Emmanuel Mounier (1905-1950) e sua filha Anne

Espaço para difusão da filosofia personalista de Emmanuel Mounier e para ponderações de vários temas importantes, tendo como referência essa perspectiva filosófica.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O ser situado em-si, aqui-agora .

Quase toda a linha do pensamento filosófico moderno, tem como fundamento a representação do negativo. Depois de Kierkegaard, que se percebe angustiado, e, intuitivamente aponta o ser-humano como tal, um ser angustiado, os filósofos que o sucederam, só conseguem situar o homem em seu aspecto negativo, tanto que no existencialismo e na fenomenologia, duas grandes linhas modernas do pensamento, não se percebe o ser a partir deles mesmos, mas apenas a partir do que lhe falta ou do que lhe incomoda. Em Nieztsche, com o seu niilismo, o homem se situa quando rejeita e nega qualquer vontade não-sua, com este ato, se reafirmando na rejeição das coisas já postas, ele será um ser efetivo. Heidegger acreditou que o homem se situa na angústia, e como tal, quando se percebe, percebe-se como um ser angustiado. Sartre situa o homem, na falta de sentido existencial; já para Camus é o absurdo que rege a humanidade, e quando o homem o rejeita, com isso está negando sua própria condição humana. Até o pragmatismo, enfatiza o homem a partir do não ser, no caso, a partir de seus desejos, não em sua realidade à priori. Contudo, podemos perguntar: a razão do ser está apenas no negativo, na negação e rejeição, na angústia, na falta de sentido e no anseio? Será realmente que só nessas questões conseguimos situar o homem na existência?
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Creio que numa analise positiva do ser, podemos encontrar muito mais substância para esse ser, do que tratando as questões do não ser. Pode-se afirmar que a realidade é, portanto teremos conhecimentos mais apropriados do ser, se buscarmos sua identidade naquilo que ele é; ademais, se ele é, com certeza é um ser localizável na existência, não apenas na impossibilidade.
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Pensando positivamente a questão da existência, Mounier se preocupou em situar o homem. Fugindo da correnteza do pensamento negativo do ser, preocupou-se então, não em colocar o homem na encruzilhada de suas impossibilidades, de sua angustia, mas, pelo contrário, através da realidade pessoal do ser, ele demonstrou a capacidade do ser se situar a partir do que ele é, ou seja, de sua pessoalidade.
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“E não sou um leve e soberano cogito no céu das idéias, mas este ser pesado cujo o peso só será dado por uma expressão pesada; eu sou um eu-aqui-agora; seria preciso sobrecarregar ainda mais e dizer um eu-aqui-agora-assim-entre estes homens com este passado. ( Emmanuel Mounier)
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Lailson Castanha
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