O personalismo é uma filosofia que tem como maior ênfase conduzir o homem para sua realização como pessoa. Tendo esse pensamento como princípio ideológico, o sujeito que se percebe como pessoa, percebe a importância de sua pessoalidade e se desperta para ação vocacional, dando lugar a expectativas pessoalizadas.
Na visão personalista, ser completo como pessoa é levar a sério suas necessidades pessoais satisfeitas, ou pelo menos, percebidas e trabalhadas. Levando isso a sério, a filosofia personalista, destacando o valor da pessoa, coloca a questão pessoal sobre o as demais questões, por entender que todas as questões importantes da existência estão contidas nas questões pessoais. Nada, jamais, deve diminuir o valor e a primazia de uma existência personalista.
O personalismo coloca a pessoa acima de quaisquer instituições ou coletividade, pois o ser humano com sua pessoalidade é único e peculiar, e essa peculiaridade impossibilita que todo o seu querer e as suas ânsias, estejam totalmente em harmonia ou satisfeitos com as vontades, aspirações ou conquistas de uma classe, grupo ou instituição. Se como pessoa percebo uma grande distância entre o meu querer e o que recebo como paga num convívio trabalhista, entre o meu querer e o que me oferece um grupo e as instituições sociais, não posso deixar também de perceber e tratar o meu próximo como uma pessoa, justamente por entender que ele tem, como eu, aspirações pessoais, que, sendo pessoalizadas, naturalmente se chocam com as minhas por serem frutos de sua subjetividade e peculiaridade pessoal. Com a percepção da pessoa como um ser distinto, porém, próximo, tendemos a buscar proximidades pessoais sem desvalorizar a alteridade.
Destacando a importância da pessoa humana, destaca-se também um fator subsequente, ou seja, a integralidade do homem. Disse Mounier, "o homem é corpo exatamente como é espírito, é integralmente corpo e é integralmente espírito". Seguindo a mesma lógica, com Mounier podemos também afirmar: "Existir subjetivamente, existir corporalmente são uma e mesma experiência” ou "O que não age não é". Nessas três assertivas, Emmanuel Mounier ressalta que o que cremos deve coadunar-se com o que somos, ou seja, não pode haver diferença entre minhas motivações subjetivas e meus atos objetivos. Se o que não age, não é, não o faz, porque não crê efetivamente no que afirma. A encarnação da idéia é um dos pressupostos mais fortes do personalismo, o que eu afirmo crer deve consequentemente ser endossado pelos meus atos, pois um credo sem ação seria semelhante a um espírito sem carne, não existindo nisso nenhuma substância, e, se não existe substância, não é real. Não existe espírito vivo sem corpo - nem crença real sem ação encarnada. O cerne do personalismo é a ação, e é nesse ponto que ele se destaca das demais disciplinas filosóficas, pois não propõe apenas afirmações e sim ações afirmativas ou afirmações engajadas.
Sabendo, através do personalismo, que nossos atos e escolhas sempre indicam o caminho que nosso espírito está a trilhar, percebo que se eu ajo e estou engajado é porque verdadeiramente acredito em minhas afirmações, e consequentemente "sou" na minha ação a afirmação que defendo crer; se não o faço é porque não sou o que digo ser, nem verdadeiramente acredito no que afirmo e ostento ser.
Lailson Castanha
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MOUNIER, Emmanuel. Manifesto ao serviço do personalismo. Lisboa: Livraria Moraes editora, 1967.
MOUNIER, Emmanuel. O personalismo. Lisboa: Livraria Moraes editora, 1967.
O homem reconhecer o próprio homem
ResponderExcluirQuanta violêmcio no humano,,,
Só se vê violência no ser que é racional!
Como seria bom que esse ser chamado homem valorisace o seu próximo, e tivesse sensibilidade para não cometer barbarie contra o seu semelhante:!
Está na hora do homem conhecer o outro como uma pessoa, portanto, um ser semelhamte, e não fazer vista grossa para não querer mirar a face do seu próximo e o valorizar como pessoa..
Laerço dos Santos.
comente sobre a evolução do personalismo ?
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