Quando perguntamos a nós mesmos, "o que somos?", logo, quase que inevitalvelmente responderemos "quem somos" ao invés de "quem somos.
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Quando pergutamos a um indivíduo o que ele é, logo ele responde como ele é ou como vive e o que faz. Quase nunca obteremos uma resposta universal a essa indagação.
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O porque deste desvio de informação reside na própria constituição humana, que é a matriz fornecedora das informações que a pessoa tem de sí mesma. Destarte, respondemos "quem somos" ou como nos situamos à indagação "o que somos", simplesmente porque somos seres à priori personalistas, por natureza, e, enxergar o mundo a partir de nós mesmos é o legado que o Criador nos deixou.
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Somos seres totalmentes presos a nossa carne existencial, feitos do pó da terra - para enterder a vida a partir da terra, para entender Deus a partir da sua encarnação em Cristo e das coisas por Ele imanentemente criadas.
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A pergunta "quem somos", feita a uma pessoa presa em sua pessoalidade não pode ser respondida com precisão, porque o indivíduo em sua pessoalidade não pode comportar a metafísica, nem mesmo ontologia do ser-humano, por ela ser muito maior que o indivíduo pessoal. A resposta a esta indagação só poderá ser feita numa base meramente abstrada, num conceito aberto. Posso responder, num conceito aberto, algumas caracteristicas peculiares do meu ser, algumas idéias do não ser-eu, o u alguma interpretação filosófica, histórica e cultural do que é o ser-humano, mas, a totalidade do que vem a ser o meu ser ou o ser-em-sí jamais poderá ser respondido com precisão.
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O que somos? - A pergunta persiste.
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Sabendo que não temos em nós mesmos a totalidade da verdade, faz-se necessário personaliza-la, e usando este princípio para a questão em destaque, deveremos inclusive personalizar a indagação transformando o "o que somos" em "quem somos".
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Fazendo assim, aproveitaríamos melhor o enfoque no ser, sem nos perdemos na vastidão metafísica, ou quem sabe, depois de procurar e não encontrar o "o que somos" no buraco negro metafísico, devemos com humildade procurar saber "quem somos" na simplicidade da vida encarnada, sem diminuir o valor da resposta desta aparentemente simples mas, na realidade,fundamental questão existencial.
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Lailson Castanha
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MOUNIER, Emmanuel. O personalismo. Lisboa: Livraria Moraes editora, 1967.
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