuel. Manifetos ao serviço do personalismo.Lisboa: Livraria Moraes
editora. 1967.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify;">
<strong><span style="color: black;">Foto:</span></strong><span style="color: black;"> Favela
de Paraisópolis, separada pelo muro de um condomínio de luxo no bairro do
Morumbi.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<span style="color: white;">.</span><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-75738209236722876262010-11-21T19:35:00.001-08:002018-09-12T06:58:42.044-07:00Relevância da Filosofia Personalista em tempos hodiernos.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX1XVrU7w9lD5axiFa8ruIFjn9ZZByYhGvEevubnmueilQKJh6NHa-rIYCkU6pEglu8tir1iZNuV4DuNvdEgUG_G2_8o0CZfreAzpJEP83_1QRk5ChSELAtFdRMTcvifBnABlBFPQgYkGp/s1600/community_involvement.jpg"><span style="font-size: 130%;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5542212798232128994" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX1XVrU7w9lD5axiFa8ruIFjn9ZZByYhGvEevubnmueilQKJh6NHa-rIYCkU6pEglu8tir1iZNuV4DuNvdEgUG_G2_8o0CZfreAzpJEP83_1QRk5ChSELAtFdRMTcvifBnABlBFPQgYkGp/s400/community_involvement.jpg" style="cursor: hand; float: left; height: 183px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 278px;" /></span></a><span style="font-family: "times new roman";"><strong>RELEVÂNCIA DA FILOSOFIA PERSONALISTA EM TEMPOS HODIERNOS</strong></span><br />
<span style="font-family: "times new roman";"><strong><br /></strong></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";"><span style="color: white;"><strong>.</strong></span>Ao Prof. MS. Daniel da Costa, pelo seu empenho em encarnar os ideais personalistas e esforço em apresentá-los à sociedade.<span style="color: white;">.</span></span><br />
<span style="font-family: "times new roman";"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman";">Lendo Martin Buber fui levado a pensar na maneira inadequada em que nos relacionamos com a natureza que nos cerca e com as pessoas que nos rodeiam. Buber apresenta como ideal um modelo, a vivência de relacional apresentados nos termos EU-TU. Com prática dessa vivência nos encontramos no outro ao passo que o outro se percebe em nós. Em nosso atual modelo de vivência social essa forma de relacionamento destacado por Buber torna-se quase impossível de ser adotada, pois, usando os termos de Buber, assumimos o modelo Eu-isso, um modelo que nos afasta das coisas que nos evolvem - tornando-nos insensíveis a realidade do outro. Nossa sociedade burguesa vivenciadora do modelo Eu-isso está longe do alcance percepcional revelador de que as coisas, a natureza e as pessoas que nos rodeiam devem ser percebidas como um “um-conosco”, e não a maneira pragmática - um “para-nós”.<br />A partir dessa análise, recebendo estímulos de amigos personalistas com suas ideias manifestas, percebi, mais uma vez, a pertinência da filosofia personalista, mais uma vez fui levado a observar a filosofia personalista se configurando como imprescindível em tempos hodiernos.<br />Sabendo que somos tendenciosos, e, por conta disso, costumamos elevar nossas aspirações e tendências a categoria do indispensável, permiti que fossem desenvolvidas em minha mente algumas indagações, com o propósito de aferir a validade de minhas convicções sobre a pertinência da filosofia personalista. O caminho que me fez traçar essas perguntas reforçaram em mim a convicção de que um novo discurso deve ser lançado com a finalidade de incitar na sociedade um desejo de agir em prol da transformação de seu atual estado para um modelo mais harmonioso, que leva em consideração às reais necessidades do ser humano vivente em uma sociedade tão plural e complexa. Sabedor que minhas convicções não são definitivas, intento desde já abrir essas questões que se desenvolveram em minha mente para que mais pessoas possam ao menos seguir a trilha que me levou a crer na pertinência da Filosofia personalista, e a partir disso, pessoalmente se posicionar. Portanto não poso seguir essa assertiva sem apresentar as seguintes questões que permiti que agitassem a minha mente, a saber:<br /><span style="color: white;">.</span></span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";"><strong>. </strong>O que é a Filosofia Personalista?<br /><strong>. </strong>Seria o discurso da Filosofia Personalista realmente imprescindível?<br /><strong>.</strong> O que a Filosofia Personalista tem para contribuir em nossa sociedade? O que ela traz de diferente em relação às coisas que já foram ditas e construídas por uma grande diversidade de engenhosos sistemas de idéias? </span></div>
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";"><span style="color: white;">.</span>Creio que respostas honestas para perguntas honestas não devem ser respondidas instantaneamente, como uma peça substituída a compor a engrenagem. Creio que existem questões, de tão complexas, não podem ser respondidas de forma automática. Levo essa ideia como diretriz a todo o momento em que sou colocado diante de questões sérias.<br />Quando falamos sobre a filosofia personalista, devemos ter cuidado em não reduzi-la a um aspecto que a compõe. Por exemplo, não podemos apresentar a Filosofia Personalista como a filosofia comprometida com a pessoa ignorando sua preocupação e comprometimento em ser uma filosofia da ação, como também não podemos ignorar que o engajamento personalista, apesar de não ser um sistema, não dispensa totalmente a sistematização da ordenação do pensamento, da construção de uma efetiva Filosofia, pois agir e pensar sem ordem se configura em um desnorteio. Como já afirmara Mounier, <em>“O Personalismo é uma filosofia, não é apenas uma atitude. (...) Não foge a sistematização. Portanto o pensamento necessita de ordem: conceitos, lógica, esquemas unificantes... (...) Porque define estruturas, o personalismo é uma filosofia, e não apenas uma atitude.” (1). </em></span></div>
<span style="font-family: "times new roman";"></span><br />
<div align="justify">
<span style="font-family: "times new roman";"><br /></span></div>
<span style="font-family: "times new roman";">Afirmar que o personalismo é uma filosofia, não evidencia sua pertinência. A importância dessa filosofia, não se encerra no fato de ser mais uma filosofia a ser conhecida, a ser estudada e discutida na ambiência acadêmica. A relevância da filosofia ardorosamente defendida por Emmanuel Mounier é que ela é um esforço para compreender o ser humano em sua integralidade, entendendo por integralidade humana, todos os aspectos que permeiam e envolvem a existência humana, e não somente um esforço para compreender. Esse esforço é uma forma de conhecer para agir - para, com isso, efetivamente e com propriedade, se envolver na problemática abordada. Por ser uma filosofia que aborda com efetivo envolvimento as questões que permeiam a existência humana – o personalismo torna-se imprescindível. </span><br />
<div align="justify">
<span style="color: white;">.</span>Não podemos nos contentar em meio à crise social, moral, política, econômica e religiosa que envolve o mundo, com filosofias etéreas, idealistas, especulativas ou reducionistas - como as que são tratadas nas universidades. Filosofias inchadas, que emprestam um ar de erudição para quem as domina, porém, não tendo nenhuma relação com o ser humano integral – ser envolvido em uma série de crises. A filosofia Personalista é importante porque leva em consideração os problemas do ser humano enquanto pessoa, e não como uma ideia abstrata a ser desenvolvida, como uma massa coletiva ou como um indivíduo que resolve-se de maneira isolada. </div>
<div align="justify">
<span style="color: white;">.</span>Na época de seu principal articulador, Emmanuel Mounier, a Filosofia personalista através do círculo intelectual que a delineava (Esprit), enfatizou o problema da crise da civilização, tão escandalosamente destacadas a partir da eclosão da primeira Grande Guerra (1914-1918) e na florescência da Segunda Grande Guerra (1939-1945). Hoje, apesar dos diferentes aspectos, essa crise ainda se faz vigorosa. A matéria prima dessa crise é a mesma de outrora, a saber, a desumanização nas instituições e nas relações entre os homens. Engajada através de seus interlocutores, a Filosofia Personalista denuncia essa crise e busca, através do diálogo -, porque dialogar é uma de suas vocações, superar essa crise propondo a instauração de uma nova vivência social, a civilização personalista e comunitária, uma civilização, segundo Mounier, “cujas estruturas e espírito estão orientadas para a realização da pessoa que é cada um dos indivíduos que a compõem”. </div>
<div align="justify">
<span style="color: white;">.</span>Enfrentar a realidade da pessoa humana aceitando seus desafios e neles se envolvendo, aceitar a integralidade do ser humano, se envolvendo na vocação do homem encarnado na existência, sem rejeitar suas demandas espirituais, faz do personalismo de matriz mounieriana uma filosofia diferente daquelas oralizadas por pedantes intelectuais, filósofos profissionais e friamente academicistas, compromissados apenas com o seu ego e com a manutenção de suas vaidades, enquanto que, descompromissados com a realidade do ser humano integral e suas reais demandas. </div>
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<span style="color: white;">.</span>Denunciar a “desordem estabelecida”, se envolver com pessoas engajadas para a realização de uma nova civilização aponta o contributo do Personalismo como uma filosofia distinta e a sua pertinência. </div>
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<span style="color: white;">.</span>Há muito que se fazer -, como enfaticamente aponta o Prof. Daniel da Costa, é necessidade premente os personalistas se envolverem em todas as camadas da sociedade, em todos os campos de atividade para deles e neles extrair respostas e apontamentos visando os melhores meios de tornar a tão sonhada sociedade personalista uma realidade. </div>
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</div>
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Temos muito trabalho pela frente, não podemos nos desanimar, afinal, de que adianta a prática do filosofar se dela não surja frutos a serem colhidos para proveito da a existência humana? Como personalistas admitimos com Mounier que <em>“não basta compreender, é preciso fazer. O nosso fim, o fim último, não é desenvolver em nós ou em torno de nós o máximo de consciência, o máximo de sinceridade, mas assumir o máximo de responsabilidade e transformar o máximo de realidade à luz das verdades que tivermos reconhecido." </em><em>(2)</em><br />
______<br />
<strong>Citações</strong> </div>
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<span style="color: white;">.</span>(1) MOUNIER, Emmanuel. <em>O personalismo</em>. 3. ed. Santos: Martins Fontes, 1974.<br />
(2) MOUNIER, Emmanuel. <em>Manifesto ao serviço do personalismo</em>. Lisboa: Livraria Moraes Editora, 1967.<br />
<span style="color: white;">.</span></div>
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<strong>Referências </strong></div>
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<span style="color: white;">.</span>BUBER, Martin. <em>Eclipse de Deus: considerações sobre a relação entre a religião e a filosofia</em>. Tradução Carlos Almeida Pereira. Campinas: Verus editora, 2007.<br />
MOUNIER, Emmanuel. <em>O personalismo</em>. 3. ed. Santos: Martins Fontes, 1974.<br />
______. <em>Manifesto ao serviço do personalismo</em>. Lisboa: Livraria Moraes Editora, 1967.<br />
WARD, Keith. <em>Deus: Um guia para os perplexos</em>. Tradução Susana Schild; apresentação à edição brasileira Leonardo Boff. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009.<br />
<span style="color: white;">.</span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-2143427092030087772010-10-30T08:40:00.000-07:002018-09-12T07:04:30.974-07:00Temos de ser individualistas?<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhidy2Z6gRZO_xLk_7CaYdvsUAC31pFXqEz8ehQ0-CsSHPgLz55v-hKwfVKLyey3eg2gO21mDeyJVxRk8jFQCiKKNIHvq4yJ5rKHD-MbaGFA8pzd1aimRgdgP8GttdfsiniFal_qDicRzYo/s1600/ind.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5533867172819825714" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhidy2Z6gRZO_xLk_7CaYdvsUAC31pFXqEz8ehQ0-CsSHPgLz55v-hKwfVKLyey3eg2gO21mDeyJVxRk8jFQCiKKNIHvq4yJ5rKHD-MbaGFA8pzd1aimRgdgP8GttdfsiniFal_qDicRzYo/s320/ind.jpg" style="cursor: hand; float: left; height: 228px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 320px;" /></a><strong>TEMOS DE SER INDIVIDUALISTAS?</strong></div>
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<em>Antonio Glauton Varela Rocha*</em></div>
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No meio personalista a expressão vida pessoal engloba uma séria de atitudes e escolhas bem específicas, geralmente as que fomentam uma vivência livre e responsável, um tipo de vivência não individualista e que tem em vista o aspecto comunitário: não pensar só em si, não explorar os outros, ser espontâneo, ter vontade livre, esse tipo de coisa.<br />
<span style="color: white;">.</span>Costuma-se objetar essa perspectiva com a afirmação de que os atos irresponsáveis, individualistas e egoístas não seriam menos humanos do que os citados acima, pois também são feitos por homens. Se isto for verdade o personalismo fica em maus lençóis, pois não poderia eleger atos específicos como sendo mais pessoais do que outros.<br />
<span style="color: white;">.</span>Mas na realidade estas objeções surgem de uma equivocada equiparação entre o que e ato humano em sentido lato e em sentido estrito. Claro que matar e afagar são atos igualmente humanos se os entendemos em sentido lato. Usando um exemplo bem tosco, neste sentido arrotar também é um ato humano, isso é óbvio. Uma pessoa pode aprender a arrotar as sete notas musicais, ou ainda melhor, arrotar uma sinfonia de Beethoven; ficaria muito interessante, daria até para passar em algum programa de auditório, mas ficaria a pergunta: o que isto acrescenta para o desenvolvimento deste indivíduo como pessoa? É possível sim ser egoísta, mas isto não representa um ato propriamente pessoal (num sentido estrito). Quando o personalismo fala de ato da pessoa, fala de outra coisa. O que as filosofias como o Personalismo ou as filosofias do diálogo entendem como atos pessoais (ou mais propriamente humanos) são atos que condizem com uma espécie de natureza ou condição humana; são atos que nos diferenciam da vida simplesmente animal. No caso do personalismo, o homem é compreendido como em contínua situação de relação (como um ser-com). A filosofia contemporânea apresenta muitas teses que demonstram que o poder do sujeito isolado é apenas aparente, tanto ao nível epistemológico, como no âmbito da linguagem ou das relações sociais. A hermenêutica gadameriana, a concepção heideggeriana sobre o homem como dasein, a noção de jogos de linguagem trazida por Wittgenstein, são ataques pesados às pretensões do subjetivismo e do solipsismo metodológico. Tudo isso é um bom embasamento para percebermos que o homem não é um ser isolado e que não apenas precisa dos outros, mas que é um ser "feito" para estar em relação.<br />
<span style="color: white;">.</span>Os individualistas gostam de dizer que o pensamento comunitário não tem fundamento e que é preciso reconhecer o individualismo como a teoria mais coerente. De fato isto é muito fácil dizer quando se tem ao redor de si toda uma estrutura de relação, toda uma sociabilidade que o permite a vida física, o aprendizado dos costumes, da visão de mundo, da linguagem, e quando se tem o seu João para plantar feijão na roça, e depois o seu José para levar para o supermercado.<br />
<span style="color: white;">.</span>Com o que foi dito acima, vemos que falar do homem como um ser de relação não é algo arbitrário. O homem pode até viver como se os outros não existissem, mas a sua condição sempre será a de um ser em relação. Ou seja, podemos dizer que o homem possui sim características específicas (como a da sociabilidade), distintivas, que alguns chamam de essência, natureza ou condição. Elas não esgotam o sentido da pessoa, mas se soubermos que elas existem e buscarmos entender quais são é possível dizer que alguns atos são mais humanos do que outros (no sentido estrito). Podemos dizer, por exemplo, que reconhecer o valor do outro é uma atitude mais humana do que ser egoísta. Estas diferenciações são possíveis e necessárias se queremos legitimar a crítica aos ordenamentos sócio-políticos que se voltam contra a pessoa.<br />
<span style="color: white;">.</span>Mas por que é mais fácil ser egoísta do que ser solidário? Pode me pergunta um individualista convicto; assumo que esta questão não admite uma resposta simples, mas um dos motivos com certeza é este: FOMOS MUITO MAL EDUCADOS, ou melhor, fomos adestrados para sermos egoístas. Algumas tribos indígenas não têm a menor dificuldade para compartilhar o que se produz ou o que se consegue na natureza entre todos do grupo. Para eles é uma atitude muito estranha querer algo só para si ou acumular. Alguns estudiosos tratam disto, como o antropólogo Bartolomeo Meliá em suas pesquisas sobre a cultura guarani em seu país e no Brasil. Já para nós é estranho imaginar um ordenamento onde as pessoas não pensam só em si, pois a maioria age assim, aprendemos desde criança que a vida é assim (luta egoísta), vemos na televisão, nas ruas, em todos os lugares. Realmente é muito difícil sair da situação onde se está imerso para ver que a nossa realidade não é a única legítima, ou que talvez nem seja muito legítima, ou mesmo que exista outra realidade. Mas se é difícil, por outro lado não é impossível. Alguns homens conseguiram ver além dos limites do consensualmente aceitável e definido, e então conseguiram perceber o diferente... foi assim que se descobriu que a terra é redonda.<br />
<span style="color: white;">.</span>Penso que é possível sim pensar em outra realidade, em outro modo de viver, penso também que se trata de uma mudança urgentemente necessária. Mas isto exigirá muito de cada um de nós. Agora é preciso saber se estamos dispostos a tal mudança.<br />
______<span style="color: white;">__.</span></div>
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*Mestrando em Filosofia pela UFC (Universidade Federal do Ceará).<br />
Personalista em formação e Pesquisador da Filosofia de Emmanuel Mounier (atual pesquisa versa sobre o estudo da antropologia de Emmanuel Mounier como base de uma proposta de sociabilidade compatível com a dignidade humana e da crítica à “desordem estabelecida”). </div>
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<span style="color: white;">.</span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-37255824491706150512010-10-22T17:20:00.001-07:002018-09-12T07:06:55.589-07:00Jean LACROIX – Uma Biografia.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuk72KpIsdtg3s8btZrxZ6ruLqP4aScJFPLQI8TWjOCuUXb0nageC0Mu1hh6drRXet-8vuXvc07W4UlNxB_UOApIMTP2mH6ogRUHodggQJaxu8N0ei7u4W9Ipq-cB8_JZt1hOkjiKCK_P1/s1600/jl.gif"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5531029946722054226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuk72KpIsdtg3s8btZrxZ6ruLqP4aScJFPLQI8TWjOCuUXb0nageC0Mu1hh6drRXet-8vuXvc07W4UlNxB_UOApIMTP2mH6ogRUHodggQJaxu8N0ei7u4W9Ipq-cB8_JZt1hOkjiKCK_P1/s400/jl.gif" style="cursor: hand; float: left; height: 111px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 150px;" /></a> <span style="font-family: "times new roman";">JEAN</span><span style="font-family: "times new roman";"> LACROIX – Uma Biografia.</span><br />
<span style="font-family: "times new roman";"><br />Nascido em uma família burguesa católica, Jean Lacroix fez seus estudos secundários no Collège Dominicain d'Oulins, em seguida, no Collège Jésuite de la rue Sainte-Hélène. Matriculou-se na Faculdade Católica de Lyon, e obteve bacharelado em letras e licenciatura em direito. Volta-se então para a filosofia e apresenta uma tese em Grenoble, sob a direção de Jacques Chevalier: entra no "grupo de estudo", fundado por Chevalier com a ajuda de Jean Guitton. Matriculou-se na Sorbonne, onde Brunschvig o apresentou ao idealismo, e obtém agregação em filosofia em 1927. Passa a conhecer Laberchonnière e freqüenta com Guitton, o grupo de Davidées de Mlle Silve, onde conheceu Emmanuel Mounier 1928.<br /><br />Nomeado professor do Liceu de Dijon, se envolve nos preparativos para o lançamento da Esprit engajando-se com Mounier. Fundou em Dijon um dos grupos mais antigos e mais animados da Esprit, no qual ele encontra várias pessoas, incluindo jovens e professores, cristãos e socialistas. Nessa ocasião, Lacroix em 1937 a 1968, em Lyon ele ensinou nas aulas preparatórias de letras superiores e escola primária superior do Lycée du Parc.<br /><br />Pode-se dizer de sua educação - muito eficaz para a competição bem sucedida na escola superior normal, principalmente para estudantes que não são filósofos - que era clássico pelo seu método e moderno em sua abertura à todas as correntes do pensamento contemporâneo do existencialismo ao estruturalismo, do marxismo à psicanálise.<br /><br />Desde de seu regresso à região de Lyon, Lacroix se juntou à intimidade intelectual e espiritual de P. Albert Valensin, professor de teologia na Faculdade Católica, discípulo e amigo íntimo de Maurice Blondel. Torna-se membro da Sociedade Lyonesa de Filosofia, liderado pelos ex sionistas (1) Victor Carlhian e por Auguste Valensin. Conheceu Vialatoux. Também foi o organizador do grupo Esprit de Lyon, que seria o foco principal do movimento na província.<br /><br />Lacroix foi um membro do comitê de direção da revisão e até a morte de Mounier em 1950 permanecendo ao tempo da direção de Albert Béguin até 1957 ano da morte do colaborador suíço. Seus inúmeros artigos na revista dizem respeito principalmente sobre pensamento político, os socialistas e o sindicalismo, o papel do direito, da democracia, dos comunistas e da responsabilidade cristã. Ele colabora, em 1938-1939 com a Voltigeur, folha política bimestral, lançada pela equipe da Esprit, em Munique. Na tarefa confiada a Lacroix na famosa edição especial sobre o marxismo Esprit (maio-junho 1948), de destacar a linha da revista, fez em um artigo intitulado "Marx e Proudhon," com clareza e o espírito de síntese que o distinguiu nos seus escritos.<br /><br />De 1940 a 1942 deu a École Nationale des cadres d'Uriage uma série de conferências sobre a pátria, sobre Peguy, Marx, Marx, e sobre vários temas da pedagogia, psicologia e ética. Esta educação contribui para a orientação de abordagem educativa e saúde espiritual da l'équipe d'Uriage vers la Résistance (equipe Uriage para resistência), e no sentido de uma revolução social e humanista.<br /><br />Em 1945, Hubert Beuve-Méry confiou-lhe coluna mensal de filosofia no jornal Le Monde. Lacroix irá cumprir esta tarefa regularmente até 1980. Seus artigos foram reunidos em uma série intitulada "Panorama da Filosofia Contemporânea (1968, 1990).<br />Jean Lacroix foi um participante ativo no e crônica social das Semanas Sociais da França, não só em artigos e palestras que ele deu a estas duas instituições de origem Lyonesas (oito cursos de Semanas Sociais, entre 1936 e 1964), mas através de uma cooperação eficaz no desenvolvimento de projetos e de definições de políticas (foi membro da Comissão Geral das Semanas Sociais de 1945). Em 1936, desempenhou um papel de mediação social entre os católicos (Duthoit, as equipes da revista política e crônica social) e seus amigos no movimento da Esprit que preferem engajamentos não confecionais.<br /><br />Em 1947, suas palestras na Semana Social em Paris, "o homem marxista" provoca uma sensação de agitação. Ele dá o exemplo da atitude de "simpatia metodológica” que caracteriza a sua abordagem às correntes contemporâneas de pensamento da qual ele também manteve um diálogo aberto constante, por mais difícil que em muitas vezes se fizesse com os amigos intelectuais comunistas.<br /><br />Tendo defendido, a partir de 1937-1938, a opção de união NMS, aderindo à CFTC, também participa, especialmente depois de 1945, do desenvolvimento da Paroisse universitaire " (membros católicos do ensino público), relator, em várias ocasiões par "jornal acadêmico" é também um dos colaboradores e amigos do P. Dabosville, capelão nacional de 1946 à 1963.<br /><br />Lacroix também dá palestras na Sociedade Europeia da Cultura, dirigido por Umberto Campagnolo. É freqüentemente convidado a outros países: de grandes audiências, na Bélgica, Suíça, Canadá, ou em países do Magrebe e da América Latina, com a intenção de exprimir sobre as grandes questões que a sociedade e o homem moderno enfrentam.<br /><br />Amigo dos jesuítas Varillon e Fraisse, e Hubert Beuve-Méry, ele mantém uma correspondência regular com as personalidades mais diversas, dos seus colegas filósofos a desconhecidos que reuniram em torno de sua assinatura no Le Monde. Em Lyon, como Lépin-le-Lac (Savoie), congratula-se com muitos visitantes com simpatia, brincando com seu humor e desajeitada solidez. Lacroix criou um personagem cujos alunos fizeram um mito sem fim e agradável. O paradoxo, da ironia a repetição de fórmulas são fortemente reforçados, servindo para expressar um pensamento também alimentado de leituras, referências eruditas à experiência e à cultura da vida cotidiana.<br /><br />Lacroix é um filósofo personalista, ou seja, que para ele o centro de tudo é a pessoa, humana espiritual e encarnada. Essa pessoa pode encontrar sentido em sua própria liberdade interior pela relação com o outro. Ela pode ser ela mesma no envolvimento social dentro da família como na humanidade. E Deus é o único outro que poderiam justificar a realidade do sujeito individual, "eu" e dar-lhe uma a abertura a outros para formar um "nós". Esta dialética que Lacroix exprime alternadamente em uma metafísica moralista, atenta a todas às dimensões da experiência humana, permitindo, de acordo com ele, exceder ao mesmo tempo o marxismo e o existencialismo e de responder ao ímpeto integral do homem.</span></div>
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<span style="color: white; font-family: "times new roman";">.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">B. Comte e X. de Montclos</span><br />
<span style="font-family: "times new roman";"><br /></span><strong>Obras de Jean Lacroix em língua portuguesa: </strong></div>
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<span style="color: white;">.</span></div>
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</div>
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Kant e o kantismo. tradução de Maria Manuela Cardoso. Porto: Rés, 1979, 2001 (2ª), 128 pp.<br />
A sociologia de Augusto Comte /A ordem politica e social Augusto Comte. - Jean Lacroix- Gian Destefanis. Curitiba:Editora Vila do Príncipe, 2003.<br />
Os homens diante do fracasso. - Jean lacroix. Org. São Paulo: Editora Loyola, 1970.<br />
Marxismo Existencialismo Personalismo. Tradução de Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Paz e e Terra, 1967<br />
Timidez e Adolescência. São Paulo: Livrobras- comércio de livro.<br />
O personalismo como anti-ideologia. Tradução de Olga Magalhães. Porto: Rés, 1977 .</div>
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<span style="color: white;">.</span></div>
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Tradução e adaptação: <em>Lailson Castanha</em></div>
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______<br />
Fontes:<br />
<a href="http://www.girafe-info.net/jean_lacroix/bio2.htm">http://www.girafe-info.net/jean_lacroix/bio2.htm</a><br />
(1) Sionistas: foi um movimento cristão, tanto cultural como politicamente, fundada em 1899 por Marc Sangnier (1873-1950) e de auto-dissolvido em 1910, quando os papas condenado por lesar tradição. O movimento, que desejava conciliar o catolicismo com a República e com a classe operária, teria contado até meio milhão de membros.<br />
<a href="http://lucky.blog.lemonde.fr/2009/04/10/pour-mauriac-ne-pas-confondre-%C2%AB%C2%A0silloniste%C2%A0%C2%BB-et-%C2%AB%C2%A0sioniste%C2%A0%C2%BB/">http://lucky.blog.lemonde.fr/2009/04/10/pour-mauriac-ne-pas-confondre-%C2%AB%C2%A0silloniste%C2%A0%C2%BB-et-%C2%AB%C2%A0sioniste%C2%A0%C2%BB/</a></div>
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<strong>Gravura:</strong> Jean Lacroix (em destaque)</div>
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<span style="color: white;">.</span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6206687142938290920.post-90104219123749779762010-09-07T10:25:00.001-07:002018-09-12T07:08:48.199-07:00Introdução aos existencialismos.<div align="justify">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnhR-yJe_EOv3NW-kdofUJ8pwIUh9xLQVbG0SjvOSRlkYflr0KN2utUr5dT_SE9yyQTpFbqBBaOC66QBxUVbmacQQZq6TPkwLNgJMGX-MO_pSwaAvrr86FBgr04t6n8OvAlKk8V9sh16t0/s1600/Ana+Claudia+029.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5518676533084943202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnhR-yJe_EOv3NW-kdofUJ8pwIUh9xLQVbG0SjvOSRlkYflr0KN2utUr5dT_SE9yyQTpFbqBBaOC66QBxUVbmacQQZq6TPkwLNgJMGX-MO_pSwaAvrr86FBgr04t6n8OvAlKk8V9sh16t0/s400/Ana+Claudia+029.jpg" style="cursor: hand; float: left; height: 400px; margin: 0px 10px 10px 0px; width: 300px;" /></a> INTRODUÇÃO AOS EXISTENCIALISMOS - EMMANUEL MOUNIER<br />
<span style="font-family: "times new roman";"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman";">Nesta interessante obra, o filósofo francês Emmanuel Mounier faz uma reflexão panorâmica sobre a filosofia existencialista em sua diversidade de temas e abordagens, desde o seu nascedouro na antiguidade grega até a contemporaneidade.</span></div>
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<span style="font-family: "times new roman";">Emmanuel Mounier faz-nos perceber que não existe uma exclusiva “filosofia existencialista”, pois a preocupação com o problema do homem envolvido na existência, e, existencialmente tentando entender a realidade, mesmo que de maneira rudimentar, fora abordada muito antes dos filósofos tidos como pais do existencialismo e da vertente contemporânea que assumiu o epíteto “filosofia existencialista”, e, de maneira vária, continua sendo abordada, por crentes e céticos, por diversos pensadores e diversas escolas. Por isso sua obra é intitulada “Introdução aos existencialismos”, ou seja, de maneira panorâmica Mounier nos apresenta os diversos existencialismos e suas vertentes.<br />Trata-se de uma abordagem inclusiva sobre os vários existencialismos, desde a sua raiz, antes mesmo de assumir a nomenclatura “existencialista” - em Sócrates, com sua preocupação de incitar o homem a se auto conhecer, se opondo as preocupações de ordem cosmogônicas, como também a intensa busca pelo princípio físico (arqué) que caracterizou a filosofia dos primeiros filósofos que o antecederam, até a filosofia existencialista contemporânea, precedida pela angústia Kierkigaardeana, que se levantou contra o absolutismo sistemático traçado pela filosofia de Hegel, onde tudo se encaminhava de maneira sistêmica e ordenada.<span style="color: white;"><br /></span>Além de descer até a raiz existencialista, o autor personalista aborda os existencialismos modernos e contemporâneos, por ele figurado como tronco e galhos da filosofia existencial. O personalismo nessa obra é apresentado como um dos galhos, como uma das últimas e atuais manifestações da filosofia da existência. </span><br />
<span style="color: white; font-family: "times new roman";"><em>.</em></span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";"><em>Lailson Castanha</em></span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";"><em>______</em></span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";">MOUNIER, Emmanuel.<em> Introdução aos existencialismos</em>. Lisboa: Moraes editora. 1963.</span></div>
<br />
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<span style="font-family: "times new roman";"><strong>Gravura:</strong> árvore existencialista elaborada por Emmanuel Mounier, impressa no livro Introdução aos existencialismos.</span></div>
<br />
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<span style="color: white; font-family: "times new roman";">.</span><span style="color: white; font-family: "times new roman";">.</span></div>
Lailson Castanha -http://www.blogger.com/profile/14139173371832323857noreply@blogger.com0